CLARA
Na semana seguinte, me vi pensando em Henrique mais vezes do que gostaria de admitir. Cada vez que seu nome surgia em uma conversa no escritório, sentia uma pontada de ansiedade misturada com uma excitação que eu não conseguia entender. Era como se meu corpo estivesse reagindo a ele de uma forma que minha mente não conseguia controlar.
Eu sabia que estava andando em território perigoso. Depois de tudo que aconteceu com Lucas, a última coisa que eu precisava era me envolver emocionalmente com alguém, especialmente alguém tão ligado ao meu trabalho. Mas, por mais que tentasse, não conseguia evitar a atração que sentia por Henrique. Era como se algo além de mim estivesse no controle, puxando-me para ele.
Na terça-feira, recebi um e-mail dele, pedindo uma reunião para discutir os próximos passos da campanha. Eu sabia que era uma simples reunião de trabalho, mas a ideia de passar mais tempo com ele me deixou nervosa. Não nervosa de um jeito ruim, mas nervosa de um jeito que fazia meu coração bater mais rápido.
Quando o dia da reunião finalmente chegou, eu me preparei mais do que o normal. Escolhi uma roupa que me fizesse sentir confiante e passei mais tempo do que o habitual na frente do espelho. Enquanto me olhava, não podia deixar de pensar em como Henrique me fazia querer ser a melhor versão de mim mesma.
Cheguei ao escritório de Henrique no horário marcado, e a recepcionista me guiou até sua sala. Eu já tinha estado lá uma vez, durante uma visita anterior com Ricardo, mas agora a situação era diferente. Estava ali sozinha, e isso me deixou ainda mais consciente de cada detalhe.
Quando entrei na sala, Henrique estava em pé, olhando pela janela. Ele se virou assim que me viu e me cumprimentou com um sorriso caloroso.
— Clara, que bom que veio. Como está? — ele perguntou, puxando uma cadeira para mim.
— Estou bem, obrigada. E você? — respondi, tentando soar o mais casual possível, apesar do turbilhão que estava acontecendo dentro de mim.
— Bem, obrigado. Vamos começar? — Ele perguntou, sentando-se na cadeira ao lado da minha, em vez de ficar atrás da mesa.
Isso me pegou de surpresa. Estar tão perto dele, sem a barreira da mesa entre nós, fez com que eu me sentisse mais vulnerável, mas, ao mesmo tempo, mais conectada. Não havia nada de anormal na postura dele, mas a proximidade me deixou ciente de cada detalhe — o tom da sua voz, a maneira como ele olhava para mim, o jeito como seus dedos se moviam levemente ao folhear os papéis sobre a mesa.
A reunião começou como qualquer outra. Discutimos os próximos passos da campanha, as ideias que ele havia tido, e como poderíamos implementá-las. Eu estava focada no trabalho, mas, de vez em quando, meus pensamentos escapavam, e me pegava observando Henrique com outros olhos. A maneira como ele se movia, a confiança que exalava — tudo nele me atraía de uma forma que eu nunca tinha experimentado antes.
Em um momento, enquanto discutíamos uma proposta, nossas mãos se encontraram ao alcançarmos o mesmo papel. Foi um toque breve, quase insignificante, mas o impacto foi imediato. Um arrepio percorreu minha espinha, e eu recuei instintivamente, sentindo o calor subir até meu rosto.
— Desculpe — murmurei, tentando ignorar a intensidade daquele momento.
Henrique sorriu de lado, como se tivesse percebido o que aconteceu, mas optou por não comentar. Em vez disso, ele continuou a discussão, como se nada tivesse acontecido. Mas eu sabia que ele tinha sentido também, e isso só tornava tudo ainda mais complicado.
Terminamos a reunião cerca de uma hora depois, e enquanto eu me preparava para sair, Henrique me chamou.
— Clara, tem algo mais que eu queria dizer — ele começou, parecendo um pouco hesitante, o que era incomum para ele.
— Claro, o que é? — perguntei, tentando esconder minha curiosidade.
Ele respirou fundo, como se estivesse pesando suas palavras.
— Eu sei que estou entrando em território pessoal, mas quero que saiba que estou aqui para o que precisar. Sei que as coisas têm sido difíceis para você ultimamente, e, embora eu respeite seu espaço, quero que saiba que pode contar comigo, seja no trabalho ou fora dele.
Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Eu não sabia que ele sabia sobre minha situação com Lucas, mas, ao mesmo tempo, fazia sentido. No mundo dos negócios, as notícias se espalham rápido, e provavelmente não foi difícil para ele juntar as peças.
— Obrigada, Henrique. Isso significa muito para mim — respondi, sentindo uma mistura de gratidão e confusão.
Ele me olhou de uma maneira que fez meu coração disparar novamente. Havia algo nos olhos dele, uma gentileza misturada com uma intensidade que eu não conseguia decifrar.
— Quero que você esteja bem, Clara. E, se precisar de um tempo para si mesma, está tudo bem. Eu entendo.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Não por tristeza, mas por um misto de emoções que não conseguia controlar. Era como se, pela primeira vez em muito tempo, alguém realmente se importasse comigo, não apenas como profissional, mas como pessoa.
— Obrigada, Henrique. De verdade. — Minha voz saiu baixa, mas ele ouviu.
Ele assentiu, e por um breve momento, ficamos ali, em silêncio, apenas nos olhando. Era como se uma compreensão mútua tivesse se estabelecido entre nós, algo que ia além das palavras.
Finalmente, quebrei o silêncio.
— Acho que devo ir agora. Temos muito trabalho pela frente.
— Claro, não vou te segurar mais. Obrigado por vir, Clara.
Me despedi com um sorriso e saí da sala, sentindo o peso das emoções que acabara de experimentar. Enquanto caminhava pelo corredor, sabia que algo estava mudando dentro de mim, algo que eu não podia mais ignorar.
Voltei para o escritório tentando focar no trabalho, mas a verdade é que tudo o que eu conseguia pensar era em Henrique. Ele era diferente de qualquer pessoa que eu já tinha conhecido, e isso me assustava e atraía ao mesmo tempo. Eu sabia que estava começando a desenvolver sentimentos por ele, e isso era o último problema que eu precisava na minha vida agora.
Mas, por mais que tentasse, não conseguia afastar a ideia de que talvez, apenas talvez, Henrique pudesse ser exatamente o que eu precisava. Alguém que me entendesse, que me visse de verdade, e que, de alguma forma, me fizesse sentir viva novamente.
Naquela noite, quando voltei para casa, Ana percebeu imediatamente que algo estava diferente.
— E aí, como foi o dia? — ela perguntou, com aquele olhar curioso que eu já conhecia.
— Foi... interessante — respondi, sem querer entrar em detalhes, mas sabendo que ela não ia deixar barato.
— Interessante? Clara, você está escondendo alguma coisa. Me conta, o que está acontecendo?
Eu suspirei, sabendo que não conseguiria escapar dessa conversa.
— Tá bom, eu conheci alguém no trabalho. Quer dizer, ele é um cliente, mas... não sei, tem algo diferente nele.
Ana levantou as sobrancelhas, claramente interessada.
— Um cliente, hein? E você está interessada? Porque você parece muito interessada, se quer saber minha opinião.
Eu ri, tentando aliviar a tensão.
— Não sei, Ana. É complicado. Ele é meu cliente, e além disso, não sei se estou pronta para algo assim.
Ela me olhou com um sorriso suave.
— Clara, depois de tudo que você passou, você merece ser feliz. Se esse cara te faz sentir bem, então por que não? Só... vá com calma, tá?
Eu assenti, sabendo que ela estava certa. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar a sensação de que estava prestes a entrar em algo muito maior do que eu podia controlar.
Naquela noite, enquanto me deitava para dormir, meus pensamentos estavam cheios de Henrique. Cada detalhe da nossa reunião, cada palavra, cada olhar, estava gravado na minha mente. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que talvez, só talvez, as coisas pudessem dar certo.
Mas sabia que, para isso, precisaria enfrentar meus medos e permitir que algo novo e inesperado entrasse na minha vida.
CLARAOs dias seguintes foram uma mistura confusa de trabalho e pensamentos constantes sobre Henrique. Era como se meu cérebro tivesse decidido que ele era o novo foco central da minha vida, e não importava o quanto eu tentasse me distrair, tudo sempre voltava para ele.No escritório, as coisas continuavam normais — ou pelo menos, eu tentava agir como se estivessem. Ninguém sabia sobre o turbilhão de emoções que eu estava sentindo, nem mesmo Ana. Eu sabia que, se contasse a ela, ela iria entender, mas parte de mim ainda queria manter esses sentimentos em segredo, talvez por medo do que eles realmente significavam.Na sexta-feira à tarde, recebi outro e-mail de Henrique. Era uma mensagem curta, convidando-me para um evento de lançamento que sua empresa estava organizando na semana seguinte. Disse que seria uma boa oportunidade para discutirmos mais sobre a campanha e, claro, para eu conhecer algumas pessoas importantes do setor.Ao ler o e-mail, senti um misto de nervosismo e empolgaçã
CLARANo dia seguinte ao evento, acordei com uma sensação estranha de expectativa, como se algo estivesse prestes a acontecer. A noite anterior ainda estava fresca na minha mente, e não conseguia parar de pensar em Henrique e em tudo o que ele disse. Era como se ele tivesse plantado uma semente de esperança dentro de mim, algo que eu não sentia há muito tempo.Mas, ao mesmo tempo, havia uma nuvem de preocupação pairando sobre mim. Eu sabia que estava começando a me apaixonar por Henrique, mas também sabia que havia muitas complicações nesse caminho. A mais óbvia era o fato de que ele era tio de Lucas, o homem que havia destruído meu coração. E, mesmo que eu não tivesse contado a Henrique sobre minha relação com Lucas, sabia que esse segredo não poderia ser mantido para sempre.Passei o dia tentando me concentrar no trabalho, mas minha mente continuava voltando para Henrique. As lembranças da noite anterior se misturavam com os pensamentos do que poderia acontecer a seguir. Eu sabia qu
CLARAOs dias que seguiram ao jantar com Henrique foram uma montanha-russa emocional. Passei horas revivendo cada momento, cada palavra, cada olhar. Por um lado, me sentia incrivelmente feliz, como se finalmente estivesse começando a sair da escuridão que Lucas havia deixado em minha vida. Por outro, a culpa e o medo começaram a se instalar.Eu sabia que Henrique merecia saber a verdade sobre Lucas, mas como eu poderia contar a ele? Como eu poderia explicar que o homem que ele considerava família era o mesmo que havia partido meu coração em mil pedaços? A ideia de perder o que tínhamos, mesmo que ainda estivesse no começo, me aterrorizava. Mas, ao mesmo tempo, sabia que estava construindo algo sobre uma base de mentiras e omissões. E isso me corroía por dentro.No trabalho, tentei me concentrar, mas era difícil quando minha mente estava constantemente dividida. Henrique me enviava mensagens durante o dia, sempre simpáticas e encorajadoras, e cada uma delas fazia meu coração bater mais
CLARAA semana que se seguiu à conversa com Henrique foi uma das mais difíceis da minha vida. Cada dia parecia se arrastar, e a ausência dele era como um vazio que eu não sabia como preencher. Eu sabia que ele precisava de tempo para processar tudo, mas não podia evitar a sensação de que, de alguma forma, eu havia arruinado algo especial.No trabalho, mantive a fachada de profissionalismo, mas por dentro, estava um caos. Henrique não entrou em contato comigo durante toda a semana, e cada dia sem ouvir sua voz ou ver sua mensagem apenas intensificava a incerteza que eu sentia. As coisas entre nós haviam mudado, e eu não sabia se algum dia voltariam a ser as mesmas.Na sexta-feira, ao final do expediente, decidi que precisava sair e espairecer. Ana sugeriu que fôssemos a um novo bar que havia aberto na cidade, e, embora a ideia de sair e socializar não me atraísse muito, sabia que precisava tentar. Qualquer coisa era melhor do que ficar em casa remoendo meus pensamentos.Quando chegamos
CLARAAcordei na manhã seguinte sentindo o calor suave da luz do sol que entrava pelas cortinas. Por um momento, fiquei ali, deitada, permitindo que a realidade da noite anterior se firmasse na minha mente. Tudo o que havia acontecido entre mim e Henrique parecia um sonho, mas o toque dele ainda estava fresco na minha pele, me lembrando de que tudo era real.Virei-me para o lado e o vi ainda dormindo, a expressão tranquila em seu rosto me fez sorrir. Ele parecia tão diferente do homem confiante e controlado que eu conhecia no ambiente de trabalho. Aqui, ele era simplesmente Henrique, o homem com quem eu havia compartilhado uma noite de pura conexão. Não apenas física, mas algo mais profundo, algo que me fez sentir viva de uma forma que eu não sentia há muito tempo.Por um instante, pensei em como as coisas poderiam mudar depois disso. A relação que estávamos construindo era algo que eu sabia que poderia ser maravilhoso, mas também sabia que não seria simples. Havia tantas complicações
CLARANos dias que se seguiram à nossa conversa, senti como se uma nova fase tivesse começado entre mim e Henrique. Havia algo mais leve em nosso relacionamento agora que a verdade estava finalmente exposta. Mesmo assim, sabia que o caminho à nossa frente não seria fácil. Havia muitos sentimentos envolvidos, e o fato de Lucas estar no meio de tudo isso tornava a situação ainda mais complicada.Henrique foi um pilar de apoio durante esse período. Ele me deu o espaço que eu precisava, mas ao mesmo tempo, estava sempre presente, pronto para me ouvir ou simplesmente estar ao meu lado. Era como se a nossa conexão tivesse se tornado mais forte depois daquela conversa, e isso me deu esperança de que poderíamos superar qualquer obstáculo.No trabalho, as coisas continuaram a progredir. Nossa campanha estava ganhando forma, e Ricardo parecia mais satisfeito do que nunca com o nosso desempenho. Mesmo com toda a tensão pessoal, Henrique e eu conseguimos manter o profissionalismo, e isso era uma
CLARAEu estava completamente à mercê de Henrique, e não havia nada que eu quisesse mais. Cada toque, cada carícia era como uma corrente elétrica passando pelo meu corpo, acendendo sensações que eu nem sabia que existiam. O jeito como ele me olhava, com uma mistura de desejo e ternura, me fazia sentir como se fosse a única coisa que importava no mundo naquele momento.Enquanto ele me conduzia para a cama, senti suas mãos firmes segurando minha cintura, puxando-me para mais perto. Seus lábios encontraram os meus com uma fome que parecia ter sido contida por tempo demais. O beijo era intenso, cheio de paixão, e eu me entreguei completamente, deixando que ele tomasse o controle.Henrique me deitou suavemente sobre a cama coberta de pétalas de rosas, o perfume das flores misturando-se com o cheiro do seu perfume, criando uma atmosfera quase mágica. Ele se posicionou sobre mim, seus olhos fixos nos meus, e senti a intensidade de seu olhar como uma chama que queimava suavemente, mas com uma
CLARAAcordar na manhã seguinte foi como emergir de um sonho, um daqueles que você não quer que acabe nunca. A luz suave do sol entrava pelas cortinas, e, por um segundo, eu esqueci onde estava. Então, senti o braço de Henrique me envolvendo e tudo voltou, como um flash de todas as coisas maravilhosas que aconteceram na noite passada.Sabe aquela sensação de quando você acorda e percebe que está exatamente onde quer estar? Pois é, foi exatamente isso que senti. Henrique ainda estava dormindo, o rosto tranquilo, o que me deu um tempinho para apenas ficar ali, apreciando o momento. Nunca imaginei que me sentiria tão à vontade com alguém, especialmente depois de tudo o que passei.Mas aí, claro, minha mente começou a disparar. Sabe como é, né? Acordei me sentindo ótima, mas logo em seguida, a realidade começou a dar uns tapinhas na minha cara. Tipo, "Oi, bom dia, e agora? O que vem a seguir?". Porque, vamos combinar, as coisas nunca são tão simples assim.Me virei devagar na cama, tentan