Assim que o dia amanheceu eu comecei a limpar freneticamente as janelas, Jack desceu as escadas e caminhou calmamente até a cozinha.
- Deixei seu café na sala de refeições.
Eu disse assim que o vi, ele me olhou por alguns segundos e concordou com a cabeça dando meia volta, logo voltou.
- Não precisava fazer isso, na verdade eu apenas queria alguém para cuidar da casa, você não precisa agir como uma empregada...
- Mas é o que eu sou senhor Belmont.
Ele se aproximou de mim sério e com as mãos nos bolsos.
- Tudo bem, faça como quiser, mas cuidado com essas janelas, não vá se machucar.
Eu sorri e assenti com a cabeça.
- Ok, pode deixar.
Ele se afastou indo para a sala de refeições, assim que chegou lá ele percebeu a mesa posta o café quente e torradas integrais com iogurte natural, até parecia que ela conhecia os seus gostos, teria perguntado a Hortência? Ele balançou a cabeça negativamente, devia ser coincidência, só podia ser coincidência.
Jack saiu indo para a empresa.
Jack possuía uma multinacional farmacêutica, a empresa tinha sido de sua família e quando seus pais faleceram ele herdou tudo, como nunca tivera tido irmãos cuidava sozinho de todas as posses da família, acreditava que se casando com Simoni estaria protegendo seu patrimônio, porém tudo tinha dado errado ainda na lua de mel, talvez fossem males que tivessem vindo para o bem, mas ainda assim não deixava de ser ruim.
Eu terminei de limpar a cozinha e decidi subir as escadas e limpar os quartos.
Entrei no quarto de Jack e percebi que ele tinha feito a própria cama e arrumado o próprio quarto, as roupas não estavam mais na mala como o esperado, pelo contrario estavam no guarda roupas bem organizadas e dobradas, pelo visto ele não era o tipo de homem que gostava de dar trabalho para alguém, me concentrei em tirar o pó da mobília e ao me aproximar da cama notei a aliança em cima do criado mudo.
Por que ele tinha tirado a aliança? Ele tinha se casado na sexta, será que os dois já tinham se separado? Hoje era segunda feira... Isso era bem estranho, primeiro ele não tinha ficado para a lua de mel e agora não estava usando a aliança, alguma coisa tinha acontecido na vida conjugal do senhor Belmont, mas seja lá o que era, aquilo não era da minha conta.
Decidi que limparia as vidraças da varanda do quarto então subi no beiral da varanda e comecei a limpar os vidros com a ajuda de um rodo, porém acabei me desiquilibrando, assustada com a ideia de acabar caindo daquela altura joguei meu corpo para a frente e cai sobre a grande janela de vidro espatifando a vidraça, cacos de vidro voaram para todos os cantos do quarto e o pior foi que eu cai de mal jeito sobre meu pulso que precisou suportar todo o peso do meu corpo.
Tentei me levantar, mas meu pulso doía demais, precisei fazer força com a outra mão que estava toda cortada assim como minha perna, o sangue escorria pela minha pele, me levantei com muito cuidado sentindo uma dor infernal, peguei o telefone ligando para a vidraçaria, se Jack descobrisse que eu tinha quebrado a vidraça ele me mataria justo a vidraça do quarto dele.
- Bom dia, Vidraçaria São Mateus?
- Sim, quem gostaria?
- Meu nome é Nataly eu precisaria de um conserto de uma janela na varanda com extrema urgência.
- Desculpe estamos lotados, senhorita, podemos agendar para a semana que vem?
Desesperei-me, Jack não podia ver aquilo, engrossei a voz e usei meu melhor trunfo.
- É para a mansão Belmont, seria bom que o senhor fizesse um esforço, meu patrão pode não gostar dos seus serviços se não houver esforço da parte de vocês.
- Mansão Belmont? Estamos indo agora mesmo.
Apavorei-me com a mudança de tom, lembrei-me do que Hortência tinha me dito, então era verdade Jack devia causar arrepios em muita gente.
Arrastei-me até o andar de baixo e limpei meus ferimentos, porém meu pulso estava começando a inchar e doía muito, respirei fundo e ouvi o telefone tocando, calmamente me levantei arrastando a perna e fui atender, era Jack.
- Nataly?
- Sim senhor?
- Não voltarei para o almoço, não precisa se preocupar com comida, tenho alguns compromissos e só chegarei à noite.
O telefone pesou em minha mão e senti uma fisgada, gemi sem querer.
- Cla... Claro. – gaguejei, ele estranhou.
- Algum problema? Sua voz esta estranha.
- Não, tudo tranquilo.
Menti.
Os homens da vidraçaria vieram rápido mesmo e logo tiraram a medida e trocaram o vidro, eu os paguei com meu dinheiro e assim que saíram decidi que precisava tomar algum remédio para dor, optei por tomar dois relaxantes musculares, aquilo funcionou, por algum tempo não senti tanta dor, mas depois de algum tempo a dor voltou.
Decidi comer qualquer coisa e tomei um terceiro remédio um pouco mais forte, mas depois disso senti muito sono e acabei apagando no sofá mesmo.
Jack encostou o carro e destrancou a casa, olhou tudo em volta e não viu Nataly, a casa estava silenciosa, ele caminhou calmamente até a sala e a viu deitada no sofá apagada, suspirou e balançou a cabeça, sua primeira reação seria ficar incomodado por ela estar dormindo no serviço e na sua sala, mas depois de um tempo decidiu que não era motivo para brigar com a pobre garota, dava pra ver que ela tinha limpado toda a casa e ele bem sabia que não era nada fácil limpar aquele lugar, ainda mais sozinha.
Aproximou-se do sofá com cuidado e limpou o rosto dela onde o cabelo caia sobre a face, bonita, bonita até demais um verdadeiro problema para ele no estado em que se encontrava, com muito cuidado a levantou no colo precisava tira-la dali, não seria legal se Daniel chegasse para falar do divórcio e visse sua empregada dormindo na sala, assim que ele levantou Nataly no colo ouviu alguém destrancar a porta, quem poderia ser?
Simoni adentrou presunçosa como se ainda tivesse algum direito de estar ali ou como se aquela casa ainda lhe pertencesse de alguma forma. - Olha, vejam só ele não perdeu tempo... - Simoni? O que faz aqui? Encontrar sua ex-mulher em sua casa não era bem a melhor coisa para ele naquele momento. Nataly ouviu as vozes alteradas e acordou, assim que percebeu que estava nos braços de Jack saltou do colo dele gritando, Jack se desiquilibrou com o impulso que ela fez e a deixou cair no chão, Nataly caiu sobre o pulso machucado e gemeu de dor. - Ai... Jack ignorou Simoni e se abaixou perto dela. - Tudo bem? Ela assentiu com a cabeça, mas ele pode perceber que alguma coisa estava errada, ela segurava o pulso e tinha os olhos fechados como se tentasse de alguma forma controla r a dor que sentia. Simoni sorriu se aproximando deles. - É sério mesmo Jack? A empregadinha? Ah por favor, você já teve melhores. - O olhar
Fui atendida rapidamente na clinica, meu pulso precisou ser imobilizado, as enfermeiras limparam meu ferimento na perna também, Jack me olhava sério quando Dr. Artus entrou. - Doutor, que bom revelo. - Senhor Belmont, fazia muito tempo que eu não o via aqui na clinica, está tudo bem? - Sim, na verdade vim trazer minha funcionaria, ela se machucou limpando a casa. - É eu vi a radiografia do pulso dela, foi bem complicado... Você teve muita sorte, de agora em diante nada de esforço físico. - Como assim nada? – Protestei. – Eu não posso ficar sem fazer nada, eu trabalho limpando a casa! Jack se meteu na conversa. - Pode deixar que vou cuidar para que ela não faça nenhum esforço. Ele vai cuidar? Vai cuidar de que jeito? Deus, ele ia me dispensar... Só podia ser isso! Se ele soubesse que na casa da minha tia eu faria muito mais esforço. Assim que saímos fora da clinica eu não me segurei. - Você vai me dispens
Depois de jantarmos eu me encostei em um dos pilares do bar e fiquei esperando Jack voltar de pagar a conta, ele se aproximou de mim cauteloso.- Quer ir caminhar na praia?Eu suspirei e concordei com a cabeça, saímos caminhando pela areia da praia, retirei a sandálias para poder sentia a agua do mar em meus pés.- Você não acha incrível...Eu disse por fim, ele me olhou confuso.- O que é incrível?- O mar, ele é tão majestoso... Tão grande, mas ainda assim aceita aqueles que são menores que ele por que sabe que precisa deles para crescer, é tão forte e impiedoso, mas às vezes é calmo como uma brisa de verão.Jack sorriu.- É uma apaixonada senhorita Nataly...- Por que diz isso?- Por que é o que eu vejo, dá pra ver a paixão nos seus olhos quando fala de suas co
Assim que o dia amanheceu eu percebi que estava terrivelmente atrasada, o sol já estava alto, devia ser os remédios que eu tinha tomado, droga! Corri para fora do quarto ajeitando o uniforme e vi Jack já na cozinha fazendo o café, merda... Desse jeito eu nunca ia conseguir um emprego definitivo.- Desculpa... Dormi demais, eu, eu faço o café rapidinho!Ele me olhou e sorriu.- Tudo bem eu já fiz, aliás, fiz coisas demais, fiz ovos, panquecas, bacon... Acho que me empolguei, não sei cozinhar para poucas pessoas, quer tomar café comigo?Mordisquei o lábio nervosa, isso era muito errado.- Não é certo, eu devo...- Deve se sentar agora e parar de mi mi mi, Nataly estamos só nós dois aqui, não há motivos para fazer pose.- Mas...- Senta ai vai, essa comida vai sobrar mesmo...Eu me sentei ao lado dele e com
Esperei umas duas horas até que tive coragem de abrir a porta e escapar para fora, para meu alivio Jack não estava ali, respirei fundo e voltei para meus afazeres, logo percebi que eu não estava sozinha em casa, tinha pessoas na piscina com Jack, foi ai que me lembrei que ele tinha pedido para limpar a piscina por que receberia alguns amigos, arrumei o uniforme e migrei para fora, tentei parecer o mais profissional possível ao me aproximar dele, mas Jack ainda tinha aquele olhar de desafio preso no fundo do belo rosto.- Vai precisar de alguma coisa senhor Belmont? Quer que eu traga bebidas ou prepare algum lanche?Um dos amigos de Jack se aproximou por trás de mim e me deu um tapa no traseiro, dei um pulo para frente irritada, querendo esbofetear o rosto dele.- Que “delicinha” de empregada que você arrumou Jack!...Jack me puxou para o lado dele me protegendo.- Deixa ela em paz Charle
Quando o dia amanheceu eu me revirei na cama, era dia de limpar os quartos, por sorte meu pulso já estava bem melhor e agora eu conseguia dar conta de tudo, parei por alguns segundos na cama olhando para o teto, como seria encontrar Jack? Com todas as minhas forças desejei que ele já tivesse saído para a empresa, lembrei-me do beijo da noite passada e minha boca começou a formigar desejando sentir aquela sensação novamente, eu precisava sair daquela casa eu precisava ficar o mais longe possível daquele homem, ele estava me ganhando por inteira, estava me prendendo com suas garras em formas de gentileza, bonito, rico e disponível? Isso só podia ter um erro, um erro grande, grave e que me faria sofrer o dobro, suspirei, eu tinha que me manter fria, eu precisava ser forte.Sai da cama, escovei os dentes, troquei de roupas, caminhei até a cozinha, deixei o café pronto para ele, organizei tudo e pe
Jack desceu as escadas rapidamente e pegou o paletó apressado para ir ao escritório, assim que o portão abriu e a BMW saiu, Liah deu um salto para trás.- Então o tal patrão da safadinha está de volta e ela não falou nada, quais são seus planos Nataly?Liah decidiu entrar e falar com a prima.Ouvi barulhos no andar de baixo e desci apressada eu tinha ouvido o carro de Jack sair, então sabia que não podia ser ele, assim que desci até a metade das escadas vi o vulto de Liah na janela, ela bem que tentou se esconder, mas eu já a tinha visto, corri até a porta e abri em um rompante a surpreendendo.- Liah!- Oi priminha...- O que faz aqui? Como descobriu onde eu estava trabalhando?- Mamãe foi visitar Mary e chegou com a novidade, bela casa e o seu patrão não é nada mal, aliás, ele não devia estar vi
Assim que saí da mansão me derramei em chorar, andei pela rua meia perdida, não sabia ao certo onde queria ir, mas eu sabia que não podia ir para a casa agora, por que se eu fosse eu quebraria a cara de Liah sem sombra de dúvidas, como o Jack podia ser tão tolo e acreditar assim tão facilmente nas pessoas? Nas pessoas não, acreditar em pessoas como Liah, por que em mim, ele não creditava, ele não conseguia confiar em alguém como eu, alguém com a minha origem mais inferior, no fundo Jack era como todos os outros ricaços para os quais eu já tinha trabalhado, ele só era capaz de enxergar o próprio umbigo, ia em chás d caridade para fingir que era solidário, mas no fundo não se importava com ninguém só com ele mesmo e com o status que ele representava, que boba eu tinha sido por achar que ele poderias passar por cima da pose dele e dar uma ch