Meu dia seguiu, sem maiores problemas. Finalizei minha coluna sobre restaurantes e seus pratos inusitados, pronta para uma nova missão.
Zachary não me dirigiu mais a palavra, e eu, não mais o avistei. Depois que falei aquelas coisas, me senti melhor. Tanto que no almoço comi bem, coisa que eu não estava fazendo desde que ele tinha atropelado minha vida profissional e emocional.À tarde veio a consultora. Nos levou para uma sala, onde foi colocado um grande espelho e uma arara com uma grande variedades de roupas de festa.Priscila escolheu um vermelho glamoroso, bem chamativo para o meu gosto.Eu fitei todos e acabei escolhendo um preto, igual meu humor negro. Ele tinha um caimento bonito, um clássico tubinho, decote quadrado, um pouco acima dos joelhos, parecido com o meu, o único detalhe diferente, era que ele era revestido na parte de cima de pedras pretas, poucas, mas que davam um toque a mais para a noite. Eu nem precisaria usar a echarpe que eu tinha separado.Escolhi um sapato fechado, lindo, com um salto médio. Preto. As pedras encrustadas nele, nas bordas, combinavam com o vestido.Antes do meu horário, fui para a escolinha e peguei Jonathan mais cedo. Para a alegria dele, fomos para a casa de minha mãe.Enquanto ele se divertia com Joby, passei uma tarde gostosa com ela. Entre bolinhos e café.À noite demorei para dormir. Estranhei a cama diferente. Jonathan ao contrário, capotou logo.No dia seguinte, me levantei cedo e me despedi de mamãe. E fui até Jonathan e lhe dei um beijo.
Peguei meu carro e fui para a casa. Coloquei o carro no meu quintal, que eu fazia de garagem e no espaço reduzido abri a porta dele e pegando o vestido, entrei em casa.Tomei um banho e me arrumei. Vesti roupas sérias de trabalho. Saia preta e uma camisa branca de mangas compridas. Ergui um pouco os punhos para dar um ar mais descontraído. Calcei sapatos de salto médio, fechados. Fiz uma maquiagem leve e levei para a sala minha mala e o vestido embalado.Não demorou muito a Limusine parou em frente ao meu portão. Peguei a mala e o vestido e sai para o quintal. O motorista veio me ajudar a carregar tudo para o carro.Tranquei a casa. O senhorzinho grisalho, depois de guardar minha bagagem, abriu a porta para eu me sentar. Sebastian e Priscila me aguardavam. Sentei-me, de frente a eles no banco de couro negro.—Bom dia! —Eu disse com um sorriso para os dois.Priscila abriu um sorriso.—Bom dia!Sebastian acenou para mim. Ele era um rapaz novo, tinha vinte anos, muito introspectivo. Talvez por isso ele tenha se dado bem com a fotografia, era um bom observador.Enquanto a Limusine deslizava pelas ruas, pois dentro dela era essa impressão que eu tinha eu encarei aqueles dois. Priscila sorrindo de orelha a orelha. Sebastian calado.—E aí, está animada? —Priscila me perguntou com um sorriso. Esbanjando vitalidade.—Pela festa, ou por conhecer o ator pessoalmente?—Por tudo. Pela festa, pelo ator. Ele parece ser um sujeito apaixonado, atencioso e quente como o inferno.Quando Zachary e eu terminamos num espetáculo de humilhações, eu estava esperta com os homens. E ator? Não, obrigada!— Se você gosta desse tipo de homem, onde todas as mulheres cobiçam. Mas lembre-se o que nosso chefe disse: profissionalismo, acima de tudo.Priscila sorriu debochada.—Você reparou que esse alerta foi para você? Você sabia que nosso chefe te olha quando você não está olhando?Ouvir isso, para mim foi surpresa.Pelo menos mudou. Antes me olhava abertamente com adoração, me elogiando, faminto. Agora só quando eu não estava olhando.— Ele me olha como? —Perguntei curiosa.—Ele te observa, te olha sério, pensativo.Deve ser a consciência pesada. Pensei.—Verdade?—Você é muito bonita, Maria Eduarda. Embora tenha olhos verdes, você tem muito das brasileiras. Bem latina, com esses olhos grandes e esse bocão.—Credo, você me descrevendo assim, me sinto uma caricatura ambulante de alguém.Priscila riu.A Limusine parou em frente a uma linda entrada. A propriedade era cercada por grandes muros brancos e altos. Logo dois seguranças surgiram. Depois de nos identificarem, autorizaram a abertura dos grandes portões. Conforme o carro foi avançando eu comecei a me sentir nervosa, e não era por conhecer o ator, pessoalmente. Meu nervosismo era outro, bem pior.A limusine avançou por um tempo, um caminho inteirinho formado por paralelepípedos, margeado por árvores altas.Entramos num local aberto. O motorista rodeou a fonte que tinha aparência de uma cascata onde por ela descia águas cristalina e caia numa espécie de lago artificial, cheio de carpas coloridas. Elas eram tão grandes que deu para eu ver de dentro do carro.Logo que ele estacionou em frente a lindíssima mansão, Zachary saiu ao lado de Ryan. Não consegui deixar de fazer uma comparação entre os dois homens.Ryan parecia um projeto de homem em desenvolvimento. Era a juventude batendo de frente com a beleza da mat
—Ele deve trazer mulheres para cá, que vem no impulso de seu convite, cheio de sedução. Chegam desprovidas e usa as roupas que aqui estão. Ou tem alguma namorada fixa. Vai saber!Ela negou.—Se fosse uma namorada fixa ele não nos deixaria usar as roupas dela, acho que nem ela ia gostar, e com certeza estaria com ele agora. —Priscila me disse sonhadora.Ela foi abrindo as gavetas até que achou a dos biquínis e maios.— Olha esse. —Ela me mostrou o amarelo.—Usa. Você está bronzeada, ficará bem em você. —Eu a incentivei.—Vou experimentar.Eu fucei na gaveta e achei um branco e preto. Fui ao banheiro me trocar, Priscila ficou com o quarto para essa tarefa. Quando pronta, me fitei no espelho.Ele era absurdamente lindo. Nem que eu procurasse, acharia tal joia. Priscila quando me viu, se mostrou surpresa.—Sortuda! Pegou um mais bonito que o meu.—Quer trocar? Não me importo.Ela sorriu.—Não, eu não sou muito peituda, para mim não ficaria bem.Eu
Fechei os olhos evitando olhar para Maria. Ela estava me enlouquecendo, me tirando do sério. As memórias instantâneas do dia que a vi no escritório começaram a dançar em volta da minha cabeça latejando.Quando assumi a Inove, sabia tudo que me esperava profissionalmente. Experiência não me faltava, pois fui editor chefe do jornal regional London.Fui apresentado a todos e fiz meu discurso, nada planejado, preparado antes. Eu disse o que veio ao meu coração dizer. Me apresentei da forma mais objetiva e simples do mundo.Me senti muito a vontade assumindo a diretoria da revista. Já estava acostumado com aquele tipo de ambiente de trabalho, sempre gostei da liderança. Esperava fazer um bom trabalho, arrematar o que faltava e melhorar a vendagem da revista. Tudo estava indo bem. Seria mais uma conquista, fruto do meu trabalho e da minha dedicação.A conversa fluía com o antigo diretor que me passou tudo e me apresentou a todos. Nesse dia, eu não vi Maria. No dia seguinte
Esse desgraçado teve a cara de pau de usar meu nome, isso me levava a crer que eles tiveram um relacionamento enquanto ele era casado. Ela deve ter descoberto tudo. Que meu irmão sempre fora um cafajeste, isso para mim, não era surpresa.A pergunta agora era:O filho de Maria, era de Nicholas? O filho poderia ser dele.Meu irmão hoje estava separado. Ela estaria mesmo disposta a afastá-lo de si? Mesmo sabendo que hoje ele era um homem livre?Maria Eduarda o amava ainda?Como eu a colocaria em minha vida? Se meu irmão me visse com ela, como ele reagiria? Poderia tentar se redimir, arrependido das burradas que fez. Conquistá-la. Eles tinham algo em comum, um passado, um filho.Eu precisava entender tudo antes, e eu usaria, por enquanto, a figura de meu irmão. Precisava realmente descobrir se esse filho era dele. E sentir qual seria a reação dela, diante da minha descoberta.Então outro ponto, começou a me preocupar. Se eu me revelasse a ela. Quem ela veria? A figu
Eu me sentei na borda da piscina no sol e fitei Zachary, ele estava de olhos fechados.Fechei os olhos, me lembrando dele no passado.Um homem galanteador, sempre querendo me agradar me dando presentes, palavras doces, promessas. Hoje, eu entendia que ele queria que eu me iludisse com ele, enquanto ele me fazia sua amante. Era confortável para ele ter um casamento de aparências por causa de dinheiro dela e ao mesmo tempo me ter na cama dele.Na verdade ele me alimentava com suas migalhas, me fazendo achar que eu era a mulher da vida dele, a dona da situação, mas percebi que na verdade ele me manipulou ao seu bel prazer. Vivi de acordo com o que ele estipulou. As sobras do tempo dele.Mas e agora?Qual era a dele?Primeiro agiu como se eu nunca tivesse feito parte de sua vida e me mostrou um lado dele que eu não conhecia. E muito mais perigoso.Era um novo Zachary, o homem centrado, dedicado, profissional e maduro. E principalmente, agia como se aquele homem,
Logo que alcancei meu quarto, as lágrimas desceram fáceis de meus olhos. Estava acontecendo algo comigo que estava me deixando confusa e perplexa: Jamais pensei, depois de tudo que Zachary me fez, eu ficasse tão balançada por ele.Eu não conseguia ignorar aquilo que nosso encontro tornara abundantemente claro. Que parte de mim ainda buscava uma forma de fugir do que eu estava sentindo. Em alguns momentos, o outro lado sobressaía dizendo para eu acreditar nesse novo homem que eu estava vendo, então vinha o outro e lutava contra.E eu que acreditava que tinha superado Zachary...Burra!Quando eu o avistei no meu trabalho, já foi algo que, nem nos mais terríveis pesadelos eu imaginaria. Zachary trabalhando? Diretor de uma revista de prestígio?E pior, sendo meu chefe.Isso me deu um nó na cabeça, pois para mim ele era um sanguessuga, um boa vida. Essa imagem dele tão profissional, eu não tinha comigo. E eu tinha me apegado ao pior dele como uma tábua de salvação. Aflo
Ele se colocou a minha frente. Senti o perfume dele, Ele se inclinou para frente. Estava muito próximo.Meu Deus! Próximo demais.Eu desviei meus olhos do rosto dele e fitei sua camiseta. Quieta.Percebi pelo descer e subir de seu peito que sua respiração estava tão ofegante quanto a minha. Seu corpo estava tenso, eu podia ver. Ele mudou de perfume, não usava aquele que ele tanto gostava. Não tem mais o cheiro que ele costumava a ter. Talvez por isso eu não consiga raciocinar direito, pois parece que estou diante de outra pessoa. Queria empurrá-lo para longe para que ele entendesse que eu era feliz, até ele chegar. Eu estava indo bem. Agora eu me sinto triste. Eu senti o sangue ferver, estava estranhamente emocionada por ele estar tão perto de mim, sentindo uma coisa estranha por desejá-lo, como nunca o desejei antes, nem no passado, eu sentia o que estava sentindo agora. E isso estava me deixando confusa.Algo nele, alguma mudança dele estava fazendo isso comigo
Quando sua boca tocou a minha, fechei meus olhos e deixei que tudo acontecesse eu não consegui deixar de abrir os lábios para recebe-lo. Sentir a umidade morna da boca dele, foi algo tão maravilhoso que eu estremeci e me segurei nele para não cair. Ele me apertou em um dos braços, enquanto uma mão segurava a minha cabeça, seus lábios passaram a se mover sobre os meus famintos.Eu não o resistia, não conseguia, fiquei atordoada com a sensação maravilhosa de estar nos braços dele, sentindo seu calor, sentindo seu perfume maravilhoso.Quando eu estava para corresponder seus beijos, a imagem dele me dizendo que era casado, me veio muito forte, e minha razão falou mais alto que meu coração, ela me lembrava agora que: eu fui um joguete nas mãos dele, talvez eu fosse seu brinquedinho novo.Tive que ter muita, mas muita força de vontade para empurrá-lo.Ele não me impediu de afastá-lo e eu tenho certeza que se ele quisesse, ele poderia me dominar, mas o beijo, pareceu satisfazê-