Capítulo 01

Davian Deane - Sombra do Zane

Meses se passaram.

Após a derrota de Cassius, tudo se normalizou.

Mas, algo dentro de mim, me incomodava...

Eu não sabia o que era pior: ficar observando de longe Zane e Elena, tão felizes, como se nada no mundo pudesse tocá-los, ou estar preso na minha própria cabeça, tentando encontrar algo que me fizesse sentir... algo além de vazio, porque desde que a guerra acabou, parecia que todo mundo ao meu redor encontrou seu lugar, menos eu.

Sei quem parece ridículo, mas bom... Não é.

Enquanto penso sobre tudo isso, caminho pelo jardim do castelo do meu alfa... e por pensar nele, sentia algo estranho dente de mim.

O meu alfa... Zane? Ele tinha tudo.

Um filho, uma companheira incrível, e o respeito de todos.

Eu, por outro lado, me sentia à sombra dele, sempre ali, presente, mas nunca brilhando. Tentava ignorar isso, tentava me concentrar em outras coisas, mas era impossível não reparar no contraste. Toda vez que eu os via, a vida deles parecia mais plena, enquanto a minha... bom, parecia meio parada.

Comecei a rir tristemente enquanto me sentei em um banco, admirando a beleza do dia, hoje estava bonito o céu...

Era engraçado pensar em como a guerra mudou tanta coisa. Antes, éramos todos focados em uma única causa: sobreviver, lutar. Agora, o mundo parecia estar seguindo em frente, enquanto eu estava preso no mesmo lugar, tentando descobrir o que fazer com o resto da minha vida.

Enquanto sai do jardim, pensativo.

Segui direito para a floresta, para a minha a cabana.

Zane não precisava de mim, e eu... Queria apenas ficar um pouco no meu lar, bom... Não tinha nada melhor para fazer.

Enquanto caminhei, ainda com esses pensamentos sombrios em minha mente, eu... a vi pela primeira vez.

Eu estava vagando pelos limites da floresta, havia continuado a caminhar em vez de ir para a minha cabana, estava tão perdido em meus pensamentos, pensando em qualquer coisa que não fosse meu desconforto crescente com tudo ao meu redor.

Mas, parei no automático quando uma visão me chamou atenção. Algo correndo entre as árvores, rápido, quase uma sombra prateada cortando o ar.

Arregalei os meus olhos, tentando ver melhor.

No começo, pensei que era minha imaginação pregando peças em mim. Mas aí, vi de novo.

Era uma loba.

Ela corria como se estivesse fugindo de algo, ou talvez correndo para salvar a própria vida. Eu já tinha visto lobos em várias situações, mas aquela era diferente. Havia algo na maneira como ela se movia, como se estivesse desesperada, como se o próprio tempo estivesse contra ela. Não consegui ignorar aquilo. Sem pensar muito, comecei a segui-la.

— Ei! — gritei, mesmo sabendo que era inútil. Como se ela fosse me ouvir.

Quanto mais eu corria atrás dela, mais percebia que ela estava exausta. As suas patas tocavam o chão com uma força quase desesperada, como se cada passo fosse um esforço monumental. Eu sabia que, se ela continuasse assim, não iria aguentar por muito tempo.

Mas eu continuei, correndo em minha forma humana, focado em alcançar ela.

Sentia o vento balançar meus cabelos, já estava anoitecendo, mas eu continuei.

Finalmente, consegui me aproximar o suficiente para perceber o motivo da corrida. Atrás dela, uma pequena alcateia de lobos selvagens a cercava. Aqueles lobos não eram como os que conhecíamos, os nossos. Eles estavam famintos, ferozes, predadores à solta. Meu instinto de proteção tomou conta, e eu não hesitei.

Em um movimento rápido, me coloquei entre ela e os outros lobos. Não precisei lutar por muito tempo; bastou um olhar ameaçador, um rosnado firme, e os lobos selvagens recuaram. Sabiam quando uma briga não valia a pena.

Eles se entreolhavam rosnando baixo para mim e então, eles se afastaram, correndo, sumindo da minha visão.

Em seguida, voltei minha atenção para a loba prateada, que agora estava deitada no chão, ofegante, mas ainda me encarando com uma intensidade que me fez estremecer. Seus olhos brilhavam de um jeito diferente.

Algo naquela criatura era... único.

— Você está bem? — perguntei, mesmo sabendo que ela não podia responder com palavras, ela estava ainda em quatro patas.

Ela piscou algumas vezes, e então, algo incrível aconteceu. Lentamente, diante dos meus olhos, ela começou a se transformar. O pelo prateado se retraiu, revelando pele clara como porcelana, tão delicada que parecia que poderia quebrar com um simples toque. E então, ali estava ela: uma mulher, encantadora, que se encolhia.

Seus cabelos, longos e prateados, brilhavam como se fossem fios de prata real, e seus olhos, intensos e profundos, me observavam com uma mistura de desconfiança e gratidão.

Ela era linda.

Não, "linda" nem começava a descrever o que eu estava vendo.

Ela era mais que isso, era perfeita... E eu... não conseguia parar de olhar para ela, estava paralisado, sentia o meu coração acelerar em um ritmo, que não conhecia.

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