Priscila Barcella Acabei dormindo ao lado do Liam. Max veio buscar a Nina após a reunião, para que ela pudesse dormir melhor. Acordei com a coluna doendo e os meus seios vazando. A preocupação com a minha bonequinha, que mama no mínimo duas vezes durante a noite, me consumia. Sabia que, se ela tivesse dormido aqui, teria sido difícil para todos. Liam ainda estava na mesma condição, imóvel e vulnerável. Olhar para ele assim me deixava com um nó na garganta. Peguei meu celular e liguei para casa para saber como estavam meus filhos e se Dona Marta tinha sobrevivido à primeira noite. Ela parecia uma doce senhora, mas não sabia como seria lidar com a rotina intensa dos meus pequenos. — Bom dia, senhora. Como está o Liam? — perguntou Josefa assim que atendeu, com a voz carregada de preocupação. — Está do mesmo jeito. E os meus anjinhos, como estão? — perguntei, tentando manter a voz firme. — A bebê não dormiu, mas Dona Marta já saiu para levá-la até você. Os outros estão se comportando
Priscila Barcella Estava ansiosa. Já fazia duas horas que levaram Liam para fazer os exames, e eu ainda não tinha recebido nenhuma notícia. Andava de um lado para o outro na sala de espera, sentindo-me como uma barata tonta. A cada passo, a angústia aumentava. O silêncio do hospital era perturbador, quebrado apenas pelo som distante de máquinas e passos apressados de enfermeiros. Meu coração estava acelerado, e a mente, repleta de cenários assustadores sobre o que poderia estar acontecendo. De repente, uma mão tocou meu ombro, me assustando. Virei-me rapidamente e vi que era Violet, seu rosto pálido e preocupado. — Ficar andando assim não vai resolver muita coisa — disse ela, me entregando um copo com água e um calmante. — Tome, vai te ajudar a se acalmar. Agradeci com um aceno de cabeça e tomei o calmante, esperando que ele trouxesse algum alívio para meus nervos à flor da pele. Senti o amargo do remédio na garganta, um reflexo de como minha vida parecia naquele momento. — O Max
Priscila Barcella Fiquei naquela sala por mais uma hora, e a cada minuto que passava, minha ansiedade aumentava. Meu coração estava apertado, e cada batida parecia ecoar em meus ouvidos. Me perguntava constantemente onde Liam estava e como ele estava. Recebi uma mensagem do Max, pedindo desculpas por não poder trazer a Nina. Ele teve um imprevisto e precisou ir para Brasília, mas prometeu que alguém estaria ajudando a Marta com as crianças, e que estaria de volta amanhã. Tentei me confortar com isso, mas a preocupação com Liam não deixava espaço para qualquer alívio. Então, para minha surpresa, a porta se abriu e Marta entrou com meus filhos e o senhor Fos. As crianças entraram correndo e me abraçaram com força. Eu precisava disso, precisava sentir o calor e o amor da minha família. Lágrimas de alívio e alegria brotaram em meus olhos quando vi Sebastião, Josefa e Ana entrando também. — Mamãe, o papai vai ficar bom, né? — Belinha perguntou, estendendo os bracinhos para mim, pedindo
Priscila Barcella Saí da sala, meu coração batendo acelerado. Cada passo em direção ao quarto onde Liam estava parecia durar uma eternidade. Quando finalmente cheguei à porta, senti um nó se formar no estômago. Eu estava prestes a vê-lo, mas não sabia em que estado ele estaria. Respirei fundo e empurrei a porta devagar. Liam virou a cabeça com cuidado quando me viu entrar. Seu rosto se iluminou com um sorriso fraco, mas reconfortante. — Pris...ci...la — ele disse com esforço, cada sílaba saindo com dificuldade. Seu sorriso, embora frágil, aqueceu meu coração. — Oi — falei, a voz embargada pela emoção enquanto me aproximava de sua cama. Senti uma onda de culpa me invadir. — Me desculpa, eu não deveria ter te mandado embora. Fiquei com raiva e não soube lidar. Mas me arrependi no mesmo minuto. Não tem como viver sem você — as palavras saíram atropeladas, a culpa e o arrependimento queimando em meu peito. Ele colocou a mão suavemente sobre minha boca, interrompendo meu fluxo de pala
Priscila Barcella Depois que as crianças foram embora, fiz Liam dormir o resto da tarde e a noite quase toda. Fiquei ao seu lado, observando-o dormir. Saí apenas para amamentar Nina, que estava sentindo minha falta. Mesmo querendo ficar com ela, estava preocupada demais com Liam para me afastar por muito tempo.Enquanto o observava, meu coração estava cheio de gratidão e preocupação. As memórias do momento em que o encontrei ferido me assombravam, mas vê-lo respirando tranquilamente me dava esperança.— Estou tão feliz que você está bem — sussurrei, sorrindo para ele, que ainda dormia.— Esta Priscila me assusta — ele murmurou de olhos fechados.Minha mente disparou. Assusta? Será que ele percebeu o quanto estou afetada por tudo isso?— Oi!? — respondi, confusa.— Você assim calminha me assusta, sabe? Mas obrigado por estar comigo...— Eu não sou doida de te deixar. Mas você está bem? — perguntei, tentando esconder minha ansiedade.— Estou, só com uma dorzinha na cabeça. O doutor me
Priscila Barcella Cheguei em casa e encontrei uma cena que nunca imaginei ver na vida: o senhor Fos, no tapete da sala, montando uma estrutura de Lego com Ítalo e Íris. Josefa, a governanta, brincava de comidinha com Belinha. Nina, minha bebezinha, não estava na sala. — Mamãe! — Belinha gritou ao me ver, sendo a primeira a notar minha presença. — Você brigou com o papai? — perguntou, preocupada. Ajoelhei ao lado dela, acariciando seu cabelo. Meu coração apertou ao ver a preocupação em seus olhinhos. — Não, querida. O Liam só queria o colo da mãe dele. A vovó Marta foi ficar com ele um pouquinho para que a mamãe pudesse descansar aqui com vocês — expliquei, beijando sua testa, tentando passar toda a segurança que ela precisava. — Eu entendo o papai. Eu também ia querer colo de mãe — ela disse, e logo Íris e Ítalo vieram me abraçar, envolvendo-me em um calor reconfortante que só os filhos podem proporcionar. — Só pela carinha da mamãe dá para ver que o tio Liam está bem — Íris com
Priscila Barcella Minha bebezinha aproveitou a noite para mamar. Ela quase não dormiu e, embora não estivesse com dor nem enjoada, só queria estar comigo. Mamava muito, me olhando com aqueles olhos grandes e curiosos, como se estivesse se certificando de que eu não iria embora — pelo menos foi o que pensei. Segurei-a firme, sentindo uma onda de culpa por estar ficando longe dela. Eu queria dar a ela todo o meu tempo, mas a realidade me forçava a me afastar. Acabei cochilando um pouco com ela ainda no meu seio, seu pequeno corpo aquecido contra o meu. O som do celular tocando me despertou. Não eram nem seis horas da manhã. Atendi sem nem olhar para o número, ainda muito sonolenta. — Alô — falei com os olhos fechados e a voz rouca de sono. — Eu achei que você tinha se afastado do meu filho — a voz de Marina, mãe do Max, estava nitidamente alterada e me fez despertar instantaneamente. — Você é realmente uma aproveitadora. Eu sabia assim que te conheci. E que história é essa de que eu
Priscilla Barcella Cheguei ao hospital com o coração apertado, sentindo o peso esmagador das últimas 24 horas. Entrei no quarto onde o Liam estava, o som dos monitores de batimentos cardíacos me causando uma sensação de alívio misturada com ansiedade. Ele dormia tranquilamente, com Marta cochilando na poltrona ao lado, seu rosto enrugado refletindo cansaço e preocupação. Aproximei-me dele com cuidado para não acordá-lo. Ao vê-lo ali, vulnerável, uma onda de emoções tomou conta de mim – alívio, amor, culpa. Já estava prestes a me afastar quando senti sua mão quente segurando a minha, seu toque familiar me ancorando. — Não me dá nem um beijo de bom dia? — ele murmurou, com um sorriso sonolento, mas que ainda conseguia iluminar meu coração. Inclinando-me, depositei um selinho em seus lábios, tentando esconder a dor e o cansaço que provavelmente estavam estampados no meu rosto. — Dormiu bem? — perguntei, enquanto ele acariciava meu rosto com uma ternura que me fez querer desmoronar a