A olhei, incrédula. Como aquela mulher conseguia ser tão dissimulada? E eu que um dia achei que pudesse ser má... Perto de Juliana Sturman em merecia até uma imagem em minha homenagem, para ser colocada naquele altar, no lugar do santo quebrado.Percebi que Killian me olhava, querendo explicações, com as bochechas vermelhas de tanta raiva.- Se eu disser que não fiz... Você acreditaria? – Perguntei, tentando aparentar firmeza na voz, me contendo para não gritar para que ele me ouvisse pelo menos naquela hora.- Deus! Você quebrou a imagem do santo que recebi de Roma, abençoado pelo papa! – A voz dele ficou fraca e percebi o quanto estava triste.Abaixei-me de imediato, tentando juntar os pedaços que estavam no chão.- Danna, saia... Não precisa juntar! – Ele disse.- Eu... Preciso consertar isto... – Comecei a respirar fundo, sentindo o sangue subir à minha face e o choro contido me causar muito desconforto e ardência nos olhos.- Dan
Lourenço abriu o portão de madeira maciça da garagem, enquanto eu observava seus braços fortes, totalmente tatuados. Quando percebeu que estava sendo analisado, ele escorou-se na moto e acendeu um cigarro:- Se preferir ficar por aqui, sem problemas. Aposto que a diversão será ainda melhor. – Me olhou dos pés a cabeça enquanto tragava o cigarro, demonstrando o quanto me desejava.E porra, eu devia estar feliz por aquele homem extremamente sexy e lindo querer me comer. Mas por que minha cabeça ainda doía, embora menos que meu coração?- Eu conseguiria fazer uma ligação daqui? – Perguntei.- Não.... Só do alto do morro mesmo – ele entendeu o recado e subiu na moto, dando a ré de forma habilidosa, sem ligá-la.Assim que a estacionou ao meu lado, me ajudou a subir. Quando ele deu a partida, perguntei:-
Lourenço pegou a cocaína e fez uma trilha com o pó branco entre meus seios. Nossos olhares estavam fixos um no outro quando ele inalou praticamente tudo, deixando alguns míseros resquícios em minha pele. E eu, que pensei já ter vivido de tudo na minha longa vida, acabara de servir como base de cocaína para um policial que se tornaria um delegado dentro de pouco tempo.Fiquei a imaginar se o delegado que me interrogou quando denunciei Jax já tinha feito aquele tipo de coisa também ou se só Lourenço se diferenciava de todos do seu meio de profissão.- Eu poderia cheirar você todinha. – Verbalizou, com a voz cheia de desejo.- Seria um tanto quanto estranho. – Eu ri.- Agora é a sua vez. E depois pularemos juntos, nós dois.- Eu não estou interessada em pular, Lourenço. – Deixei claro.- Mas está interes
Ele dizia “não”! Por que aquela conversa agora? E com tanto momento para me negar algo e vir com aquela história de “não”, por que justo naquela hora optou por ser rígido e não voltar atrás?- Já aprendi a lição, pai. – Minha voz soou fraca e me recriminei por aquilo, pois eu odiava que ele pensasse que eu pudesse não ser forte em qualquer momento que fosse.- Não, Danna. Você não voltará para a capital. Talvez eu não exija que fique em Machia por um ano, mas também não permitirei que volte em quinze dias.Engoli sem seco e fui andando a fim de me afastar das pessoas e impedir que ele ouvisse os gritos ao redor.- Ok! - assenti, não satisfeita – Então terá que me dar dinheiro.Ele riu:- Não, Danna, não me convencerá desta vez. Isla disse que
POV KILLIANEu ainda estava lamentando o fato de Danna ter quebrado o meu São Francisco de Assis quando ouvi a voz de Marialva me chamando no portão de casa.Fui atendê-la ali, não disposto a abrir a igreja, já que estava tarde e ela costumava ficar horas rezando e demorando a ir embora. Eu estava cansado. Havia sido um dia cheio de surpresas.Assim que cheguei no portão a vi com um pote enrolado em um pano de copa.- Lhe trouxe comida quentinha, padre. – Sorriu.Eu cheguei a sentir o cheiro de comida boa vindo de dentro do pote. Marialva cozinhava como ninguém.- É muita gentileza, Marialva. – Peguei o pote ainda quente quando nós dois ouvimos os sons ensurdecedores das motos.Nos viramos para a estrada e percebemos as várias motocicletas se aproximando. Não tinha dúvidas de que era a turma de Lourenço. Haviam mulheres nas caronas e
- Por que eu? Por que não o outro prefeito?- Eu já falei com ele e não resolveu.- E por que eu preciso resolver? Tenho cara de santa, por acaso?- Eu sou de Machia. A paróquia na qual trabalho pertence à Machia. Não há como eu não achar que você, como prefeita, é quem precisa tomar conta de tudo, Nicolle. E entenda que não é nada pessoal. Estou falando com a prefeita e não com a minha amiga pessoal.Ela riu, com ironia:- Está querendo dizer que votaria em Danna Dave, Killian?- Eu... Não disse isto. – Franzi a testa, confuso.- Tenho tanta responsabilidade por aquele orfanato quanto o maldito prefeito da cidade de Belém. Aliás, quando foi que você decidiu juntar crianças órfãs por aí sem ter condições de mantê-las?- Esta é minha funç&a
POV ISLA- Por favor, Danna... Me diga o que aconteceu ontem. – Pedi, ainda à mesa, percebendo o quanto ela estava abalada.Eu e Vanessa sempre nos demos bem e praticamente nunca tivemos segredos. No entanto eu sabia que ela me escondia coisas a respeito de Danna, já que para mim era claro que estavam tendo uma forte ligação, o que eu não esperava que fosse tão imediata, embora ambas tivessem o mesmo sangue correndo nas veias. E eu deveria estar feliz por aquilo, por aquele encontro de almas entre as duas, mas não queria que Vanessa me mentisse por conta de Danna.- Eu já disse que está tudo certo. – Ela garantiu, não me convencendo.Suspirei, furiosa. Eu vi que ela foi deixada em casa por Lourenço e que ficou horas trancada no quarto com Vanessa para depois irem juntas para o banheiro. Percebi o chuveiro ligado e sabia que elas não tinham tomado banho juntas a
Minha sobrinha não era o tipo de pessoa que se deixaria abalar por Nicolle Sturman, já que não a conhecia e não sabia o poder de persuasão que ela tinha. Aliás, elas me pareciam bem iguais: fortes, decididas e dispostas a fazer tudo pelo que queriam.- Ouvi boatos de que pensa em se candidatar à Prefeitura. – O tom de voz de Nicolle foi menos arrogante.Ok, agora “eu” precisava assimilar aquilo. Como assim Danna estava dizendo que seria prefeita de Machia? Ela não havia comentado nada comigo a respeito e certamente também não com Vanessa, ou minha filha teria me contado.Mas... Se fôssemos levar em conta o velho ditado que “A fruta não cai longe do pé”, minha sobrinha podia sim ser uma pedra no sapato de Nicolle Sturman, caso tivesse herdado o poder de discurso e convencimento do pai.- Sim, passou pela minha cabeça me candidatar,