Capítulo 08

CLARA

Os dias seguintes foram uma mistura confusa de trabalho e pensamentos constantes sobre Henrique. Era como se meu cérebro tivesse decidido que ele era o novo foco central da minha vida, e não importava o quanto eu tentasse me distrair, tudo sempre voltava para ele.

No escritório, as coisas continuavam normais — ou pelo menos, eu tentava agir como se estivessem. Ninguém sabia sobre o turbilhão de emoções que eu estava sentindo, nem mesmo Ana. Eu sabia que, se contasse a ela, ela iria entender, mas parte de mim ainda queria manter esses sentimentos em segredo, talvez por medo do que eles realmente significavam.

Na sexta-feira à tarde, recebi outro e-mail de Henrique. Era uma mensagem curta, convidando-me para um evento de lançamento que sua empresa estava organizando na semana seguinte. Disse que seria uma boa oportunidade para discutirmos mais sobre a campanha e, claro, para eu conhecer algumas pessoas importantes do setor.

Ao ler o e-mail, senti um misto de nervosismo e empolgação. Por um lado, era uma ótima oportunidade para minha carreira. Por outro, a ideia de passar mais tempo perto de Henrique, em um ambiente social, me deixava ainda mais ansiosa.

Respondi aceitando o convite, mas a verdade é que minha cabeça estava a mil. Eu não conseguia parar de pensar no que significaria estar ao lado de Henrique em um evento como aquele. Havia algo no ar, uma tensão que eu não conseguia ignorar, algo que ia muito além do profissional.

Quando o dia do evento finalmente chegou, passei horas escolhendo a roupa certa. Sabia que era um evento formal, mas também queria parecer confiante e, talvez, um pouco atraente. Acabei optando por um vestido preto simples, mas elegante, algo que me fazia sentir segura de mim mesma, sem parecer que estava me esforçando demais.

Ana me ajudou a me arrumar, dando dicas sobre maquiagem e cabelo. Ela sabia que eu estava nervosa, mas respeitou meu silêncio sobre o motivo real. Quando finalmente estava pronta, olhei para o espelho e senti um misto de orgulho e nervosismo. Eu sabia que estava prestes a entrar em um território desconhecido, e, apesar do medo, também estava empolgada para ver onde isso poderia me levar.

Cheguei ao evento pouco depois do início, e o lugar estava lotado. A empresa de Henrique havia organizado tudo com perfeição, desde a decoração sofisticada até a música ambiente. Era o tipo de evento em que você sabia que todas as pessoas importantes do setor estariam presentes, e eu me senti um pouco fora do lugar no começo.

Mas, então, vi Henrique. Ele estava conversando com um pequeno grupo de pessoas, mas assim que me viu, seus olhos se iluminaram e ele se desculpou, vindo na minha direção. Eu senti meu coração disparar novamente, aquela sensação familiar que eu já estava começando a reconhecer.

— Clara, que bom que veio. Você está linda — ele disse, com aquele sorriso que fazia meu coração derreter.

— Obrigada, Henrique. O evento está incrível — respondi, tentando ignorar o calor que subiu ao meu rosto com o elogio.

— Vamos, vou te apresentar a algumas pessoas — ele disse, estendendo o braço para que eu o acompanhasse.

Passei a próxima meia hora sendo apresentada a várias pessoas importantes, desde outros empresários até figuras influentes no mundo do marketing. Henrique fazia questão de me incluir em todas as conversas, pedindo minha opinião e destacando meu trabalho na campanha. Eu sabia que ele estava me ajudando a me destacar, e isso significava muito para mim.

Enquanto a noite avançava, Henrique e eu acabamos encontrando um canto mais tranquilo para conversar. O barulho do evento parecia distante enquanto falávamos sobre tudo, desde trabalho até nossas vidas pessoais. Percebi que, além de ser um excelente empresário, ele também era alguém com quem eu me sentia à vontade para conversar sobre qualquer coisa.

— Sabe, Clara, eu raramente me sinto tão confortável com alguém em tão pouco tempo — ele disse, enquanto segurava sua taça de vinho. — Mas com você... é diferente. Parece que nos conhecemos há muito mais tempo.

Suas palavras me pegaram de surpresa, mas ao mesmo tempo, eu sentia exatamente a mesma coisa. Havia uma conexão entre nós que eu não conseguia explicar, algo que ia além da simples atração.

— Eu sinto o mesmo, Henrique. É estranho, mas ao mesmo tempo... bom. Como se fosse fácil estar perto de você.

Ele sorriu, aquele sorriso que parecia capaz de iluminar qualquer lugar.

— Fico feliz em ouvir isso. Especialmente porque... — Ele parou, como se estivesse escolhendo as palavras certas. — Porque acho que podemos nos dar muito bem, Clara. Profissionalmente, claro. Mas também... de outras formas.

Meu coração deu um salto. Eu sabia o que ele queria dizer, mas parte de mim ainda estava lutando contra essa ideia. Tudo parecia estar acontecendo tão rápido, e eu ainda estava tentando superar o que aconteceu com Lucas.

— Henrique, eu... não sei o que dizer. Acho que as coisas têm sido um pouco complicadas para mim ultimamente, e estou tentando entender tudo isso. — Minha voz saiu um pouco mais tremida do que eu esperava, mas era a verdade. Eu estava confusa, assustada e, ao mesmo tempo, muito atraída por ele.

Ele assentiu, como se compreendesse perfeitamente o que eu estava sentindo.

— Eu entendo, Clara. E não quero te pressionar. Só quero que saiba que estou aqui, se precisar de mim, para qualquer coisa. Seja trabalho, seja algo mais... pessoal.

Havia uma sinceridade em sua voz que me tocou profundamente. Ele não estava apenas interessado em mim de forma superficial; ele realmente se importava. E isso era algo que eu não estava acostumada a sentir.

— Obrigada, Henrique. Isso significa muito para mim — respondi, sentindo uma onda de emoção tomar conta de mim.

Ele olhou para mim por um momento, e eu soube que ele queria dizer mais, mas estava se segurando, respeitando meu espaço. Esse gesto apenas aumentou a minha admiração por ele.

— Acho que vou pegar mais uma bebida. Quer me acompanhar? — ele sugeriu, quebrando o momento de tensão.

Assenti, grata pela mudança de assunto. Enquanto caminhávamos em direção ao bar, senti uma onda de tranquilidade me envolver. Pela primeira vez em muito tempo, senti que estava no lugar certo, com a pessoa certa. E, embora ainda houvesse muitas dúvidas e medos, uma parte de mim estava disposta a ver onde tudo isso iria dar.

A noite continuou tranquila. Henrique e eu conversamos mais, rimos juntos e, quando finalmente chegou a hora de ir embora, ele me acompanhou até a saída. Quando estávamos do lado de fora, senti o ar fresco da noite me envolver, e por um momento, tudo parecia perfeito.

— Clara, foi uma noite maravilhosa. Espero que tenha se divertido tanto quanto eu — ele disse, com aquele sorriso caloroso que eu já estava começando a adorar.

— Foi uma ótima noite, Henrique. Obrigada por tudo — respondi, sinceramente.

Ficamos ali por um momento, apenas nos olhando. Eu sabia que havia algo mais, algo que ele queria dizer ou fazer, mas ele se conteve, respeitando o meu espaço. E isso, mais do que qualquer outra coisa, me fez perceber o quanto ele era diferente de qualquer pessoa que eu já havia conhecido.

— Tenha uma boa noite, Clara. E... nos vemos em breve — ele disse, antes de se despedir com um aceno de cabeça e entrar no carro.

Fiquei ali, parada por alguns segundos, enquanto ele se afastava. Meu coração estava uma bagunça, mas de uma maneira boa. Eu sabia que estava começando a me apaixonar por ele, e isso era ao mesmo tempo emocionante e assustador.

Voltei para casa naquela noite com a cabeça cheia de pensamentos. Ana estava dormindo quando cheguei, então fui direto para o meu quarto, tentando processar tudo o que havia acontecido. Eu sabia que estava em uma encruzilhada, e qualquer decisão que eu tomasse a partir daquele momento poderia mudar minha vida para sempre.

Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu estava disposta a correr o risco. Henrique era diferente, e talvez, apenas talvez, ele fosse exatamente o que eu precisava para deixar o passado para trás e começar de novo.

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