Capítulo 02

Davian Deane - sombra do Zane

Continuei paralisado, vendo-a em sua forma humana, com aqueles cabelos prateados caindo em ondas suaves sobre os ombros, percebi que algo estava muito além do meu controle. Ela não era só uma loba comum, e eu estava prestes a descobrir isso da pior maneira possível.

Ela mal teve tempo de me olhar mais uma vez antes de desmaiar, porque ela literalmente, desabou na terra fria.

Eu me aproximei dela no mesmo instante, a pegando em meus braços.

No momento em que senti o peso dela, fiquei congelado por alguns segundos, sem saber o que fazer. Quer dizer, o que eu deveria fazer? Abandoná-la ali não era uma opção, e claramente ela estava exausta demais para sequer falar. Sem outra escolha, a única coisa que me veio à cabeça foi levá-la para a minha casa.

Dei meia volta e comecei a caminhar pelo trilho ao lado da floresta, atento, olhando para os lados enquanto caminhava.

Não foi exatamente fácil. Carregar alguém desacordado sempre é complicado, e ela, apesar de parecer leve, estava toda tensa e seus músculos estavam contraídos, como se até em sua forma humana ela mantivesse parte do instinto selvagem da loba. Mas, de alguma forma, consegui.

Segurei firmemente em seus braços e pernas e prossegui, caminhando depressa.

Quando finalmente cheguei à minha cabana, abri a porta rapidamente e tranquei a porta, fui até um dos quartos, liguei a lamparina e a deitei na cama.

A cada movimento, os longos cabelos prateados dela se espalhavam pelo travesseiro, como se estivessem vivos, refletindo a pouca luz da lua que banhava o céu, que entrava pelas frestas da janela. A cobri e respirei fundo.

Olhei para a Lua e depois para a mulher deitada na cama.

Tinha algo quase etéreo nela, como se não pertencesse a este mundo. Mas ali estava, deitada no meu quarto, completamente vulnerável.

Porque ela estava correndo daquele jeito? E quem era aqueles homens atrás dela? Eles tinham cheiro de lobos, então... poderia ser uma alcateia rival? Queriam a capturar? São tantas perguntas, estou ficando louco.

Sei que vou descobrir, em breve, depois que ela acordar. 

Passei a mão sobre os cabelos, respirando fundo. Depois passei a mão pela nunca, tentando decidir o que fazer.

Levei a mão em meus fios, pensativo...

"Comida", pensei.

Ela precisaria comer quando acordasse. Então, sem perder tempo, fui até a pequena cozinha da cabana e comecei a preparar algo. Não era exatamente um chef, mas sabia o suficiente para fazer uma sopa decente. Algo leve, mas que pudesse dar a ela um pouco de força. Enquanto mexia a panela com os vegetais e um pouco de carne, meus pensamentos corriam descontrolados.

"Quem era ela? Por que estava fugindo? E por que diabos eu estava tão intrigado com isso tudo?"

Não era como se eu tivesse tempo ou energia para lidar com mais problemas, mas, por algum motivo, não conseguia simplesmente ignorá-la. Algo nela me puxava, me atraía, e quanto mais eu tentava afastar esse sentimento, mais ele crescia.

Balancei a cabeça e provei a sopa, e estava bom.

Espero que ela goste e que ela se recupere, estou curioso sobre ela... nunca vi ninguém assim antes, e isso me atormenta... 

Com a sopa pronta, a deixei de lado, esperando que ela acordasse. Enquanto isso, voltei para o quarto e me sentei na cadeira ao lado da cama e a observei por um momento. Seus traços eram delicados, quase frágeis, mas havia uma força ali, escondida sob a superfície.

A forma como ela corria, a maneira como enfrentou o perigo… tudo indicava que ela era muito mais do que aparentava. Ela parecia apavorada... eu vi isso em seus olhos. 

— Quem é você, afinal? — murmurei para mim mesmo, enquanto continuava a observá-la.

Quase como se estivesse me ouvindo, ela começou a se mexer. Primeiro, um pequeno movimento nos dedos, depois um suspiro suave escapou de seus lábios. Meu corpo inteiro ficou tenso, como se eu estivesse prestes a enfrentar algo que não entendia completamente, e talvez fosse isso mesmo.

Seus olhos lentamente se abriram, piscando contra a luz suave da tarde que agora invadia o quarto. Ela me viu primeiro, o que era natural, já que eu estava praticamente debruçado sobre ela. Seus olhos azuis sim, como duas safiras recém lapidadas, se fixaram nos meus, e, por um segundo, fiquei sem palavras.

Ela piscou mais algumas vezes, como se estivesse tentando entender onde estava e o que tinha acontecido. E então, quando finalmente tentou falar, sua voz... bom, foi como ouvir música pela primeira vez, não que eu fosse um grande apreciador de música, mas havia algo suave, quase melódico em cada palavra que ela dizia.

— Onde... estou? — Sua voz era rouca, provavelmente pelo esforço de correr tanto, mas mesmo assim, havia uma suavidade que me pegou desprevenido.

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