Início / Romance / O babá / Capítulo 61
Capítulo 61

Priscila Barcella

Quase não consegui dormir à noite, e como não queria ver o Liam, saí cedo com a minha bebê e só deixei um bilhete avisando.

Cheguei no escritório, e como sempre, a Joyce já estava lá, só que desta vez na sua mesa.

— Chegou cedo, senhora. Oi, Nina, linda da titia — ela falou brincando com a minha filha.

— Não estou de bom humor hoje, então só me chame se for de extrema importância...

— O encontro foi tão ruim assim? — ela perguntou.

Resolvi ignorar e entrei na minha sala. Coloquei a Nina no Moisés e me sentei no sofá à sua frente.

— Sua mãe só se ferra, né? Você vai me abandonar um dia? — perguntei à bebê. — Espero que não. Eu quero te ver crescer e se tornar uma linda mulher — falei, e ela sorriu para mim.

Estava admirando a minha menininha quando escutei batidas na porta e, logo em seguida, o Max entrou. Respirei fundo, pois precisava ter uma conversa séria com ele.

— Bom dia, minhas garotas — ele falou com um sorriso nos lábios, mas notei um hematoma no canto da sua boca.

Assim que ouviu a voz dele, a Nina começou a se agitar, procurando-o, e deu um grito que nos fez sorrir.

— Ela já reconhece a minha voz — ele falou todo bobo, pegando-a no colo. Nina deitou a cabecinha no ombro dele, passando a mão na barba dele. — E essa carinha... o jantar foi muito ruim ou brigou com o babá? — ele perguntou enquanto paparicava a Nina.

— Tá tão na cara assim que eu gosto do Liam? — perguntei, e ele sorriu.

— Tá na cara dos dois. Desta vez eu tô ferrado — ele falou rindo.

— Falando em nós, precisamos conversar, Max — comecei a falar, tentando criar coragem para dizer a verdade, já que o Max estava tão contente com a minha filha no colo.

— Claro, Priscila. Sobre o que você quer conversar? — Max perguntou, ainda brincando com a Nina em seus braços.

Respirei fundo, sentindo um nó na garganta. O peso das palavras que eu precisava dizer parecia aumentar a cada segundo.

— Max, precisamos esclarecer algumas coisas sobre a Nina — comecei, tentando manter a voz firme. — Eu sei que você tem pensado que ela pode ser sua filha, mas...

Ele levantou o olhar para mim, um misto de confusão e preocupação em seu rosto.

— Priscila, o que você está tentando me dizer? — ele interrompeu, sua voz baixa e trêmula. — Por favor, não minta para mim. Eu sei que se ela é sua filha, ela é minha também, ou você conseguiu se envolver com outro homem? — ele perguntou, sabendo que eu tenho muita dificuldade em me envolver com toques e que ele foi o único que conseguiu cruzar a linha para ter algo mais íntimo.

— Max, eu sei que você se sente conectado à Nina, e eu não quero tirar isso de você. A verdade é que ela não é sua filha. A Nina é minha sobrinha, e eu sou a guardiã dela agora — disse, tentando medir cada palavra cuidadosamente.

O rosto de Max ficou pálido, e ele ficou em silêncio por um momento, ainda segurando a Nina com cuidado.

— Mas como você a amamenta? — ele perguntou, me analisando.

— Eu fiz um tratamento de lactação induzida para produzir leite. Minha irmã morreu, a Nina era muito pequeninha, ela não sabia sugar na mamadeira e nem aceitava outro bico, então precisei me virar para ela se alimentar. Max, eu sei o quanto você sonha em ser pai. Você acha mesmo que eu não teria te contado? — falei, me aproximando dele, que se sentou com a Nina no colo, a abraçando. Me abaixei, tocando no seu rosto, que não estava com uma expressão muito boa.

Max olhou para Nina, que estava brincando com sua gravata, e depois voltou seu olhar para mim. Seus olhos estavam marejados, e eu sabia que ele estava profundamente magoado.

— Priscila, eu... — ele começou, mas sua voz falhou. — Eu não sei o que dizer. Eu já me apeguei tanto a ela, mesmo não estando com ela o tempo todo — disse, e as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.

Levantei-me e fui até ele, colocando uma mão em seu ombro.

— Max, sinto muito. Eu não queria te magoar. Não passou pela minha cabeça que você poderia pensar que a Nina era nossa filha — sussurrei, com a voz embargada.

Ele respirou fundo, tentando se recompor, e enxugou as lágrimas com a mão livre.

— Eu entendo, Priscila. É só que... — ele fez uma pausa, olhando para a Nina novamente. — Eu amo essa garotinha como se fosse minha própria filha. Será que... será que posso continuar sendo parte da vida dela? Posso ser o pai que ela precisa? — pediu, sua voz cheia de emoção.

Eu não sabia como dizer não para ele, mas sabia o quanto ter um filho era uma responsabilidade muito grande.

— Max, você vai conhecer uma mulher que vai te dar todo o amor que você merece e vai te dar a família que você tanto sonha. Você sabe que eu nunca vou conseguir te dar isso...

— Priscila, eu não estou te pedindo em casamento. Você sabe que eu gosto muito de você, e sua felicidade é muito importante para mim, com ou sem mim — ele falou, sendo muito sincero. — Ontem, quando fiquei sozinho com a nossa bebezinha, fiquei refletindo nisso e no porquê o Liam me incomoda. Ele só me incomoda porque você gosta dele. Eu sei que você e o Afonso são só negócios, e a minha raiva era o Salles te usar como um pedaço de carne e você se sentir mal por isso — ele começou a falar, olhando nos meus olhos.

Fiquei surpresa com as palavras de Max. Ele havia entendido tudo, mesmo sem eu precisar explicar. Ver a sua preocupação com a minha felicidade me fez perceber o quanto ele realmente se importava comigo.

— Max, eu... não sei o que dizer. Você é realmente incrível.

— Eu sei — ele falou, me fazendo sorrir. — Mas me deixa ser o pai da Nina. Eu nunca atrapalhei as suas escolhas e não vou fazer isso agora. Mas me deixa ser o pai que ela precisa e merece — ele pediu com os olhos cheios de esperança, e nós dois olhamos para a Nina, que estava encaixada no ombro dele.

©©©©©©

Continua...

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo