O protetor da loba fugitiva
O protetor da loba fugitiva
Por: Bell J. Rodrigues
PRÓLOGO

Prólogo

Elaris Stins

Quando eu finalmente percebi, já estava correndo há tanto tempo que as minhas pernas pareciam pedaços de madeira prestes a se partir. O ar entrava e saía em arfadas curtas, o peito doía… minhas patas mal aguentavam mais o impacto contra o chão duro e repleto de raízes. Eu estava fugindo, sem rumo, sem saber para onde ir. Só sabia que precisava continuar.

Não podia parar.

Não agora.

Os galhos me arranham meu rosto peludo, mesmo estando em quatro patas, eu conseguia sentir o ardor. Minha loba já estava em modo automático, se movendo pela urgência de sobreviver. De tempos em tempos, eu ouvia o som deles atrás de mim: os caçadores da minha própria matilha. Não eram estranhos, não eram predadores de fora.

Eram os meus.

Eles me queriam morta, e… eu nem sabia o porquê.

O que eu havia feito para merecer isso? Nada... nada. 

Tudo por causa de algo que eu não fiz, era logico. Não fazia ideia do que estava acontecendo. As acusações vieram rápidas demais, e a chance de me defender nunca veio. Só ouvi sussurros sobre traição, sobre algo terrível que havia acontecido — e de alguma forma, meu nome estava no meio disso.

Por que? Eu não sabia, não tinha a minina ideia. 

Não me deram tempo para processar no fim de tudo, e simplesmente… correram atrás de mim como se eu fosse a pior ameaça que já conheceram.

MERDA! 

O medo pulsou em minhas veias como veneno, sentia tudo arder, um calor estranho sentia por todo o meu corpo, meu sanguie fervia, isso me fazia correr mais rápido do que eu jamais pensei ser possível. Eu tinha que fugir, tinha que escapar. Mas para onde? As árvores à minha volta começavam a se misturar, um borrão de verde e marrom que não fazia sentido. O desespero estava ganhando, e quando eu fui notar… não havia um lugar seguro, nenhum refúgio, e cada passo parecia me levar mais fundo na escuridão.

Mue coração batia depressa, a adrenalina estava a mil, mas não podia parar, tinha que continuar, fugir para algum lugar, tinha que despistar eles. 

O vento carregava o cheiro deles. Eles estavam perto. Perto demais. Era uma questão de tempo até que me alcançassem, e o meu coração disparava como um tambor em desespero, as batidas tão altas que eu mal conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

Eu não sabia o que tinha acontecido. Não sabia por que estavam me caçando. Mas uma coisa era certa: se me pegassem, não haveria mais perguntas, apenas o fim. Não poderia parar, não iria morrer desse jeito. 

Foi então que algo me chamou atenção. Uma presença. Uma sombra que se movia à minha frente, rápido, com uma agilidade quase inumana. Meu corpo gelou, mas não era mais medo. Era instinto. Aquilo não era um deles. Não era parte da matilha — pelo menos, não a minha. Seu cheiro era diferente, era menos forte do que minha alcateia, ele tinha... um cheiro bom. 

Continuei correndo, mesmo que minhas pernas gritassem para parar. Mesmo que meus pulmões queimassem como se estivessem pegando fogo, e então… quando achei que não poderia mais aguentar, ele apareceu.

— Ei! — gritou uma voz forte, firme, me atravessando como um relâmpago.

Meus olhos piscaram rápido, tentando entender o que eu estava vendo. Um homem — não, um lobo, mas também homem, ele estava em sua forma de homem, mas sabia que ele era um lobo. Ele corria em minha direção, mas algo nele me dizia que ele não estava ali para me caçar, não como os outros.

Eu tropecei, as minhas pernas finalmente falhando, e caí no chão com um baque surdo. Os galhos que me arranharam antes agora pareciam punhais cravados na minha carne, mas nada disso importava. Tudo o que eu conseguia fazer era olhar enquanto ele enfrentava os caçadores que vinham atrás de mim.

"Que merda." me encolhi, enquanto encarei eles. Era o meu fim, eu sabia disso. 

O homem então se colocou entre mim e os lobos, sem hesitar. Um rosnado profundo reverberou de sua garganta, ecoando pela floresta. Os caçadores pararam, hesitaram. Eu mal podia acreditar no que estava vendo. Os lobos, aqueles que estavam prontos para me despedaçar minutos antes, estavam recuando, se dispersando como sombras.

Aquele terrirório só podia ser desse homem, minha alcateia não podia prosseguir. Era isso. 

Funguei alto e então, o homem se virou para mim. Eu levantei um pouco e minha cabeça, comecei a cheira-lo, ele tinha um cheiro bom... meus olhos examinaram o seu rosto, seu lindo rosto.

Percebi apenas que era alto... olhos claros... seu rosto estava sério.

Quem era ele?

Ele falou algo e não consegui entender, eu me sentia fraca... senti minha loba fraca, eu já não tinha mais forças, tudo a minha volta se tornou um borrão preto. Senti o meu corpo cair na terra fria... E tudo escureceu.

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