CLARA
Aquela noite eu mal dormi. Não por causa do que aconteceu com Lucas ou da traição de Aline, mas por causa de Henrique. Eu sabia que era ridículo — mal conhecia o homem! —, mas, mesmo assim, algo nele mexeu comigo de uma forma que eu não conseguia entender.
No dia seguinte, acordei com a sensação de que estava prestes a fazer algo importante, mas sem ter a mínima ideia do que era. E isso me deixava ainda mais nervosa. Tomei meu café da manhã em silêncio, enquanto Ana folheava uma revista na mesa ao lado. Ela percebeu meu nervosismo, mas sabiamente não comentou nada.
Fui para o trabalho como se estivesse em piloto automático. Tudo parecia fora do lugar, como se o mundo ao meu redor estivesse em câmera lenta, enquanto minha mente corria a mil por hora. Quando cheguei ao escritório, a primeira coisa que fiz foi checar meus e-mails, torcendo para encontrar alguma mensagem importante que me distraísse dos pensamentos sobre Henrique.
Para minha surpresa, havia uma mensagem dele na minha caixa de entrada.
Assunto: Reunião de ontem
Clara,
Gostaria de agradecer pela sua dedicação na reunião de ontem. Sua apresentação foi excelente, e estou ansioso para ver como a campanha se desenvolverá. Tenho certeza de que será um sucesso.
Além disso, se você tiver algum tempo livre esta semana, gostaria de discutir algumas ideias que tive. Acredito que sua perspectiva poderia ser valiosa.
Atenciosamente,
Henrique VasconcelosAo ler o e-mail, senti meu coração acelerar. Era uma mensagem simples, profissional, mas o fato de que ele estava pedindo minha opinião me fez sentir... especial. Eu sabia que era só trabalho, mas, mesmo assim, não pude evitar o sorriso que se formou nos meus lábios.
Respondi rapidamente, tentando parecer calma e centrada.
Assunto: Re: Reunião de ontem
Henrique,
Obrigada pelo feedback. Fico feliz que tenha gostado da apresentação. Estarei disponível na sexta-feira à tarde, se isso for conveniente para você. Será um prazer discutir as ideias e contribuir com o que for possível.
Atenciosamente,
ClaraEnviei a mensagem e tentei me concentrar em outras tarefas, mas minha mente continuava voltando à ideia de passar mais tempo com Henrique. Eu sabia que não deveria me deixar levar por esses pensamentos, especialmente depois do desastre emocional que estava vivendo, mas a verdade é que, de alguma forma, ele era uma distração bem-vinda.
A semana passou devagar. Cada dia parecia arrastar-se até sexta-feira finalmente chegar. Eu tentei ocupar meu tempo com trabalho, mas o pensamento de encontrar Henrique novamente ficava martelando no fundo da minha mente. Quando a tarde de sexta-feira chegou, minha ansiedade estava no auge.
Marcamos de nos encontrar em um café perto do escritório. Henrique sugeriu o lugar, e eu concordei sem pensar duas vezes. Quando cheguei, ele já estava lá, sentado em uma mesa no canto, com uma expressão calma e focada enquanto mexia no celular. Assim que me viu, levantou-se e sorriu, aquele sorriso que me fez perder o fôlego por um instante.
— Clara, que bom que veio — ele disse, puxando a cadeira para mim.
— Claro, não perderia a oportunidade de discutir mais sobre a campanha — respondi, tentando manter a compostura.
Nos sentamos, e eu me forcei a respirar fundo e relaxar. Ele estava sendo completamente profissional, e eu precisava ser também. Pedi um café, e Henrique fez o mesmo. Depois de um pequeno momento de silêncio, ele começou a falar sobre as ideias que tinha tido para a campanha.
Enquanto ele falava, percebi que estava completamente absorvida por suas palavras. Não era apenas o que ele dizia, mas como ele dizia. Henrique tinha uma maneira de falar que me deixava à vontade, mesmo em uma situação que deveria ser estritamente profissional. Ele me fazia sentir como se minha opinião realmente importasse, e isso era uma sensação nova para mim.
À medida que a conversa avançava, percebi que Henrique não era apenas um cliente importante. Ele era alguém que tinha uma visão clara, mas que também estava aberto a novas ideias. A cada sugestão que eu fazia, ele ouvia atentamente e respondia com consideração, como se estivesse realmente interessado no que eu tinha a dizer.
— Você tem uma mente criativa, Clara. Isso é raro — ele disse, depois que eu sugeri uma nova abordagem para a campanha.
Eu não sabia o que responder. Ninguém nunca tinha falado comigo daquele jeito, como se minha criatividade fosse algo valioso. Era diferente de tudo que eu já tinha experimentado no trabalho.
— Obrigada, Henrique. Eu realmente acredito que essa campanha pode ser especial, algo que as pessoas vão lembrar — respondi, tentando não deixar transparecer o quanto seu elogio me afetou.
Ele sorriu novamente, aquele sorriso que parecia derrubar todas as minhas defesas. E, por um breve momento, senti uma conexão entre nós, algo que ia além do profissional. Mas, antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, Henrique mudou de assunto, voltando a falar sobre a estratégia da campanha.
Terminamos a reunião com uma sensação de realização mútua. Henrique parecia satisfeito com as ideias que discutimos, e eu, apesar de ainda estar confusa sobre o que sentia, me sentia mais confiante em relação ao meu trabalho.
Quando estávamos prestes a nos despedir, Henrique me olhou de um jeito que fez meu coração disparar novamente.
— Clara, sei que estamos mantendo as coisas profissionais, mas queria dizer que admiro sua dedicação. E, se precisar de algo, estou à disposição.
Eu sabia que ele estava sendo gentil, mas havia algo em suas palavras que me fez sentir uma faísca de esperança. Talvez fosse apenas a minha mente querendo ver algo que não existia, mas, mesmo assim, aquele pequeno gesto significou muito para mim.
— Obrigada, Henrique. Vou lembrar disso — respondi, tentando não deixar minha voz tremer.
Ele se despediu com um último sorriso, e eu fiquei ali, olhando enquanto ele saía do café. Minha cabeça estava uma bagunça, mas meu coração estava mais leve do que antes. Pela primeira vez em dias, senti que talvez as coisas pudessem melhorar.
Voltei para o escritório com uma nova energia. O encontro com Henrique tinha me dado um impulso que eu não sabia que precisava. Era como se ele tivesse acendido algo dentro de mim, uma vontade de seguir em frente, de superar o que aconteceu com Lucas e Aline.
Eu sabia que ainda era cedo demais para pensar em qualquer coisa além do profissional, mas não podia negar que havia algo em Henrique que me fazia sentir... diferente. E isso era ao mesmo tempo excitante e assustador.
Quando cheguei em casa naquela noite, Ana percebeu na hora que algo tinha mudado.
— E aí? Como foi a reunião com o cliente misterioso? — ela perguntou, com aquele tom de quem já sabe a resposta.
Eu sorri, tentando esconder a emoção, mas falhando miseravelmente.
— Foi boa. Ele é... um cliente muito bom. Acho que vamos conseguir fazer um ótimo trabalho juntos.
Ana me olhou com aquela expressão de quem não acredita em uma palavra que eu disse.
— Só um cliente muito bom, hein? Sei. E você vai negar que ficou toda animada só de falar sobre ele?
Eu ri, tentando desviar do assunto.
— Ana, não tem nada de mais. É só trabalho.
Ela deu de ombros, mas seu sorriso malicioso não desapareceu.
— Claro, claro. Só trabalho. Vamos ver quanto tempo essa desculpa dura.
Eu sabia que ela estava certa. Eu estava tentando convencer a mim mesma de que não havia nada além do profissional entre mim e Henrique, mas no fundo, sabia que estava enganando a mim mesma. Algo estava acontecendo, algo que eu ainda não compreendia completamente, mas que não podia ignorar.
Naquela noite, antes de dormir, pensei em tudo o que havia acontecido desde que conheci Henrique. Era estranho, mas, de alguma forma, ele me fazia sentir viva de novo, algo que eu não sentia há muito tempo. E, apesar de todas as complicações que isso poderia trazer, não conseguia evitar o sorriso que se formou no meu rosto.
Pela primeira vez em muito tempo, eu estava começando a me sentir bem novamente.
CLARANa semana seguinte, me vi pensando em Henrique mais vezes do que gostaria de admitir. Cada vez que seu nome surgia em uma conversa no escritório, sentia uma pontada de ansiedade misturada com uma excitação que eu não conseguia entender. Era como se meu corpo estivesse reagindo a ele de uma forma que minha mente não conseguia controlar.Eu sabia que estava andando em território perigoso. Depois de tudo que aconteceu com Lucas, a última coisa que eu precisava era me envolver emocionalmente com alguém, especialmente alguém tão ligado ao meu trabalho. Mas, por mais que tentasse, não conseguia evitar a atração que sentia por Henrique. Era como se algo além de mim estivesse no controle, puxando-me para ele.Na terça-feira, recebi um e-mail dele, pedindo uma reunião para discutir os próximos passos da campanha. Eu sabia que era uma simples reunião de trabalho, mas a ideia de passar mais tempo com ele me deixou nervosa. Não nervosa de um jeito ruim, mas nervosa de um jeito que fazia meu
CLARAOs dias seguintes foram uma mistura confusa de trabalho e pensamentos constantes sobre Henrique. Era como se meu cérebro tivesse decidido que ele era o novo foco central da minha vida, e não importava o quanto eu tentasse me distrair, tudo sempre voltava para ele.No escritório, as coisas continuavam normais — ou pelo menos, eu tentava agir como se estivessem. Ninguém sabia sobre o turbilhão de emoções que eu estava sentindo, nem mesmo Ana. Eu sabia que, se contasse a ela, ela iria entender, mas parte de mim ainda queria manter esses sentimentos em segredo, talvez por medo do que eles realmente significavam.Na sexta-feira à tarde, recebi outro e-mail de Henrique. Era uma mensagem curta, convidando-me para um evento de lançamento que sua empresa estava organizando na semana seguinte. Disse que seria uma boa oportunidade para discutirmos mais sobre a campanha e, claro, para eu conhecer algumas pessoas importantes do setor.Ao ler o e-mail, senti um misto de nervosismo e empolgaçã
CLARANo dia seguinte ao evento, acordei com uma sensação estranha de expectativa, como se algo estivesse prestes a acontecer. A noite anterior ainda estava fresca na minha mente, e não conseguia parar de pensar em Henrique e em tudo o que ele disse. Era como se ele tivesse plantado uma semente de esperança dentro de mim, algo que eu não sentia há muito tempo.Mas, ao mesmo tempo, havia uma nuvem de preocupação pairando sobre mim. Eu sabia que estava começando a me apaixonar por Henrique, mas também sabia que havia muitas complicações nesse caminho. A mais óbvia era o fato de que ele era tio de Lucas, o homem que havia destruído meu coração. E, mesmo que eu não tivesse contado a Henrique sobre minha relação com Lucas, sabia que esse segredo não poderia ser mantido para sempre.Passei o dia tentando me concentrar no trabalho, mas minha mente continuava voltando para Henrique. As lembranças da noite anterior se misturavam com os pensamentos do que poderia acontecer a seguir. Eu sabia qu
CLARAOs dias que seguiram ao jantar com Henrique foram uma montanha-russa emocional. Passei horas revivendo cada momento, cada palavra, cada olhar. Por um lado, me sentia incrivelmente feliz, como se finalmente estivesse começando a sair da escuridão que Lucas havia deixado em minha vida. Por outro, a culpa e o medo começaram a se instalar.Eu sabia que Henrique merecia saber a verdade sobre Lucas, mas como eu poderia contar a ele? Como eu poderia explicar que o homem que ele considerava família era o mesmo que havia partido meu coração em mil pedaços? A ideia de perder o que tínhamos, mesmo que ainda estivesse no começo, me aterrorizava. Mas, ao mesmo tempo, sabia que estava construindo algo sobre uma base de mentiras e omissões. E isso me corroía por dentro.No trabalho, tentei me concentrar, mas era difícil quando minha mente estava constantemente dividida. Henrique me enviava mensagens durante o dia, sempre simpáticas e encorajadoras, e cada uma delas fazia meu coração bater mais
CLARAA semana que se seguiu à conversa com Henrique foi uma das mais difíceis da minha vida. Cada dia parecia se arrastar, e a ausência dele era como um vazio que eu não sabia como preencher. Eu sabia que ele precisava de tempo para processar tudo, mas não podia evitar a sensação de que, de alguma forma, eu havia arruinado algo especial.No trabalho, mantive a fachada de profissionalismo, mas por dentro, estava um caos. Henrique não entrou em contato comigo durante toda a semana, e cada dia sem ouvir sua voz ou ver sua mensagem apenas intensificava a incerteza que eu sentia. As coisas entre nós haviam mudado, e eu não sabia se algum dia voltariam a ser as mesmas.Na sexta-feira, ao final do expediente, decidi que precisava sair e espairecer. Ana sugeriu que fôssemos a um novo bar que havia aberto na cidade, e, embora a ideia de sair e socializar não me atraísse muito, sabia que precisava tentar. Qualquer coisa era melhor do que ficar em casa remoendo meus pensamentos.Quando chegamos
CLARAAcordei na manhã seguinte sentindo o calor suave da luz do sol que entrava pelas cortinas. Por um momento, fiquei ali, deitada, permitindo que a realidade da noite anterior se firmasse na minha mente. Tudo o que havia acontecido entre mim e Henrique parecia um sonho, mas o toque dele ainda estava fresco na minha pele, me lembrando de que tudo era real.Virei-me para o lado e o vi ainda dormindo, a expressão tranquila em seu rosto me fez sorrir. Ele parecia tão diferente do homem confiante e controlado que eu conhecia no ambiente de trabalho. Aqui, ele era simplesmente Henrique, o homem com quem eu havia compartilhado uma noite de pura conexão. Não apenas física, mas algo mais profundo, algo que me fez sentir viva de uma forma que eu não sentia há muito tempo.Por um instante, pensei em como as coisas poderiam mudar depois disso. A relação que estávamos construindo era algo que eu sabia que poderia ser maravilhoso, mas também sabia que não seria simples. Havia tantas complicações
CLARANos dias que se seguiram à nossa conversa, senti como se uma nova fase tivesse começado entre mim e Henrique. Havia algo mais leve em nosso relacionamento agora que a verdade estava finalmente exposta. Mesmo assim, sabia que o caminho à nossa frente não seria fácil. Havia muitos sentimentos envolvidos, e o fato de Lucas estar no meio de tudo isso tornava a situação ainda mais complicada.Henrique foi um pilar de apoio durante esse período. Ele me deu o espaço que eu precisava, mas ao mesmo tempo, estava sempre presente, pronto para me ouvir ou simplesmente estar ao meu lado. Era como se a nossa conexão tivesse se tornado mais forte depois daquela conversa, e isso me deu esperança de que poderíamos superar qualquer obstáculo.No trabalho, as coisas continuaram a progredir. Nossa campanha estava ganhando forma, e Ricardo parecia mais satisfeito do que nunca com o nosso desempenho. Mesmo com toda a tensão pessoal, Henrique e eu conseguimos manter o profissionalismo, e isso era uma
CLARAEu estava completamente à mercê de Henrique, e não havia nada que eu quisesse mais. Cada toque, cada carícia era como uma corrente elétrica passando pelo meu corpo, acendendo sensações que eu nem sabia que existiam. O jeito como ele me olhava, com uma mistura de desejo e ternura, me fazia sentir como se fosse a única coisa que importava no mundo naquele momento.Enquanto ele me conduzia para a cama, senti suas mãos firmes segurando minha cintura, puxando-me para mais perto. Seus lábios encontraram os meus com uma fome que parecia ter sido contida por tempo demais. O beijo era intenso, cheio de paixão, e eu me entreguei completamente, deixando que ele tomasse o controle.Henrique me deitou suavemente sobre a cama coberta de pétalas de rosas, o perfume das flores misturando-se com o cheiro do seu perfume, criando uma atmosfera quase mágica. Ele se posicionou sobre mim, seus olhos fixos nos meus, e senti a intensidade de seu olhar como uma chama que queimava suavemente, mas com uma