Ano de 2022
Sentado na ponta da mesa, o alfa ouvia os relatórios com extrema atenção. O seu semblante era sério e frio, o que deixava os demais funcionários apreensivos por serem incapazes de ler o seu humor.
Estaria ele aprovando os relatórios?
Será que as equipes se saíram bem naquele semestre?
As ações da empresa subiram de novo?
Era impossível encontrar uma resposta. Assim que o funcionário terminou de apresentar o relatório, ele lançou um olhar ansioso para os demais gerentes que estavam sentados. Todos eles trocavam olhares e permaneciam em silêncio, até que os olhos claros do alfa se erguessem.
Final do verão, 2010"Sintonize sua vibraçãoNão há tempo pra viver em vãoE não pense mais em desistirExiste um mundo que só quer te ver sorrir"A música que soava pelos fones de ouvido não combinava nem um pouco com o lugar em que ele estava. No entanto, elas tinham duas coisas em comum:Recomeço.O vento que passava balançava as flores de ipê branco, fazendo com que algumas delas desprenderem do galho e caíssem ao chão saudando o retorno de um alfa.Mais uma vez as aulas iriam começar, mas para aquele rapaz de cabelos escuros aquele retorno era um verdadeiro recomeço de sua vida. Passar pelos portões da universidade e erguer os olhos claros em direção aos prédios lhe causava cócegas na barriga. Mesmo que estivesse ligeiramente desanimado por ter que estudar, ainda conseguia sentir-se ansioso.Sentindo algo pousar em seus cabelos escuros, o alfa segurou a flor de ipê branco e sorriu ligeiramente. Nunca foi um apreciador de plantas, mal saberia o nome daquela flor que segurava com t
Ele estava lá parado de braços cruzados. E graças ao capuz e ao boné que usava, Jake não podia dizer com precisão para onde olhava.Mas só o fato de estar ali era o suficiente para incomodar o alfa. Quer dizer, não estava receoso por causa dos rumores que Matheus contou antes, só achava estranho que estivesse lá. Não parecia ter envolvimento algum com o time de vôlei pelo o que havia entendido mais cedo.De qualquer forma, não daria tanta atenção ao garoto mascarado já que estava ali no ginásio às escondidas.Queria passar despercebido pelo treinador e o pessoal do time, sendo esse o motivo de ter pedido que Matheus e os demais guardassem segredo do seu retorno . Pelo menos por enquanto. Tudo em prol de surpreendê-los!Enquanto esperava pelo começo do treino, Jake ficou escondido atrás das arquibancadas observando o pessoal. Havia rostos desconhecidos entre aqueles que usavam as roupas de treino do time universitário, a Rapoxia. E ao invés de se aquecerem para irem à quadra, eles se s
Não era aquele cara de mais cedo?O que havia pego a máscara do Nathaniel?O beta o acompanha com surpreso em vê-lo descer a arquibancada e se aquecer com tanta confiança. Virando-se para trás, percebia que Nathaniel continuava encostado na parede com os seus braços cruzados.Será que aqueles dois realmente não se conheciam?Bom, Nathaniel não pratica nenhum esporte, o que torna improvável a sua vinda para o ginásio da faculdade. Mas era muita coincidência que a pessoa que pegou a sua máscara estivesse ali. Ainda mais cumprimentando alguns jogadores do time como se fossem velhos conhecidos. Até o treinador parecia familiarizado com ele!— Tem certeza que quer que eu jogue? Quero dizer, estou meio enferrujado e posso passar vergonha.— Quero ver que desastre vai me mostrar, fedelho.— Pelo menos posso escolher o time que qu
Depois daquele treino teste, Jake não teve paz.Por algum motivo, Matheus havia contado a todos sobre ele ter sido parte do time quando estava no seu primeiro ano de faculdade ao ponto de ter pisado em quadra logo de cara.Para um time universitário de grande porte como aquele, era comum que os calouros ficassem na reserva, o que aumentava a curiosidade a respeito do alfa. A curiosidade foi tomada não somente pelos colegas desconhecidos, como também por alguns garotos que queriam entrar para a Rapoxia.As perguntas em si não eram tão incômodas no geral, respondia com prazer já que muitos estavam interessados em sua rotina de treinos e habilidades.O problema era quando uma pergunta específica era jogada no ar.— Por que você parou de jogar?Quando essa pergunta era feita, Jake se calava tentando ao máximo não transparecer o incômodo. Até os s
Com muito custo, Jake também revirou sua mochila pegando o frasco de comprimidos e tomando uma pílula. Enxugando o suor em sua camisa, ele respirou fundo também se esforçando para manter o controle e evitar que os seus feromônios vazassem.— Eu tomei meu supressor, tá de boa! Mas alguém aqui consegue levar ela pra enfermaria?Os rapazes da sala de aula até tentavam se aproximar da garota, mas Jake não pôde ignorar a malícia que alguns deles mostravam em seus rostos.Era uma mulher ômega fragilizada pelo seu cio repentino.Um filho da puta poderia se aproveitar da situação.— Vocês duas são amigas dela, não são? — Perguntava Jake se aproximando, se esforçando ao máximo para fingir não ser afetado pelos feromônios da ômega.— Ah, sim.— Eu posso carregar
Nunca tinha passado por uma situação daquelas, onde precisava urgentemente envolver o corpo de alguém com os seus feromônios para aliviar aquela sensação de possessividade. Assim como também era a primeira vez que encontrava alguém que não tinha cheiro algum, nem mesmo o singelo cheiro de beta.Bem… Imaginava ter sentido o cheiro de ômega quando tocou a sua máscara antes. Contudo o cheiro era tão fraco, que Jake cogitou a hipótese de ter se confundido.A questão era que o seu corpo latejava completamente, ainda sofrendo com os desejos impulsivos do seu lado alfa. Quando tinha vontade de atacar a pessoa da qual estava abraçado, Jake mordia o seu próprio braço tentando se conter.— Não fique se mordendo, por favor.Aquela voz era abafada, mas ainda assim gentil. Jake apertava os olhos tentando se conter de liberar mais do
Precisava arranjar um jeito de agradecer a ele.Mesmo quando era carregado por Matheus para o seu carro e levado para casa, ou então quando ficou acamado pelos próximos dois dias por causa de uma febre e dor muscular, Jake continuou pensando em encontrar o tal do Nath para agradecê-lo.Mesmo que fosse algum tipo de híbrido que não reagiria aos seus feromônios, isso não significa que ele poderia ser abraçado daquela forma. Ele sempre andava com o Guilherme, e pela proximidade talvez fossem mais que amigos…Porra! Será que eles estavam juntos?— Porra, Jake, que mancada.Só de lembrar que ele ficou longos minutos abraçado aquele coringa, Jake sentiu a sua febre aumentar. Esticando os braços para o ar, o alfa encarava as suas mãos ainda se lembrando da sensação de tê-lo ali.O seu corpo não era pequeno, tinha o presse
Jake jamais julgaria alguém pela aparência.Se havia algo que aprendeu nos últimos anos, é que as pessoas podiam ser melhores ou piores do que aparentavam. Por isso preferia ser educado com todos para evitar problemas, apesar de que às vezes não tinha como escapar de discussões e mal entendidos.Mas aquela era a primeira vez que Jake não fazia a menor ideia do que fazer.Os boatos que Matheus tinha contado antes giravam em torno de assassinatos e mandatos de prisão. Certamente aquilo era besteira, no entanto encarar aquela cicatriz causou arrepios em sua espinha como se aquela mentira estapafúrdia fosse uma verdade imutável.— Sei que é desconfortável, mas assim que eu terminar de comer colocarei a máscara de volta.Piscando aturdido, Jake voltou à realidade se recriminando por ter encarado demais o pobre rapaz.— Tá de