Capítulo 4: A joia que você busca

POV: Linnea

Um calor suave tocou meu rosto, a sensação estranha de algo suave debaixo do meu corpo e um perfume agradável me despertaram. Toquei meu rosto, sentindo a ausência da venda sobre os meus olhos e me desesperei. Não sabia onde eu estava, mas era certo que não estava na minha gaiola. A noite anterior, havia sido um sonho? Tateei ao redor, nervosa e assustada e encontrei um tecido suave, que amarrei sobre meus olhos.

Mais tranquila, analisei o ambiente ao meu redor com as mãos, tocando a grande cama onde estava deitada. Ao amassar o tecido, um perfume suave de flores se elevou. Coloquei meus pés no chão, sentindo algo macio e quente sob eles e uma brisa suave e refrescante tocou meu rosto e braços.

Sons de passos se aproximando me assustaram. Tropecei pelo cômodo estranho, buscando um lugar seguro para me esconder. Tropecei em algo que parecia uma corda e acabei caindo para frente. O som de vidro quebrando me fez tremer e me encolher enquanto o som de trinco ecoava pelo quarto.

― Minha nossa! ― A voz parecia ser de uma mulher. Seus passos se aproximaram e me encolhi, preparada para ser repreendida e punida por minha atitude. ― Você está bem? ― A mão da mulher tocou meu ombro e me encolhi. As lágrimas já se acumulando em meus olhos, antecipando a dor que viria.

― Eu sinto muito, sinto muito. ― Implorei baixando minha cabeça. ― Não foi minha intenção, eu vou ser mais cuidadosa. Por favor, sinto muito. ― Já não conseguia mais conter os soluços. 

A sala ficou silenciosa e, estranhamente, não houve a habitual surra. O cheiro de comida me atingiu, também era completamente diferente do que eu estava acostumada. Minha barriga roncou alto e me senti envergonhada. 

― O Alpha logo vai chegar, melhor comer algo. ― Os passos da mulher se afastaram e os ouvi voltarem, junto ao forte cheiro de comida. ― Aqui, coma isso. Vou mandar alguém limpar essa bagunça mais tarde.

A mulher se afastou e então houve o som de portas batendo e trancando. Não sabia o que fazer. Não houve punição pelo meu comportamento e havia comida diante de mim. Relutante, levei minhas mãos até atrás da cabeça, prestando atenção aos sons ao meu redor e tendo certeza de que eu estava sozinha. Então desatei o nó e a venda caiu.

O ambiente que se revelou diante de mim era algo que eu jamais poderia se quer imaginar. Uma linda e moderna decoração, com cores suaves e poucas decorações. Olhei a bandeja repleta de todo o tipo de comidas que eu se quer sabia o nome. Vi algumas frutas em uma linda tigela e as comi, me deleitando com o sabor doce e fresco daquele alimento. Mas eu ainda não conseguia compreender o motivo de estar naquele lugar tão bonito. 

Me levantei com cuidado, para não esbarrar em mais nada, e caminhei pelo grande cômodo. O objeto que eu havia quebrado era um lindo abajur, seus pedaços espalhados por todo o chão. Juntei os cacos maiores e depositei sobre uma pequena mesa ao lado da cama. Quando me abaixei novamente para recolher o restante, ouvi um grande estrondo vindo do lado de fora e gritos.

― Eu perdi a porra do meu tempo para nada! Por causa da informação errada de um humano estúpido! ― Outro som, como se algo estivesse caindo. 

Me aproximei da porta, porém uma forte pressão caiu sobre mim, como se o peso do mundo me cobrisse. Era tão forte que minhas pernas tremeram, meu coração acelerou e um medo irracional brotou dentro de mim. Minha mente queria que eu corresse e me escondesse, porém, algo me impelia a continuar. Peguei a venda no chão do quarto e voltei a me aproximar da porta, tocando a maçaneta.

Estava assustada. Não fazia ideia de quem estaria do outro lado, o motivo de sua raiva e nem se eu seria o alvo de sua violência. Mesmo assim me sentia compelida a continuar, lutando contra todos os meus instintos de sobrevivência. Vesti a venda, amarrando firmemente atrás da minha cabeça e abri uma pequena fresta da porta.

― Eu pessoalmente irei interrogar o humano, meu alpha. Descobriremos onde Octavius escondeu a joia. ― O tom da voz mostrava respeito e medo, assim como admiração. Era uma combinação bem estranha de se ouvir.

Abri um pouco mais a porta e tateei pela parede, dando passos cautelosos por um tapete macio. Meu coração batia de maneira descompassada, martelando forte contra meu peito. Prendi a respiração conforme me aproximava de uma presença dominante e envolvente. Nunca havia sentido algo similar. Era opressivo, mas eu sentia que, se eu ficasse perto daquela presença, eu estaria segura. Porém, o medo do desconhecido me fez parar mais uma vez.

― Interrogar? ― a voz firme e repleta de fúria me assustou a princípio, então eu notei semelhanças com a voz dominadora da noite anterior. ― Apenas mate esse infeliz e encontre a joia.

― Sou eu. ― Disse antes mesmo que pudesse pensar. Cobri minha boca com a mão trêmula, nervosa por ter me metido em assuntos que não eram meus, sabendo que poderia ser punida por tal desrespeito. A forte presença caiu sobre mim, me empurrando um passo para trás.

― O que você disse, humana? ― Achei estranho ele me nomear como humana, mas não questionei. Respirei fundo e ergui meu rosto, sabendo que aquele homem diante de mim era alto, forte e que poderia me matar se assim desejasse. ― Além de sega é surda? Eu mandei repetir o que falou.

― Eu sou a joia que Octavius escondia. 

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