A tarde estava tranquila na Doçura de Cezário, cafeteria de propriedade da família de Jéssica. As três amigas, Jéssica, Ana e Penélope, ocupavam uma das mesas ao canto, desfrutando de seus lanches e bebidas favoritas. O local estava movimentado, com outras pessoas conversando e rindo ao redor, um ambiente acolhedor que tirava da mente das três os problemas diários.
Apesar da atmosfera descontraída, Jéssica permanecia inquieta por dentro. Sentia culpada por sua participação na busca por informações da estadia de Penélope em Rudá, que culminou em mais falatórios e comentários depreciativos em direção à amiga. Estava preocupada com o impacto que isso causaria na amizade entre elas.
Enquanto as amigas conversavam animadamente, mantinha-se em silêncio, absorta em seus pensamentos. Era óbvio que Diego não
Saindo do quarto de Samuel depois de dar boa noite ao menino, Diego envolveu a cintura de Penélope com um braço seguindo para o quarto de casal. O silêncio a envolvia desde que retornou da mansão após a conversa com Jéssica Castro.Tendo a consciência pesada pelos últimos acontecimentos, após fechar a porta do quarto, envolveu Penélope em um abraço, acariciando suavemente o rosto dela com o polegar.— A conversa com Penélope foi difícil? — questionou preocupado.Encontrando conforto contra o peito de Diego, Penélope sentia o corpo pesado, exausto. Era como se um vendaval tivesse sacudido as bases de sua vida, de novo.— Sim, bem difícil — admitiu sincera. — No início, me senti magoada por Jess ter seguido Enrique nessa tola investigação sobre mim.Apertando a cintura dela suavemente, Diego assenti
Os olhos de Penélope estavam úmidos, as lágrimas de alívio e gratidão ainda brilhando neles. Se esforçando para conter a torrente de sentimentos que a inundava, com um sorriso suave, secou os olhos e tentou se levantar.No entanto, antes que pudesse se afastar, Diego a impediu, os braços recusando-se a deixá-la sair de seu colo, a boca procurando a dela em um beijo apaixonado. Penélope sentiu-se derreter nos braços dele, deixando-se levar por alguns segundos, antes de, pousando as mãos no tórax forte, suavemente encerrar o beijo.— Tenho de tomar banho antes de dormir — disse, a doce resistência reluzindo no sorriso.Sem disposição de deixá-la ir tão facilmente, segurando-a em seus braços, ergueu-se com olhar cúmplice e brincalhão.Enlaçando o pescoço dele, Penélope não pôde deixar de rir ao ser carregava em direção ao banheiro. Sentia-se segura e amada, como se nada mais no mundo pudesse tocá-los ou separá-los. Era um gesto simples, mas cheio de significado.Ele só a deixou quando en
Penélope chegou ao hospital com o coração apertado, porém, ao entrar no quarto e deparar-se com a imagem dele tão debilitado e fragilizado, o receio se dissipou e a preocupação com ele tomou seu lugar.Estava deitado no leito, com máscara de oxigênio cobrindo sua boca e nariz. Seus olhos, normalmente tão autoritários, estavam apáticos, sem o brilho da famosa sagacidade. Parecia mais velho e enfraquecido do que Penélope jamais o vira.Ao notar a presença dela, Roberto fez um esforço para se sentar, embora tão fraco que somente ele notou sua intenção, o que o tranquilizou ao deixar-se afundar no leito. Odiava como a vivacidade de outrora sumia pouco a pouco, tanto quanto abominava ser motivo de pena dos demais. Juntando forças, ofegante exigiu que Bruno os deixasse a sós e só permitisse passagem se fosse de extrema importâ
Marcela segurou o celular com firmeza contra a orelha, ouvindo o cúmplice do hospital com crescente indignação. A notícia de que Roberto havia dado ordens para permitir a entrada de Samuel, Diego e Penélope a qualquer hora a deixou furiosa tanto quanto a ordem anterior. O controle escorregava por seus dedos trêmulos a cada palavra proferida.— Como esse traidor ousa? — sibilou faiscante de raiva. — O que afinal está tramando?Do outro lado da linha, o médico, pago para contar tudo o que ocorria com Roberto, tentou minimizar a situação, dizer que, afinal, se tratada do filho, da nora e do neto de um homem em fase terminal. O que só aumentou a raiva e descontrole de Marcela.— É inaceitável! — gritou transtornada. As dobras dos dedos estavam embranquecidas pela pressão contra o aparelho. — Aquela mulher e o bastardo não passam
Os corredores do hospital eram um labirinto de branco e luzes fluorescentes, o eco de passos apressados e o zumbido constante da atividade médica marcando cada parte. Nada que fosse captado por Marcela enquanto andava apressada por eles, atenta somente às indicações repassadas pelo funcionário que pagou para vigiar o que acontecia com seu ex-marido.Marchou determinada em direção ao quarto dele, ignorando tudo e todos pelo caminho. A equipe de funcionários do hospital tentou detê-la, mas não estava disposta a ouvir ou aceitar qualquer tipo de impedimento. Empurrou enfermeiros e ignorou os que pediam calma, determinada a chegar ao quarto de Roberto. Finalmente, quando chegou à porta, a raiva queimava em seus olhos. Irrompeu no quarto, sem bater ou pedir permissão.Prostrado pela medicação, visivelmente fraco e debilitado, através do nevoeiro, Roberto observou apáti
O encontro com Roberto não ocorreu da forma que Penélope desejou. Ainda mais debilitado do que quando o visitou nas primeiras horas da manhã, Roberto caiu em sono profundo, induzido pelos remédios que tentavam aliviar seu sofrimento, poucos minutos após entrarem no quarto.A decepção transformou-se em um amargo alívio quando na madrugada do dia seguinte a mansão – e provavelmente toda Cezário – amanheceu com a notícia de que Roberto Freitas faleceu durante o sono.Não conseguiu que ele contasse a verdade sobre o passado, mas, ao levar Samuel na visita, proporcionou ao homem que a ajudou quando mais necessitou um raio de alegria em seus momentos finais.~*~O sol da manhã invadia o quarto, criando uma atmosfera de luz e calor. Lá fora, o céu estava incrivelmente azul e o ar fresco sussurrava promessas de um dia agradável. A manhã
O sol começava a declinar no horizonte, pintando o céu em tons alaranjados, quando Diego, Penélope e Samuel caminharam em direção ao carro estacionado nas proximidades do cemitério. A atmosfera pós-fúnebre pairava no ar, pesando sobre os três, o silêncio unindo suas almas em luto.Ao alcançar o veículo e destrava-lo, Diego voltou-se para Samuel, que segurava firmemente o retrato de Roberto contra o peito, para ajudá-lo a se ajeitar no banco de trás.Foi quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz feminina. Ergueu o olhar e viu Tereza caminhando até eles.Penélope também olhou para a figura imponente, a viúva de Luiz, com a qual ela tinha pouco contato e apenas por e-mail, é só porque Tereza Mendez Freitas, como advogada, cuidava de diversos assuntos legais da fábrica.Depois de palavras de pesar e luto, Tereza indicou
Após Penélope fechar a porta da imponente biblioteca, isolando-os dos olhos e ouvidos curiosos dos empregados da mansão, Tereza Mendez Freitas pediu que Diego e Penélope se sentassem.Penélope ocupou uma cadeira ao lado de Diego, enquanto a Mendez Freitas com ar de autoridade, ocupou a poltrona atrás da escrivaninha. Da sua bolsa, retirou a pasta, que parecia ter um peso simbólico quase tão grande quanto seu conteúdo: os desejos finais de Roberto Freitas.Solene, Tereza abriu o documento, a expressão serena se movendo do papel para as duas pessoas a sua frente.— Roberto solicitou que as informações sobre suas vontades fossem divididas em duas partes — alertou, esclarecendo: — A primeira parte será somente do interesse dos dois, sendo alguns termos lidos separadamente. A segunda parte será revelada daqui três meses com a presença de Ma