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Capítulo 2: Esperança de liberdade

POV: Linnea

Tudo ao meu redor parecia silencioso e sem nenhuma cor, enquanto eu continuava a observar aquele misterioso homem, que entrava na casa do mestre com tanto poder e autoridade, através da delicada renda que cobria meus olhos. Ele não voltou a olhar para mim, apenas vagou por entre os inúmeros itens da coleção do mestre. Ele parou diante da grande mesa de gelo em que eu estava, várias joias me rodeavam, de variados tamanhos e cores. O belo homem observava cada uma delas com uma atenção especial, então o mestre se aproximou, esfregando suas mãos suadas, cada dedo ostentando um anel diferente.

― Logo se vê que tem ótimo gosto, Dark Wolf. ― a forma com que o tal Dark Wolf olhou para o mestre fez meus pelos se arrepiarem. Me encolhi em minha gaiola e permaneci em completo silêncio enquanto eles discutiam.

― Essas pedras não me interessam em nada. Não passam de rochas polidas. ― O mestre pareceu irritado com o comentário do homem, mas manteve o sorriso em seu rosto. Em minha mente, pedi para que o senhor Dark Wolf não irritasse muito o meu mestre, caso contrário seria eu a pagar o preço. ― Eu vim atrás de uma joia que você arrematou em um leilão há alguns anos.

Os olhos do meu mestre caíram sobre mim. Um arrepio percorreu minha espinha, e não tinha ligação nenhuma com o gelo abaixo. Ninguém sabia sobre mim, quem eu era ou mesmo de onde eu vim. O mestre sempre me manteve escondida no cofre, longe de olhares curiosos. Aquela era a primeira vez que eu via tantas pessoas e estava com medo das razões pelas quais ele decidiu me expor daquela forma.

― Temo que tal joia não esteja disponível para venda, meu bom senhor. Mas tenho artigos que vão realmente interessar alguém tão poderoso. ― o mestre não gostava de admitir que outras pessoas tinham mais poder do que ele, o que significava que aquele homem era alguém que o mestre não poderia superar, nem mesmo usando os meus dons de mudar o futuro.

― Tudo tem um preço. Diga logo o seu e pare de me fazer perder tempo. Eu quero a joia do deus da criação e não medirei esforços para possuí-la.  ― Todos que estavam ao redor pararam para ver o embate. Até mesmo eu estava curiosa com o que meu mestre faria.

A música aumentou, chamando a atenção de todos para um grupo de dançarinas. As mulheres usavam roupas reveladoras, cobrindo apenas pequenas áreas de seus corpos. Todos pareciam entretidos com o espetáculo, menos Dark Wolf. Enquanto meu mestre desviada de assunto, elogiando as mulheres que se apresentavam, o belo homem me olhava com curiosidade. Primeiro ele observou a gaiola em que eu estava, depois seus olhos percorreram todo o meu corpo, dos meus pés até meus olhos. Senti um formigamento percorrendo o mesmo caminho que seus olhos faziam. Me inclinei em sua direção, meu coração estava acelerado, como nunca o havia sentido antes. O que eram aquelas sensações e por que eu as estava sentindo naquele momento?

Todos se afastaram, o mundo se movia tão devagar naquele momento. Dark Wolf se aproximou ainda mais da minha gaiola e senti meu corpo ficando quente. Minha pele estava ruborizada com a intensidade que o homem analisava meu corpo. Mesmo através da venda de renda preta, pude notar as pequenas nuances em seus profundos olhos negros. Pequenos pontos de cor azul, como safiras delicadas, se destacavam e atraiam minha atenção. 

Era estranho para mim poder olhar nos olhos de alguém sem as visões, poder desfrutar de uma conexão tão profunda e íntima com alguém, mesmo com a venda. Uma forte batida nas grades da gaiola me assustaram, então voltei para o canto, me encolhi, abraçando meus joelhos e sentindo as lágrimas já se acumulando em meus olhos.

― Não olhe para os convidados. ― Fui repreendida pelo mestre, que bateu mais algumas vezes contra a grade até parar subitamente. Ao erguer meu rosto, vi o homem segurando o pulso do mestre com força.

― O que pensa que está fazendo? ― Dark Wolf perguntou com um tom firme me sua voz.

― Apenas estava educando essa criatura estúpida. Algo tão baixo como essa mulher não deve olhar um homem de sua classe. ― Dark Wolf rosnou, deixando o mestre pálido, então o soltou. Meu mestre caiu sentado no chão, enquanto o homem forte o olhava de cima.

― Se não a suporta a esse ponto, venda-a para mim junto a joia que desejo. Assim livro você de dois problemas. ― Não conseguia ver o mestre, mas eu sabia que ele deveria estar furioso, mesmo que não pudesse demonstrar.

Ser tradado daquela forma em sua própria casa, ainda mais por um homem mais poderoso do que ele, deixava o mestre furioso. O maior desejo de meu mestre era se tornar o homem mais poderoso de São Francisco, mas não importava quanto ele usasse o meu poder, qual presso fosse pago para mudar seu futuro e o tornar mais e mais poderoso. Esse homem de cabelos negros diante de mim jamais apareceu, seus destinos nunca se cruzaram e por isso, nunca pude tornar o meu mestre mais poderoso do que ele.

― Sinto muito, mas não posso vendê-la, mesmo que ela me irrite, a criei desde muito jovem. ― O mestre se levantou, olhando de forma estranha para o homem.

De repente, o homem pareceu apenas aceitar e deu as costas. Em pânico por nunca mais vê-lo e perder a única chance que eu teria de ser livre do inferno que vivi por dez anos, estendi minha mão entre as grades e segurei a manga de seu casaco. Todos ao redor olharam em choque para aquela inusitada cena. Uma escrava tocando em um homem poderoso sem permissão e ainda por cima, na frente de seu mestre. O mínimo que poderia acontecer a qualquer outra, seria ter sua mão amputada, mas eu escolhi correr esse risco. Eu preferiria morrer a viver mais um dia de inferno nas mãos de Octavius Kasimir.

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