POV: Linnea
Um forte golpe atingiu minha mão, me fazendo soltar o homem que parecia em choque com toda a situação. Voltei a me encolher na gaiola e o homem retomou seu caminho. Eu havia falhado. Nunca mais o mestre me permitiria ter outra oportunidade como aquela. Voltaria aos meus dias trancada naquele cofre, abusada por um homem egoísta e sem nenhum escrúpulo que não se importava em destruir as vidas de outras pessoas, com tanto que ele conseguisse o que queria.
A grande festa continuou, não vi mais o lindo homem de cabelos e olhos negros. Era como se ele tivesse desaparecido. O mestre evitou que outras pessoas se aproximassem da mesa de gelo, onde eu sentia cada vez mais e mais frio. Estava cansada e faminta quando finalmente a festa acabou e eu fui descida da mesa. O mestre se aproximou com seu bastão e bateu forte contra as barras de aço.
― Sua puta de merda! O que achou que fosse conseguir? Achou mesmo que um homem como o Wolf te ajudaria? Acho que bati tanto em você que acabou ficando burra! ― Mais batidas contra as grades. As vibrações do metal me deixavam desnorteada e enjoada. Cobri meus ouvidos com força, tentando bloquear aqueles horríveis sons e a voz do mestre.― Tranquem ela no cofre.
A gaiola foi posta em um carrinho e fui levada de volta para o único lugar que eu conhecia. O cofre era muito bem protegido, com segurança e mecanismos de última geração. Eu não entendia muito bem como aquilo funcionava, apenas sabia o que já ouvi das pessoas quem me levavam comida que apenas poucos tinham o cartão de acesso e que tudo dentro do cofre possuia um tipo de rastreador, caso alguém de dentro tentasse levar algo. Olhei para as correntes em meus braços e pernas, pensando se elas eram rastreadores também.
― É um desperdício. ― Um dos homens que estava me levando falou para o seu companheiro. Quando virei meu rosto, vi seu olhar assustador em minha direção. ― Um pedaço de carne desses, trancado em um cofre frio quando tantos de nós estamos com fome.
― Se o chefe te ouvir falando isso, eu garanto que não vai ser só o seu emprego que vai perder. ― Com isso a conversa foi encerrada e eu fui deixada sozinha e grata dentro do cofre.
Estava faminta e cansada, não havia nada que eu pudesse fazer além de me deitar e aproveitar meus últimos momentos naquela espaçosa e confortável gaiola. Me deitei em um canto, encolhida para aquecer meu corpo quando um estrondo fez o chão tremer.
O alarme começa a soar, as portas de emergência do cofre são acionadas, mas as grandes placas de metal não conseguem se fechar a tempo. Outro grande estrondo as entorta para dentro do cofre. Fumaça, e poeira foram lançados para todos os lados e um grupo de homens entrou calmamente no cofre, se espalhando em várias direções. Todos usavam as mesmas roupas pretas, mas um deles em especial se destacou. Sua presença mostra que ele liderava aquele grupo e todos o respeitavam. Eles andaram pelo cofre, ignorando a minha presença, menos o líder. Ele se abaixou diante da gaiola e, com um movimento suave de sua mão sobre o cadeado, quebrou o trinco. Ele baixou a porta da gaiola e me estendeu sua mão.
Estava assustada com toda aquela estranha situação, primeiro que ninguém jamais ousou tentar roubar do mestre, pois era abertamente conhecido que ele não era um homem piedoso. Segundo que a calma com a qual aqueles homens estavam apenas buscando algo especial lá dentro me mostrava que eles poderiam ser mais perigosos do que o meu mestre. Me encolhi. Não sabia se aquele homem estava atrás dos meus dons ou se apenas se sensibilizou em me ver trancada naquele lugar.
― Venha logo, ou vou te largar aqui para ser morta por aquele porco. ― A voz do homem vez os pelos do meu corpo se arrepiarem. Olhei dentro de seus olhos negros e tive a sensação de ser puxada em sua direção.
Minha mão se moveu antes mesmo que eu pudesse entender o que estava fazendo e aceitou o toque daquele homem, que me puxou bruscamente para seus braços. Assim que me choquei contra seu grande corpo, senti seu calor e até mesmo pude ouvir as batidas ritmadas de seu coração. Enquanto o meu batia de forma frenética no peito. Mordi o lábio inferior, tentando conter minha curiosidade em perguntar o motivo de estar sendo levada.
― Não está aqui. ― Um dos homens do grupo se aproximou e me olhou com curiosidade. ― Tem certeza disso? ― Ele perguntou e me agarrei as roupas do homem que me segurava firmemente.
― É problema meu. Vamos embora. ― O líder rosnou irritado. Com essas palavras, todos caminharam na direção do buraco aberto na porta do cofre.
Vários homens armados surgiram no caminho, dispostos a tudo para protegerem os bens mais preciosos do mestre. O homem que me carregava caminhou até o cofre e me colocou sentada no chão, ele segurou meus pulsos e pressionou minhas mãos contra minhas orelhas, então cobriu meus olhos com sua grande e quente mão.
― Fique aqui até que eu volte. Não veja nada, não ouça nada. ― Apenas acenei concordando e senti sua presença se afastar.
Fiquei sentada naquele canto, o chão frio debaixo de mim, enquanto eu contava mentalmente, abafando os poucos ruídos que fui capaz de captar. Não demorou para que o calor daquelas mãos voltasse, mas não me atrevi a abrir meus olhos. Mantive meus ouvidos cobertos enquanto o homem me tomava em seus braços e carregava para fora do andar, então para dentro do elevador e finalmente para fora do prédio, só então eu abri os meus olhos para me deparar com o nascer do sol mais lindo que eu já havia visto em toda a minha vida.
POV: Linnea Um calor suave tocou meu rosto, a sensação estranha de algo suave debaixo do meu corpo e um perfume agradável me despertaram. Toquei meu rosto, sentindo a ausência da venda sobre os meus olhos e me desesperei. Não sabia onde eu estava, mas era certo que não estava na minha gaiola. A noite anterior, havia sido um sonho? Tateei ao redor, nervosa e assustada e encontrei um tecido suave, que amarrei sobre meus olhos. Mais tranquila, analisei o ambiente ao meu redor com as mãos, tocando a grande cama onde estava deitada. Ao amassar o tecido, um perfume suave de flores se elevou. Coloquei meus pés no chão, sentindo algo macio e quente sob eles e uma brisa suave e refrescante tocou meu rosto e braços. Sons de passos se aproximando me assustaram. Tropecei pelo cômodo estranho, buscando um lugar seguro para me esconder. Tropecei em algo que parecia uma corda e acabei caindo para frente. O som de vidro quebrando me fez tremer e me encolher enquanto o som de trinco ecoava pelo qua
POV: KaelAquela pequena e frágil humana diante de mim se dizia a joia de Octavius. Não consegui conter a risada ao ouvir tamanho absurdo, a surpreendendo. Segurei seu pulso fino, a puxando para mim. Seu suspiro de surpresa fez meu lobo rosnar em meu peito. Desde que a vi naquela maldita gaiola, exposta sobre a mesa como uma decoração macabra, me senti estranhamente atraído por ela. O mesmo aconteceu quando entrei naquele cofre. O lugar estava impregnado com seu cheiro e me vi focado apenas nela e mais nada.Aproximei seu pulso do meu rosto, inalando seu cheiro. Sua pele aqueceu sob meus dedos, pude sentir sua pulsação subindo conforme arrastava meus lábios até a parte interna de seu cotovelo. Seu corpo tremeu em resposta ao meu toque, fazendo com que meu lobo desejasse por mais. Precisei me afastar para me conter, afinal eu não sabia quem era aquela mulher e nem o real motivo dela estar naquela gaiola.― Você faz ideia do que acabou de falar, mulher? ― Disse sussurrando, meu rosto ma
POV: Linnea o Toque suave dos lábios do homem me pegaram de surpresa, mas não achei desagradável nem nada. Na verdade, senti meu corpo ficando mais aquecido conforme ele me apertava em seus braços, minhas costas estavam parcialmente coladas ao seu peito e me sentia tão pequena. A mão que segurava meu queixo deslizou até o meu pescoço, tocando uma das cicatrizes que eu carregava há muito tempo. Tive medo que ele me achasse repugnante, com meu corpo repleto de marcas horríveis e tentei me afasta r, mas meu salvador manteve seu aperto firme sobre meu corpo. Sua língua então invadiu minha boca, explorando e trazendo sensações ainda mais estranhas. Minhas pernas tremeram e vacilaram, me fazendo perder o equilíbrio e quase cair. O homem me amparou, passando a língua por seus lábios e sorrindo de forma predadora. Então a porta se abriu. Um homem alto com cabelos castanhos e olhos verdes que me analisaram cuidadosamente. Eu conhecia aquele olhar, meu corpo tremeu de forma involuntária e me
POV: Linnea Ouvir aquele nome me fez sentir ainda mais estranha. Segurei o rosto do homem entre minhas mãos, tentando gravar suas feições o melhor que eu conseguia ver através daquela renda escura. Usei meus dedos para percorrer seus queixo e maxilar, subindo pelas maçãs de seu rosto sentindo a barba que crescia em sua pele. Toquei seus olhos suavemente, então as sobrancelhas e o nariz. Suas feições eram simplesmente perfeitas, um rosto com características muito marcantes. Me sentindo um pouco atrevida, movi minhas mãos trêmulas até seus cabelos e arrastei minhas mãos por eles. Kael fechou seus olhos, me dando mais confiança para continuar a explorar. ― Obrigada, senhor Kael. ― Seus olhos se abriram lentamente. Havia um brilho estranho no fundo de seu olhar. Com uma risada estranha, Kael se levantou, me deixando no chão e foi até a porta com as mãos em seus bolsos. Ele se virou e olhou para mim, para todo o meu corpo e então seu olhar se fixou no meu rosto. ― Não se iluda, pequen
POV: Linnea Estava assustada, havia muitas pessoas estranhas dentro daquele lugar escuro. O ambiente estava tomado por uma densa fumaça e uma música estranha tocava alto. A mulher me puxou e senti algumas mãos me tocarem, porém era impossível identificar qualquer coisa naquele lugar. Entramos em um quarto, onde três homens de terno estavam sentados em poltronas muito elegantes. Dei alguns passos para trás, apenas para ser empurrada novamente para frente. ― Vamos começar com os lances. ― As palavras da mulher me deixaram em completo choque. Me arrastei até ela, abraçando suas pernas com as mãos trêmulas. Meu coração estava acelerado enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto. ― Eu te imploro, não me venda! Serei útil para você, aprendo rápido. Prometo não dar trabalho e nem ser um gasto, mas não me venda. Eu te imploro! ― A mulher me deu mais um forte tapa, então me chutou na barriga com força. ― Cale a boca, so de estar respirando aqui já está me dando gastos. Pague sua dívida se
POV: KaelComo uma mulher poderia mexer tanto com a mente de um homem daquela maneira. Ainda podia sentir seu sabor doce na ponta da minha língua, seu cheiro dominava minha mente ao ponto de sentir dores de cabeça. Meu lobo rugia em meu peito, desejando buscá-la daquele maldito lugar. Tentei contê-lo, afinal eu não tinha qualquer obrigação com aquela fêmea. Já tinha problemas demais tendo que lidar com traidores da minha alcateia e a mineradora que herdei do meu pai, não poderia assumir uma guerra contra um humano por causa de uma mulher qualquer. Quanto mais nos afastamos da área vermelha, mais me sentia agitado e desconfortável. Não a larguei naquele lugar a troco de nada, eu sabia exatamente o que seria feito dela ali e eu queria aquilo. Desejava quebrar a imagem em minha mente da mulher doce e inocente que beijei no meu quarto, queria destruir por completo a imagem pura e o brilho suave que vi através daquela maldita venda. Prometi a ela que não a devolveria ao bastardo do Octavi
POV: Linnea O carro se movia para longe daquele estranho bairro. As luzes e sirenes de ambulâncias passavam por nós a toda velocidade. Me abaixei, cobrindo meus ouvidos e puxando meus joelhos para o peito. Ao meu lado, Kael deu uma leve risada enquanto afrouxava sua gravata e começava a tirar suas roupas. Meu coração acelerou e virei meu rosto novamente pela janela. Não conseguia compreender como aquele homem conseguia fazer aquele tipo de coisa de forma tão natural. Abracei meu corpo e senti uma forte dor na minha barriga. Imediatamente fui puxada e me vi sentada sobre as pernas de Kael. ― Espera! ― Gritei me debatendo e tentando voltar para o banco, mas o homem me segurou pelos pulsos, erguendo minhas mãos e minha camisa. ― O que está fazendo? ― Tentando deixar você parada para ver onde está ferida. Agora, fique quieta antes que eu te jogue deitada nesse banco. ― Imediatamente parei de me mexer. Os longos dedos de Kael percorreram minha barriga, a palma de sua mão tocou a later
POV: Linnea A leve pressão dos dedos de Kael em meu pescoço, me puxando para mais perto, enquanto sua outra mão apertava meu joelho. Cada vez que ele me tocava eu podia sentir algo me puxar. Estendi minhas mãos, subindo por seu peito largo, mas quando a mão de Kael saiu do meu pescoço e foi até a parte de trás da venda, por instinto, eu o empurrei cobrindo meus olhos. ― Não há mais ninguém aqui, não precisa ficar com isso. ― O tom autoritário na voz de Kael mostrava sua insatisfação. ― Sinto muito, mas não posso. ― Kael se afastou, cruzando seus braços fortes sobre o peito e me observando com atenção. ― Por que? ― Kael estava ficando mais irritado e eu não sabia o motivo. Não queria mentir para ele, mas ainda não confiava completamente em suas ações. Assim como Kael me resgatou daquele cofre sem fazer ideia de quem eu era, ele também me abandonou naquele lugar horrível, onde eu seria vendida novamente. Como eu poderia confiar em alguém que me confundia tanto com suas ações? Eu p