Jake jamais julgaria alguém pela aparência.
Se havia algo que aprendeu nos últimos anos, é que as pessoas podiam ser melhores ou piores do que aparentavam. Por isso preferia ser educado com todos para evitar problemas, apesar de que às vezes não tinha como escapar de discussões e mal entendidos.
Mas aquela era a primeira vez que Jake não fazia a menor ideia do que fazer.
Os boatos que Matheus tinha contado antes giravam em torno de assassinatos e mandatos de prisão. Certamente aquilo era besteira, no entanto encarar aquela cicatriz causou arrepios em sua espinha como se aquela mentira estapafúrdia fosse uma verdade imutável.
— Sei que é desconfortável, mas assim que eu terminar de comer colocarei a máscara de volta.
Piscando aturdido, Jake voltou à realidade se recriminando por ter encarado demais o pobre rapaz.
— Tá de
Haa… Como ele tinha se metido naquilo?Certamente o seu melhor amigo tinha algum plano por trás daquele sorriso bobo. A desculpa esfarrapada de que era apenas uma forma de se desculpar por ter sumido por dois anos não era tão crível. Pelo menos, Jake não acreditava.— Muito bem, vamos começar esse treino extra.— Conto com você, Jake.Segurando a bola embaixo do braço, o alfa analisava Guilherme de cima a baixo.Faz alguns dias que ele começou a seguir o treinamento de Santiago, provavelmente o seu corpo ainda estava se acostumando com a nova rotina. Apesar dele também ser um reserva, já que era um calouro, as suas habilidades como líbero eram interessantes o suficiente para que entre na quadra antes do esperado.Provavelmente Matheus queira que Jake lapidasse aquele diamante bruto.— No dia do teste, você não parec
A maior felicidade de um universitário eram os feriados.Em especial, o carnaval.Era praticamente uma semana inteira sem ter que ir pra aula. E se fosse esperto, poderia adiantar algumas tarefas para deixar o feriado livre sem nenhuma preocupação.Essas foram as medidas que Jake havia tomado, já que pretendia terminar o seu turno no restaurante e sentar para beber com os seus amigos. Mas para a sua infelicidade, o restaurante teve mais movimento que o esperado, postergando o fim do turno.— Mais cerveja pra mesa 8!— Saindo!— Garçom!— Opa, mestre!Jake serpenteava pelo restaurante desviando das pessoas até alcançar a mesa que o chamou. Retirou o bloco de notas e a caneta, logo anotando os pedidos feitos pelo cliente. E assim, voltou a desviar das pessoas para chegar até o balcão onde passaria o pedido pela pequena janela da cozinha.
Definitivamente a sua paz não duraria muito.Na medida em que os seus amigos bebiam e comiam, mais animados ficavam, principalmente depois que o treinador Santiago foi embora. E pareceu piorar assim que um cantor local começou a tocar algumas músicas ao vivo. Quando começou a tocar "evidências", a cantoria deslanchou. Era a primeira vez que Jake via o efeito manada acontecendo na sua frente.Começou com os bêbados do seus amigos, e quando chegou no refrão, o restaurante todo estava numa cantoria só.E para piorar tudo, os rapazes do time Akaguia reconheceram a Rapoxia.— Não me admira que aqui esteja fedendo, parece que tem um bando de selvagens aqui.Matheus não deixou passar batido a provocação. Sobre o ombro, ele abriu um sorriso malicioso sem demorar em responder.— Passarinho, que som é esse? Que som, que som é esse? Quem s
O que aconteceria se o cérebro humano tivesse um pequeno botão que desliga as emoções? Será que as pessoas teriam coragem de apertá-lo para fugir das dores que tais emoções causam? Provavelmente não, já que isso as impedia de sentir as boas emoções também. Abrir mão da felicidade para fugir da dor era algo que nem todos estavam dispostos a fazer.No entanto, havia uma pessoa que escolheu algumas emoções para trancá-las atrás de uma porta. Foi necessário trancafiá-las para a sua sobrevivência.As suas emoções poderiam matá-lo a qualquer momento.Então não seria melhor não senti-las?Tal ideia funcionou por alguns anos, mantendo não somente a si mesmo como as pessoas que lhe são queridas a salvo. Só importava que aqueles que viviam dentro de sua bolha
Já havia passado por situações complicadas diversas vezes, e até mesmo já se envolveu em brigas no seu tempo de escola. No entanto, era a primeira vez que via um alfa usar os seus feromônios com a intenção de humilhar alguém tão abertamente.Jake não fazia a menor ideia do motivo da briga, mas o estado do Nathaniel era lamentável.O segurando em seus braços, o alfa tentou acalmá-lo. O seu corpo tremia e a respiração estava descompassada e ofegante. Tudo o que precisava fazer era manter os baixos níveis de seus feromônios para que ele se acalmasse.Era a segunda vez que se abraçavam, e que Jake o cobria com os seus feromônios. . Não, não seria tão diferente da vez em que o abraçou no corredor da faculdade.O que diferia era que Jake não estava no cio, e quem estava mal era Nathanie
Assim que entrou em seu quarto, Nathaniel retirou o capuz e o boné, em seguida da máscara. Respirando fundo ainda podia sentir o cheiro amadeirado impregnado em suas roupas.Foi um dia cansativo.Indo até o banheiro, o rapaz encarou o próprio reflexo fazendo uma ligeira careta para o hematoma perto de sua boca. Ainda bem que não encontrou sua mãe quando chegou em casa, ou então ela ficaria preocupada.— Melhor eu usar a máscara dentro de casa por uns dias… — Virando-se para o chuveiro, ele ponderou se iria tomar banho ou não — Esse cheiro vai sumir se eu tomar banho, não é?Era a primeira vez que sentia os feromônios de alguém. Nem mesmo daquela vez em que ajudou Jake tinha sentido alguma coisa, mas esta noite ele pôde experimentar um pouco do mundo da qual se manteve excluído desde o nascimento.Os feromônios de Cas
Na quarta-feira de manhã, Nathaniel nem se incomodou com a sua incapacidade de dormir direito. Seguindo a sua rotina, ele acordou às duas da manhã e então passou a madrugada toda estudando. Depois, às cinco, ele acompanhou o seu padrasto numa corrida matinal pelo bairro.Quando chegou em casa, preparou um café da manhã e enquanto sua mãe e seu irmão acordavam, Nathaniel foi se arrumar para ir à faculdade. Quando foi tomar café da manhã, o rapaz recebeu a ajuda do padrasto que tentou distrair a sua mãe para que não notasse o seu rosto, o que não deu muito certo depois que ela tomou um gole de café, que pareceu acabar com qualquer resquício de sono.— Nathaniel, o que é isso no seu rosto?— Não é nada, mãe.— Como não é nada! Me diga…— Bom dia — Guilherme
Jake havia se surpreendido quando acordou.Na noite anterior, ele e Matheus se lembraram de um trabalho que precisava ser entregue logo após o feriado. Assim, os dois alfas passaram boa parte da noite estudando loucamente. Durante uma pausa, Jake entrou no seu perfil do Orkut e acabou encontrando o perfil de Nathaniel. Só deu tempo de mandar um pedido de amizade, pois logo em seguida ele caiu no sono na frente do computador, e só acordou com uma almofada jogada por Matheus, gritando para que parasse de babar no teclado.Enquanto esperava o seu amigo tomar banho, Jake percebeu que não tinha saído do Orkut. Recarregando a página, se surpreendeu ao ver que Nathaniel era a primeira pessoa que mais visitou o seu perfil.Não foi a sua intenção deixar o rapaz envergonhado quando mencionou aquilo na faculdade mais tarde. Foi surpreendente para ele também ver Nathaniel fugir assim que Jake tocou no ass