Vida Fácil(?)

Vida Fácil(?)PT

Realista
Fernanda Santos Navarro  Em andamento
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Resumo
Índice

Dizer que uma prostituta tem uma vida fácil é a coisa mais absurda que já ouvi. Grande parte das mulheres deixa suas famílias, muitas vezes filhos pequenos, para tentar encontrar soluções aos seus problemas financeiros. Quase todas que conheci são brasileiras. Vivem uma vida de mentira e desilusão à procura de dinheiro que todos falam que é “fácil” e rápido. Mas muitas vezes o que encontram é discriminação por serem estrangeiras e quererem “roubar” os maridos das que tem uma vida “normal”. Muitos querem que a polícia casse e prenda todas as “destruidoras de lares”. Quase todas ilegais, viajando clandestinas de norte a sul do país, de Portugal a Espanha e vice-versa, fugindo da polícia. Concordo a justiça em mandar de volta aos seus países de origem as pessoas ilegais, mas acho que há muita discriminação com os brasileiros, não só mulheres, também homens que saíram do Brasil à procura de uma vida com melhores condições para as suas famílias. E encontram uma realidade totalmente diferente do que estava a espera. Encontram muitas dificuldades para conseguir um trabalho “normal” e principalmente se legalizar. As mulheres são discriminadas, embora nem todas sejam prostitutas, basta ser brasileiras para ser chamada como tal. Graças à Deus encontrei bons amigos em Portugal, mas muitas pessoas que cruzaram o meu caminho me olharam como se fosse um objeto sexual. Sofri muito com a ignorância de algumas pessoas que pensam que uma brasileira só presta para sexo. Mas como não sou de baixar a cabeça, aqui estou relatando o que passei e um pouco do que se passa com as brasileiras que vivem legais ou ilegais em Portugal e Espanha e em outras partes da velha e linda Europa

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Dedicatória
Escrever este livro é uma vontade antiga, que acabou se tornando uma necessidade, após anos de luta tentando conseguir uma vida estável sem nunca ter conseguido. Depois de ver tanta gente do meu país e também de outras nações, serem maltratados e humilhados como eu também fui tantas vezes, apenas por sermos estrangeiros. Decidi que urgentemente escreveria em forma de protesto, solidariedade e cumplicidade com pessoas que sofrem tentando encontrar um lugar ao sol. Dedico à todas pessoas que participaram com seus depoimentos, que me foram de uma grande ajuda. À vocês, brasileiros e estrangeiros de outras nações; que passam o mesmo ou pior do que nós passamos. Dedico principalmente à todas as mulheres, do dia ou da noite, “putas ou santas”. Que se sacrifica por uma vida melhor.
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Vida Dupla
O que a gente tem que aguentar Fingir o que não sente, O que a gente tem que passar Nesta vida indecente. O beijo que dou não quero beijar Os lábios que sinto não quero sentir... Sorrio, enquanto quero chorar, Aguento o que não quero aguentar! Isso é vida? Pergunto-me... Muitas vezes imagino; quantas mulheres (neste mundo), Que querem outro destino. Vida dura, vida puta! Essa vida sem sentido... Fingir estar contente, quando no fundo querem gritar; Gritar, para que todo mundo ouçam; Essa vida não é minha! É somente uma ilusão da vida que eu não tinha. Vida dupla! Vida amarga! Prostituta? Talvez... Quem inventa nomes, quem diz ser quem não é; Quem finge amar quando odeia, o que é? Uma mulher, várias faces... Mesmo chorando tem que s
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NOTA importante
Tenho algumas informações que extrai de jornais e outras da internet. Agradeço as fontes que me cederam essas informações. Pois me foram de grande ajuda. Esta que vem a seguir foi extraída da revista Cláudia e tem tudo a ver com o conteúdo deste livro. Boa leitura! --------------------------------------------------------------------Matéria extraída da REVISTA CLAUDIA, ED. ABRIL. Brasileira = PROSTITUTA. É ASSIM QUE A EUROPA NOS VÊ. “Mulheres que escolhem Portugal e Espanha para estudar, fazer negócios ou simplesmente mudar de ares têm que provar o tempo todo que não estão lá para se prostituir ou arrumar marido. Fomos aos dois países rastrear as origens do preconceito – que se espalha pela Europa e está cada dia mais agudo.” Patrí
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O PORTUGA DE ONTEM E O BRASUCA DE HOJE.
Até meados do século passado eram os portugueses que buscavam acolhimento no Brasil – e esses lembrem-se, também foram rotulados de “burros”. Recentemente, o quadro se inverteu. A partir de meados dos anos 80, os brasileiros começaram a emigrar para a Terrinha. Primeiro, gente de classe média-alta, profissionais feitos, como publicitários, economistas, especialistas em informática, engenheiros e dentistas. Como Portugal passava por um forte período de modernização, pós-adesão à Comunidade Econômica Europeia, essas pessoas eram necessárias e bem-vindas (a não ser no caso dos dentistas que entraram em concorrência direta com os profissionais locais). No final da década de 90, houve uma mudança no perfil do imigrante brasileiro que passou a desembarcar, aos
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CARTA DE PATRÍCIA, FÍSICA, BRASILEIRA BARRADA NO AEROPORTO DA ESPANHA
Uma história de maus tratos, sexismo e arrogância. “Meu nome é Patrícia Camargo Magalhães, tenho 23 anos e sou mestranda em física na USP. Dia 9 de fevereiro, embarquei no voo IB6820, saindo de Cumbica (Guarulhos) com destino a Madrid, local em que faria escala e seguiria ao destino final: Lisboa. Em Lisboa, iria apresentar meu trabalho de pesquisa na conferência Scadron70, que começou dia 11/02 e termina 16/02. No entanto, a falta de documentos em mãos que provassem a minha estadia em Lisboa fez com que ficasse retida na aduana, sob a desculpa inicial de verificação da quantidade de dinheiro que eu carregava. Ainda sem entender ao certo o que estava acontecendo, me dirigi ao local indicado e esperei ser chamada. Cheguei ao aeroporto de Madrid 9h30 da manhã de domingo. Às 13h30 ainda esperava que alguém Ler mais
PRIMEIRA PARTE Relatos verídicos
Começamos os nossos primeiros relatos com a história de Denise, uma carioca de 30 anos que passou por um constrangimento somente por acreditar em uma ilusão. E COMEÇA ASSIM... Denise nos conta:“Ontem, Cláudia ligou me convidando para jantar com um amigo de seu amigo. Fomos a um restaurante comum, mas de bom gosto. Ela estava vestida lindamente com sua minissaia justa, meias de rede e umas botas de cano alto. Cláudia chama muito a atenção, pois é uma mulata bonita, com os seus cabelos longos e louros. É falso, mas é dela. Está pago!(Como ela diz). Achei muita graça quando me disse isto. Olhei pela janela e vi o Porche vermelho, parado à minha porta (sempre fazem isso para impressionar, vem nos buscar com o melhor carro. Às vezes até emprestado, mas a primeira vista, <
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EU VI COM MEUS PRÓPRIOS OLHOS, NINGUÉM ME CONTOU...
Conheci a Marta em um bar de música brasileira na cidade do Porto, Portugal. Acabei por ficar sua amiga, pela sua simpatia e alegria de viver, embora sua vida não tenha assim tantos motivos para comemorações (...). Pouco a pouco fui me envolvendo em sua intimidade e acabei por descobrir que o que havia detrás daquela mulher alegre e descontraída era uma vida dura e cruel... Um dia lhe comentei que estava escrevendo um documentário sobre as brasileiras em Portugal e lhe perguntei se gostaria de fazer parte da nossa história. Ela aceitou, mas me pediu para assistir de perto um dia do seu “trabalho”. Em princípio senti um pouco de medo, mas depois pensei bem e decidi que isso enriqueceria de detalhes o meu livro, então aceitei! Ela me contou que viveu na Espanha. Trabalhava em um clube noturno, onde a dona era uma br
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DIÁRIO DE CAMILA
Conversei com uma moça de Pernambuco que me emprestou seu diário para que eu mostre ao mundo o que ela e muitas outras mulheres passam em Portugal por falta de oportunidade. Saem do Brasil com a ilusão de conseguir bastante dinheiro, mas quase nunca conseguem. E a vida se transforma de conto de fadas a pesadelo. Veja o que nos conta Camila, vinte e nove anos. E viaje neste submundo de tristeza, angústia e solidão. “Hoje começa minha loucura por arranjar um meio de sair desse buraco negro em que me encontro”... 31-01-99Gastei os meus últimos escudos telefonando para alguém me tirar do caos. Tenho que me virar de cabeça para baixo, mas tenho que conseguir dinheiro para pagar minhas contas; aluguel, água, luz, enfim, todas as despesas normais de uma família... Fui parar em Aveiro, depois de tanta
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Isabela vive clandestina em Portugal. Tem um namorado de quem gosta muito e segundo ela, é a única pessoa que realmente lhe importa aqui, neste país. Segundo também me conta, ele prometeu ajudá-la a se legalizar. Mas até agora nada se resolveu. Até porque está quase impossível, porque ela já tem uma carta de expulsão. E omais grave é que até o passaporte  está caducado. E ela tem medo de tentar tirar outro e ser pega de vez. Só escrevo um pouco sobre ela, porque me pediu que a ajudasse. E a única coisa que pude fazer foi hospedá-la em minha casa por um mês, até que o seu namorado veio buscá-la. Morre de medo da polícia, por isso não viaja de trem, nem de ônibus, para muito longe. Com razão, porque agora a polícia pede documentos até nas estações e rodoviárias. E
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