POV VANESSA
Era visível quando estávamos à mesa que alguma coisa havia acontecido com minha prima. Ela tinha mil defeitos, mas nenhum deles não era ficar cabisbaixa e pensativa, mal falando conosco. Apesar de tudo, Danna sempre tinha um sorriso no rosto e era tomada de otimismo... Isto mesmo quando pretendia foder com a vida de alguém.
- Acho que você já está preparada para fazer a oração, Danna! – Minha mãe disse antes de começarmos a comer.
Ela parecia longe, mas quando ouviu o próprio nome olhou imediatamente para minha mãe:
- O quê?
- Eu disse que você já está preparada para fazer a oração de agradecimento pela nossa refeição. – Sorriu na direção dela.
Danna empurrou o prato:
- Não, não estou. Eu... Nem estou com fome.
Ela fez men&ccedi
Danna resumiu o que havia acontecido naquela manhã. E era claro o quanto havia ficado magoada com o fato do padre não ter acreditado nela. E sinceramente, para mim era novidade saber que minha prima tinha um coração e parecia sim querer estar na igreja, nem que fosse pintando, somente para estar ao lado de Killian.- Esta aposta não significa nada, Danna – falei – Somos adultas. E não se brinca com relação à Deus e religião. Sinceramente, só aceitamos isto porque você pareceu empolgada. E eu acreditei que estar próxima do padre Killian, lhe faria bem. Mas sim, ele tem um grande carinho por Juliana. Os dois têm uma história, embora tenha ficado no passado.- Não me parece que ficou tão no passado. Eu aposto que eles transam.Eu gargalhei:- Ela não sente nada da cintura para baixo.- E se ela estiver mentindo?<
Eu e o padre José olhamos para Danna imediatamente. Eu não havia percebido que ela estava escutando nossa conversa, escondida.- Não é certo escutar a conversa dos outros desta forma. - Adverti, sem demonstrar o quanto estava contente por ela ter retornado.Sim, porque Danna era exatamente daquele jeito: não conseguia fazer uma coisa certa sem outra errada na sequência.Ouvi o suspiro dela:- Eu não estava escutando escondida. A porta... Estava aberta. – Largou os braços ao longo do corpo, demonstrando certo cansaço.- Como pode ajudar, minha filha? – Padre José perguntou.Ela franziu a testa:- Não sou sua filha! – pareceu incomodada com a forma que ele usou para tratá-la – Mas eu sou rica... Muito rica na verdade...Eu ri, cruzando os braços. Ela falou como se ninguém imaginasse o quão rica era.- Jura? – Não consegui esconder um meio sorriso com a forma inocente como ela falava naquele momento.- Sou filha de Júlio Dave.- Júlio Dave? – Meu pai arregalou os olhos.- Júlio Dave... G
- Somos amigos – deixei claro – Mas é uma questão bem política mesmo. O orfanato está exatamente no meio da linha divisória entre as duas cidades. E Nicolle, assim como o outro prefeito, não quererem assumir suas responsabilidades, um jogando para o outro.- E nenhum dos prefeitos vê que ficar com o orfanato é uma coisa mais boa do que ruim? – Ela perguntou – Dá até para usar como feito para reeleição.Ri, cruzando os braços novamente. Claro que ela tinha outra coisa em mente com a bondade.- Não é tão fácil assim – pai José disse-lhe – Nossa prefeita não é do tipo que aceita opiniões ou faz coisas que não sejam em seu benefício próprio. Gerir o orfanato e fazer tudo que é necessário para que fique confortável e seguro para as crianças além de dar muito trabalho requer um grande investimento.- Já tentaram o governador? Ou mesmo o presidente? – Ela olhou-me.- Digamos que o padre Killian não quer entrar em atrito com a prefeita de Machia. – Meu pai foi um tanto quanto irônico e eu sab
- Imagino! Então comece a organizar tudo com Killian. – Ele disse e me olhou, saindo e me deixando com uma bomba na mão, além da vergonha por ter agido como agi ao penitenciar Danna obrigando-a a pintar as paredes.Um silêncio constrangedor pairou no ar, a ponto de eu conseguir ouvir as respirações ofegantes tanto minha quanto das duas.Deus, eu era um padre! Era como se estivesse sendo disputado por duas mulheres, sendo que era ciente, assim como elas, de que aquilo era uma loucura.- Não pode concorrer porque não é da cidade. – Juliana parecia ainda não ter esquecido a menção de Danna a ser prefeita.- Ela estava brincando, Juliana! – Falei.- Não, eu não estava brincando – Danna me olhou – Concorrerei à prefeita da Machia. Sobre não ser da cidade... Verificarei sobre isto. E caso seja verdade, pode ser criado um projeto de lei mudando isto... Basta os vereadores votarem e concordarem.- Eles não concordariam com isto.- Como pode ter tanta certeza? – Ela enfrentou Juliana, que me o
A olhei, incrédula. Como aquela mulher conseguia ser tão dissimulada? E eu que um dia achei que pudesse ser má... Perto de Juliana Sturman em merecia até uma imagem em minha homenagem, para ser colocada naquele altar, no lugar do santo quebrado.Percebi que Killian me olhava, querendo explicações, com as bochechas vermelhas de tanta raiva.- Se eu disser que não fiz... Você acreditaria? – Perguntei, tentando aparentar firmeza na voz, me contendo para não gritar para que ele me ouvisse pelo menos naquela hora.- Deus! Você quebrou a imagem do santo que recebi de Roma, abençoado pelo papa! – A voz dele ficou fraca e percebi o quanto estava triste.Abaixei-me de imediato, tentando juntar os pedaços que estavam no chão.- Danna, saia... Não precisa juntar! – Ele disse.- Eu... Preciso consertar isto... – Comecei a respirar fundo, sentindo o sangue subir à minha face e o choro contido me causar muito desconforto e ardência nos olhos.- Dan
Lourenço abriu o portão de madeira maciça da garagem, enquanto eu observava seus braços fortes, totalmente tatuados. Quando percebeu que estava sendo analisado, ele escorou-se na moto e acendeu um cigarro:- Se preferir ficar por aqui, sem problemas. Aposto que a diversão será ainda melhor. – Me olhou dos pés a cabeça enquanto tragava o cigarro, demonstrando o quanto me desejava.E porra, eu devia estar feliz por aquele homem extremamente sexy e lindo querer me comer. Mas por que minha cabeça ainda doía, embora menos que meu coração?- Eu conseguiria fazer uma ligação daqui? – Perguntei.- Não.... Só do alto do morro mesmo – ele entendeu o recado e subiu na moto, dando a ré de forma habilidosa, sem ligá-la.Assim que a estacionou ao meu lado, me ajudou a subir. Quando ele deu a partida, perguntei:-
Lourenço pegou a cocaína e fez uma trilha com o pó branco entre meus seios. Nossos olhares estavam fixos um no outro quando ele inalou praticamente tudo, deixando alguns míseros resquícios em minha pele. E eu, que pensei já ter vivido de tudo na minha longa vida, acabara de servir como base de cocaína para um policial que se tornaria um delegado dentro de pouco tempo.Fiquei a imaginar se o delegado que me interrogou quando denunciei Jax já tinha feito aquele tipo de coisa também ou se só Lourenço se diferenciava de todos do seu meio de profissão.- Eu poderia cheirar você todinha. – Verbalizou, com a voz cheia de desejo.- Seria um tanto quanto estranho. – Eu ri.- Agora é a sua vez. E depois pularemos juntos, nós dois.- Eu não estou interessada em pular, Lourenço. – Deixei claro.- Mas está interes
Ele dizia “não”! Por que aquela conversa agora? E com tanto momento para me negar algo e vir com aquela história de “não”, por que justo naquela hora optou por ser rígido e não voltar atrás?- Já aprendi a lição, pai. – Minha voz soou fraca e me recriminei por aquilo, pois eu odiava que ele pensasse que eu pudesse não ser forte em qualquer momento que fosse.- Não, Danna. Você não voltará para a capital. Talvez eu não exija que fique em Machia por um ano, mas também não permitirei que volte em quinze dias.Engoli sem seco e fui andando a fim de me afastar das pessoas e impedir que ele ouvisse os gritos ao redor.- Ok! - assenti, não satisfeita – Então terá que me dar dinheiro.Ele riu:- Não, Danna, não me convencerá desta vez. Isla disse que