Melinda
Acordei faltando duas horas para sair. Ainda bem que dormir com a minha roupa em mente. Optei por um macacão sem manga, longo, na cor amarelo, com um belo decote profundo. Certeza que ficará em evidência minha tatuagem da rosa de sarom entre meus seios. Coloquei a roupa, depois me olhei no espelho. Me sinto sexy, bonita. Soltei meus cachos, para enfeitá-los fiz uma trança embutida longa. Não quis usar maquiagem, pois sou um desastre, escolhi usar um batom vermelho para realçar meus lábios e um lápis preto para destacar meus olhos.
Peguei um táxi faltando dez minutos para o horário marcado. Vejo Lara e Nat à minha espera.
— Menina, você está muito gostosa! — Natasha disse encarando minha tatuagem. É a primeira vez que elas veem uma delas. Para falar a verdade, elas nem sabia que tenho tatuagens.
— Melinda, nunca nos disse que tem tatuagem! — Lara exclamou pasmada. Dei de ombros. Em minha defesa elas nunca perguntaram. Sempre estou com roupas pesadas, pois não suporto o frio daqui. Hoje que o calor deu o ar de sua graça.
— Corrigindo tatuagens! Tenho sete para ser exata e, respondendo à pergunta das duas, nunca disse porque nunca perguntaram.
— Tô me sentindo traída! — Nat declarou com um sorriso malicioso.
— Não precisa disso, depois mostro todas a vocês. — Disse encerrando aquele assunto. Já que vim quero me divertir muito. Entramos na boate rapidinho. O amigo de Lara foi muito simpático. Olhei ao redor, identifiquei muitas pessoas dançando, bebendo, se pegando. Fiquei chocada e encantada simultaneamente. As meninas me ofereceram bebidas, porém recusei. Não bebo nada alcoólico. Sou adepta a não precisa beber para se divertir. Gosto disso, foi a minha mãe que me ensinou.
— Quero dançar meninas. — Avisei animada. Elas aceitaram na hora. Quando chegamos na pista de dança, uma canção de Bruno Mars, tocava alegrando a multidão. Se chama 24k Magic. Gosto dessa música. No entanto, foi apenas tocar Serei Teu de Loony Johnson e Landrick que baixou a baladeira em mim.
Comecei a rebolar no ritmo da canção, arrisquei até no quadradinho, só que bem lentamente, era a pegada que a música pedia. Esqueci até onde estou.
— Vamos Lara! Imitar meus passos.
— Nossa, Mel, onde aprendeu a dançar assim?
— Sempre gostei de dançar, algumas coisas aprendi pela internet, no YouTube e, outras com as meninas do meu colégio, quando morei no Brasil. — Contei pegando sua mão e girando seu corpo. Nós duas rimos. Lara é tão diferente da Nat. Natasha é o furacão, já Lara, ela é a calmaria em pessoa. Amo as duas, elas são essenciais em minha vida. Para agitar quando necessário, ou simplesmente acalmar.
Eu dançava como há muito tempo não fazia, fechava os olhos e sentia a música passar por todo o meu corpo.
— Amiga, você está chamando a atenção de muitos homens! — Nat comenta quando se aproxima de mim e de Lara. Ela preferiu beber mais do que dançar. Parei minha dança e olhei ao redor. Ela está certa. Muitos caras estão me secando, alguns até acompanhados. Senti-me mal de repente, e tudo no que pensava é de ir embora.
Parei na hora, olhando para todo lado e vendo que Nat tinha razão.
— Preciso ir ao banheiro! — Disse abrindo caminho em meio a multidão e me desviando de algumas mãos bobas. No banheiro lavei minha face não se importando com o batom, pois, é a prova d’água. Me virei decidida a encerrar minha noite. Abri a porta e dei de cara com dois armários na frente dela.
— Por favor, deem-me licença! — Pedi com toda delicadeza de um cavalo.
— Desculpe, senhorita, preciso que nos acompanhe. — Um deles informou. Olhei ambos, assustada, sem saber o que havia feito para ser levada pela segurança. Os seguir, todavia, bateu o arrependimento quando me lembrei de cenas de filmes, onde a mocinha segue para um lugar desconhecido e morre.
— Aí meu paizinho do céu! — Exclamei quando percebi que chegamos ao nosso destino.
— Disse algo? — Um deles perguntou
— Não! — Falei rápido demais. Entrei na porta que eles abriram, no entanto, eles não entraram, pelo contrário, fecharam a porta me trancando dentro. É agora que morro, meu Senhor? — Agora me explique o que faz em minha boate?
Me virei com os olhos ameaçando sair da órbita. Meu pai, o que esse homem quer comigo?
— Você quer que eu repita a minha pergunta, sua idiota? — Inquiriu sem perder sua pose de arrogância. Que ser insuportável!
— Não precisa, escutei da primeira vez, apenas não entendo o que faço aqui com você. — Perguntei com raiva, sem me preocupar se estou sendo rude ou não.
Ele levantou e veio na minha direção, como não sou besta, voltei para a porta, tentei abrir novamente, contudo me assustei quando fui virada bruscamente.
— Seu troglodita! Está louco?
— Quem está louca é você por falar assim comigo. — Proferiu me puxando grosseiramente, forçando-me a sentar-se em uma cadeira de frente com a sua. Ele voltou ao seu lugar e abriu o terno me mostrando sua arma. Um nó se formou em minha garganta.
— Vai me matar? — Indaguei em um fio de voz. Qual é o problema na minha vida? Porra, só me bato com malucos. O miserável zombou na minha cara. Ele sorria, mas não era de felicidade. Sei disso, pois o seu sorriso não chega nos olhos, os quais são lindos. De um azul intenso, selvagem.
— Até ponderei fazer isso, entretanto farei melhor. — sorriu maldoso — Farei da sua vida um inferno.
— Eu não…
— Cala a boca, porra, garota! Você me irrita para caralho. — Ordenou se levantando e apoiando suas duas mãos no tampo da mesa. Me calei, pois, não tenho a intenção de contrariá-lo mais.
— Melhor assim! — Retrucou. Voltamos a ficar calados, não sei a quanto tempo ficamos lá um olhando para a cara do outro. Acredito que passou horas. Ele me observava atento, de repente seus olhos pararam em minha tatuagem exposta. Acreditei haver gostado, pois mesmo com medo algumas vezes, não pude deixar de notar o quanto está lindo em seu terno azul, quatro peças da Armani. Encaixa em seu corpo como se fosse elaborado sob medida.
Melinda — Que porra de roupa é essa? — Questionou com asco. Não escondi minha face de decepção. — Uma roupa normal! — Quando disse ser uma vadia, não errei em nada. — Disse para si mesmo. Me levantei furiosa. Até o momento agir submissa, mas agora chega Ele pode me taxar de muitas coisas, vadia não é uma delas. Fui até ele e pus o meu dedo na sua cara. — Você me respeite! Não me conhece, mesmo assim pode me julgar pela roupa que visto? Estou muito comportada, comparada às que vi lá embaixo. — Você tem certeza, Melinda? — Sussurrou segurando meu dedo no ar. Meu coração acelerou no peito, meus olhos novamente dobraram de tamanho. — Como sabe meu nome? — Não é da sua conta! — disse balançando meu dedo no ar — Se colocar seu dedo novamente na minha cara, considere-o quebrado. — Quero sair daqui, minhas amigas devem esta a minha procura. — Ignorou completamente o que acabei de falar. — Vai quando eu disser! — ficou sério — Não quero, vê-la dançando daquele jeito em público. Pu
Andrei — O que está esperando? Entra na droga desse carro! — Mandei estressado. Essa menina testa a minha pouca paciência. Ela teve a coragem de não responder minha mensagem e me ignorou a semana toda. Se ela julga que isso me impedirá de cumprir o que havia determinado para a sua pessoa, está muito enganada. Você a quer! Minha mente fez questão de me lembrar. Algo me diz que ela é encrenca. Prefiro alguém que eu possa ter controle, sei que Melinda não é nenhum pouco, submissa. Aquela vez do esbarrão, não foi a primeira vez que a vi, quer dizer, não a vir cem por cento, sentir o seu cheiro. Que cheiro delicioso! Ela tem cheiro de canela. Sempre gostei, desde pequeno. Voltei para procurá-la e infelizmente não achei. No dia do esbarrão não supus que a encontraria. Deixei um dos meus homens de olho, quando ele me passou as características da mulher quis arriscar Eu não a vir no dia, pois passei muito rápido, mas pelo vulto vir que seus cabelos são cheios, então para reparar qualquer mu
Andrei — Porra! — Falou algo senhor Makarov? — Não. Por favor, me deem licença! — Pedi educadamente. Aproximei-me do palco de uma forma que me visse. Espero que não faça besteira, como dar corda a algum desavisado. — Boa noite! É uma honra estar aqui com todos vocês. Me chamo Melinda, espero que se divirtam. — Pronunciou com aquele sorriso desconcertante. Não entendo o que essa mulher tem que me deixa obcecado. Sua pronúncia é linda, pelo menos falando. Santo Deus homem, para com isso! Essa mulher não tem nada de especial, é como outra qualquer. Ignorei meus pensamentos quando escutei os primeiros acordes da canção. Arregalei os olhos, pois realmente ela possui o dom. Sua voz é um contralto. Excepcional. Profunda, cheia de drama. Gosto de música, entendo algumas coisas. A canção que entoava com maestria é de Tony Braxton. Sei disso, pois como disse, gosto de música. Não escuto apenas clássicas. — “Por favor, deixe cair sua parede então Eu finalmente poderei entrar e ver, eu Não
Melinda Há três semanas que não o vejo. Se estou com saudades? Claro que não! Nem vem dizer ser mentira, pois, não minto. Merda! Acabei de mentir. Faço isso raramente. Porém, como estava dizendo, não sentir falta dele. Quem sentiria falta de um grosso, troglodita que só faz me gritar, ameaçar e dizer que sou dele? Pelo amor de Deus, tenha santa paciência, viu. Eu seria louca se me sentisse assim. Não negarei que ele me intimide. Sua beleza e presença me desarmam por completo. Reconheço que nesses dias não paro de pensar nele, mas atribuo isso a tudo que aconteceu, desde aquele esbarrão. Naquele dia no restaurante, quando ele me viu abraçada com Nik, foi o exato momento que pude ver sua possessividade comigo, entrar verdadeiramente em ação. Sinto medo e, ao mesmo tempo, me excito ao lembrar. Não sei. Deve haver algo de errado com a minha cabeça, é a única explicação. Falar em Nikolai, até hoje me questiona sobre o que aconteceu. O que poderia dizer-lhe? Escuta Nik, Makarov esbarrou e
Melinda — Quem é? — Dimitri, senhorita! Sou um dos seguranças designado para proteger sua casa. — Informou. Respirei aliviada e abri a porta. Não porque esse homem está me cercando de segurança. Será que sabe de algo? Impossível! Não deixei nada que me ligasse aquele nojento. — Oi! — O senhor Makarov pediu para lhe entregar algo. — Disse me entregando uma caixa pequena. Voltei para meus livros um pouco aliviada, no entanto, curiosa. Abri o embrulho afoita e me deparei com um lindo celular da marca Apple. Um dos mais caros, acho. Reconheço que não conheço sobre essas coisas, nunca liguei. Compro sempre o que posso, nada, além disso. Então, vem a pergunta. O que esse homem quer com tudo isso? Peguei o aparelho em minhas mãos com cuidado. Se essa merda quebrar terei que vender um rim para pagar. Com o contato o aparelho acendeu, deslizei meu polegar na tela. Tudo já está configurado, inclusive com o meu número de telefone. Vi que no W******p tem uma mensagem não lida, quando abro qua
Melinda — O que tanto me escondem? — Perguntei curiosa aos três mosqueteiros. Nat, Lara e Nik viam algo no celular de Nat com uma cara nada boa e, simultaneamente, me observavam. Algo me diz ser sobre mim. — Nada de mais amiga! — Nat respondeu na defensiva. Achei ainda mais estranho. — Tudo bem. — Fingi me dar por vencida, fingir ir abraçar todos e tomei o celular das mãos dela. — Vaca, me enganou direitinho! — Não fiz diferente de você. — Proferi descontente. Olhei para a tela do maldito celular e vir o que tanto olhavam. Era uma manchete de Andrei, ele estava em um restaurante. Eles fazem um belo casal. A mulher é o oposto de mim. Loira, alta, magra com postura de rica. Não que ele seja preconceituoso, é só que a mulher do seu lado seria, aceita rápido pela sociedade. Os russos não são tão cordiais com pessoas da minha cor. Não abrange a todos, claro. Me pergunto sobre aquele dia. Para mim, significou muito. Nunca deixei um homem se aproximar tanto de mim. — Mel! — Nat me chamo
Melinda — Você está cega, sua idiota? — Bradou irritada. Acordei do meu transe na hora. Não serei xingada por essa nojenta. — Veja lá como fala comigo seu filhote de cruz credo! — Rebati lhe apelidando. Sou ótima nessas coisas quando quero. Ela ficou vermelha, parecia até que explodiria. Ela foi em cima de mim para me bater. Tentou me dar um tapa na cara, eu segurei a sua mão e lhe dou na cara, sendo bem sucedida. — Nunca mais tente me bater novamente, ou vai receber mais do que um tapa na cara. — Alertei perigosa. Não quem acha que é, para insultar e agredir alguém por algo tão banal como um esbarrão. Dei um sorriso debochado, pois, no fundo, era o que queria fazer desde que a vi com ele. Não escutando meu aviso, ela tentou me bater novamente, porém uma voz que conheço muito bem, lhe impediu. — Que porra está acontecendo aqui? Por que tem duas mulheres brigando no corredor da minha empresa? — Foi essa pobretona que começou, Andrei. — Declarou me diminuindo. Não mentirei e dizer
Andrei Cheguei ao restaurante a tempo de vê-la subindo no palco. Está magnífica em um vestido longo todo branco, possui um decote ao lado da coluna. Suas vestes mostram duas de suas tatuagens. Pensem em uma pessoa curiosa para saber sobre todas elas. Melinda me disse que me contaria, então esperarei. Algo me diz que alguns significados não são nada bons. — Boa noite! — Saudou com aquele sorriso que me desconcerta e me traz paz, coisa que não tenho há muito tempo. Penso que essa fascinação seja falta de foda. Acredito que ao levá-la para cama tudo passe. Sei que sente atração por mim, será uma questão de tempo. — Bem, hoje teremos uma pequena brincadeira. Aí na mesa de vocês tem um papel em branco e uma caneta. Escreva uma canção e coloquem na urna que a hoster mostrará a vocês. Sortearei três. — Terminou, travessa. Todos riram, é provável que gostaram da brincadeira. Até eu não resistir e coloquei uma canção. Fizeram o sorteio, ela já cantou duas canções. Uma senhora que fazia anive