Quando o dia amanheceu eu me revirei na cama, era dia de limpar os quartos, por sorte meu pulso já estava bem melhor e agora eu conseguia dar conta de tudo, parei por alguns segundos na cama olhando para o teto, como seria encontrar Jack? Com todas as minhas forças desejei que ele já tivesse saído para a empresa, lembrei-me do beijo da noite passada e minha boca começou a formigar desejando sentir aquela sensação novamente, eu precisava sair daquela casa eu precisava ficar o mais longe possível daquele homem, ele estava me ganhando por inteira, estava me prendendo com suas garras em formas de gentileza, bonito, rico e disponível? Isso só podia ter um erro, um erro grande, grave e que me faria sofrer o dobro, suspirei, eu tinha que me manter fria, eu precisava ser forte.
Sai da cama, escovei os dentes, troquei de roupas, caminhei até a cozinha, deixei o café pronto para ele, organizei tudo e peguei o balde de limpeza para subir as escadas e começar minha faxina nos quartos, precisei voltar alguns minutos depois por que havia esquecido as chaves e um dos quartos estava trancado, o que era muito estranho por que Jack não trancava nenhum quarto, voltei para o corredor e comecei a testar uma, duas três chaves, mas a maldita porta parecia não querer abri de jeito nenhum, eu já estava desistindo quando resolvi testar a penúltima chave, uma com um brilho diferente, forcei contra a fechadura e pronto! Lá estava ela, a dona daquela porta, sorri triunfante e adentrei no quarto, meus olhos, porém se chocaram com o que eu via, eu não queria acreditar naquilo tudo, dei um passo para trás analisando cada pequeno detalhe do lugar, era um quartinho lindo de bebê, meu coração parou de bater, Jack tinha filhos? Mas eu nunca tinha visto nenhuma criança na casa, que lugar era aquele? Caminhei devagar e calmamente, o berço estava arrumado e os bichinhos de pelúcia pareciam que nunca tinham sido tocados antes, cada pequeno detalhe parecia ter sido pensado para receber uma vida, mas tudo indicava que a vida não tinha vindo parar ali, estremeci talvez fosse melhor eu voltar a trancar o quarto e sair dali o mais rápido possível, havia um motivo para aquele quarto estar trancado, dei meia volta e trombei em algo grande, Jack estava parado na porta e acabei dando de cara com o peitoral dele, tarde demais, ele veria que eu tinha invadido o pequeno quarto.
- Desculpa, eu... É só estava querendo limpar e...
Ele sorriu, parecia calmo, porém seus olhos estavam distantes e tristes.
- Tudo bem, mais cedo ou mais tarde você o encontraria mesmo.
Esfreguei uma mão na outra nervosa.
- Estava trancado, eu destranquei... Fui curiosa, não deveria ter me metido aqui.
Ele caminhou para dentro e alisou o berço olhando tudo em volta.
- E ainda assim não vai me perguntar para quem ele foi feito?
Mordi o lábio, sim eu queria muito saber... Mas, suspirei, não era da minha conta.
- Não é da minha conta, senhor... Eu nem devia estar aqui...
Ele sorriu com aqueles dentes perfeitos e se aproximou de mim.
- Voltamos para a estaca de “senhor” novamente? Pensei que já tivesse parado com isso.
- Desculpa. – Eu disse, depois pausei deixando a bendita curiosidade me vencer. – De quem é o quarto?
Jack me olhou ainda com o olhar perdido e triste.
- Do meu filho, que não nasceu.
- Como? Foi um aborto? – A pergunta escapou da minha boca sem querer e logo levei a mão a ela, pasma com a minha insolência, o que diabos tinha dado em mim?
- Não. – Ele suspirou. – Eu e Simoni estávamos juntos a pelo menos dois anos, eu gostava dela, mas não tinha certeza se era um casamento que eu queria, ela já morava aqui então eu não via motivos para formalizar tudo, mas ela obviamente queria, então para me tirar de cima do muro ela falou da gravidez, eu explodi de felicidade, ter um filho era tudo que eu mais queria e obviamente ela sabia disso, foi ai que começou uma corrida contra o tempo, ela queria se casar antes que a barriga crescesse e eu queria aprontar o quarto antes do casamento, organizamos tudo e nos casamos nem um mês depois após descobrir a gravidez, eu nunca cobrei nada dela por que ela era a mulher da minha vida, era que eu tinha escolhido e se estava gravida de mim seria a mãe do meu filho.
- E o que houve?
- Na lua mel descobri que era mentira, deu o acaso dela ficar menstruada e foi impossível continuar escondendo ou negando, então ela jogou na minha cara que tinha mentido para me fazer tomar uma decisão, por que eu ficará enrolando ela e nunca descia do muro sobre o casamento, eu surtei, a larguei sozinha no hotel... Durante aquele mês tudo que eu tinha feito, pensado e planejado era em prol dela e do nosso filho, quando eu soube que era tudo mentira meu mundo desmoronou.
Ele secou os olhos com os dedos e se virou para que eu não o visse emocionado, me compadeci com o sofrimento dele e levei minha mão sem querer até seu ombro.
- Sinto muito, Jack... – Eu sorri olhando para tudo a minha volta. – Tenho certeza que quando tiver filhos eles vão amar ter um quartinho como esse, é um sonho...
Ele me olhou voltando a sorrir.
- Pensei em tudo com muito amor, você pretende ter filhos Nataly?
Empolguei-me com a pergunta dele, ter filhos era tudo que eu mais queria, sorri sem poder me conter.
- Muitos! Quero uma casa cheia de crianças, muitas correndo pela casa felizes e brincando, acho que uns cinco ou seis estaria bom...
- Cinco ou seis? – Ele me olhou espantado.
- Vim de uma família pequena, era mamãe, papai e eu... Minha mãe morreu no parto, meu pai quando eu ainda era criança, não tive irmãos então acho que sempre desejei não estar sozinha no mundo, ter filhos e construir uma família grande é um sonho...
Jack sorriu se aproximando calmamente, seus olhos penetraram nos meus me fazendo viajar, ele levou sua mão até o meu rosto fazendo um pequeno carinho, ele estava perto muito perto, perto o suficiente para nossos corpos se colarem e sua respiração bater em meu rosto.
- Acho que você foi feita sob medida para me torturar então... – Dito isso ele cobriu minha boca com um beijo suave, eu tentei resistir à tentação, mas era impossível, ele tinha algo sobre mim que me dominava, que me ganhava e me prendia, não importava quão forte eu tentasse ser, ele sempre conseguia derrubar minhas barreiras, meu corpo se aqueceu com o gesto dele, mas logo ele se afastou.
- Sinto muito, Nataly... Não vai mais acontecer...
Ele disparou para fora do quarto parecendo ainda assustado com o próprio ato, o que era estranho por que ele tinha me beijado também na noite passada e não parecia ter ficado tão transtornado, apesar de que na noite passado o beijo tinha sido feroz alimentado pela paixão e pelo álcool, e agora... Bom agora, tudo tinha soado naturalmente, quase como um suspiro delicado, quase como... Amor.
Jack desceu as escadas rapidamente e pegou o paletó apressado para ir ao escritório, assim que o portão abriu e a BMW saiu, Liah deu um salto para trás.- Então o tal patrão da safadinha está de volta e ela não falou nada, quais são seus planos Nataly?Liah decidiu entrar e falar com a prima.Ouvi barulhos no andar de baixo e desci apressada eu tinha ouvido o carro de Jack sair, então sabia que não podia ser ele, assim que desci até a metade das escadas vi o vulto de Liah na janela, ela bem que tentou se esconder, mas eu já a tinha visto, corri até a porta e abri em um rompante a surpreendendo.- Liah!- Oi priminha...- O que faz aqui? Como descobriu onde eu estava trabalhando?- Mamãe foi visitar Mary e chegou com a novidade, bela casa e o seu patrão não é nada mal, aliás, ele não devia estar vi
Assim que saí da mansão me derramei em chorar, andei pela rua meia perdida, não sabia ao certo onde queria ir, mas eu sabia que não podia ir para a casa agora, por que se eu fosse eu quebraria a cara de Liah sem sombra de dúvidas, como o Jack podia ser tão tolo e acreditar assim tão facilmente nas pessoas? Nas pessoas não, acreditar em pessoas como Liah, por que em mim, ele não creditava, ele não conseguia confiar em alguém como eu, alguém com a minha origem mais inferior, no fundo Jack era como todos os outros ricaços para os quais eu já tinha trabalhado, ele só era capaz de enxergar o próprio umbigo, ia em chás d caridade para fingir que era solidário, mas no fundo não se importava com ninguém só com ele mesmo e com o status que ele representava, que boba eu tinha sido por achar que ele poderias passar por cima da pose dele e dar uma ch
Quando o dia amanheceu no dia seguinte Daniels entrou no quarto de hospital com alguns papéis nas mãos.- Bom dia!- Só se for para você, minha cabeça vai estourar!Berrou Jack com um extremo mal humor, Fred apenas riu do amigo.- Bom, então me deixe melhorar o seu dia, eu consegui falar com o Juiz e o que tenho aqui em mãos é o seu acordo de divórcio, diante de todo alvoroço causado por seu acidente ele achou melhor que você e Simoni não se encontrassem cara a cara e apenas assinassem os papéis, então assine isso aqui e sinta-se livre meu amigo!Jack pegou os papéis ainda de mal humor e começou a assinar um por um, aceitava qualquer coisa contando que nunca mais olhasse na cara de Simoni.- Daniels?- Sim...?- Vou precisar de uma enfermeira, será que consegue contratar alguma?Daniels se aproximou da cam
Quando a noite caiu eu me aprontei para voltar a casa de Jack ainda sem acreditar que faria isso novamente depois de tudo que eu já tinha chorado por aquele homem.Decidi que seria bom ligar para Mary.- Oi madrinha...- O que é isso que eu vejo na voz da minha menina, ainda triste por causa daquele patrão ruim?- Não exatamente, na realidade eu decidi voltar, mas não como empregada, o advogado dele me contratou para ser enfermeira dele, ele sofreu um acidente.- Oh sim, eu vi, passou em todos os canais, ele parecia bastante machucado nas filmagens, tem certeza que dará conta?- De cuidar dele ou de me cuidar perto dele?- Os dois.- Da primeira parte sim, da segunda não tenho certeza, por isso te liguei, ainda da tempo de desistir eu posso dizer ao Daniels que eu não vou e fica tudo certo...- Minha querida, faça o que o seu coração mandar, por
Daniels mal tinha saído eu ouvi uma sineta tocar, parei de organizar os remédios de Jack e prestei atenção no som, só então percebi que vinha do quarto dele, subi as escadas correndo achando ser uma emergência, abri a porta e o vi com um sorriso sínico.- Terminou a água... – Ele disse balançando a jarra de água vazia, suspirei e fui pegar mais agua.Mal estava no andar de baixo e ele voltou a tocar a sineta, dessa vez queria que eu afofasse os travesseiros pois eles estavam machucando suas costas, e foi assim pela próxima hora, ele tocava aquela bendita sineta para tudo e parecia ficar empolgado com meu rosto cansado, na oitava vez que desci e subi as escadas passava das duas horas da manhã e eu estava exausta, precisava dormir.- Vai precisar de mais alguma coisa?- Talvez, ainda não tenho certeza.- Jack é sério eu vou me deitar,
Precisei andar bem mais do que eu imaginava para poder me acalmar, parecia loucura mas sempre que ele me irritava e eu saia para caminhar minhas pernas me levavam para o mesmo lugar, a praia, olhei o mar a minha frente e fiquei me perguntando se isso acontecia por causa da ligação que eu tinha com o oceano, ou se por que tinha sido na praia que eu tinha descoberto que gostava da companhia de Jack, por mais estupido que ele fosse as vezes, tinha algo nele, e não era apenas a aparência que me atraia, como um imã.Olhei que era perto do meio dia, então apressei o passo o que Daniels iria dizer se soubesse que eu o tinha deixado sem almoço?Tentei andar o mais rápido possível, mas era longe e acabei chegando perto da uma hora da tarde, assm que cheguei vi três mulheres que conversavam animadamente enquanto limpavam as janelas e variam a calçada, diminui o passo confusa, Jack já tinha me troca
- Eu abro, deve ser Daniels.Só consegui voltar a respirar quando ele saiu da cozinha, meu coração estava aos saltos, terminei de cortar os legumes e os coloquei em vasilhas separadas pois não tinha certeza de como Jack os usaria depois, olhei em volta sem saber o que eu devia fazer agora, não tinha nada que eu pudesse adiantar, suspirei e caminhei lentamente até a sala.Ouvi quando Jack falou nervoso.- Ele realmente acredita que jogar os outros acionistas contra mim vai fazer com que ele tenha algum crédito?- Bom, parece que está funcionando para ele, ele tem ganhado popularidade dentro da empresa.- Eu ainda sou o maior acionista Daniels! Não há nada que ele possa fazer! Mesmo que ele convença os outros a vender as ações para ele ainda assim ele não conseguirá mais do que 45%!- Eu sei Jack, eu sei, porém isso mancha a imagem d
Quando o dia seguinte amanheceu eu abri meus olhos sem reconhecer o local, olhei em volta e percebi que eu ainda estava no sofá, porém Jack tinha posto travesseiros para que eu não ficasse dolorida e me coberto com um cobertor.Arrumei os cabelos em sentei ainda tentando lembrar-me do que tinha acontecido na noite anterior e nisso ele veio vindo da cozinha com dificuldade.- Me desculpe por não tê-la carregado, mas com esse gesso aqui, sou quase um inútil.Eu caminhei até ele e lhe dei um beijo leve.- Não diga isso, logo, logo você tira esse gesso e tudo volta ao normal.Ele fez um carinho no meu rosto o desenhando com os dedos.- Não sabe como estou ansioso por isso...Os dias passaram e os preparativos para o jantar beneficente se iniciaram, ainda que não fosse um completo segredo que eu e Jack estávamos juntos, já que Daniels sabia assim como