Eu facilmente retribuí ao beijo quente e envolvente dele. Sua língua se enroscava na minha enquanto as mãos exploravam todo o meu corpo, como se tivesse vários pares e não somente um. Ele tinha gosto de cigarro, nicotina ou algo do tipo. Eu já tinha beijado várias bocas com aquele gosto, que me era bem familiar... Gosto de encrenca, de gente como eu, que não valia nada.
Empurrei-o e quando o encarei, fiquei confusa com minha própria atitude. Era como se na minha cabeça ecoassem as palavras de Vanessa: “Você precisa tentar mudar, Danna, ou de nada adiantará ter vindo parar aqui.”
- Calma, gata! – Lourenço riu, abrindo os braços na minha direção – Foi só um beijo... Imagina como vai ser quando eu fodê-la.
Se fosse em outra situação, outros tempos, eu teria rido tanto quanto ele. Mas não se
“E você gosta de ser Danna Dave?”. Eu não sabia se eu gostava de ser quem eu era. Eu nem sabia que porra eu era.“Eu gosto de você. E eu disse a mim mesma que não faria isto.” Vanessa era sangue do meu sangue. E ela disse claramente que gostava de mim. E porra, eu não lembrava a última vez que alguém disse que sentia algo por mim. E se ela soubesse o quanto aquilo me deixou confusa não teria ousado falar.Eu já havia provado muitas drogas, exceto LSD. E eu nem sabia ao certo o motivo. Nunca cheguei a ser uma viciada, nem mesmo no cigarro, pois fumava raramente, quase sempre quando me encontrava nervosa.Sobre as drogas, era só para curtir mesmo. No entanto só havia repetido a dose com a maconha. As outras, até mesmo a cocaína, tinha sido mesmo uma única vez. E os efeitos eu não lembrava, o que era de se esperar. Mas em
Engoli em seco e tentei me desvencilhar de Lourenço de forma inútil. Até que milagrosamente ouvi as sirenes ao longe e os olhos arregalados de todos.- Polícia! – Alguém gritou enquanto todos saíram rapidamente, subindo em suas motos e deixando parte de suas coisas para trás, especialmente as garrafas e latas de bebidas alcoólicas, bem como os pinos vazios de cocaína. Nem precisava de vestígios que comprovassem que havia drogas ali... O cheiro de maconha era tão forte que pairava no ar como se fizesse parte do ambiente.Lourenço me jogou com força na água e saiu a passos largos, com dificuldade por conta da correnteza. Em pouco tempo o vi subir numa motocicleta gigantesca e deixar o lugar por entre a mata, seguido por alguns enquanto outros foram pelo outro lado. Havia até um jipe, com uma luz forte na parte de cima, que certamente iluminava a quil&oc
Sua saliva era quente e eu não lembrava a última vez que senti o sangue ferver dentro de mim daquela maneira. Num ímpeto, retirei meu dedo da boca dela, com certa agressividade, fazendo-a resmungar:- Você me machucou...Preocupado, abaixei-me novamente para ver se de fato a havia machucado, talvez cortado sua boca ou lábios. Foi então que a mulher me pegou desprevenido, puxando-me de encontro a sua boca, tentando me beijar mais uma vez.Afastei-me novamente, quase caindo.Ouvi o suspiro dela:- Você é gay! – Saiu como uma afirmação.Não respondi nada. Não me importava com o que Danna pensava. E mesmo que eu desse explicações, certamente no dia seguinte ela não lembraria.- Sabe que eu consigo chegar no céu? – Ela levantou as mãos, como se estivesse de fato tocando algo.Eu tinha 30 anos e uma longa e
POV DANNA DAVESenti minha cabeça doer quando me mexi e o corpo inteiro parecia ter servido de saco de areia para um boxeador. Abri os olhos lentamente e deparei-me com o rosto dele bem acima do meu, os olhos azuis feito um oceano prestes a me afogar.- Pintor? – Sentei-me de imediato, saindo de cima dele.- Bom dia, Danna Dave! – A voz dele não tinha nenhum tipo de emoção.Observei em volta e percebi os galhos caídos por todo lado, como se eu estivesse dentro de uma casa feita de folhas estreitas, daquelas que pareciam lágrimas, como no meu sonho.Levantei-me e peguei uma das folhas finas, quebrando-a ao meio, ouvindo o som do quanto estava tenra. Girei em torno me mim mesma, completamente encantada:- Eu... Sonho com esta árvore há uns 12 anos. – Confessei, já nem sabendo se eu queria saber o que havia acontecido para acordar deitada nas pernas dele.O
Eu ri com ironia:- Adoro homens possessivos!Ele arregalou os olhos:- Do que você está falando? Meu Deus, você ainda não está bem! Devo levá-la ao posto médico da cidade?- Outras mulheres fugiriam de homens como você. Não é o meu caso... Sempre quis alguém que me cuidasse, que me protegesse, que me fizesse sua propriedade, demonstrando que sou importante... E significo algo.Ele meneou a cabeça, parecendo incrédulo:- Deus a cuida e a protege sempre. Ele não a julga sua propriedade. Você é importante para Deus... E sempre significará tudo.Eu ri:- Você é crente?- Crente? – ele franziu a testa – Sim, sou crente em Deus, em Jesus e na Sua palavra.- Tem certeza de que a gente não transou? – perguntei.Ele arregalou os olhos:- Por tudo que é
POV ISLAEu ainda andava de um lado para o outro, preocupada. Não tinha o que fazer... Por mais que tivesse resistido para avisar Júlio, não houve mais alternativas. Embora eu imaginasse que trazer Danna para casa fosse tirar toda tranquilidade da minha vida e devia aceitar os problemas que vinham com ela, não pensei que pudesse ter tanta dor de cabeça em tão pouco tempo.Eu já pensando em sair e fazer um boletim de ocorrência na polícia, quando a porta se abriu e ela entrou, fazendo meu coração tranquilizar-se... Ou não.Seus cabelos estavam completamente desgrenhados, a roupa suja e parecendo úmida, os olhos borrados e os lábios avermelhados, com alguns borrões de batom por fora da boca.Senti um medo imenso tomar conta de mim e implorei, quase sem voz:- Me diga que está tudo bem!- Está... Tudo bem. – Ela disse, ace
Assim que desci no táxi, na cidade vizinha, senti uma angústia crescente dentro de mim. O coração batia descompassado, as pernas quase não respondiam aos comandos do cérebro.Eu tive que contatá-lo através do pager e exigir que viesse me encontrar a fim de falarmos sobre Danna. Mas fazia tantos anos que não o via... E vê-lo sempre era motivo de nervosismo.Marcamos num café conhecido, embora eu soubesse que não devia ser nada parecido com o luxo ao qual ele estava acostumado. Júlio sempre foi rico, mas agora eu já sabia que ele tinha passado daquele patamar, estando bilionário provavelmente.Antes de entrar no café vi o Rolls-Royce estacionado e de imediato soube que ele já estava ali, já que ninguém na cidade teria um carro daquele.Respirei fundo e rezei brevemente antes de passar pela porta e procurá-lo entre as pes
Juntei mentalmente cada pedacinho quebrado do meu coração e colei em segundos. Respirei fundo e tentei não ser grosseira:- Sinto muito, Júlio, mas não estou aqui para falar sobre você – fui sincera – Eu tenho que voltar para o trabalho em breve – deixei claro, olhando no relógio – E meu interesse é em curar Danna e fazer com que ela volte a ter amor pela vida... Assim como você diz que voltou a ter.E Deus era prova de que eu não queria nada com ele e nunca me passou pela cabeça que pudesse haver alguma chance para nós depois da morte de Celli. Mas saber que ele amava outra mulher e que não era a minha irmã doeu muito. E se aquilo doeu em mim... Como foi para Danna se adaptar à Nadine?Era óbvio que ela teria dificuldades. Celli era uma pessoa incrível, um ser de luz e deixaria um buraco em qualquer coração depois de sua partida, assim como deixou em mim. Lembrei que Danna tinha 9 para 10 anos quando tudo aconteceu. Em sua cabecinha era normal se sentir culpada, afinal, por causa da