Eu ri com ironia:
- Adoro homens possessivos!
Ele arregalou os olhos:
- Do que você está falando? Meu Deus, você ainda não está bem! Devo levá-la ao posto médico da cidade?
- Outras mulheres fugiriam de homens como você. Não é o meu caso... Sempre quis alguém que me cuidasse, que me protegesse, que me fizesse sua propriedade, demonstrando que sou importante... E significo algo.
Ele meneou a cabeça, parecendo incrédulo:
- Deus a cuida e a protege sempre. Ele não a julga sua propriedade. Você é importante para Deus... E sempre significará tudo.
Eu ri:
- Você é crente?
- Crente? – ele franziu a testa – Sim, sou crente em Deus, em Jesus e na Sua palavra.
- Tem certeza de que a gente não transou? – perguntei.
Ele arregalou os olhos:
- Por tudo que é
POV ISLAEu ainda andava de um lado para o outro, preocupada. Não tinha o que fazer... Por mais que tivesse resistido para avisar Júlio, não houve mais alternativas. Embora eu imaginasse que trazer Danna para casa fosse tirar toda tranquilidade da minha vida e devia aceitar os problemas que vinham com ela, não pensei que pudesse ter tanta dor de cabeça em tão pouco tempo.Eu já pensando em sair e fazer um boletim de ocorrência na polícia, quando a porta se abriu e ela entrou, fazendo meu coração tranquilizar-se... Ou não.Seus cabelos estavam completamente desgrenhados, a roupa suja e parecendo úmida, os olhos borrados e os lábios avermelhados, com alguns borrões de batom por fora da boca.Senti um medo imenso tomar conta de mim e implorei, quase sem voz:- Me diga que está tudo bem!- Está... Tudo bem. – Ela disse, ace
Assim que desci no táxi, na cidade vizinha, senti uma angústia crescente dentro de mim. O coração batia descompassado, as pernas quase não respondiam aos comandos do cérebro.Eu tive que contatá-lo através do pager e exigir que viesse me encontrar a fim de falarmos sobre Danna. Mas fazia tantos anos que não o via... E vê-lo sempre era motivo de nervosismo.Marcamos num café conhecido, embora eu soubesse que não devia ser nada parecido com o luxo ao qual ele estava acostumado. Júlio sempre foi rico, mas agora eu já sabia que ele tinha passado daquele patamar, estando bilionário provavelmente.Antes de entrar no café vi o Rolls-Royce estacionado e de imediato soube que ele já estava ali, já que ninguém na cidade teria um carro daquele.Respirei fundo e rezei brevemente antes de passar pela porta e procurá-lo entre as pes
Juntei mentalmente cada pedacinho quebrado do meu coração e colei em segundos. Respirei fundo e tentei não ser grosseira:- Sinto muito, Júlio, mas não estou aqui para falar sobre você – fui sincera – Eu tenho que voltar para o trabalho em breve – deixei claro, olhando no relógio – E meu interesse é em curar Danna e fazer com que ela volte a ter amor pela vida... Assim como você diz que voltou a ter.E Deus era prova de que eu não queria nada com ele e nunca me passou pela cabeça que pudesse haver alguma chance para nós depois da morte de Celli. Mas saber que ele amava outra mulher e que não era a minha irmã doeu muito. E se aquilo doeu em mim... Como foi para Danna se adaptar à Nadine?Era óbvio que ela teria dificuldades. Celli era uma pessoa incrível, um ser de luz e deixaria um buraco em qualquer coração depois de sua partida, assim como deixou em mim. Lembrei que Danna tinha 9 para 10 anos quando tudo aconteceu. Em sua cabecinha era normal se sentir culpada, afinal, por causa da
POV DANNA DAVEEstava fazendo exatamente uma semana desde que Isla havia me sacudido e posto meu rosto que parecia de uma vadia desfigurada na frente do espelho. Desde então eu estava tentando ao máximo não ser um peso morto para ela e Vanessa. E sim, como eu queria fazer tudo que podia de errado para que Isla perdesse a paciência e meu pai me buscasse de volta para casa. Mas alguma coisa me fazia voltar atrás, parecendo que devia ficar um pouco mais.O fato de eu ter encontrado o salgueiro chorão, que agora eu já sabia o nome, a árvore com que sonhei durante anos, parecia um sinal de que eu estava predestinada a conhecer aquele lugar. E o pintor estava lá... Exatamente naquele lugar, no lugar dos meus sonhos. Não havia a mínima possibilidade de ser uma simples coincidência. E eu era o tipo de pessoa que não acreditava em porra nenhuma. Mas quem não ficaria impressionada de sonhar com uma maldita árvore tantas vezes e um dia amanhecer debaixo dela, sendo observada por olhos azuis inte
POV KILLIAN DE ALCÂNTARA- Olá, padre! – Ouvi a voz inconfundível da mulher que havia passado a noite alucinada ao meu lado há uma semana atrás, com o rosto coberto por uma... Toalha de mesa?Me deu vontade de rir, mas me contive. Quem em sã consciência põe uma toalha de mesa rendada na cabeça? Será que ela tinha sido agredida e por isto não queria mostrar o rosto?- Você já se confessou antes? – Perguntei, certo de que não.- Não. – Ela confirmou minhas suspeitas.Eu estava cansado. Não tinha noção de quantas pessoas eu tinha ouvido e minha cabeça já começava a latejar. Parecia que a cada sexta-feira vinham mais pessoas. E meu pai nem sempre conseguia me ajudar. E mesmo quando vinha, a minha fila era gigantesca e na dele tinha duas ou três pessoas, o que o deixava com a sensaç
Tudo se misturava na minha cabeça... Danna, suas palavras debaixo do salgueiro chorão, dizendo que sonhava com aquela árvore, os lábios dela, convidativos, Juliana... O boquete que ela havia feito na caminhonete, o acidente... A imagem de Cristo na cruz.Percebi que eu suava excessivamente. E quando consegui enfim voltar a mim Danna estava ali, sem dizer absolutamente nada, só respirando aceleradamente, como se realmente tivesse tentando se recuperar de um orgasmo.- Tem outro pecado? – Perguntei – Porque... Tem muitas pessoas ainda para se confessarem.- Não sou pecadora, padre.- Todos somos pecadores.- Você pecou agora, padre? Você gozou? Você ficou duro?Engoli em seco:- Deus a perdoa por este pecado.- Não quero que Ele me perdoe – ela foi enfática – Eu não acredito no seu Deus.- Então por que est&aacut
- Por que está usando esta toalha? – Perguntei.- Não é uma toalha... É um véu! – Aquela frase me pareceu tão inocente que senti algo forte, que me tocou de uma forma estranha.Nunca na vida tive vontade de sair dali e dar um forte abraço em alguém... Não o que eu queria dar nela, com força, querendo acordá-la e fazê-la perceber que não era uma criança... Que era uma mulher, linda... E que mesmo que tivesse cometido um crime no passado, Deus a perdoava.- Deus, Pai das misericórdias, pela morte e ressurreição do seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo entre nós para o perdão dos pecados; pelo ministério da Igreja, Deus vos dê o perdão e a paz, e eu vos absolvo dos seus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.- Eu ainda me sinto culpa
- Por que contaríamos? – Vanessa me olhou, confusa.- Você se confessou?- Sim... E você não tem muito a ver com meus pecados. Ou seja, quando falei com o padre sobre você, não mencionei que fumava ou que tinha um sobrenome... Tampouco sobre a sua mãe. Eu só disse que tinha vontade de te matar.Começamos a rir. Quando enfim conseguimos parar de achar o jeito como Vanessa falou engraçado, brinquei:- Puxa, você vai pintar muitas paredes.- Paredes? – As duas me olharam.- Quanto se tem muitos pecados não se pinta as paredes da igreja? Se você disse que iria me matar, certamente o padre mandará você pintar e pintar e pintar... – Gargalhei.- Ninguém pinta paredes! – Luane estreitou os olhos – A penitência são algumas orações.- Esta parte das orações eu pu