A Limusine parou em frente a uma linda entrada. A propriedade era cercada por grandes muros brancos e altos. Logo dois seguranças surgiram. Depois de nos identificarem, autorizaram a abertura dos grandes portões.
Conforme o carro foi avançando eu comecei a me sentir nervosa, e não era por conhecer o ator, pessoalmente. Meu nervosismo era outro, bem pior.A limusine avançou por um tempo, um caminho inteirinho formado por paralelepípedos, margeado por árvores altas.Entramos num local aberto. O motorista rodeou a fonte que tinha aparência de uma cascata onde por ela descia águas cristalina e caia numa espécie de lago artificial, cheio de carpas coloridas. Elas eram tão grandes que deu para eu ver de dentro do carro.Logo que ele estacionou em frente a lindíssima mansão, Zachary saiu ao lado de Ryan. Não consegui deixar de fazer uma comparação entre os dois homens.Ryan parecia um projeto de homem em desenvolvimento. Era a juventude batendo de frente com a beleza da maturidade. Quando eu olhava Zachary eu via força, determinação e ao mesmo tempo algo selvagem nele.Os dois ali, lado a lado, era como se colocassem um cavalo puro sangue ao lado de um pangaré.Ryan vestia jeans, camiseta branca agarrada ao corpo, braços tatuados, cabelos castanho-escuros espetados. Bem diferente do filme que ele viveu. Onde ele fez o jovem judeu. Um homem sofrido e mais maduro.Já Zachary, usava uma calça social preta que ajustava-se perfeitamente ao seu quadril. A camisa branca evidenciava os ombros largos. Ela estava um pouco aberta no peito, revelando aqueles pelos negros. Senti um arrepio no corpo quando me lembrei que eu já tinha sentido a maciez deles.Ele ainda estava casado? Me perguntei.Meu Deus! Não! Não! Exclamei para mim, quando me dei conta dos meus pensamentos e da forma que eu olhava novamente. Cobiçando, desejando.Eu era um caso perdido. Caso para internação!Logo que descemos, Sebastian desencantou. Pois foi até Ryan, com um sorriso e estendeu a mão para ele.—Sou Sebastian Holt, o fotógrafo. É uma honra te conhecer. Admiro muito seu trabalho.Ryan sorrindo apertou sua mão e logo a soltou. Eu relancei meus olhos para Zachary.Ele que me olhava fixamente, quando percebeu que eu o fitei, desviou seus olhos de mim.Tenho que admitir. Há algo nele que eu não enxergava antes. Isso me intrigava. E o pior de tudo era sentir como se uma força oculta me puxasse para ele. Muito mais forte agora do que no passado.Vai entender!Afastei meus olhos com dificuldade dele e fitei Ryan que me fitava com evidente interesse.—Ninguém irá me apresentar essa moça encantadora? —Ele disse com uma voz grave e bonita.Eu sorri para Ryan, lhe dando meu melhor sorriso.—Maria Eduarda Lindsay Silva. —E estendi a mão para ele.Ele se aproximou de mim com um sorriso de protagonista que quer conquistar a mocinha. Como um predador.—Sabia! Brasileira? — Ele segurou minha mão mais tempo que o normal e depois a soltou.— Meu pai era brasileiro. —Eu disse, achando graça de tudo.Ele sem despregar os olhos de mim disse:—Zachary, não me disse que teríamos uma brasileirinha entre nós.Eu fitei Zachary que parecia me fuzilar com os olhos.—É não disse. —Ele disse seco.Priscila se aproximou de nós.—Meu nome é Priscila Spencer, estou feliz em conhecê-lo senhor Stuart.—Pode me chamar de Ryan, por favor. —E sorrindo disse. — Priscila, a rainha do deserto...Prazer em conhecê-la.Percebi que Priscila não gostou muito de ser comparada com esse filme.—Bem vamos entrar.Ryan enfiou seu braço no meu e entramos na mansão. Podia sentir os passos de Zachary atrás de nós. Priscila foi até o braço de Ryan e enfiou o dela no dele, fazendo-o sorrir.Caminhamos por um grande salão cheio de lindas estátuas e plantas e quadros. Depois uma belíssima sala confortável.—Trouxeram biquíni? —Ele nos perguntou.—Não. Não trouxe. —Eu disse com um esboço de um sorriso.—Eu trouxe. —Priscila disse sorrindo. —Nunca se sabe.—Menina esperta. —Ryan disse sorrindo para ele, e depois se virou para mim. —Tenho um quarto com roupas femininas. Escolha um biquíni para você.—Posso escolher também? O meu está tão velhinho. —Priscila disse com um jeitinho bem feminino.—Claro.Nessa hora, o motorista colocou o carrinho com nossas malas e os vestidos, num canto.Ryan pegou um sino e o agitou. Logo apareceu uma empregada. Uma senhora de meia idade, creio que a governanta.—Senhora Wagner, conduza as moças ao quarto rosa. Elas escolherão um biquíni. Depois leve a senhorita Silva e Spencer até seus quartos.A empregada se inclinou para ele.—Sim senhor. —Ela nos fitou séria. —Me acompanhem.O motorista nos seguiu com o carrinho através de um enorme corredor cheio de portas, as paredes revestidas de quadros e vários aparadores enfeitando o ambiente com lindos vasos, cheios de flores do campo.A senhora Wagner abriu uma porta dourada.— Esse é seu quarto. —Disse para mim.Eu assenti para ela. O motorista me esperou indicar qual era a minha bagagem, onde ele as colocou na cama. Na porta ao lado ficava o de Priscila, onde o motorista fez o mesmo com as malas dela.Logo fomos levadas ao quarto rosa. A casa era linda, o quarto era uma promessa de amor intenso. De rosa tinha muito pouco. O quarto era muito grande e os móveis brancos. Apenas detalhes na colcha da cama e das cortinas que eram rosas.—Fiquem à vontade. Temos dois caminhos para irmos até a piscina. Um deles é seguindo por esse corredor até o final dele.—Obrigada. —Dissemos quase em coro.Quando ela se afastou, Priscila correu até o closet e o abriu. Deu um assobio, quando viu seu interior. Eu curiosa fui até lá para ver. Fiquei boquiaberta com a quantidade de roupas, uma mais linda que a outra. Tudo muito bem organizado em cabides e gavetas.— Por que será que ele mantém um closet com tantas roupas maravilhosas?Eu sorri.Santa ingenuidade!—Ele deve trazer mulheres para cá, que vem no impulso de seu convite, cheio de sedução. Chegam desprovidas e usa as roupas que aqui estão. Ou tem alguma namorada fixa. Vai saber!Ela negou.—Se fosse uma namorada fixa ele não nos deixaria usar as roupas dela, acho que nem ela ia gostar, e com certeza estaria com ele agora. —Priscila me disse sonhadora.Ela foi abrindo as gavetas até que achou a dos biquínis e maios.— Olha esse. —Ela me mostrou o amarelo.—Usa. Você está bronzeada, ficará bem em você. —Eu a incentivei.—Vou experimentar.Eu fucei na gaveta e achei um branco e preto. Fui ao banheiro me trocar, Priscila ficou com o quarto para essa tarefa. Quando pronta, me fitei no espelho.Ele era absurdamente lindo. Nem que eu procurasse, acharia tal joia. Priscila quando me viu, se mostrou surpresa.—Sortuda! Pegou um mais bonito que o meu.—Quer trocar? Não me importo.Ela sorriu.—Não, eu não sou muito peituda, para mim não ficaria bem.Eu
Fechei os olhos evitando olhar para Maria. Ela estava me enlouquecendo, me tirando do sério. As memórias instantâneas do dia que a vi no escritório começaram a dançar em volta da minha cabeça latejando.Quando assumi a Inove, sabia tudo que me esperava profissionalmente. Experiência não me faltava, pois fui editor chefe do jornal regional London.Fui apresentado a todos e fiz meu discurso, nada planejado, preparado antes. Eu disse o que veio ao meu coração dizer. Me apresentei da forma mais objetiva e simples do mundo.Me senti muito a vontade assumindo a diretoria da revista. Já estava acostumado com aquele tipo de ambiente de trabalho, sempre gostei da liderança. Esperava fazer um bom trabalho, arrematar o que faltava e melhorar a vendagem da revista. Tudo estava indo bem. Seria mais uma conquista, fruto do meu trabalho e da minha dedicação.A conversa fluía com o antigo diretor que me passou tudo e me apresentou a todos. Nesse dia, eu não vi Maria. No dia seguinte
Esse desgraçado teve a cara de pau de usar meu nome, isso me levava a crer que eles tiveram um relacionamento enquanto ele era casado. Ela deve ter descoberto tudo. Que meu irmão sempre fora um cafajeste, isso para mim, não era surpresa.A pergunta agora era:O filho de Maria, era de Nicholas? O filho poderia ser dele.Meu irmão hoje estava separado. Ela estaria mesmo disposta a afastá-lo de si? Mesmo sabendo que hoje ele era um homem livre?Maria Eduarda o amava ainda?Como eu a colocaria em minha vida? Se meu irmão me visse com ela, como ele reagiria? Poderia tentar se redimir, arrependido das burradas que fez. Conquistá-la. Eles tinham algo em comum, um passado, um filho.Eu precisava entender tudo antes, e eu usaria, por enquanto, a figura de meu irmão. Precisava realmente descobrir se esse filho era dele. E sentir qual seria a reação dela, diante da minha descoberta.Então outro ponto, começou a me preocupar. Se eu me revelasse a ela. Quem ela veria? A figu
Eu me sentei na borda da piscina no sol e fitei Zachary, ele estava de olhos fechados.Fechei os olhos, me lembrando dele no passado.Um homem galanteador, sempre querendo me agradar me dando presentes, palavras doces, promessas. Hoje, eu entendia que ele queria que eu me iludisse com ele, enquanto ele me fazia sua amante. Era confortável para ele ter um casamento de aparências por causa de dinheiro dela e ao mesmo tempo me ter na cama dele.Na verdade ele me alimentava com suas migalhas, me fazendo achar que eu era a mulher da vida dele, a dona da situação, mas percebi que na verdade ele me manipulou ao seu bel prazer. Vivi de acordo com o que ele estipulou. As sobras do tempo dele.Mas e agora?Qual era a dele?Primeiro agiu como se eu nunca tivesse feito parte de sua vida e me mostrou um lado dele que eu não conhecia. E muito mais perigoso.Era um novo Zachary, o homem centrado, dedicado, profissional e maduro. E principalmente, agia como se aquele homem,
Logo que alcancei meu quarto, as lágrimas desceram fáceis de meus olhos. Estava acontecendo algo comigo que estava me deixando confusa e perplexa: Jamais pensei, depois de tudo que Zachary me fez, eu ficasse tão balançada por ele.Eu não conseguia ignorar aquilo que nosso encontro tornara abundantemente claro. Que parte de mim ainda buscava uma forma de fugir do que eu estava sentindo. Em alguns momentos, o outro lado sobressaía dizendo para eu acreditar nesse novo homem que eu estava vendo, então vinha o outro e lutava contra.E eu que acreditava que tinha superado Zachary...Burra!Quando eu o avistei no meu trabalho, já foi algo que, nem nos mais terríveis pesadelos eu imaginaria. Zachary trabalhando? Diretor de uma revista de prestígio?E pior, sendo meu chefe.Isso me deu um nó na cabeça, pois para mim ele era um sanguessuga, um boa vida. Essa imagem dele tão profissional, eu não tinha comigo. E eu tinha me apegado ao pior dele como uma tábua de salvação. Aflo
Ele se colocou a minha frente. Senti o perfume dele, Ele se inclinou para frente. Estava muito próximo.Meu Deus! Próximo demais.Eu desviei meus olhos do rosto dele e fitei sua camiseta. Quieta.Percebi pelo descer e subir de seu peito que sua respiração estava tão ofegante quanto a minha. Seu corpo estava tenso, eu podia ver. Ele mudou de perfume, não usava aquele que ele tanto gostava. Não tem mais o cheiro que ele costumava a ter. Talvez por isso eu não consiga raciocinar direito, pois parece que estou diante de outra pessoa. Queria empurrá-lo para longe para que ele entendesse que eu era feliz, até ele chegar. Eu estava indo bem. Agora eu me sinto triste. Eu senti o sangue ferver, estava estranhamente emocionada por ele estar tão perto de mim, sentindo uma coisa estranha por desejá-lo, como nunca o desejei antes, nem no passado, eu sentia o que estava sentindo agora. E isso estava me deixando confusa.Algo nele, alguma mudança dele estava fazendo isso comigo
Quando sua boca tocou a minha, fechei meus olhos e deixei que tudo acontecesse eu não consegui deixar de abrir os lábios para recebe-lo. Sentir a umidade morna da boca dele, foi algo tão maravilhoso que eu estremeci e me segurei nele para não cair. Ele me apertou em um dos braços, enquanto uma mão segurava a minha cabeça, seus lábios passaram a se mover sobre os meus famintos.Eu não o resistia, não conseguia, fiquei atordoada com a sensação maravilhosa de estar nos braços dele, sentindo seu calor, sentindo seu perfume maravilhoso.Quando eu estava para corresponder seus beijos, a imagem dele me dizendo que era casado, me veio muito forte, e minha razão falou mais alto que meu coração, ela me lembrava agora que: eu fui um joguete nas mãos dele, talvez eu fosse seu brinquedinho novo.Tive que ter muita, mas muita força de vontade para empurrá-lo.Ele não me impediu de afastá-lo e eu tenho certeza que se ele quisesse, ele poderia me dominar, mas o beijo, pareceu satisfazê-
Zachary Eu sabia que tinha de ser paciente com Maria. Não era que ela estava sendo dura, ou razoável. Mas ela não conseguia entender. Ele não fazia ideia de quem eu era – três meses juntos. Isso ainda doía em meu coração. TRÊS MESES.Meu irmão a conseguiu enganar por todo esse tempo. No fundo, ela e meu irmão tinham uma história juntos. E eu? Não tinha absolutamente nada. Ela nem sabia que eu existia.Ainda...Não queria falar desses tempos estéreis. Do passado vivido entre os dois. Eu queria que ela na verdade, o esquecesse. E só o lembraria para não o repetir.Meu irmão sempre foi um inconsequente. Uniu-se a Nádia, em um casamento sem amor, e nunca me escondeu isso. Eu o responsabilizava por todas as coisas estúpidas que havia feito a Maria. A dor que ele causou.Então, eu teria que colocar a minha explicação em palavras muito cuidadosamente. Explicar porque eu ainda não tinha revelado quem eu era. Mostrando a ela, que eu na verdade estava sentindo o terreno