Cinco anos atrás...
Era uma segunda feira, à tarde, quando ele apareceu. Na época ele disse que que estava viajando a trabalho. E tinha sumido por quase uma semana.Eu estava saindo do banho quando uma batida pesada na porta me assustou. Vesti rápido meu vestido de algodão, com o coração agitado. Corri os dedos pelo meus cabelos porque eu não teria tempo para escová-los. Corri para a sala e quando eu cheguei à porta da frente, eu respirei fundo antes de abrir.De pé na minha porta está Zachary (Nicholas), o cabelo ligeiramente úmido, com uma calça preta e uma camisa branca, parecendo tão lindo que faz meu coração doer.— Brasileirinha. — Ele murmurou com um sorriso torto, seus olhos fixaram-se nas gotas de água pingando do meu cabelo e escorrendo pelo meu corpo.— Zachary. — Eu sussurrei, encontrando seus olhos quando os dele procuram os meus novamente.Seu rosto dele estava cheio de luxúria.— Você vai me convidar para entrar?Eu engoli em seco e me afastei.No dia seguinte me levantei cedo, deixei Jonathan na escola, Consegui chegar ao trabalho no horário. Entrei com meu carro no estacionamento interno e olhando ao redor, procurei uma vaga. Logo a encontrei. Sai do carro e alisei minha saia lápis preta e acertei a camisa branca dentro dela. Peguei minha bolsa com o gravador contendo a entrevista que tínhamos feito com Ryan e me dirigi aos elevadores.Enquanto eu o esperava, logo senti passos atrás de mim. Meu Deus, aquele perfume...Logo senti a presença de alguém ao meu lado. Me virei para ver, sem conseguir evitar o impacto dentro do meu coração fitei Zachary, olhando para mim, lindo e perfeito, tudo o que um homem deve ser. Mas não na aparência, eu conseguia enxergar sua alma transparente em seus olhos e naquele sorriso. Eu foquei na sua covinha, e seus olhos negros, e da forma como todo o seu rosto se iluminava ao me ver, agradeci silenciosamente por Deus colocá-lo em meu caminho.Vê-lo ali, me alegra, me faz perceber que
Maria EduardaMe dirigi até a minha mesa e ocupei minha cabeça, Por um momento me dei conta da situação absurda que me encontro.Hoje sou uma mulher madura, não mais a garota de dezoito anos. Ele deve ter alguma explicação plausível para tudo isso. Não é possível que eu tenha me enganado tanto...Se acalme, faça o seu serviço e quando tiver oportunidade, esclareça as coisas.Respirei fundo e me envolvi com meu trabalho, na hora do almoço, Priscila me convidou para descermos até o restaurante, eu dei uma desculpa e fiquei por ali. Ia almoçar mais tarde. Não estava afim de falar mais nada sobre a loira. Cheguei à conclusão que não adiantava me descabelar, sofrer adiantado.Droga!Mas a imagem dela não saia da minha cabeça...Rachel...RachelÉ claro! Ele tinha me falado dela...Sim! A ex dele se chamava Rachel, só podia ser ela!Na tarde que ficamos juntos conversando na casa de Ryan, ele tinha me contado de uma mulher que segundo ele, o tinha deixado
Meia hora depois, eu entrava com o carro na rua da minha casa, ao longe avistei Nicholas. Ele estava encostado ao seu carro, do outro lado da rua. Vestia roupas esportivas. Uma calça marrom, camiseta branca e jaqueta de couro preta.Eu embiquei o carro e abri os portões e voltando para o carro, entrei com ele dentro de casa. Quando desci do carro, Nicholas já entrava no meu quintal estreito. Desviei meus olhos da figura dele e abri a porta do passageiro para tirar Jonathan da cadeirinha.Droga! Jonathan dormia. Se ele permanecesse dormindo, eu teria que enfrentar Nicholas sozinha.Antes de eu me inclinar para tirá-lo, Nicholas se aproximou de mim.— Pode deixar! Eu o levo para dentro.Ele deu uma risada suave e se moveu para frente. Eu endireitei os ombros.—Tudo bem. —Disse seca.Fui até a porta e a abri. Entrei na casa, abrindo todas as janelas para tirar o cheiro de casa fechada. Queria poder tomar um banho sossegada, e relaxar. Esse mês seria um inferno. Min
ZacharySai da casa de Maria Eduarda pensando em tudo que ela me disse sobre Nicholas. Se seguisse meu raciocínio lógico, não iria atrás dele, essa era a verdade. Para mim ele era um idiota arrogante, um cafajeste que enganou Maria Eduarda, que se aproveitou de Nádia, e poderia estar jogando para ganhar Maria Eduarda.Mas meu coração me impulsionava a fazer ao contrário. Acho que era aquela coisa do "sangue". Afinal, ele era meu irmão.Outra coisa também que me instigava era a curiosidade de querer entender por que Maria Eduarda ficou tão abalada quando conversou com ele.Antes que eu percebesse eu já estava em frente ao meu apartamento embicado na entrada esperando o porteiro abrir para mim. Os portões se abrem. Nessa hora uma sombra projeta sobre mim, e uma batida no capô do meu carro.—Nicholas.—Quero conversar.Confuso de vê-lo em frente ao meu prédio, com certeza esperando que eu chegasse, eu disse:—Claro! Entre no carro.Nicholas deu a volta e abri
No dia seguinte fui a revista com Zachary, fui tratar da minha demissão. Todo o pessoal da revista, quando me viram entrar ao lado dele, vieram me cumprimentar, os olhares logo se direcionavam ao meu anel de brilhantes na minha mão direita. Isso me fez pensar de como Zachary realmente pensava em tudo.Essa característica dele de planejar, arquitetar para sair tudo de acordo, e quando isso, saía fora de seu controle, ele se perturbava. Isso explicava muito sua reação ontem.Priscila estava na fila para me abraçar. Quando ela assim o fez, me apertou nos braços e depois me afastou com um sorriso, de orelha a orelha. Foi a maior vibração de felicidade que senti em relação a todos. Creio que por ter melado um pouco o meu relacionamento com Zachary, me falando aquele dia de Rachel. Deve ter sido um alívio ao saber que estávamos bem. Ela disse para nós dois com os olhos cheios de lágrimas:—Estou nas nuvens por vocês dois. E devem se amar muito, pois vocês se decidiram muito r
Um mês e meio depois...Casamos só no civil, num dia chuvoso que foi feito na casa dos Walters. Fiquei feliz com a presença de Nicholas. Ele, o tempo todo ficou com o filho no colo. Ele estava mais magro, parecia bem abatido. Foi um choque ao vê-lo. Isso não deixou de doer no meu coração, mas eu fiz de tudo para não mostrar isso. Esse dia, era um dia muito especial, de muitos sorrisos, afinal, eu estava me unindo ao homem que eu amo.Mamãe estava chorosa, reflexo da emoção de me ver casando com um homem que me olhava com adoração. Não tinha quem não notasse os olhos de amor de Zachary para mim, em todo o tempo. Eu também não deixava por menos, meus olhos refletiam o quanto eu estava feliz ao lado dele, o quanto eu o amava.Quando finalizou os votos, recebemos os cumprimentos de todos. Muitos amigos, algumas pessoas do trabalho, como Priscila, Heitor, que era aquele senhor que eu tinha encontrado no elevador outro dia e que era amigo da família de Zachary.Os pais de Zach
Corro pela calçada movimentada porque estou muito atrasada. Atravesso a rua, apressada, num malabarismo, segurando minha pasta como se isso dependesse minha vida, desviando do trânsito frenético de Londres. Olho para o relógio antes de entrar na editora que trabalho como jornalista. Eu estou meia hora atrasada. O dia não começou fácil.Droga! — Exclamo quando começa a chover forte. Meu cabelo ficará armado. A vontade de colocar a pasta na cabeça é grande, mas eu posso molhar as fotos, então a protejo colocando-a dentro do meu terninho preto do conjunto que estou usando.Já posso imaginar o olhar de desaprovação de meu editor chefe McCartney, só de pensar fico aterrorizada, pois é a terceira vez na semana que eu estou chegando atrasada. A primeira vez foi o carro que quebrou, a segunda vez eu me atrasei pois, antes de ir para o trabalho, levei o carro ao mecânico. Hoje fui pegá-lo, só que o mecânico demorou um pouco para me atender. E quando me atendeu, foi para me dizer qu
Desci quase em frente. Fitei o relógio, 18:40 hrs. Era sempre assim, nunca conseguia chegar no horário certo. Entrei na escola e fui até uma salinha onde as crianças ficavam a espera dos pais. Jonathan quando me viu, veio correndo com a malinha nas costas, com um sorriso enorme no rosto. Eu me abaixei e o abracei. Não consegui conter as lágrimas. Droga! Geralmente eu não era assim, tão emotiva. Eu as enxuguei antes que Jonathan visse. —Oi, como foi tudo? Brincou bastante? Ele mexeu a cabecinha para mim. Ele era a miniatura do pai. Cabelos negros, olhos negros, e bem grande para sua idade. Seria bem alto. —Hoje nós vamos na vovó? Eu neguei. —Não. Vamos visitá-la outro dia. Minha mãe tinha recentemente pegado um cachorro pequeno na rua. E Jonathan adorou. Agora não via a hora de ir lá para brincar com o animal. —Amanhã? —Amanhã! —Respondi com um sorriso. Amanhã já era quinta-feira. —P