Michel dirigia o Palio Weekend tendo Gustavo como seu único passageiro. Assim que saíram de casa, a chuva se tornou uma finíssima garoa, mas mesmo assim o limpador de para-brisas estava ligado. Sempre que possível, ficavam lado a lado com o Corsa Sedan dirigido por Paulo. Estavam se aproximando da Praça Águia da Haia, onde se encontrariam com os colegas revolucionários. Eles diziam saber onde os impodrecíveis moravam, então a ação seria simples: Iriam até o endereço, atrairiam as criaturas para fora e disparariam todas as armas até que todas as criaturas parassem de se mexer.
Gustavo parecia muito nervoso. Chegou a vomitar antes de saírem e mesmo agora sua pele exibia um tom pálido, nada saudável.
Já era noite e a chuva voltava a açoitar violentamente o para-brisas do Chevrolet Prisma de cor preta que rodava em uma velocidade constante de oitenta quilômetros por hora pela Rodovia Miguel Melhado Campos. Nenhum dos quatro passageiros conversava. Após o incidente daquele final de tarde, Cibele fizera questão de enterrar o corpo de Gustavo. Não usaram o cemitério, não tinha sentido nenhum nisso. Escolheram o Parque Chico Mendes e enterraram o corpo em meio a flores e árvores. Enquanto enterravam o corpo, Paulo comentou que sentia estar sendo observado, mas ninguém respondeu às suas palavras. AgradecimentosTenho uma dívida imensa com todos aqueles que conviveram comigo no período de criação. Fui movido, do princípio ao fim, pelas palavras de apoio e incentivo de todos vocês. Se você está lendo essas palavras, agradeço por utilizar um pouco de seu tempo e viver no meu universo.“Às vezes o medo é um aviso, é como alguém colocando a mão em seu ombro e dizendo: Não vá além deste ponto”(Memnoch – Anne Rice) Antes mesmo de abrir os olhos, as mãos sondavam a calçada ao redor em busca da garraParte I - Tranquilidade Perdida - 1
Larissa decidiu desligar o chuveiro antes que seu irmão caçula derrubasse a porta do banheiro. Sabia que estava atrasada para escola, mas a sua vida já era chata e tediosa o suficiente, mesmo com os demorados banhos quentes tomados pela manhã, para que algum empecilho a fizesse abrir mão deles. - Pronto, Guí! Já tô saindo.A porta do banheiro se abriu, deixando uma nuvem de vapor escapar, embaçando instantaneamente o vidro do corredor. - Até que enfim hein, eu já tava pensando em chamar o I.M.L!
Os moradores da cidade dizem que Angabaíba é um nome tupi, o que não é estranho em terras brasileiras. Só em São Paulo, podemos citar outras cidades, bairros e ruas que tenham os nomes oriundos da mesma fonte: Itu, Itupeva, Moji Guaçu, Moji Mirim e tantas outras que encheriam linhas e linhas. As divisões entre a população local começam quando dizemos: “Oquei, é tupi, mas que raios significa?” Começam as típicas brigas da cidade. Existem aqueles que apostariam a própria vida em que um significado plausível seria Terra cheia de coisa boa, o outro grupo, que também apostaria a própria vida e
Apesar dos azulejos brancos na parede e azulados no chão, do silêncio (interrompido por uma ou outra tosse, gemido de dor, sussurro, ou choro desesperado) e da extrema sensação de limpeza, o ambiente hospitalar está longe de ser receptivo e aconchegante. E é nesses corredores que encontramos, andando de um lado para o outro, as pessoas que tiveram a sensibilidade de se retirar do quarto de seus parentes ou amigos antes que eles percebessem que quem vem para consolar & confortar, na maioria das vezes deseja mais do que tudo nesse mundo é ser consolado & confortado.Andando de um lado para o outro no Hospital Municipal de Angabaíba, Larissa pensava que o trauma psicológico causado por ter presenciado de camarote o atropelamento de seu próprio irmão, sozinho, já
Retirado do jornal Comércio Angabaíbano em 11 de março de 2013:Sem teto é vítima de possível grupo NeonazistaNa última quinta-feira (10) morador de rua, sem documentação, ainda não identificado. Foi assassinado de maneira brutal, covarde e desumana. O corpo foi encontrado pelos irmãos Guilherme e Larissa Borges Faria e pelo empresário Otávio Medeiros, de uma forma um tanto inusitada e dramática. Guilherme, de 11 anos, ao avi
Os vários pisos quebrados e rachados, encardidos, alguns até mesmo com um pouco de mato crescendo por sua descontinuidade, indicavam que o local deveria ser algum prédio a muito não utilizado. As paredes apresentavam um alto grau de umidade, o que ajudava a criar a sensação de abandono. É neste corredor de algum lugar que ninguém normal visitaria durante a noite que corre, de mãos dadas, estava o jovem casal. Ele com seu velho par de um modelo genérico de All Star, vestindo um novo velho blue jeans rasgado, uma camiseta branca e justa. Ela de saltos altos (por que?), também de calça jeans, baby look branca e um leve agasalho por cima. Um desespero, nada genuíno, marcado em seus rostos. - Capitão Aurélio taê? O homem, na soleira da porta da delegacia estava todo vestido de preto. Sapato social, calça de lona, camiseta e boné. A barba por fazer e o palito de dentes na boca deixariam qualquer pessoa com a sensação de estar na presença de algum mau caráter qualquer. Este homem, no entanto, não era um mau caráter qualquer, era um bem especial. Joaquim era o policial civil responsável por manter uma comunicação amistosa entre os policiais civis e os militares, o que podia ser percebido pelo pacote pardo em suas mãos. No interior da delegacia a movimentação era a7