Zachary
Sai da casa de Maria Eduarda pensando em tudo que ela me disse sobre Nicholas. Se seguisse meu raciocínio lógico, não iria atrás dele, essa era a verdade. Para mim ele era um idiota arrogante, um cafajeste que enganou Maria Eduarda, que se aproveitou de Nádia, e poderia estar jogando para ganhar Maria Eduarda.Mas meu coração me impulsionava a fazer ao contrário. Acho que era aquela coisa do "sangue". Afinal, ele era meu irmão.Outra coisa também que me instigava era a curiosidade de querer entender por que Maria Eduarda ficou tão abalada quando conversou com ele.Antes que eu percebesse eu já estava em frente ao meu apartamento embicado na entrada esperando o porteiro abrir para mim. Os portões se abrem. Nessa hora uma sombra projeta sobre mim, e uma batida no capô do meu carro.—Nicholas.—Quero conversar.Confuso de vê-lo em frente ao meu prédio, com certeza esperando que eu chegasse, eu disse:—Claro! Entre no carro.Nicholas deu a volta e abriNo dia seguinte fui a revista com Zachary, fui tratar da minha demissão. Todo o pessoal da revista, quando me viram entrar ao lado dele, vieram me cumprimentar, os olhares logo se direcionavam ao meu anel de brilhantes na minha mão direita. Isso me fez pensar de como Zachary realmente pensava em tudo.Essa característica dele de planejar, arquitetar para sair tudo de acordo, e quando isso, saía fora de seu controle, ele se perturbava. Isso explicava muito sua reação ontem.Priscila estava na fila para me abraçar. Quando ela assim o fez, me apertou nos braços e depois me afastou com um sorriso, de orelha a orelha. Foi a maior vibração de felicidade que senti em relação a todos. Creio que por ter melado um pouco o meu relacionamento com Zachary, me falando aquele dia de Rachel. Deve ter sido um alívio ao saber que estávamos bem. Ela disse para nós dois com os olhos cheios de lágrimas:—Estou nas nuvens por vocês dois. E devem se amar muito, pois vocês se decidiram muito r
Um mês e meio depois...Casamos só no civil, num dia chuvoso que foi feito na casa dos Walters. Fiquei feliz com a presença de Nicholas. Ele, o tempo todo ficou com o filho no colo. Ele estava mais magro, parecia bem abatido. Foi um choque ao vê-lo. Isso não deixou de doer no meu coração, mas eu fiz de tudo para não mostrar isso. Esse dia, era um dia muito especial, de muitos sorrisos, afinal, eu estava me unindo ao homem que eu amo.Mamãe estava chorosa, reflexo da emoção de me ver casando com um homem que me olhava com adoração. Não tinha quem não notasse os olhos de amor de Zachary para mim, em todo o tempo. Eu também não deixava por menos, meus olhos refletiam o quanto eu estava feliz ao lado dele, o quanto eu o amava.Quando finalizou os votos, recebemos os cumprimentos de todos. Muitos amigos, algumas pessoas do trabalho, como Priscila, Heitor, que era aquele senhor que eu tinha encontrado no elevador outro dia e que era amigo da família de Zachary.Os pais de Zach
Corro pela calçada movimentada porque estou muito atrasada. Atravesso a rua, apressada, num malabarismo, segurando minha pasta como se isso dependesse minha vida, desviando do trânsito frenético de Londres. Olho para o relógio antes de entrar na editora que trabalho como jornalista. Eu estou meia hora atrasada. O dia não começou fácil.Droga! — Exclamo quando começa a chover forte. Meu cabelo ficará armado. A vontade de colocar a pasta na cabeça é grande, mas eu posso molhar as fotos, então a protejo colocando-a dentro do meu terninho preto do conjunto que estou usando.Já posso imaginar o olhar de desaprovação de meu editor chefe McCartney, só de pensar fico aterrorizada, pois é a terceira vez na semana que eu estou chegando atrasada. A primeira vez foi o carro que quebrou, a segunda vez eu me atrasei pois, antes de ir para o trabalho, levei o carro ao mecânico. Hoje fui pegá-lo, só que o mecânico demorou um pouco para me atender. E quando me atendeu, foi para me dizer qu
Desci quase em frente. Fitei o relógio, 18:40 hrs. Era sempre assim, nunca conseguia chegar no horário certo. Entrei na escola e fui até uma salinha onde as crianças ficavam a espera dos pais. Jonathan quando me viu, veio correndo com a malinha nas costas, com um sorriso enorme no rosto. Eu me abaixei e o abracei. Não consegui conter as lágrimas. Droga! Geralmente eu não era assim, tão emotiva. Eu as enxuguei antes que Jonathan visse. —Oi, como foi tudo? Brincou bastante? Ele mexeu a cabecinha para mim. Ele era a miniatura do pai. Cabelos negros, olhos negros, e bem grande para sua idade. Seria bem alto. —Hoje nós vamos na vovó? Eu neguei. —Não. Vamos visitá-la outro dia. Minha mãe tinha recentemente pegado um cachorro pequeno na rua. E Jonathan adorou. Agora não via a hora de ir lá para brincar com o animal. —Amanhã? —Amanhã! —Respondi com um sorriso. Amanhã já era quinta-feira. —P
Ergui meu rosto e dei com aqueles olhos negros me fitando. —Bom dia, pelo visto arrumou o carro. Eu demorei um pouco para responder. —Sim. Acertou! —Fingi um sorriso. Seus olhos fitaram meus cabelos castanho-claros geralmente rebeldes, mas que hoje estavam domados. Desceram então para a minha boca e fixaram-se ali por um tempo e só então fitou meus olhos. —Está com um ótimo aspecto hoje. Sentiu isso? Não caia nessa! Agora você está vendo o homem que conheceu no passado. —Obrigada. —Desviei meus olhos para a tela. E Abri a pasta que eu tinha deixado na mesa ontem, ignorando o cretino, que não devia estar gostando muito disso. Com certeza, não deveria estar acostumado a ser ignorado. —Faremos uma reunião daqui a dez minutos na minha sala. Eu o fitei novamente e assenti séria. — Outra coisa. Relaxa. Parece que constrói uma muralha toda vez que me aproximo de você. Não sou o lobo mau e você não é a c
No dia que Zachary assumiu, meu carro tinha me deixado na mão e por isso cheguei atrasada. Eu achei providencial, pois o choque em vê-lo, não foi tão grande. Nesse dia, lembro-me de logo que cheguei, Jéssica se aproximou de mim, me informando da mudança do diretor. Discretamente o apontou.Eu virei minha cabeça na direção que ela apontava. E o avistei. No cantinho do grande salão, conversando com um dos funcionários.Imediatamente eu o reconheci. Chocada e abalada, senti que perdi a cor do rosto, mas mesmo assim, fui capaz de encará-la. Naquela hora, ela me falou um monte de coisas, mas eu não consegui ouvir uma palavra, tão transtornada que fiquei. Logo que pude, me refugiei no banheiro. Aos poucos fui me acalmando e me convenci, naquele momento, que isso era bom. Sabendo de tudo antes, eu estaria preparada para enfrentá-lo. Teria tempo de reação para acalmar os meus nervos tensos e fitá-lo com cara de paisagem. Pronta para ver a reação dele quando me visse. Mas o
Meu dia seguiu, sem maiores problemas. Finalizei minha coluna sobre restaurantes e seus pratos inusitados, pronta para uma nova missão.Zachary não me dirigiu mais a palavra, e eu, não mais o avistei. Depois que falei aquelas coisas, me senti melhor. Tanto que no almoço comi bem, coisa que eu não estava fazendo desde que ele tinha atropelado minha vida profissional e emocional.À tarde veio a consultora. Nos levou para uma sala, onde foi colocado um grande espelho e uma arara com uma grande variedades de roupas de festa.Priscila escolheu um vermelho glamoroso, bem chamativo para o meu gosto. Eu fitei todos e acabei escolhendo um preto, igual meu humor negro. Ele tinha um caimento bonito, um clássico tubinho, decote quadrado, um pouco acima dos joelhos, parecido com o meu, o único detalhe diferente, era que ele era revestido na parte de cima de pedras pretas, poucas, mas que davam um toque a mais para a noite. Eu nem precisaria usar a echarpe que eu tinha separado.E
A Limusine parou em frente a uma linda entrada. A propriedade era cercada por grandes muros brancos e altos. Logo dois seguranças surgiram. Depois de nos identificarem, autorizaram a abertura dos grandes portões. Conforme o carro foi avançando eu comecei a me sentir nervosa, e não era por conhecer o ator, pessoalmente. Meu nervosismo era outro, bem pior.A limusine avançou por um tempo, um caminho inteirinho formado por paralelepípedos, margeado por árvores altas.Entramos num local aberto. O motorista rodeou a fonte que tinha aparência de uma cascata onde por ela descia águas cristalina e caia numa espécie de lago artificial, cheio de carpas coloridas. Elas eram tão grandes que deu para eu ver de dentro do carro.Logo que ele estacionou em frente a lindíssima mansão, Zachary saiu ao lado de Ryan. Não consegui deixar de fazer uma comparação entre os dois homens.Ryan parecia um projeto de homem em desenvolvimento. Era a juventude batendo de frente com a beleza da mat