POV: Linnea
Um calor suave tocou meu rosto, a sensação estranha de algo suave debaixo do meu corpo e um perfume agradável me despertaram. Toquei meu rosto, sentindo a ausência da venda sobre os meus olhos e me desesperei. Não sabia onde eu estava, mas era certo que não estava na minha gaiola. A noite anterior, havia sido um sonho? Tateei ao redor, nervosa e assustada e encontrei um tecido suave, que amarrei sobre meus olhos.
Mais tranquila, analisei o ambiente ao meu redor com as mãos, tocando a grande cama onde estava deitada. Ao amassar o tecido, um perfume suave de flores se elevou. Coloquei meus pés no chão, sentindo algo macio e quente sob eles e uma brisa suave e refrescante tocou meu rosto e braços.
Sons de passos se aproximando me assustaram. Tropecei pelo cômodo estranho, buscando um lugar seguro para me esconder. Tropecei em algo que parecia uma corda e acabei caindo para frente. O som de vidro quebrando me fez tremer e me encolher enquanto o som de trinco ecoava pelo quarto.
― Minha nossa! ― A voz parecia ser de uma mulher. Seus passos se aproximaram e me encolhi, preparada para ser repreendida e punida por minha atitude. ― Você está bem? ― A mão da mulher tocou meu ombro e me encolhi. As lágrimas já se acumulando em meus olhos, antecipando a dor que viria.
― Eu sinto muito, sinto muito. ― Implorei baixando minha cabeça. ― Não foi minha intenção, eu vou ser mais cuidadosa. Por favor, sinto muito. ― Já não conseguia mais conter os soluços.
A sala ficou silenciosa e, estranhamente, não houve a habitual surra. O cheiro de comida me atingiu, também era completamente diferente do que eu estava acostumada. Minha barriga roncou alto e me senti envergonhada.
― O Alpha logo vai chegar, melhor comer algo. ― Os passos da mulher se afastaram e os ouvi voltarem, junto ao forte cheiro de comida. ― Aqui, coma isso. Vou mandar alguém limpar essa bagunça mais tarde.
A mulher se afastou e então houve o som de portas batendo e trancando. Não sabia o que fazer. Não houve punição pelo meu comportamento e havia comida diante de mim. Relutante, levei minhas mãos até atrás da cabeça, prestando atenção aos sons ao meu redor e tendo certeza de que eu estava sozinha. Então desatei o nó e a venda caiu.
O ambiente que se revelou diante de mim era algo que eu jamais poderia se quer imaginar. Uma linda e moderna decoração, com cores suaves e poucas decorações. Olhei a bandeja repleta de todo o tipo de comidas que eu se quer sabia o nome. Vi algumas frutas em uma linda tigela e as comi, me deleitando com o sabor doce e fresco daquele alimento. Mas eu ainda não conseguia compreender o motivo de estar naquele lugar tão bonito.
Me levantei com cuidado, para não esbarrar em mais nada, e caminhei pelo grande cômodo. O objeto que eu havia quebrado era um lindo abajur, seus pedaços espalhados por todo o chão. Juntei os cacos maiores e depositei sobre uma pequena mesa ao lado da cama. Quando me abaixei novamente para recolher o restante, ouvi um grande estrondo vindo do lado de fora e gritos.
― Eu perdi a porra do meu tempo para nada! Por causa da informação errada de um humano estúpido! ― Outro som, como se algo estivesse caindo.
Me aproximei da porta, porém uma forte pressão caiu sobre mim, como se o peso do mundo me cobrisse. Era tão forte que minhas pernas tremeram, meu coração acelerou e um medo irracional brotou dentro de mim. Minha mente queria que eu corresse e me escondesse, porém, algo me impelia a continuar. Peguei a venda no chão do quarto e voltei a me aproximar da porta, tocando a maçaneta.
Estava assustada. Não fazia ideia de quem estaria do outro lado, o motivo de sua raiva e nem se eu seria o alvo de sua violência. Mesmo assim me sentia compelida a continuar, lutando contra todos os meus instintos de sobrevivência. Vesti a venda, amarrando firmemente atrás da minha cabeça e abri uma pequena fresta da porta.
― Eu pessoalmente irei interrogar o humano, meu alpha. Descobriremos onde Octavius escondeu a joia. ― O tom da voz mostrava respeito e medo, assim como admiração. Era uma combinação bem estranha de se ouvir.
Abri um pouco mais a porta e tateei pela parede, dando passos cautelosos por um tapete macio. Meu coração batia de maneira descompassada, martelando forte contra meu peito. Prendi a respiração conforme me aproximava de uma presença dominante e envolvente. Nunca havia sentido algo similar. Era opressivo, mas eu sentia que, se eu ficasse perto daquela presença, eu estaria segura. Porém, o medo do desconhecido me fez parar mais uma vez.
― Interrogar? ― a voz firme e repleta de fúria me assustou a princípio, então eu notei semelhanças com a voz dominadora da noite anterior. ― Apenas mate esse infeliz e encontre a joia.
― Sou eu. ― Disse antes mesmo que pudesse pensar. Cobri minha boca com a mão trêmula, nervosa por ter me metido em assuntos que não eram meus, sabendo que poderia ser punida por tal desrespeito. A forte presença caiu sobre mim, me empurrando um passo para trás.
― O que você disse, humana? ― Achei estranho ele me nomear como humana, mas não questionei. Respirei fundo e ergui meu rosto, sabendo que aquele homem diante de mim era alto, forte e que poderia me matar se assim desejasse. ― Além de sega é surda? Eu mandei repetir o que falou.
― Eu sou a joia que Octavius escondia.
POV: KaelAquela pequena e frágil humana diante de mim se dizia a joia de Octavius. Não consegui conter a risada ao ouvir tamanho absurdo, a surpreendendo. Segurei seu pulso fino, a puxando para mim. Seu suspiro de surpresa fez meu lobo rosnar em meu peito. Desde que a vi naquela maldita gaiola, exposta sobre a mesa como uma decoração macabra, me senti estranhamente atraído por ela. O mesmo aconteceu quando entrei naquele cofre. O lugar estava impregnado com seu cheiro e me vi focado apenas nela e mais nada.Aproximei seu pulso do meu rosto, inalando seu cheiro. Sua pele aqueceu sob meus dedos, pude sentir sua pulsação subindo conforme arrastava meus lábios até a parte interna de seu cotovelo. Seu corpo tremeu em resposta ao meu toque, fazendo com que meu lobo desejasse por mais. Precisei me afastar para me conter, afinal eu não sabia quem era aquela mulher e nem o real motivo dela estar naquela gaiola.― Você faz ideia do que acabou de falar, mulher? ― Disse sussurrando, meu rosto ma
POV: Linnea o Toque suave dos lábios do homem me pegaram de surpresa, mas não achei desagradável nem nada. Na verdade, senti meu corpo ficando mais aquecido conforme ele me apertava em seus braços, minhas costas estavam parcialmente coladas ao seu peito e me sentia tão pequena. A mão que segurava meu queixo deslizou até o meu pescoço, tocando uma das cicatrizes que eu carregava há muito tempo. Tive medo que ele me achasse repugnante, com meu corpo repleto de marcas horríveis e tentei me afasta r, mas meu salvador manteve seu aperto firme sobre meu corpo. Sua língua então invadiu minha boca, explorando e trazendo sensações ainda mais estranhas. Minhas pernas tremeram e vacilaram, me fazendo perder o equilíbrio e quase cair. O homem me amparou, passando a língua por seus lábios e sorrindo de forma predadora. Então a porta se abriu. Um homem alto com cabelos castanhos e olhos verdes que me analisaram cuidadosamente. Eu conhecia aquele olhar, meu corpo tremeu de forma involuntária e me
POV: Linnea Ouvir aquele nome me fez sentir ainda mais estranha. Segurei o rosto do homem entre minhas mãos, tentando gravar suas feições o melhor que eu conseguia ver através daquela renda escura. Usei meus dedos para percorrer seus queixo e maxilar, subindo pelas maçãs de seu rosto sentindo a barba que crescia em sua pele. Toquei seus olhos suavemente, então as sobrancelhas e o nariz. Suas feições eram simplesmente perfeitas, um rosto com características muito marcantes. Me sentindo um pouco atrevida, movi minhas mãos trêmulas até seus cabelos e arrastei minhas mãos por eles. Kael fechou seus olhos, me dando mais confiança para continuar a explorar. ― Obrigada, senhor Kael. ― Seus olhos se abriram lentamente. Havia um brilho estranho no fundo de seu olhar. Com uma risada estranha, Kael se levantou, me deixando no chão e foi até a porta com as mãos em seus bolsos. Ele se virou e olhou para mim, para todo o meu corpo e então seu olhar se fixou no meu rosto. ― Não se iluda, pequen
POV: Linnea Estava assustada, havia muitas pessoas estranhas dentro daquele lugar escuro. O ambiente estava tomado por uma densa fumaça e uma música estranha tocava alto. A mulher me puxou e senti algumas mãos me tocarem, porém era impossível identificar qualquer coisa naquele lugar. Entramos em um quarto, onde três homens de terno estavam sentados em poltronas muito elegantes. Dei alguns passos para trás, apenas para ser empurrada novamente para frente. ― Vamos começar com os lances. ― As palavras da mulher me deixaram em completo choque. Me arrastei até ela, abraçando suas pernas com as mãos trêmulas. Meu coração estava acelerado enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto. ― Eu te imploro, não me venda! Serei útil para você, aprendo rápido. Prometo não dar trabalho e nem ser um gasto, mas não me venda. Eu te imploro! ― A mulher me deu mais um forte tapa, então me chutou na barriga com força. ― Cale a boca, so de estar respirando aqui já está me dando gastos. Pague sua dívida se
POV: KaelComo uma mulher poderia mexer tanto com a mente de um homem daquela maneira. Ainda podia sentir seu sabor doce na ponta da minha língua, seu cheiro dominava minha mente ao ponto de sentir dores de cabeça. Meu lobo rugia em meu peito, desejando buscá-la daquele maldito lugar. Tentei contê-lo, afinal eu não tinha qualquer obrigação com aquela fêmea. Já tinha problemas demais tendo que lidar com traidores da minha alcateia e a mineradora que herdei do meu pai, não poderia assumir uma guerra contra um humano por causa de uma mulher qualquer. Quanto mais nos afastamos da área vermelha, mais me sentia agitado e desconfortável. Não a larguei naquele lugar a troco de nada, eu sabia exatamente o que seria feito dela ali e eu queria aquilo. Desejava quebrar a imagem em minha mente da mulher doce e inocente que beijei no meu quarto, queria destruir por completo a imagem pura e o brilho suave que vi através daquela maldita venda. Prometi a ela que não a devolveria ao bastardo do Octavi
POV: Linnea O carro se movia para longe daquele estranho bairro. As luzes e sirenes de ambulâncias passavam por nós a toda velocidade. Me abaixei, cobrindo meus ouvidos e puxando meus joelhos para o peito. Ao meu lado, Kael deu uma leve risada enquanto afrouxava sua gravata e começava a tirar suas roupas. Meu coração acelerou e virei meu rosto novamente pela janela. Não conseguia compreender como aquele homem conseguia fazer aquele tipo de coisa de forma tão natural. Abracei meu corpo e senti uma forte dor na minha barriga. Imediatamente fui puxada e me vi sentada sobre as pernas de Kael. ― Espera! ― Gritei me debatendo e tentando voltar para o banco, mas o homem me segurou pelos pulsos, erguendo minhas mãos e minha camisa. ― O que está fazendo? ― Tentando deixar você parada para ver onde está ferida. Agora, fique quieta antes que eu te jogue deitada nesse banco. ― Imediatamente parei de me mexer. Os longos dedos de Kael percorreram minha barriga, a palma de sua mão tocou a later
POV: Linnea A leve pressão dos dedos de Kael em meu pescoço, me puxando para mais perto, enquanto sua outra mão apertava meu joelho. Cada vez que ele me tocava eu podia sentir algo me puxar. Estendi minhas mãos, subindo por seu peito largo, mas quando a mão de Kael saiu do meu pescoço e foi até a parte de trás da venda, por instinto, eu o empurrei cobrindo meus olhos. ― Não há mais ninguém aqui, não precisa ficar com isso. ― O tom autoritário na voz de Kael mostrava sua insatisfação. ― Sinto muito, mas não posso. ― Kael se afastou, cruzando seus braços fortes sobre o peito e me observando com atenção. ― Por que? ― Kael estava ficando mais irritado e eu não sabia o motivo. Não queria mentir para ele, mas ainda não confiava completamente em suas ações. Assim como Kael me resgatou daquele cofre sem fazer ideia de quem eu era, ele também me abandonou naquele lugar horrível, onde eu seria vendida novamente. Como eu poderia confiar em alguém que me confundia tanto com suas ações? Eu p
POV: Kael Eu precisava me afastar ou perderia completamente a razão. Aquela mulher estava me provocando, mexendo com minha mente de uma forma muito estranha. Meu lobo rasgava meu peito, o desejo nos consumindo ao ponto que minha mente poderia se perder por completo. Fui para o meu quarto, que ficava bem ao lado, notando de imediato que aquela foi a pior ideia que eu já tive na minha vida. Eu ainda conseguia sentir seu cheiro, podia ouvir a água do chuveiro caindo e imaginar seu lindo corpo coberto de sabão e seus longos cabelos colando em cada curva. Rosnei, atirando o objeto mais próximo da minha mão e fui para o meu próprio banheiro tentar me acalmar. A água fria batia na minha cabeça enquanto apoiava minhas mãos na parede. Minha respiração estava ficando cada vez mais pesada, meu coração acelerado enquanto minha mente continuava a vagar para fantasias quentes com a mulher do quarto ao lado. Arrastei minha mão pela parede e toquei meu membro duro, minha mão se fechando com firme