QUATRO

Melinda

 Acordei faltando duas horas para sair. Ainda bem que dormir com a minha roupa em mente. Optei por um macacão sem manga, longo, na cor amarelo, com um belo decote profundo. Certeza que ficará em evidência minha tatuagem da rosa de sarom  entre meus seios. Coloquei a roupa, depois me olhei no espelho. Me sinto sexy, bonita. Soltei meus cachos, para enfeitá-los fiz uma trança embutida longa. Não quis usar maquiagem, pois sou um desastre, escolhi usar um batom vermelho para realçar meus lábios e um lápis preto para destacar meus olhos.

Peguei um táxi faltando dez minutos para o horário marcado. Vejo Lara e Nat à minha espera.

— Menina, você está muito gostosa! — Natasha disse encarando minha tatuagem. É a primeira vez que elas veem uma delas. Para falar a verdade, elas nem sabia que tenho tatuagens.

— Melinda, nunca nos disse que tem tatuagem! —  Lara exclamou pasmada. Dei de ombros. Em minha defesa elas nunca perguntaram. Sempre estou com roupas pesadas, pois não suporto o frio daqui. Hoje que o calor deu o ar de sua graça.

— Corrigindo tatuagens! Tenho sete para ser exata e, respondendo à pergunta das duas, nunca disse porque nunca perguntaram.

— Tô me sentindo traída! — Nat declarou com um sorriso malicioso. 

— Não precisa disso, depois mostro todas a vocês. —  Disse encerrando aquele assunto. Já que vim quero me divertir muito. Entramos na boate rapidinho. O amigo de Lara foi muito simpático. Olhei ao redor, identifiquei muitas pessoas dançando, bebendo, se pegando. Fiquei chocada e encantada simultaneamente. As meninas me ofereceram bebidas, porém recusei. Não bebo nada alcoólico. Sou adepta a não precisa beber para se divertir. Gosto disso, foi a minha mãe que me ensinou.

— Quero dançar meninas. —  Avisei animada. Elas aceitaram na hora. Quando chegamos na pista de dança, uma canção de Bruno Mars, tocava alegrando a multidão. Se chama 24k Magic. Gosto dessa música. No entanto, foi apenas tocar Serei Teu de Loony Johnson e Landrick que baixou a baladeira em mim.

Comecei a rebolar no ritmo da canção, arrisquei até no quadradinho, só que bem lentamente, era a pegada que a música pedia. Esqueci até onde estou.

— Vamos Lara! Imitar meus passos.

— Nossa, Mel, onde aprendeu a dançar assim?

— Sempre gostei de dançar, algumas coisas aprendi pela internet, no YouTube e, outras com as meninas do meu colégio, quando morei no Brasil. —  Contei pegando sua mão e girando seu corpo. Nós duas rimos. Lara é tão diferente da Nat. Natasha é o furacão, já Lara, ela é a calmaria em pessoa. Amo as duas, elas são essenciais em minha vida. Para agitar quando necessário, ou simplesmente acalmar.

Eu dançava como há muito tempo não fazia, fechava os olhos e sentia a música passar por todo o meu corpo.

— Amiga, você está chamando a atenção de muitos homens! —  Nat comenta quando se aproxima de mim e de Lara. Ela preferiu beber mais do que dançar. Parei minha dança e olhei ao redor. Ela está certa. Muitos caras estão me secando, alguns até acompanhados. Senti-me mal de repente, e tudo no que pensava é de ir embora.

Parei na hora, olhando para todo lado e vendo que Nat tinha razão.

— Preciso ir ao banheiro! — Disse abrindo caminho em meio a multidão e me desviando de algumas mãos bobas. No banheiro lavei minha face não se importando com o batom, pois, é a prova d’água. Me virei decidida a encerrar minha noite. Abri a porta e dei de cara com dois armários na frente dela.

— Por favor, deem-me licença! —  Pedi com toda delicadeza de um cavalo.

— Desculpe, senhorita, preciso que nos acompanhe. — Um deles informou. Olhei ambos, assustada, sem saber o que havia feito para ser levada pela segurança. Os  seguir, todavia, bateu o arrependimento quando me lembrei de cenas de filmes, onde a mocinha segue para um lugar desconhecido e morre.

— Aí meu paizinho do céu! — Exclamei quando percebi que chegamos ao nosso destino.

— Disse algo? — Um deles perguntou

— Não! —  Falei rápido demais. Entrei na porta que eles abriram, no entanto, eles não entraram, pelo contrário, fecharam a porta me trancando dentro. É agora que morro, meu Senhor? —  Agora me explique o que faz em minha boate?

Me virei com os olhos ameaçando sair da órbita. Meu pai, o que esse homem quer comigo?

—  Você quer que eu repita a minha pergunta, sua idiota? —  Inquiriu sem perder sua pose de arrogância. Que ser insuportável! 

— Não precisa, escutei da primeira vez, apenas não entendo o que faço aqui com você. —  Perguntei com raiva, sem me preocupar se estou sendo rude ou não.

Ele levantou e veio na minha direção, como não sou besta, voltei para a porta, tentei abrir novamente, contudo me assustei quando fui virada bruscamente.

— Seu troglodita! Está louco?

— Quem está louca é você por falar assim comigo. — Proferiu me puxando grosseiramente, forçando-me a sentar-se em uma cadeira de frente com a sua. Ele voltou ao seu lugar e abriu o terno me mostrando sua arma. Um nó se formou em minha garganta.

— Vai me matar? — Indaguei em um fio de voz. Qual é o problema na minha vida? Porra, só me bato com malucos. O miserável zombou na minha cara. Ele sorria, mas não era de felicidade. Sei disso, pois o seu sorriso não chega nos olhos, os quais são lindos. De um azul intenso, selvagem.

— Até ponderei fazer isso, entretanto farei melhor. — sorriu maldoso — Farei da sua vida um inferno.

—  Eu não… 

— Cala a boca, porra, garota! Você me irrita para caralho. — Ordenou se levantando e apoiando suas duas mãos no tampo da mesa. Me calei, pois, não tenho a intenção de contrariá-lo mais.

— Melhor assim! — Retrucou. Voltamos a ficar calados, não sei a quanto tempo ficamos lá um olhando para a cara do outro. Acredito que passou horas. Ele me observava atento, de repente seus olhos pararam em minha tatuagem exposta. Acreditei haver gostado, pois mesmo com medo algumas vezes, não pude deixar de notar o quanto está lindo em seu terno azul, quatro peças da Armani. Encaixa em seu corpo como se fosse elaborado sob medida.

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