Saindo do quarto de Samuel depois de dar boa noite ao menino, Diego envolveu a cintura de Penélope com um braço seguindo para o quarto de casal. O silêncio a envolvia desde que retornou da mansão após a conversa com Jéssica Castro.
Tendo a consciência pesada pelos últimos acontecimentos, após fechar a porta do quarto, envolveu Penélope em um abraço, acariciando suavemente o rosto dela com o polegar.
— A conversa com Penélope foi difícil? — questionou preocupado.
Encontrando conforto contra o peito de Diego, Penélope sentia o corpo pesado, exausto. Era como se um vendaval tivesse sacudido as bases de sua vida, de novo.
— Sim, bem difícil — admitiu sincera. — No início, me senti magoada por Jess ter seguido Enrique nessa tola investigação sobre mim.
Apertando a cintura dela suavemente, Diego assenti
Os olhos de Penélope estavam úmidos, as lágrimas de alívio e gratidão ainda brilhando neles. Se esforçando para conter a torrente de sentimentos que a inundava, com um sorriso suave, secou os olhos e tentou se levantar.No entanto, antes que pudesse se afastar, Diego a impediu, os braços recusando-se a deixá-la sair de seu colo, a boca procurando a dela em um beijo apaixonado. Penélope sentiu-se derreter nos braços dele, deixando-se levar por alguns segundos, antes de, pousando as mãos no tórax forte, suavemente encerrar o beijo.— Tenho de tomar banho antes de dormir — disse, a doce resistência reluzindo no sorriso.Sem disposição de deixá-la ir tão facilmente, segurando-a em seus braços, ergueu-se com olhar cúmplice e brincalhão.Enlaçando o pescoço dele, Penélope não pôde deixar de rir ao ser carregava em direção ao banheiro. Sentia-se segura e amada, como se nada mais no mundo pudesse tocá-los ou separá-los. Era um gesto simples, mas cheio de significado.Ele só a deixou quando en
Penélope chegou ao hospital com o coração apertado, porém, ao entrar no quarto e deparar-se com a imagem dele tão debilitado e fragilizado, o receio se dissipou e a preocupação com ele tomou seu lugar.Estava deitado no leito, com máscara de oxigênio cobrindo sua boca e nariz. Seus olhos, normalmente tão autoritários, estavam apáticos, sem o brilho da famosa sagacidade. Parecia mais velho e enfraquecido do que Penélope jamais o vira.Ao notar a presença dela, Roberto fez um esforço para se sentar, embora tão fraco que somente ele notou sua intenção, o que o tranquilizou ao deixar-se afundar no leito. Odiava como a vivacidade de outrora sumia pouco a pouco, tanto quanto abominava ser motivo de pena dos demais. Juntando forças, ofegante exigiu que Bruno os deixasse a sós e só permitisse passagem se fosse de extrema importâ
Marcela segurou o celular com firmeza contra a orelha, ouvindo o cúmplice do hospital com crescente indignação. A notícia de que Roberto havia dado ordens para permitir a entrada de Samuel, Diego e Penélope a qualquer hora a deixou furiosa tanto quanto a ordem anterior. O controle escorregava por seus dedos trêmulos a cada palavra proferida.— Como esse traidor ousa? — sibilou faiscante de raiva. — O que afinal está tramando?Do outro lado da linha, o médico, pago para contar tudo o que ocorria com Roberto, tentou minimizar a situação, dizer que, afinal, se tratada do filho, da nora e do neto de um homem em fase terminal. O que só aumentou a raiva e descontrole de Marcela.— É inaceitável! — gritou transtornada. As dobras dos dedos estavam embranquecidas pela pressão contra o aparelho. — Aquela mulher e o bastardo não passam
Os corredores do hospital eram um labirinto de branco e luzes fluorescentes, o eco de passos apressados e o zumbido constante da atividade médica marcando cada parte. Nada que fosse captado por Marcela enquanto andava apressada por eles, atenta somente às indicações repassadas pelo funcionário que pagou para vigiar o que acontecia com seu ex-marido.Marchou determinada em direção ao quarto dele, ignorando tudo e todos pelo caminho. A equipe de funcionários do hospital tentou detê-la, mas não estava disposta a ouvir ou aceitar qualquer tipo de impedimento. Empurrou enfermeiros e ignorou os que pediam calma, determinada a chegar ao quarto de Roberto. Finalmente, quando chegou à porta, a raiva queimava em seus olhos. Irrompeu no quarto, sem bater ou pedir permissão.Prostrado pela medicação, visivelmente fraco e debilitado, através do nevoeiro, Roberto observou apáti
O encontro com Roberto não ocorreu da forma que Penélope desejou. Ainda mais debilitado do que quando o visitou nas primeiras horas da manhã, Roberto caiu em sono profundo, induzido pelos remédios que tentavam aliviar seu sofrimento, poucos minutos após entrarem no quarto.A decepção transformou-se em um amargo alívio quando na madrugada do dia seguinte a mansão – e provavelmente toda Cezário – amanheceu com a notícia de que Roberto Freitas faleceu durante o sono.Não conseguiu que ele contasse a verdade sobre o passado, mas, ao levar Samuel na visita, proporcionou ao homem que a ajudou quando mais necessitou um raio de alegria em seus momentos finais.~*~O sol da manhã invadia o quarto, criando uma atmosfera de luz e calor. Lá fora, o céu estava incrivelmente azul e o ar fresco sussurrava promessas de um dia agradável. A manhã
O sol começava a declinar no horizonte, pintando o céu em tons alaranjados, quando Diego, Penélope e Samuel caminharam em direção ao carro estacionado nas proximidades do cemitério. A atmosfera pós-fúnebre pairava no ar, pesando sobre os três, o silêncio unindo suas almas em luto.Ao alcançar o veículo e destrava-lo, Diego voltou-se para Samuel, que segurava firmemente o retrato de Roberto contra o peito, para ajudá-lo a se ajeitar no banco de trás.Foi quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz feminina. Ergueu o olhar e viu Tereza caminhando até eles.Penélope também olhou para a figura imponente, a viúva de Luiz, com a qual ela tinha pouco contato e apenas por e-mail, é só porque Tereza Mendez Freitas, como advogada, cuidava de diversos assuntos legais da fábrica.Depois de palavras de pesar e luto, Tereza indicou
Após Penélope fechar a porta da imponente biblioteca, isolando-os dos olhos e ouvidos curiosos dos empregados da mansão, Tereza Mendez Freitas pediu que Diego e Penélope se sentassem.Penélope ocupou uma cadeira ao lado de Diego, enquanto a Mendez Freitas com ar de autoridade, ocupou a poltrona atrás da escrivaninha. Da sua bolsa, retirou a pasta, que parecia ter um peso simbólico quase tão grande quanto seu conteúdo: os desejos finais de Roberto Freitas.Solene, Tereza abriu o documento, a expressão serena se movendo do papel para as duas pessoas a sua frente.— Roberto solicitou que as informações sobre suas vontades fossem divididas em duas partes — alertou, esclarecendo: — A primeira parte será somente do interesse dos dois, sendo alguns termos lidos separadamente. A segunda parte será revelada daqui três meses com a presença de Ma
Na manhã seguinte ao funeral, a luz suave da manhã invadiu o quarto através das cortinas semiabertas, despertando Penélope acordou antes do marido e de Samuel, deitado entre eles, uma mãozinha repousando sobre seu braço.Na noite anterior, insistira em ficar com eles o tempo todo, incluindo a hora de dormir. Notando que ele precisava do aconchego e segurança deles após o falecimento do amado avô, concordaram sem pestanejar.Observando o sono tranquilo do menino, como se não tivesse a menor preocupação no mundo, seu coração se encheu de um sentimento agridoce.Essa era a primeira vez que Samuel experimentaria a compreensão do luto. Em relação à mãe deles, ele jamais compreendeu, sendo limitado ao sentimento de falta, da busca para preencher os papéis que faltavam em sua vida: uma mãe e um pai. Agora seria diferente. O m