LinneaAquela noite estava particularmente fria. O vento gelado que entrava no quarto me causava arrepios. Até Nolan parecia mais agitado em seu sono, como se algo o estivesse incomodando. Coloquei a manta sobre ele, mas algo ainda parecia incomodá-lo. Kael saiu do banho, uma toalha enrolada em seus quadris e outra sobre seu ombro. O observei enquanto pegava uma calça de moletom, a vestindo. Me aproximei tocando com as pontas de meus dedos sua pele úmida, traçando as linhas de seus músculos, subindo até seus ombros largos.― Parece que meu pequeno cervo está louca para ser devorada. ― Kale segurou minha mão, me puxando para ficar na sua frente, presa entre o armário fechado e seu peito.Mordi meu lábio, a aflição que queimava em meu peito cada vez mais forte. Com meus punhos cerrados e mãos trêmulas sobre o peito de Kael, apoiei minha testa, fechando meus olhos e permitindo que seu perfume apimentado me envolvesse e acalmasse um pouco meu coração. Suas mãos seguraram meus ombros com f
KaelOs ataques continuavam. A falta de uma liderança tornava nossos inimigos imprevisíveis, porém a falta de treinamento adequado para um embate daquelas proporções tornava sua única vantagem completamente inútil. Assim que assumi minha forma Lycan, somente minha presença os assustou, fazendo com que vários daqueles lobos fugissem, em uma tentativa patética de salvarem suas vidas. O problema era que eu jamais permitira que qualquer um deles escapasse com vida.Meu rugido ecoou pela floresta, fazendo o chão tremer diante da minha força. Os lobos ao meu redor uivaram, a moral subindo de imediato enquanto continuavam a atacar todos que avançavam contra nós.Estava buscando por Alaric ou Gideon, afinal aquele ataque só deveria ter partido deles. Todos os alfas já haviam me reconhecido como o supremo, sem qualquer questionamento, porém meu irmão se mantinha em completo silêncio. Não senti o cheiro de nenhum deles no campo de batalha, o que pareceu muito estranho a princípio, até que um ch
KaelAs batidas aceleradas de seu coração, o cheiro característico do medo enquanto suas mão arranharam meu braço, tentando se libertar. Tudo aquilo era o mais puro deleite para mim.Gideon não era apenas um traidor. Ele conspirou contra o alfa, abusou da minha mãe para gerar um filho que ele pudesse controlar e, quando não precisava mais dele, o matou friamente. Alaric era um idiota, acreditando em cada palavra de Gideon cegamente. Suas escolhas o levaram ao seu fim.Soltei Gideon, que rapidamente tomou distância. Farejei o ar, confirmando que Linnea já não estava ao nosso alcance. Não queria que ela presenciasse o que iria acontecer. Não tinha intenção de executar Gideon logo de cara, mas torturá-lo, até que ele implorasse por uma morte rápida.Sua experiência não era muito diferente da minha, já que ambos fomos as mesmas batalhas irracionais de meu pai. Porém, eu tinha muitas vantagens além da minha força superior. A juventude e meu treinamento extremo me faziam superiores a Gideon
NolanTinha de correr.Não deveria ter saído na noite anterior. Meus pais iriam me matar pelo atraso.O castelo do rei alfa estava decorado com pompa, a altura da celebração anual. Me esgueirei pela cozinha, pegando alguma coisa para comer e passei pelos corredores o mais silenciosamente possível. A adrenalina subindo rapidamente.― Fico feliz que tenha se juntado a nós. ― A voz de minha mãe ecoou pelo corredor. Suspirei, me virando para vê-la.Seus longos cabelos prateados caiam em uma trança elaborada sobre seu ombro. O vestido amarelo-claro a fazia parecer um anjo. Ela se aproximou, segurando meu rosto entre suas mãos. Enquanto analisava meu rosto, ela franziu a sobrancelha e estreitou seus brilhantes olhos verdes.― Agradeça que não foi seu pai quem te achou. Kael está atrás de você desde cedo. ― Passei a mão pelos cabelos, recordando do último sermão do meu pai.― É que trabalhei até tarde ontem… ― Minha mãe cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha. ― Ok. Não é como se pudesse
O grande salão estava brilhando com luzes multicoloridas, enquanto os itens que seriam vendidos passavam pelo grande telão, mas mantendo o item principal em segredo. Muitos homens naquela noite esperavam ansiosos, pois boatos haviam se espalhado pela cidade sobre uma joia rara com poderes além do imaginável. Dentre todos esses homens, o empresário a beira da falência, Octavius Kasimir. Um homem egoísta que desejava os poderes da joia para ter poder e riquezas. Sua aparência repugnante afastava todos, nenhum outro visitante do leilão queria ser visto perto daquele pequeno homem rechonchudo, cujo suor manchava suas roupas baratas. As pessoas esbarravam em Octavius quando passavam e riam dele, não entendendo como um homem falido havia conseguido entrar em um leilão tão exclusivo. ― Ao que parece, qualquer um pode entrar nesse leilão hoje em dia. ― Um homem com roupas finas disse, após bater seu braço de maneira proposital em Octavius.A raiva era o combustível que Octavius precisava pa
POV: LinneaA luz forte atravessou a venda que cobria os meus olhos, me fazendo acordar e sentar na pequena gaiola onde cresci. Desde que fui comprara pelo mestre naquele leilão, eu desejava não despertar na manhã seguinte. O som de metal batendo me assustou. Segui o som até a lateral da gaiola, o arrastar e ranger, assim como o cheiro da ferrugem, me alertaram que a pequena porta estava sendo aberta. Me encolhi em um canto enquanto o cheiro da comida chegava ao meu nariz. ― Coma logo, o chefe tem planos para hoje. ― O homem falou de forma ríspida, batendo a grade a trancando novamente.Puxei a bandeja, sem saber exatamente que comida era aquela, o odor azedo forte surgiu quando remexi a comida com o talher. Já fazia tanto tempo que eu não comia algo fresco que não lembrava os sabores, ou mesmo as cores daquelas comidas. Após comer, coloquei a bandeja novamente junto as grades e me encolhi no outro canto. O chão começou a vibrar com os passos de várias pessoas se aproximando. Meu c
POV: Linnea Tudo ao meu redor parecia silencioso e sem nenhuma cor, enquanto eu continuava a observar aquele misterioso homem, que entrava na casa do mestre com tanto poder e autoridade, através da delicada renda que cobria meus olhos. Ele não voltou a olhar para mim, apenas vagou por entre os inúmeros itens da coleção do mestre. Ele parou diante da grande mesa de gelo em que eu estava, várias joias me rodeavam, de variados tamanhos e cores. O belo homem observava cada uma delas com uma atenção especial, então o mestre se aproximou, esfregando suas mãos suadas, cada dedo ostentando um anel diferente. ― Logo se vê que tem ótimo gosto, Dark Wolf. ― a forma com que o tal Dark Wolf olhou para o mestre fez meus pelos se arrepiarem. Me encolhi em minha gaiola e permaneci em completo silêncio enquanto eles discutiam. ― Essas pedras não me interessam em nada. Não passam de rochas polidas. ― O mestre pareceu irritado com o comentário do homem, mas manteve o sorriso em seu rosto. Em minha me
POV: Linnea Um forte golpe atingiu minha mão, me fazendo soltar o homem que parecia em choque com toda a situação. Voltei a me encolher na gaiola e o homem retomou seu caminho. Eu havia falhado. Nunca mais o mestre me permitiria ter outra oportunidade como aquela. Voltaria aos meus dias trancada naquele cofre, abusada por um homem egoísta e sem nenhum escrúpulo que não se importava em destruir as vidas de outras pessoas, com tanto que ele conseguisse o que queria. A grande festa continuou, não vi mais o lindo homem de cabelos e olhos negros. Era como se ele tivesse desaparecido. O mestre evitou que outras pessoas se aproximassem da mesa de gelo, onde eu sentia cada vez mais e mais frio. Estava cansada e faminta quando finalmente a festa acabou e eu fui descida da mesa. O mestre se aproximou com seu bastão e bateu forte contra as barras de aço. ― Sua puta de merda! O que achou que fosse conseguir? Achou mesmo que um homem como o Wolf te ajudaria? Acho que bati tanto em você que acab