Capítulo 5

Diego

Tomava o café da manhã, na cafeteria do hospital, ao lado de mais dois seguranças. A equipe da manhã continuou vigiando a porta do quarto em que o doutor Ricardo estava internado. Eu precisava conversar a sós com o senhor Leonardo, explicar sobre toda a situação, contudo teria que fazer isso longe dos outros e principalmente da sua filha. Meu informante alertou-me que se começaram a usar o pai do presidente como forma de intimidar o início do seu governo, significava que eles passariam a atacar os filhos e a mais velha era o alvo mais fácil, por indiretamente fazer parte do escândalo que foi o primeiro mandato dele como Governador, vinte anos atrás.

— Diego, foi necessário dispensar o Bruno daquela forma?

Raimundo, um dos seguranças que trabalhava comigo há anos, questionou a atitude que tomei ao demitir o garoto por conta do erro na noite anterior. Todos os meus funcionários sabiam como eu costumava trabalhar e como eu prezava pelo compromisso e lealdade. Principalmente quando se tratava de assuntos relacionados à família do presidente.

— Se o garoto precisava ir até o banheiro, por qual motivo não chamou um dos rapazes que vigiavam no andar debaixo? Não podemos confiar em ninguém, até mesmo nos enfermeiros que trabalham aqui. Sabem que o presidente pediu sigilo sobre a saúde do pai.

Fui até um pouco rude na resposta, porém era dessa forma que eu lidava com tudo. Saí da mesa, deixando o homem sozinho. Fui até o quarto do doutor Ricardo, visto haver se passado uma hora desde o momento que os deixei para conversar com o paciente. O presidente precisaria voltar a Brasília e eu permaneceria em São Paulo para cuidar de tudo. Cumprimentei os rapazes na porta e bati antes de entrar. Ao adentrar o quarto, encontrei o doutor Ricardo com a neta. Valentina contava algo para o avô arrancando risos do homem, que permanecia com agulhas e soro. O senhor Leonardo conversava ao celular, perto da janela. Eu pedi licença e Valentina parou de falar assim que me aproximei dos dois.

— Bom dia, meu jovem!

O doutor Ricardo disse assim que me viu. Ainda não tinha falado com o homem desde o momento em que ele despertou.

— Bom dia, senhor! Espero que tenha uma recuperação rápida.

Respondi, observando Valentina me olhando com uma certa atenção.

— Diego, você chegou na hora certa — Senhor Leonardo diz, se aproximando de nós três. Assenti para o meu chefe, que avisou que voltaria para a mansão, para participar da reunião com o vice-presidente, que a esposa viria para o hospital, fazer companhia ao sogro.

— Filha, vamos comigo para casa? Assim sua avó pode ver você e aproveita para descansar. O pior já passou e seu avô, pelo que vejo, está bem melhor do que imaginava.

Valentina no primeiro momento recusou, porém, o avô a convenceu a voltar.

— Meu amor. Ouviu o que Renato disse? Eu vou ter alta em dois dias. Você descansa, tranquiliza a sua avó sobre a minha recuperação. Sua mãe vai ficar comigo e amanhã você retorna.

Doutor Ricardo disse, convencendo a neta que aceitou a contragosto.

— Diego, vou com a minha filha agora, entretanto o motorista volta com a minha esposa. Jéssica vai almoçar com meu pai aqui mesmo. Estava conversando com minha mulher e ela aguarda a nossa chegada para vir para cá.

O presidente avisa, se despedindo do pai. Sua filha faz o mesmo, porém avisa que qualquer problema era para avisar que ela voltava correndo para o hospital. Pai e filha saíram, porém, antes de ir, o senhor Leonardo pediu que eu fosse até a mansão à noite para conversar comigo. Ele estava sabendo por alto do acontecido, mesmo não entrando em detalhes não era correto esconder do homem algo tão sério. Os dois se foram, nos deixando sozinho. Eu faria companhia ao paciente até a chegada da senhora Jéssica e assim não deixaria o doutor Ricardo sozinho.

— Pegue a cadeira meu jovem e venha sentar aqui ao meu lado — o velho diz, e faço o que ele me pede. Coloquei a cadeira ao lado da sua cama, cruzando os braços como costumava fazer.

— Como sei que você obedece a tudo que meu filho pede, fique aqui enquanto eu tiro uma soneca. Não quis dizer nada para aqueles dois, porque não quero a minha neta se preocupando comigo.

O homem diz, se acomodando melhor na cama e fechando os olhos. Sorri ao escutar ele falando dessa forma. Quando estava na frente da neta, ele agia diferente para não preocupar a garota. Lembrei de quando fui até o quarto mais cedo e tive que desviar os meus olhos da mão dela que segurava a minúscula peça. Eu andava dormindo pouco, era isso que me acontecia e por esse motivo andava tendo pensamentos errados com uma mulher vinte anos mais jovem que eu e ainda por cima a filha mais velha do meu chefe.

Aproveitei que o doutor realmente dormiu, para conversar com um amigo por mensagem. Ele trabalhava fazendo a segurança do senhor Pedro, o chefe de Lagoa Azul. Tanto o chefe da comunidade como meu chefe, ambos tinham o mesmo inimigo em comum, que mesmo com o passar dos anos, permanecia sendo um fantasma morto na vida dos dois homens. Eu sabia que existia alguém tentando novamente, vender drogas e trazer a desordem para aquela comunidade, contudo Pedro cuidava de tudo com a mesma garra de quando assumiu tudo. O filho mais velho dele: Francisco, era um advogado que começava a ficar conhecido no meio, principalmente por lidar com casos envolvendo famílias poderosas da cidade. Esperei a resposta, pensando em como lidaria com as novas chantagens que o presidente com toda certeza passaria a receber e de como protegeria o homem de qualquer problema, que viesse dos inimigos e faria o que fosse preciso para cuidar não apenas do presidente como de toda a sua família.

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