—Ele deve trazer mulheres para cá, que vem no impulso de seu convite, cheio de sedução. Chegam desprovidas e usa as roupas que aqui estão. Ou tem alguma namorada fixa. Vai saber!
Ela negou.—Se fosse uma namorada fixa ele não nos deixaria usar as roupas dela, acho que nem ela ia gostar, e com certeza estaria com ele agora. —Priscila me disse sonhadora.Ela foi abrindo as gavetas até que achou a dos biquínis e maios.— Olha esse. —Ela me mostrou o amarelo.—Usa. Você está bronzeada, ficará bem em você. —Eu a incentivei.—Vou experimentar.Eu fucei na gaveta e achei um branco e preto. Fui ao banheiro me trocar, Priscila ficou com o quarto para essa tarefa. Quando pronta, me fitei no espelho.Ele era absurdamente lindo. Nem que eu procurasse, acharia tal joia. Priscila quando me viu, se mostrou surpresa.—Sortuda! Pegou um mais bonito que o meu.—Quer trocar? Não me importo.Ela sorriu.—Não, eu não sou muito peituda, para mim não ficaria bem.Eu dei de ombros. Fui até o closet e achei um chapéu de palha com desenhos circulares preto e uma saída preta. Peguei uma rasteirinha de couro cru.—E então? —Eu girei na frente de Priscila.—Perfeita. —Ela disse com admiração nos olhos. —Vou pegar um chapéu também.Ela entrou no closet e saiu com um chapéu de palha, estilo clássico, uma saída preta, uma rasteira amarela.—Gostou? —Ela perguntou.—Ficou linda! — Eu disse para ela.—Peguei um bronzeador. —Ela sorrindo, agitou o tubo na mão.—Ótimo! Vamos!Saímos juntas rumo à piscina. Nessa hora meu pulso acelerou e eu respirei fundo me lembrando de manter a calma. Mas só de pensar em ficar tão exposta aos olhos de Zachary, me deixava nervosa. Precisava desligar minhas emoções. Sempre fui fera nisso.Caminhamos pelo corredor cheio de portas e saímos para uma linda varanda fechada por vidros corrediços. Priscila o empurrou para o lado e abriu uma passagem.A piscina azul clara compunha um belo cenário. Se estendia até o interior da casa, onde uma parte dela ficava encoberta.Atrás desse cenário, um jardim com a vegetação local que deixava o ambiente mais natural. Algumas espreguiçadeiras da cor branca embaixo de grandes guarda-sóis. Estavam posicionadas em direção ao sol, num convite para o relaxamento.Então eu os avistei. Eles estavam do meu lado direito. Ryan logo que nos avistou, sorriu e caminhou em nossa direção.Ele usava apenas uma sunga preta. Sebastian estava bem a vontade de bermudão ao lado de Zachary, que não tinha trocado de roupa e estava sentado embaixo do guarda-sol. Droga! Só de vê-lo, eu me arrepiei toda.—Meninas. Estão lindas! Fiquem à vontade.Eu agradeci com um sorriso. Priscila sorriu e disse melosa:—Obrigada Ryan.— Eu vou para a água. Qual das duas me acompanha?— Eu vou. — Disse Priscila disse animada.Ryan sorrindo se afastou para dar um pulo na piscina, fazendo um rodopio no ar, com a desenvoltura de um atleta olímpico, espalhando água por todos os lados. Priscila jogou sua saída na cadeira e tampando o nariz deu um mergulho de cabeça.Eu desviei meus olhos deles e vi uma porção de toalhas brancas em um canto. Peguei uma e a estendi na espreguiçadeira. Sentada, tirei a saída de banho, e sem me conter relanceei os olhos em Zachary. Ele me encarava sério. Pensativo.Me sentindo agitada, arrumei a espreguiçadeira de forma que eu ficasse com a cabeça na sombra e o corpo no sol. Deitada, logo uma empregada gentilmente me ofereceu suco de abacaxi. Sei que era desse sabor, pois rodelas dele rodavam lindamente no grande e grosso copo, enfeitado com um canudo de guarda-sol.Fiquei um tempo, quieta. Bebericando meu suco, observando tudo. Ouvi os gritinhos de Priscila e sorri quando vi Ryan nadando e Priscila tentando acompanha-lo. Estendendo a mão, coloquei o copo vazio na mesa ao meu lado.Senti uma sombra se projetando em cima de mim. Zachary, puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado, dividindo a sombra que meu guarda-sol fazia.Eu que sorria, fechei a cara e o encarei séria. Ele correu seus olhos pelo meu rosto. Ele sorriu.—Você fica linda quando sorri. Deveria sorrir mais vezes.Zachary realmente estava estranho, eu estava ali, de biquíni e ele estava reparando no meu sorriso, ao invés de babar pela visão do meu corpo. Mesmo assim eu fechei a cara, fazendo com que os lábios dele se torcessem num riso irônico.
—Você precisa parar de me olhar como se eu tivesse chifres e rabo. —Ele avisou.Eu desviei os olhos dos dele e fitei Sebastian que agora entrava devagar na piscina, experimentando a agua.—Sinto muito ser tão óbvia. — Disse sem olhá-lo.—Então me olha assim? —Ele insistiu.—Não, acredito que te vejo pior que isso. Uma ovelha, mas é só a capa, pois por dentro se esconde um lobo.Eu percebi que ele sorriu.—E se eu te disser que está enganada comigo?Eu o fitei, a expressão dele era tão cheia de sinceridade que eu achei incrível.Como ele conseguia?Bem, eu não deveria me espantar. Já tinha visto isso antes e terminei com o coração destroçado.Droga! Por que eu tinha que ser tão transparente? Estraguei tudo. Antes, ele me tratava com a frieza de um profissional. Agora não.—Zachary. Eu estava gostando mais quando você queria levar tudo para o lado profissional. Esquece tudo que te falei lá na sala. Pois acho que você já esqueceu. Seguiu em frente.Ryan saiu da piscina e caminhou na minha direção.—Vem brasileirinha. A água está uma delícia. — Ele disse parado na minha frente, exibindo seu corpo magro molhado e bronzeado.Percebi que Zachary virou o rosto com desagrado. Pude perceber o quanto ele estava tenso.Zachary não estava gostando? Ah! Ele aguenta!Ele era bom para rir das próprias emoções, enquanto que eu, não. Estava me sentindo destruída por sentimentos que não podia controlar.Pra provocá-lo, aceitei o convite de Ryan com um lindo sorriso:—Claro!Ryan me estendeu a mão e eu a peguei, ele me ajudou a me levantar com um leve puxão. Caminhamos juntos até a piscina. Ele deu um pulo. Eu ao contrário, me sentei e fui me acostumando aos poucos, só depois entrei.Ryan nadou até o meu lado.—É impressão minha, ou nosso amigo ali, não gostou muito?Priscila nadou para perto de nós.—Não, não é impressão não. Eu já falei para Maria. Nosso chefinho ali, já está começando a dar bandeira.Ouvi aquelas palavras com uma triste sensação de prazer.Eu lancei um olhar para Zachary que nos encarava sério. Pensativo. Eu desviei meus olhos com tristeza, me sentindo vulnerável e frágil como vidro.— Vocês estão enxergando demais. Ele só quer que sejamos profissionais. Viemos para trabalhar. —Eu disse cortando aquele tipo de assunto e nadei para o outro lado.Fechei os olhos evitando olhar para Maria. Ela estava me enlouquecendo, me tirando do sério. As memórias instantâneas do dia que a vi no escritório começaram a dançar em volta da minha cabeça latejando.Quando assumi a Inove, sabia tudo que me esperava profissionalmente. Experiência não me faltava, pois fui editor chefe do jornal regional London.Fui apresentado a todos e fiz meu discurso, nada planejado, preparado antes. Eu disse o que veio ao meu coração dizer. Me apresentei da forma mais objetiva e simples do mundo.Me senti muito a vontade assumindo a diretoria da revista. Já estava acostumado com aquele tipo de ambiente de trabalho, sempre gostei da liderança. Esperava fazer um bom trabalho, arrematar o que faltava e melhorar a vendagem da revista. Tudo estava indo bem. Seria mais uma conquista, fruto do meu trabalho e da minha dedicação.A conversa fluía com o antigo diretor que me passou tudo e me apresentou a todos. Nesse dia, eu não vi Maria. No dia seguinte
Esse desgraçado teve a cara de pau de usar meu nome, isso me levava a crer que eles tiveram um relacionamento enquanto ele era casado. Ela deve ter descoberto tudo. Que meu irmão sempre fora um cafajeste, isso para mim, não era surpresa.A pergunta agora era:O filho de Maria, era de Nicholas? O filho poderia ser dele.Meu irmão hoje estava separado. Ela estaria mesmo disposta a afastá-lo de si? Mesmo sabendo que hoje ele era um homem livre?Maria Eduarda o amava ainda?Como eu a colocaria em minha vida? Se meu irmão me visse com ela, como ele reagiria? Poderia tentar se redimir, arrependido das burradas que fez. Conquistá-la. Eles tinham algo em comum, um passado, um filho.Eu precisava entender tudo antes, e eu usaria, por enquanto, a figura de meu irmão. Precisava realmente descobrir se esse filho era dele. E sentir qual seria a reação dela, diante da minha descoberta.Então outro ponto, começou a me preocupar. Se eu me revelasse a ela. Quem ela veria? A figu
Eu me sentei na borda da piscina no sol e fitei Zachary, ele estava de olhos fechados.Fechei os olhos, me lembrando dele no passado.Um homem galanteador, sempre querendo me agradar me dando presentes, palavras doces, promessas. Hoje, eu entendia que ele queria que eu me iludisse com ele, enquanto ele me fazia sua amante. Era confortável para ele ter um casamento de aparências por causa de dinheiro dela e ao mesmo tempo me ter na cama dele.Na verdade ele me alimentava com suas migalhas, me fazendo achar que eu era a mulher da vida dele, a dona da situação, mas percebi que na verdade ele me manipulou ao seu bel prazer. Vivi de acordo com o que ele estipulou. As sobras do tempo dele.Mas e agora?Qual era a dele?Primeiro agiu como se eu nunca tivesse feito parte de sua vida e me mostrou um lado dele que eu não conhecia. E muito mais perigoso.Era um novo Zachary, o homem centrado, dedicado, profissional e maduro. E principalmente, agia como se aquele homem,
Logo que alcancei meu quarto, as lágrimas desceram fáceis de meus olhos. Estava acontecendo algo comigo que estava me deixando confusa e perplexa: Jamais pensei, depois de tudo que Zachary me fez, eu ficasse tão balançada por ele.Eu não conseguia ignorar aquilo que nosso encontro tornara abundantemente claro. Que parte de mim ainda buscava uma forma de fugir do que eu estava sentindo. Em alguns momentos, o outro lado sobressaía dizendo para eu acreditar nesse novo homem que eu estava vendo, então vinha o outro e lutava contra.E eu que acreditava que tinha superado Zachary...Burra!Quando eu o avistei no meu trabalho, já foi algo que, nem nos mais terríveis pesadelos eu imaginaria. Zachary trabalhando? Diretor de uma revista de prestígio?E pior, sendo meu chefe.Isso me deu um nó na cabeça, pois para mim ele era um sanguessuga, um boa vida. Essa imagem dele tão profissional, eu não tinha comigo. E eu tinha me apegado ao pior dele como uma tábua de salvação. Aflo
Ele se colocou a minha frente. Senti o perfume dele, Ele se inclinou para frente. Estava muito próximo.Meu Deus! Próximo demais.Eu desviei meus olhos do rosto dele e fitei sua camiseta. Quieta.Percebi pelo descer e subir de seu peito que sua respiração estava tão ofegante quanto a minha. Seu corpo estava tenso, eu podia ver. Ele mudou de perfume, não usava aquele que ele tanto gostava. Não tem mais o cheiro que ele costumava a ter. Talvez por isso eu não consiga raciocinar direito, pois parece que estou diante de outra pessoa. Queria empurrá-lo para longe para que ele entendesse que eu era feliz, até ele chegar. Eu estava indo bem. Agora eu me sinto triste. Eu senti o sangue ferver, estava estranhamente emocionada por ele estar tão perto de mim, sentindo uma coisa estranha por desejá-lo, como nunca o desejei antes, nem no passado, eu sentia o que estava sentindo agora. E isso estava me deixando confusa.Algo nele, alguma mudança dele estava fazendo isso comigo
Quando sua boca tocou a minha, fechei meus olhos e deixei que tudo acontecesse eu não consegui deixar de abrir os lábios para recebe-lo. Sentir a umidade morna da boca dele, foi algo tão maravilhoso que eu estremeci e me segurei nele para não cair. Ele me apertou em um dos braços, enquanto uma mão segurava a minha cabeça, seus lábios passaram a se mover sobre os meus famintos.Eu não o resistia, não conseguia, fiquei atordoada com a sensação maravilhosa de estar nos braços dele, sentindo seu calor, sentindo seu perfume maravilhoso.Quando eu estava para corresponder seus beijos, a imagem dele me dizendo que era casado, me veio muito forte, e minha razão falou mais alto que meu coração, ela me lembrava agora que: eu fui um joguete nas mãos dele, talvez eu fosse seu brinquedinho novo.Tive que ter muita, mas muita força de vontade para empurrá-lo.Ele não me impediu de afastá-lo e eu tenho certeza que se ele quisesse, ele poderia me dominar, mas o beijo, pareceu satisfazê-
Zachary Eu sabia que tinha de ser paciente com Maria. Não era que ela estava sendo dura, ou razoável. Mas ela não conseguia entender. Ele não fazia ideia de quem eu era – três meses juntos. Isso ainda doía em meu coração. TRÊS MESES.Meu irmão a conseguiu enganar por todo esse tempo. No fundo, ela e meu irmão tinham uma história juntos. E eu? Não tinha absolutamente nada. Ela nem sabia que eu existia.Ainda...Não queria falar desses tempos estéreis. Do passado vivido entre os dois. Eu queria que ela na verdade, o esquecesse. E só o lembraria para não o repetir.Meu irmão sempre foi um inconsequente. Uniu-se a Nádia, em um casamento sem amor, e nunca me escondeu isso. Eu o responsabilizava por todas as coisas estúpidas que havia feito a Maria. A dor que ele causou.Então, eu teria que colocar a minha explicação em palavras muito cuidadosamente. Explicar porque eu ainda não tinha revelado quem eu era. Mostrando a ela, que eu na verdade estava sentindo o terreno
Eu me tranquei no quarto até o dia seguinte. Não dormi quase nada, a imagem dele com outra mulher não saía da minha cabeça.Era tarde quando me levantei, com uma dor de cabeça danada. Tomei um banho de imersão para tentar relaxar. A possibilidade de ver Zachary me deixava mal do estômago. Por isso tomei uma resolução. Não ficaria sozinha com ele. Eu precisa estar sempre acompanhada. Resolvi alugar os braços de Ryan.A minha garganta doía muito e dentro da banheira começou a me dar uns calafrios. A dor de cabeça que eu estava se intensificou. Sentia-me mal, as pernas pesadas, a cabeça rodando.Levantei-me da banheira vacilante, peguei a toalha e comecei a me enxugar, mas tive que me sentar no vaso sanitário, pois tudo começou a rodar. Coloquei o meu robe branco ainda meio molhada e me segurando fui até a porta. O quarto de Priscila era ao lado do meu, eu precisava avisá-la que eu não estava bem.E depois eu só queria voltar para a cama. . . A cada minuto eu me sentia pior