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Ao retornar do hospital, Lucas chamou Marcela até o escritório do piso superior da mansão Freitas, que utilizava como ateliê, contando o que aconteceu após o pedido de carona feito por Penélope.— O que? Como não consegue convencê-la a se separar dele? — Marcela virou-se irritada para Lucas, com a expressão contorcida de incredulidade e raiva. — Pelo menos descobriu algo sobre o menino? É filho dela?— Perguntei. Ela não confirmou, nem negou, só disse que casou pelo bem do menino.Deixando escapar um suspiro carregado de frustração, Marcela lamentou sua determinação em evitar o – até que se provasse o contrário - filho de seu ex-marido enquanto estivesse na mansão. O fazia para manter a mente sã, mas agora se arrependia. Torceu as mãos uma na outra, relembrando as características de Samuel. Era inegável que o menino possuía os traços marcantes dos homens Freitas, até a postura confiante. Mas o que realmente a intrigava e não saia de sua mente, atormentando-a dia e noite, eram os olhos
Balançando-se com os pés, as mãos apertadas nas alças de sua mochila, Samuel esperava impaciente na saída da escola pela chegada de Penélope e Diego. Seria a primeira vez que seria buscado por eles após o casamento que os tornou seus pais, queria que todos vissem.Enquanto olhava ao redor, Lipe, um colega de classe que, infelizmente, não era conhecido por ser uma criança gentil, se aproximou.— Ei, Samuel, tá esperando sua irmã oferecida vir te buscar hoje? — provocou sorridente.Baixando a cabeça e pressionando as palmas nas alças da mochila, Samuel sacudiu a cabeça em negativa.— Tô esperando os meus papais.Rindo, Lipe não perdeu tempo em provocar ainda mais.— Ah, claro, seus pais. Todos sabem que você é órfão. — Gargalhando, Lipe atraiu a atenção de outros coleguinhas,
Nos dia seguinte, Penélope e Diego continuaram com o objetivo de evitar ao máximo longos períodos perto de Marcela e Lucas. Penélope fazia questão de tomar a mesma atitude em relação a Samuel. Não queria o menino sendo perturbado pelos delírios agressivos da matriarca Freitas.Embora não tivesse o mesmo receio, Diego não se intrometia nas decisões dela. Tinha questões mais urgentes a lidar.Seguindo Penélope até a fábrica, após levarem Samuel para a escola, Diego pensava em como conversar com seu pai sem piorar o estado dele.Sempre contando com a ajuda de Enrique, por telefone combinou de encontra-lo em sua sala.— Enrique, você está aí? — chamou, enquanto adentrava o espaço.A sala era um pouco menor que a que ocupava com Penélope. Grandes janelas proporcionavam uma vista panorâ
A tarde estava tranquila na Doçura de Cezário, cafeteria de propriedade da família de Jéssica. As três amigas, Jéssica, Ana e Penélope, ocupavam uma das mesas ao canto, desfrutando de seus lanches e bebidas favoritas. O local estava movimentado, com outras pessoas conversando e rindo ao redor, um ambiente acolhedor que tirava da mente das três os problemas diários.Apesar da atmosfera descontraída, Jéssica permanecia inquieta por dentro. Sentia culpada por sua participação na busca por informações da estadia de Penélope em Rudá, que culminou em mais falatórios e comentários depreciativos em direção à amiga. Estava preocupada com o impacto que isso causaria na amizade entre elas.Enquanto as amigas conversavam animadamente, mantinha-se em silêncio, absorta em seus pensamentos. Era óbvio que Diego não
Saindo do quarto de Samuel depois de dar boa noite ao menino, Diego envolveu a cintura de Penélope com um braço seguindo para o quarto de casal. O silêncio a envolvia desde que retornou da mansão após a conversa com Jéssica Castro.Tendo a consciência pesada pelos últimos acontecimentos, após fechar a porta do quarto, envolveu Penélope em um abraço, acariciando suavemente o rosto dela com o polegar.— A conversa com Penélope foi difícil? — questionou preocupado.Encontrando conforto contra o peito de Diego, Penélope sentia o corpo pesado, exausto. Era como se um vendaval tivesse sacudido as bases de sua vida, de novo.— Sim, bem difícil — admitiu sincera. — No início, me senti magoada por Jess ter seguido Enrique nessa tola investigação sobre mim.Apertando a cintura dela suavemente, Diego assenti
Os olhos de Penélope estavam úmidos, as lágrimas de alívio e gratidão ainda brilhando neles. Se esforçando para conter a torrente de sentimentos que a inundava, com um sorriso suave, secou os olhos e tentou se levantar.No entanto, antes que pudesse se afastar, Diego a impediu, os braços recusando-se a deixá-la sair de seu colo, a boca procurando a dela em um beijo apaixonado. Penélope sentiu-se derreter nos braços dele, deixando-se levar por alguns segundos, antes de, pousando as mãos no tórax forte, suavemente encerrar o beijo.— Tenho de tomar banho antes de dormir — disse, a doce resistência reluzindo no sorriso.Sem disposição de deixá-la ir tão facilmente, segurando-a em seus braços, ergueu-se com olhar cúmplice e brincalhão.Enlaçando o pescoço dele, Penélope não pôde deixar de rir ao ser carregava em direção ao banheiro. Sentia-se segura e amada, como se nada mais no mundo pudesse tocá-los ou separá-los. Era um gesto simples, mas cheio de significado.Ele só a deixou quando en
Penélope chegou ao hospital com o coração apertado, porém, ao entrar no quarto e deparar-se com a imagem dele tão debilitado e fragilizado, o receio se dissipou e a preocupação com ele tomou seu lugar.Estava deitado no leito, com máscara de oxigênio cobrindo sua boca e nariz. Seus olhos, normalmente tão autoritários, estavam apáticos, sem o brilho da famosa sagacidade. Parecia mais velho e enfraquecido do que Penélope jamais o vira.Ao notar a presença dela, Roberto fez um esforço para se sentar, embora tão fraco que somente ele notou sua intenção, o que o tranquilizou ao deixar-se afundar no leito. Odiava como a vivacidade de outrora sumia pouco a pouco, tanto quanto abominava ser motivo de pena dos demais. Juntando forças, ofegante exigiu que Bruno os deixasse a sós e só permitisse passagem se fosse de extrema importâ
Marcela segurou o celular com firmeza contra a orelha, ouvindo o cúmplice do hospital com crescente indignação. A notícia de que Roberto havia dado ordens para permitir a entrada de Samuel, Diego e Penélope a qualquer hora a deixou furiosa tanto quanto a ordem anterior. O controle escorregava por seus dedos trêmulos a cada palavra proferida.— Como esse traidor ousa? — sibilou faiscante de raiva. — O que afinal está tramando?Do outro lado da linha, o médico, pago para contar tudo o que ocorria com Roberto, tentou minimizar a situação, dizer que, afinal, se tratada do filho, da nora e do neto de um homem em fase terminal. O que só aumentou a raiva e descontrole de Marcela.— É inaceitável! — gritou transtornada. As dobras dos dedos estavam embranquecidas pela pressão contra o aparelho. — Aquela mulher e o bastardo não passam