O segurança da filha do Presidente
O segurança da filha do Presidente
Por: Sah Quele
Capítulo 1

Quase quatro horas depois, o avião pousou no aeroporto de Congonhas. Sentia dores na coluna, cabeça doendo de preocupação. Mateus acabou dormindo e cutucava seu ombro para ver se acordava. O piloto nos desejou uma boa estadia na cidade e saímos do avião rumo a sala de desembarque. Como acabamos saindo de casa apressados, acabei colocando algumas peças de roupa na mochila, documentos e o restante das coisas daria um jeito de mandar buscar depois. Nem o meu chefe sabia que eu estava em São Paulo e ligaria para ele mais tarde. Mamãe me enviou mensagem, avisando que os seguranças do papai iriam nos buscar no aeroporto. Eu detestava essas coisas, mas infelizmente eram ordens do senhor Leonardo e eu não poderia recusar uma ordem vinda do presidente do país. De mãos dadas com Mateus, andamos até os “homens do papai” como eu costumava chamar os funcionários dele. Fiquei surpresa ao encontrar o chefe da segurança acompanhando os outros três homens. Diego trabalhava para minha família há mais de 20 anos, foi o chefe da segurança desde o primeiro mandato do meu pai como governador e seguia na mesma função até hoje. O homem tinha 48 anos, cabelos curtos pretos cortados estilo militar, rosto sério e era como uma sombra andando para todo lugar que o meu pai ia. Além do mais, era fiel até demais ao meu pai.

— Bom dia, senhorita Valentina — a voz rouca do homem por um segundo me tirou do meu mundo de preocupação. Diego era uma incógnita já que ninguém sabia praticamente nada da sua vida. O conhecia desde criança e ele acompanhou meu crescimento e sempre se manteve distante.

— Bom dia Diego! Me diga que temos boas notícias? Questionei e o rosto sério dele não demonstrava nenhum tipo de sentimento.

— Seu pai pediu para levar a senhorita direto para o hospital.

O homem fez sinal para os outros três funcionários, pegou nossas coisas e saiu andando na nossa frente, enquanto Mateus deu apenas de ombros, tirando o celular do bolso da calça para verificar se tinha alguma mensagem. Caminhamos até o carro em silêncio, apenas o meu coração batia acelerado e eu rezava para que conseguisse chegar a tempo de encontrar meu avô vivo.

O carro oficial nem estacionou direito, eu fui abrindo a porta e descendo apressada até o andar em que ficavam os quartos vips do hospital da minha família. O percurso foi feito em total silêncio, desde o momento que entrei no carro na entrada do aeroporto. Mateus, foi quem aproveitou os minutos até chegarmos aqui para entrar em contato com seus pais, tranquilizando dona Natália de que estava tudo bem conosco. No banco de trás, eu rezava para que o vovô ainda estivesse vivo quando eu chegasse. Diego não disse um ‘A’ nem mesmo quando eu perguntei como meu pai estava. O homem era realmente desprovido de qualquer sentimento, vivendo apenas em cuidar da segurança do meu pai e da nossa família. Passei pelo corredor privativo, em direção ao elevador que me levaria até a cobertura. Mateus gritava atrás de mim e juntos subimos até o último andar. A porta da caixa metálica se abriu e saí como um furacão, encontrando meus pais e meus irmãos sentados na sala de espera.

— Mamãe! Me joguei nos braços da minha mãe, assim que cheguei, sendo consolada por dona Jéssica que tentava me acalmar. No momento que senti os braços da minha mãe me fazendo carinho, não consegui segurar as lágrimas e chorei tudo que eu segurei durante o voo de volta para casa. Mateus foi conversar com meu pai, perguntando sobre o estado de saúde do vovô, enquanto papai explicava que o pior havia passado, agora era esperar que vovô resistisse a angioplastia e pudesse voltar para seus entes queridos.

— Princesa ! Meu pai se aproximou, me tirando dos braços da minha mãe levando para o dele. Papai continuava o mesmo homem de 20 anos atrás. A diferença era as linhas de expressão em seu rosto e os cabelos antes castanhos claros, tomados por fios grisalhos. Na sala de espera, ele não era o presidente do país e sim o filho único de um dos melhores e mais respeitados médicos do país.

— Papai, diz que o vovô vai ficar bom? E cadê a vovó? Porque vocês não a trouxeram juntos.

Perguntei, pela minha avó Soraia. Conhecendo-a como a conheço, duvido que ela aceitou de bom grado ficar em casa, enquanto seu amado esposo lutava pela vida.

— Sua avó ficou em casa, sendo cuidada por uma enfermeira. Quando seu avô começou a passar mal, Áurea nos ligou avisando que mamãe também entrou em pânico e por conta disso, eu pedi que ela fosse medicada.

Papai respondeu, explicando a ausência dela aqui no hospital. Só medicada mesmo para não estar aqui aguardando notícias do marido. Mesmo com seus 81 anos, seguia elegante e vivia em pé de guerra com a minha mãe. Vovó aceitou os netos, entretanto dizia que nunca aceitaria minha mãe como parte da família.

— Filha, você comeu algo? Seu rosto está tão abatido, meu amor — mamãe perguntou, tocando minha bochecha como sempre fazia quando eu era menor.

— Comi algo no avião, mas na verdade não sinto fome alguma — me virei para Mateus que estava conversando com meus irmãos sentados no sofá. Fiz sinal para que ele viesse até mim.

— É melhor você ir agora — disse sendo abraçada por Mateus, que sorriu para os meus pais, tentando consolar os dois sobre o que aconteceu.

— Mateus, seu pai me ligou mais cedo, perguntando sobre a saúde do meu pai e ofereceu ajuda se fosse preciso uma cirurgia mais complicada.

Meu pai disse e Mateus respondeu que conversou com a mãe no caminho para o hospital. Mamãe fez sinal para os meus irmãos, que se mantinham calados. Os dois com certeza estavam tão abatidos quanto eu. Já que depois que me formei, passaram a morar com os avós, agora que nossos pais moravam em Brasília.

— Irmã, se quiser posso buscar o cappuccino de chocolate que você gosta — Sofia disse, contudo apenas sorri para minha irmã, respondendo que não precisava de nada.

— Crianças, é melhor vocês três irem para casa, descansar um pouco. Valentina, tome um banho quente, durma por algumas horas que vou ficar aqui junto com seu pai.

Mamãe pediu, entretanto recusei o seu pedido. Disse que ficaria fazendo companhia aos dois e que mandasse os meus irmãos para casa, juntamente com Mateus.

— Pai, eu fico com vocês. O motorista pode deixar os três em casa, eu tenho roupas na bolsa, qualquer coisa eu mesmo fico com o vovô enquanto vocês também descansam.

Respondi, ainda abraçada ao Mateus. Eu não iria conseguir dormir, sem ter notícias do estado de saúde do meu avô. Papai pediu licença, se afastando de nós, para falar com os seguranças. Certeza, que pediria para um deles deixar os meninos em casa. Me afastei com Mateus para um canto, assim poderia me despedir dele com privacidade.

— Amor, não quer mesmo que eu fique com você? Me perguntou eu respondi que não tinha necessidade. O hospital tinha uma suíte exclusiva para os parentes dos pacientes Vips e qualquer coisa eu poderia descansar por lá.

— É melhor você ir. Fico com meus pais e te ligo para passar qualquer novidade.

Respondi, dando um selinho em seus lábios. Quando voltamos para onde os outros estavam, encontrei Diego conversando com meu pai, ao lado de um dos seguranças. Mateus conversou com minha mãe e disse que ficaria com o celular ligado para qualquer novidade.

Meu namorado se despediu dos meus pais, meus irmãos também se despediram, pedindo que não escondesse nada em relação ao vovô. Papai pediu que Sofia cuidasse da vovó e que acalmasse-a e não contasse nada sem antes conversar com nosso pai. Os três saíram acompanhados de um dos seguranças. Notei que Diego permaneceu conosco. Era claro que o homem ficaria ao lado do meu pai. Estranho seria se não estivesse. Mamãe pegou minha mão, levando-me até uma das poltronas. Notei olheiras em seu lindo rosto e disse que eu estava bem, que mamãe não teria que se preocupar comigo. Eu estava preparada para o melhor e o pior. Confiava no meu avô e tinha certeza de que ele logo sairia dessa mais forte e saudável ainda.

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