Com muito custo, Jake também revirou sua mochila pegando o frasco de comprimidos e tomando uma pílula. Enxugando o suor em sua camisa, ele respirou fundo também se esforçando para manter o controle e evitar que os seus feromônios vazassem.
— Eu tomei meu supressor, tá de boa! Mas alguém aqui consegue levar ela pra enfermaria?
Os rapazes da sala de aula até tentavam se aproximar da garota, mas Jake não pôde ignorar a malícia que alguns deles mostravam em seus rostos.
Era uma mulher ômega fragilizada pelo seu cio repentino.
Um filho da puta poderia se aproveitar da situação.
— Vocês duas são amigas dela, não são? — Perguntava Jake se aproximando, se esforçando ao máximo para fingir não ser afetado pelos feromônios da ômega.
— Ah, sim.
— Eu posso carregar ela, mas já que sou um alfa e ela tá no cio, seria melhor vocês duas irem junto. E levem as coisas dela também.
Sem dar espaço para discussões, e diferente dos betas vergonhosos que estavam na sala, Jake teve facilidade em colocar a garota em suas costas e carregá-la como se não fosse nada.
— Ah, ela desmaiou!
— Temos que nos apressar então!
Não era apenas por preocupação à garota no cio, mas a sua própria situação estava um caos.
Mesmo inconsciente, ela emanava feromônios já que estava nas costas de um alfa. Jake teve que se esforçar muito para reprimir seus instintos e não liberar nenhum odor até que chegassem na enfermaria à salvo.
Foi uma tarefa difícil. Vez ou outra o alfa se apoiava nas paredes ofegando, tendo as meninas abanando o seu rosto para ajudá-lo. Logo ele se recuperava e continuava a descer as rampas para seguir até a ala administrativa do prédio, onde encontrariam a enfermaria.
Depois de deixar a garota com suas amigas ali, Jake só precisava fugir dali o mais depressa o possível.
Ele havia chego no seu limite.
Precisava dar um jeito de cair fora. Não queria atacar ninguém, muito menos contra a vontade, mas do jeito que os feromônios pareciam se intensificar, seria questão de tempo até Jake perder o controle. Tudo o que precisava era de um momento para reunir energia e correr.
Mesmo com sua visão embaçada, assim como todos os seus sentidos completamente bagunçados, o alfa corria pelo corredor sem nem saber ao certo onde estava indo. Só precisava de ar puro e um lugar quieto.
Virando corredores chegou um momento em que seus pulmões ardiam e as pernas endureceram, sendo necessário se esconder atrás de um pilar. Foi lá que descansou sentindo o seu coração bater acelerado.
Encarando a própria mão, Jake sentiu o calor e o suor se acumular em sua pele. Ele queria voltar para a enfermaria e dominar aquela ômega ali mesmo.
Faziam anos que ele reprimia o próprio instinto, evitando ao máximo dormir com alguém caso perdesse a cabeça. Não estranharia que quando tivesse um mísero átomo de feromônio no ar, o seu instinto se descontrolava de tal maneira.
Quanto mais reprimido, pior era. Jake sabia disso, mas o fez por covardia pura. O seu instinto alfa estava completamente fora de controle, quase o deixando à beira de um colapso.
— Mas que merda… Haa… Haaa..
A respiração ficava cada vez mais sufocante.
Precisava dominar.
Precisava encontrar uma ômega para saciar aquela sede impulsiva.
Precisava tornar aquela ômega sua.
Precisava de uma ômega.
— Você está bem?
Mesmo que olhasse para a pessoa que falava consigo, a consciência de Jake não tinha força o suficiente para lembrar dele, ainda mais por estar usando um capuz que fazia sombra no seu rosto. Apenas farejou o ar sem sentir nenhum aroma específico que revelasse a sua classe.
Um rosnado escapou dos seus lábios e para se conter, Jake mordeu o próprio pulso.
— Urgh.
— Parece que isso é um não — A pessoa tocou o braço de Jake afastando o machucado da boca. Estando tão perto o alfa notava a mão enluvada — Respire fundo, eu tenho uma garrafa d'água, quer beber pra tentar se acalmar?
Jake tinha a sua respiração acelerada e seu corpo todo formigando de desejo por dominar alguém. Estava difícil de se manter consciente, mas conseguiu concordar com a cabeça enquanto tentava controlar a sua respiração.
Mas que merda!
Ele tinha tomado o supressor antes de sair da sala, então por que não fez efeito?
— Tudo bem, aguenta aí que vou pegar na minha mochila.
O sujeito se afastou de Jake, apenas poucos centímetros para poder mexer em sua bolsa. Foi então que o capuz que cobria o seu rosto caiu, deixando à mostra a nuca alva. Jake arregalava os olhos para aquele espaço sem nenhuma marca, que parecia tão sedutora.
Alfas adoram morder os seus parceiros, enchê-los de marcas para deixar claro qual era o seu território. Apesar que Jake jamais mordeu alguém, nem mesmo em seus cios, o que era uma grande tentação. No entanto, naquele momento aquilo parecia ser difícil.
Aquele sujeito, que não tinha nenhum cheiro, parecia ser a presa perfeita para aquele alfa. Como uma tela em branco que só esperava pelas primeiras pinceladas coloridas para ganhar forma e pertencer a alguém.
Queria morder ele.
Inconscientemente Jake relaxou e começou a liberar mais e mais do seu cheiro para cobrir o corpo daquele sujeito. Assim que ele se virou com a garrafa d'água, Jake o segurou firmemente em seus braços e o abraçou, afundando o rosto em seu pescoço.
— O que tá fazendo?
Jake estremeceu ao ouvir a voz suave perto do seu ouvido, e então começou a farejá-lo sedento para descobrir a sua classe. Como um alfa desesperado para encontrar um ômega.
Passava a ponta do seu nariz pelo pescoço do sujeito, rosnando cada vez mais por não encontrar pista alguma se era um ômega ou um beta. Somente quando se aproximou do pedaço de tecido que parecia cobrir a sua boca é que Jake finalmente sentiu um aroma.
Leve, como se estivesse se escondendo propositalmente.
Agridoce e ligeiramente sedutor, apesar de não muito. Era como se houvesse pouco daquele aroma.
Era, definitivamente, pouco demais para saciar aquele alfa sedento.
— Mais… Eu preciso de mais…
— Ei, sei que é difícil pra você, mas sabe… Deveria ser mais cuidadoso, se não pode acabar mordendo alguém sem consentimento.
— D-Desculpe… Argh…
Jake fez outro esforço para se afastar do sujeito. Só precisaria de um pouco de energia para encontrar algum outro lugar onde pudesse se acalmar. Mas antes que se afastasse completamente, o outro o puxava pela cabeça para que se encostasse em seu peito.
— Tá tudo bem se você só me cobrir com o seu cheiro, tudo o que quer é marcar território não é? Faça isso pra se acalmar.
O coração de Jake batia tão acelerado que poderia sair do peito.
O seu lado alfa pouco se importou com o bom senso e liberou mais e mais dos seus feromônios até que cobrisse completamente aquele sujeito. E pouco a pouco ele pôde ir se acalmando, se entregando ao cansaço e fechando os olhos sentindo o seu corpo ser envolvido por aquele calor.
Seja lá quem fosse, era uma pessoa gentil o suficiente para deixar ser envolvido por seus feromônios. Alguém cujas mãos eram carinhosas e abraço acolhedor que o fez sentir ter encontrado o seu lugar no mundo.
Nunca tinha passado por uma situação daquelas, onde precisava urgentemente envolver o corpo de alguém com os seus feromônios para aliviar aquela sensação de possessividade. Assim como também era a primeira vez que encontrava alguém que não tinha cheiro algum, nem mesmo o singelo cheiro de beta.Bem… Imaginava ter sentido o cheiro de ômega quando tocou a sua máscara antes. Contudo o cheiro era tão fraco, que Jake cogitou a hipótese de ter se confundido.A questão era que o seu corpo latejava completamente, ainda sofrendo com os desejos impulsivos do seu lado alfa. Quando tinha vontade de atacar a pessoa da qual estava abraçado, Jake mordia o seu próprio braço tentando se conter.— Não fique se mordendo, por favor.Aquela voz era abafada, mas ainda assim gentil. Jake apertava os olhos tentando se conter de liberar mais do
Precisava arranjar um jeito de agradecer a ele.Mesmo quando era carregado por Matheus para o seu carro e levado para casa, ou então quando ficou acamado pelos próximos dois dias por causa de uma febre e dor muscular, Jake continuou pensando em encontrar o tal do Nath para agradecê-lo.Mesmo que fosse algum tipo de híbrido que não reagiria aos seus feromônios, isso não significa que ele poderia ser abraçado daquela forma. Ele sempre andava com o Guilherme, e pela proximidade talvez fossem mais que amigos…Porra! Será que eles estavam juntos?— Porra, Jake, que mancada.Só de lembrar que ele ficou longos minutos abraçado aquele coringa, Jake sentiu a sua febre aumentar. Esticando os braços para o ar, o alfa encarava as suas mãos ainda se lembrando da sensação de tê-lo ali.O seu corpo não era pequeno, tinha o presse
Jake jamais julgaria alguém pela aparência.Se havia algo que aprendeu nos últimos anos, é que as pessoas podiam ser melhores ou piores do que aparentavam. Por isso preferia ser educado com todos para evitar problemas, apesar de que às vezes não tinha como escapar de discussões e mal entendidos.Mas aquela era a primeira vez que Jake não fazia a menor ideia do que fazer.Os boatos que Matheus tinha contado antes giravam em torno de assassinatos e mandatos de prisão. Certamente aquilo era besteira, no entanto encarar aquela cicatriz causou arrepios em sua espinha como se aquela mentira estapafúrdia fosse uma verdade imutável.— Sei que é desconfortável, mas assim que eu terminar de comer colocarei a máscara de volta.Piscando aturdido, Jake voltou à realidade se recriminando por ter encarado demais o pobre rapaz.— Tá de
Haa… Como ele tinha se metido naquilo?Certamente o seu melhor amigo tinha algum plano por trás daquele sorriso bobo. A desculpa esfarrapada de que era apenas uma forma de se desculpar por ter sumido por dois anos não era tão crível. Pelo menos, Jake não acreditava.— Muito bem, vamos começar esse treino extra.— Conto com você, Jake.Segurando a bola embaixo do braço, o alfa analisava Guilherme de cima a baixo.Faz alguns dias que ele começou a seguir o treinamento de Santiago, provavelmente o seu corpo ainda estava se acostumando com a nova rotina. Apesar dele também ser um reserva, já que era um calouro, as suas habilidades como líbero eram interessantes o suficiente para que entre na quadra antes do esperado.Provavelmente Matheus queira que Jake lapidasse aquele diamante bruto.— No dia do teste, você não parec
A maior felicidade de um universitário eram os feriados.Em especial, o carnaval.Era praticamente uma semana inteira sem ter que ir pra aula. E se fosse esperto, poderia adiantar algumas tarefas para deixar o feriado livre sem nenhuma preocupação.Essas foram as medidas que Jake havia tomado, já que pretendia terminar o seu turno no restaurante e sentar para beber com os seus amigos. Mas para a sua infelicidade, o restaurante teve mais movimento que o esperado, postergando o fim do turno.— Mais cerveja pra mesa 8!— Saindo!— Garçom!— Opa, mestre!Jake serpenteava pelo restaurante desviando das pessoas até alcançar a mesa que o chamou. Retirou o bloco de notas e a caneta, logo anotando os pedidos feitos pelo cliente. E assim, voltou a desviar das pessoas para chegar até o balcão onde passaria o pedido pela pequena janela da cozinha.
Definitivamente a sua paz não duraria muito.Na medida em que os seus amigos bebiam e comiam, mais animados ficavam, principalmente depois que o treinador Santiago foi embora. E pareceu piorar assim que um cantor local começou a tocar algumas músicas ao vivo. Quando começou a tocar "evidências", a cantoria deslanchou. Era a primeira vez que Jake via o efeito manada acontecendo na sua frente.Começou com os bêbados do seus amigos, e quando chegou no refrão, o restaurante todo estava numa cantoria só.E para piorar tudo, os rapazes do time Akaguia reconheceram a Rapoxia.— Não me admira que aqui esteja fedendo, parece que tem um bando de selvagens aqui.Matheus não deixou passar batido a provocação. Sobre o ombro, ele abriu um sorriso malicioso sem demorar em responder.— Passarinho, que som é esse? Que som, que som é esse? Quem s
O que aconteceria se o cérebro humano tivesse um pequeno botão que desliga as emoções? Será que as pessoas teriam coragem de apertá-lo para fugir das dores que tais emoções causam? Provavelmente não, já que isso as impedia de sentir as boas emoções também. Abrir mão da felicidade para fugir da dor era algo que nem todos estavam dispostos a fazer.No entanto, havia uma pessoa que escolheu algumas emoções para trancá-las atrás de uma porta. Foi necessário trancafiá-las para a sua sobrevivência.As suas emoções poderiam matá-lo a qualquer momento.Então não seria melhor não senti-las?Tal ideia funcionou por alguns anos, mantendo não somente a si mesmo como as pessoas que lhe são queridas a salvo. Só importava que aqueles que viviam dentro de sua bolha
Já havia passado por situações complicadas diversas vezes, e até mesmo já se envolveu em brigas no seu tempo de escola. No entanto, era a primeira vez que via um alfa usar os seus feromônios com a intenção de humilhar alguém tão abertamente.Jake não fazia a menor ideia do motivo da briga, mas o estado do Nathaniel era lamentável.O segurando em seus braços, o alfa tentou acalmá-lo. O seu corpo tremia e a respiração estava descompassada e ofegante. Tudo o que precisava fazer era manter os baixos níveis de seus feromônios para que ele se acalmasse.Era a segunda vez que se abraçavam, e que Jake o cobria com os seus feromônios. . Não, não seria tão diferente da vez em que o abraçou no corredor da faculdade.O que diferia era que Jake não estava no cio, e quem estava mal era Nathanie