CLARA
Os dias seguintes foram uma mistura confusa de trabalho e pensamentos constantes sobre Henrique. Era como se meu cérebro tivesse decidido que ele era o novo foco central da minha vida, e não importava o quanto eu tentasse me distrair, tudo sempre voltava para ele.
No escritório, as coisas continuavam normais — ou pelo menos, eu tentava agir como se estivessem. Ninguém sabia sobre o turbilhão de emoções que eu estava sentindo, nem mesmo Ana. Eu sabia que, se contasse a ela, ela iria entender, mas parte de mim ainda queria manter esses sentimentos em segredo, talvez por medo do que eles realmente significavam.
Na sexta-feira à tarde, recebi outro e-mail de Henrique. Era uma mensagem curta, convidando-me para um evento de lançamento que sua empresa estava organizando na semana seguinte. Disse que seria uma boa oportunidade para discutirmos mais sobre a campanha e, claro, para eu conhecer algumas pessoas importantes do setor.
Ao ler o e-mail, senti um misto de nervosismo e empolgação. Por um lado, era uma ótima oportunidade para minha carreira. Por outro, a ideia de passar mais tempo perto de Henrique, em um ambiente social, me deixava ainda mais ansiosa.
Respondi aceitando o convite, mas a verdade é que minha cabeça estava a mil. Eu não conseguia parar de pensar no que significaria estar ao lado de Henrique em um evento como aquele. Havia algo no ar, uma tensão que eu não conseguia ignorar, algo que ia muito além do profissional.
Quando o dia do evento finalmente chegou, passei horas escolhendo a roupa certa. Sabia que era um evento formal, mas também queria parecer confiante e, talvez, um pouco atraente. Acabei optando por um vestido preto simples, mas elegante, algo que me fazia sentir segura de mim mesma, sem parecer que estava me esforçando demais.
Ana me ajudou a me arrumar, dando dicas sobre maquiagem e cabelo. Ela sabia que eu estava nervosa, mas respeitou meu silêncio sobre o motivo real. Quando finalmente estava pronta, olhei para o espelho e senti um misto de orgulho e nervosismo. Eu sabia que estava prestes a entrar em um território desconhecido, e, apesar do medo, também estava empolgada para ver onde isso poderia me levar.
Cheguei ao evento pouco depois do início, e o lugar estava lotado. A empresa de Henrique havia organizado tudo com perfeição, desde a decoração sofisticada até a música ambiente. Era o tipo de evento em que você sabia que todas as pessoas importantes do setor estariam presentes, e eu me senti um pouco fora do lugar no começo.
Mas, então, vi Henrique. Ele estava conversando com um pequeno grupo de pessoas, mas assim que me viu, seus olhos se iluminaram e ele se desculpou, vindo na minha direção. Eu senti meu coração disparar novamente, aquela sensação familiar que eu já estava começando a reconhecer.
— Clara, que bom que veio. Você está linda — ele disse, com aquele sorriso que fazia meu coração derreter.
— Obrigada, Henrique. O evento está incrível — respondi, tentando ignorar o calor que subiu ao meu rosto com o elogio.
— Vamos, vou te apresentar a algumas pessoas — ele disse, estendendo o braço para que eu o acompanhasse.
Passei a próxima meia hora sendo apresentada a várias pessoas importantes, desde outros empresários até figuras influentes no mundo do marketing. Henrique fazia questão de me incluir em todas as conversas, pedindo minha opinião e destacando meu trabalho na campanha. Eu sabia que ele estava me ajudando a me destacar, e isso significava muito para mim.
Enquanto a noite avançava, Henrique e eu acabamos encontrando um canto mais tranquilo para conversar. O barulho do evento parecia distante enquanto falávamos sobre tudo, desde trabalho até nossas vidas pessoais. Percebi que, além de ser um excelente empresário, ele também era alguém com quem eu me sentia à vontade para conversar sobre qualquer coisa.
— Sabe, Clara, eu raramente me sinto tão confortável com alguém em tão pouco tempo — ele disse, enquanto segurava sua taça de vinho. — Mas com você... é diferente. Parece que nos conhecemos há muito mais tempo.
Suas palavras me pegaram de surpresa, mas ao mesmo tempo, eu sentia exatamente a mesma coisa. Havia uma conexão entre nós que eu não conseguia explicar, algo que ia além da simples atração.
— Eu sinto o mesmo, Henrique. É estranho, mas ao mesmo tempo... bom. Como se fosse fácil estar perto de você.
Ele sorriu, aquele sorriso que parecia capaz de iluminar qualquer lugar.
— Fico feliz em ouvir isso. Especialmente porque... — Ele parou, como se estivesse escolhendo as palavras certas. — Porque acho que podemos nos dar muito bem, Clara. Profissionalmente, claro. Mas também... de outras formas.
Meu coração deu um salto. Eu sabia o que ele queria dizer, mas parte de mim ainda estava lutando contra essa ideia. Tudo parecia estar acontecendo tão rápido, e eu ainda estava tentando superar o que aconteceu com Lucas.
— Henrique, eu... não sei o que dizer. Acho que as coisas têm sido um pouco complicadas para mim ultimamente, e estou tentando entender tudo isso. — Minha voz saiu um pouco mais tremida do que eu esperava, mas era a verdade. Eu estava confusa, assustada e, ao mesmo tempo, muito atraída por ele.
Ele assentiu, como se compreendesse perfeitamente o que eu estava sentindo.
— Eu entendo, Clara. E não quero te pressionar. Só quero que saiba que estou aqui, se precisar de mim, para qualquer coisa. Seja trabalho, seja algo mais... pessoal.
Havia uma sinceridade em sua voz que me tocou profundamente. Ele não estava apenas interessado em mim de forma superficial; ele realmente se importava. E isso era algo que eu não estava acostumada a sentir.
— Obrigada, Henrique. Isso significa muito para mim — respondi, sentindo uma onda de emoção tomar conta de mim.
Ele olhou para mim por um momento, e eu soube que ele queria dizer mais, mas estava se segurando, respeitando meu espaço. Esse gesto apenas aumentou a minha admiração por ele.
— Acho que vou pegar mais uma bebida. Quer me acompanhar? — ele sugeriu, quebrando o momento de tensão.
Assenti, grata pela mudança de assunto. Enquanto caminhávamos em direção ao bar, senti uma onda de tranquilidade me envolver. Pela primeira vez em muito tempo, senti que estava no lugar certo, com a pessoa certa. E, embora ainda houvesse muitas dúvidas e medos, uma parte de mim estava disposta a ver onde tudo isso iria dar.
A noite continuou tranquila. Henrique e eu conversamos mais, rimos juntos e, quando finalmente chegou a hora de ir embora, ele me acompanhou até a saída. Quando estávamos do lado de fora, senti o ar fresco da noite me envolver, e por um momento, tudo parecia perfeito.
— Clara, foi uma noite maravilhosa. Espero que tenha se divertido tanto quanto eu — ele disse, com aquele sorriso caloroso que eu já estava começando a adorar.
— Foi uma ótima noite, Henrique. Obrigada por tudo — respondi, sinceramente.
Ficamos ali por um momento, apenas nos olhando. Eu sabia que havia algo mais, algo que ele queria dizer ou fazer, mas ele se conteve, respeitando o meu espaço. E isso, mais do que qualquer outra coisa, me fez perceber o quanto ele era diferente de qualquer pessoa que eu já havia conhecido.
— Tenha uma boa noite, Clara. E... nos vemos em breve — ele disse, antes de se despedir com um aceno de cabeça e entrar no carro.
Fiquei ali, parada por alguns segundos, enquanto ele se afastava. Meu coração estava uma bagunça, mas de uma maneira boa. Eu sabia que estava começando a me apaixonar por ele, e isso era ao mesmo tempo emocionante e assustador.
Voltei para casa naquela noite com a cabeça cheia de pensamentos. Ana estava dormindo quando cheguei, então fui direto para o meu quarto, tentando processar tudo o que havia acontecido. Eu sabia que estava em uma encruzilhada, e qualquer decisão que eu tomasse a partir daquele momento poderia mudar minha vida para sempre.
Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu estava disposta a correr o risco. Henrique era diferente, e talvez, apenas talvez, ele fosse exatamente o que eu precisava para deixar o passado para trás e começar de novo.
CLARANo dia seguinte ao evento, acordei com uma sensação estranha de expectativa, como se algo estivesse prestes a acontecer. A noite anterior ainda estava fresca na minha mente, e não conseguia parar de pensar em Henrique e em tudo o que ele disse. Era como se ele tivesse plantado uma semente de esperança dentro de mim, algo que eu não sentia há muito tempo.Mas, ao mesmo tempo, havia uma nuvem de preocupação pairando sobre mim. Eu sabia que estava começando a me apaixonar por Henrique, mas também sabia que havia muitas complicações nesse caminho. A mais óbvia era o fato de que ele era tio de Lucas, o homem que havia destruído meu coração. E, mesmo que eu não tivesse contado a Henrique sobre minha relação com Lucas, sabia que esse segredo não poderia ser mantido para sempre.Passei o dia tentando me concentrar no trabalho, mas minha mente continuava voltando para Henrique. As lembranças da noite anterior se misturavam com os pensamentos do que poderia acontecer a seguir. Eu sabia qu
CLARAOs dias que seguiram ao jantar com Henrique foram uma montanha-russa emocional. Passei horas revivendo cada momento, cada palavra, cada olhar. Por um lado, me sentia incrivelmente feliz, como se finalmente estivesse começando a sair da escuridão que Lucas havia deixado em minha vida. Por outro, a culpa e o medo começaram a se instalar.Eu sabia que Henrique merecia saber a verdade sobre Lucas, mas como eu poderia contar a ele? Como eu poderia explicar que o homem que ele considerava família era o mesmo que havia partido meu coração em mil pedaços? A ideia de perder o que tínhamos, mesmo que ainda estivesse no começo, me aterrorizava. Mas, ao mesmo tempo, sabia que estava construindo algo sobre uma base de mentiras e omissões. E isso me corroía por dentro.No trabalho, tentei me concentrar, mas era difícil quando minha mente estava constantemente dividida. Henrique me enviava mensagens durante o dia, sempre simpáticas e encorajadoras, e cada uma delas fazia meu coração bater mais
CLARAA semana que se seguiu à conversa com Henrique foi uma das mais difíceis da minha vida. Cada dia parecia se arrastar, e a ausência dele era como um vazio que eu não sabia como preencher. Eu sabia que ele precisava de tempo para processar tudo, mas não podia evitar a sensação de que, de alguma forma, eu havia arruinado algo especial.No trabalho, mantive a fachada de profissionalismo, mas por dentro, estava um caos. Henrique não entrou em contato comigo durante toda a semana, e cada dia sem ouvir sua voz ou ver sua mensagem apenas intensificava a incerteza que eu sentia. As coisas entre nós haviam mudado, e eu não sabia se algum dia voltariam a ser as mesmas.Na sexta-feira, ao final do expediente, decidi que precisava sair e espairecer. Ana sugeriu que fôssemos a um novo bar que havia aberto na cidade, e, embora a ideia de sair e socializar não me atraísse muito, sabia que precisava tentar. Qualquer coisa era melhor do que ficar em casa remoendo meus pensamentos.Quando chegamos
CLARAAcordei na manhã seguinte sentindo o calor suave da luz do sol que entrava pelas cortinas. Por um momento, fiquei ali, deitada, permitindo que a realidade da noite anterior se firmasse na minha mente. Tudo o que havia acontecido entre mim e Henrique parecia um sonho, mas o toque dele ainda estava fresco na minha pele, me lembrando de que tudo era real.Virei-me para o lado e o vi ainda dormindo, a expressão tranquila em seu rosto me fez sorrir. Ele parecia tão diferente do homem confiante e controlado que eu conhecia no ambiente de trabalho. Aqui, ele era simplesmente Henrique, o homem com quem eu havia compartilhado uma noite de pura conexão. Não apenas física, mas algo mais profundo, algo que me fez sentir viva de uma forma que eu não sentia há muito tempo.Por um instante, pensei em como as coisas poderiam mudar depois disso. A relação que estávamos construindo era algo que eu sabia que poderia ser maravilhoso, mas também sabia que não seria simples. Havia tantas complicações
CLARANos dias que se seguiram à nossa conversa, senti como se uma nova fase tivesse começado entre mim e Henrique. Havia algo mais leve em nosso relacionamento agora que a verdade estava finalmente exposta. Mesmo assim, sabia que o caminho à nossa frente não seria fácil. Havia muitos sentimentos envolvidos, e o fato de Lucas estar no meio de tudo isso tornava a situação ainda mais complicada.Henrique foi um pilar de apoio durante esse período. Ele me deu o espaço que eu precisava, mas ao mesmo tempo, estava sempre presente, pronto para me ouvir ou simplesmente estar ao meu lado. Era como se a nossa conexão tivesse se tornado mais forte depois daquela conversa, e isso me deu esperança de que poderíamos superar qualquer obstáculo.No trabalho, as coisas continuaram a progredir. Nossa campanha estava ganhando forma, e Ricardo parecia mais satisfeito do que nunca com o nosso desempenho. Mesmo com toda a tensão pessoal, Henrique e eu conseguimos manter o profissionalismo, e isso era uma
CLARAEu estava completamente à mercê de Henrique, e não havia nada que eu quisesse mais. Cada toque, cada carícia era como uma corrente elétrica passando pelo meu corpo, acendendo sensações que eu nem sabia que existiam. O jeito como ele me olhava, com uma mistura de desejo e ternura, me fazia sentir como se fosse a única coisa que importava no mundo naquele momento.Enquanto ele me conduzia para a cama, senti suas mãos firmes segurando minha cintura, puxando-me para mais perto. Seus lábios encontraram os meus com uma fome que parecia ter sido contida por tempo demais. O beijo era intenso, cheio de paixão, e eu me entreguei completamente, deixando que ele tomasse o controle.Henrique me deitou suavemente sobre a cama coberta de pétalas de rosas, o perfume das flores misturando-se com o cheiro do seu perfume, criando uma atmosfera quase mágica. Ele se posicionou sobre mim, seus olhos fixos nos meus, e senti a intensidade de seu olhar como uma chama que queimava suavemente, mas com uma
CLARAAcordar na manhã seguinte foi como emergir de um sonho, um daqueles que você não quer que acabe nunca. A luz suave do sol entrava pelas cortinas, e, por um segundo, eu esqueci onde estava. Então, senti o braço de Henrique me envolvendo e tudo voltou, como um flash de todas as coisas maravilhosas que aconteceram na noite passada.Sabe aquela sensação de quando você acorda e percebe que está exatamente onde quer estar? Pois é, foi exatamente isso que senti. Henrique ainda estava dormindo, o rosto tranquilo, o que me deu um tempinho para apenas ficar ali, apreciando o momento. Nunca imaginei que me sentiria tão à vontade com alguém, especialmente depois de tudo o que passei.Mas aí, claro, minha mente começou a disparar. Sabe como é, né? Acordei me sentindo ótima, mas logo em seguida, a realidade começou a dar uns tapinhas na minha cara. Tipo, "Oi, bom dia, e agora? O que vem a seguir?". Porque, vamos combinar, as coisas nunca são tão simples assim.Me virei devagar na cama, tentan
CLARAOs dias seguintes passaram numa mistura de trabalho e pensamentos constantes sobre Henrique. Sabe quando você está tão envolvida em algo novo que até as coisas mais simples do dia a dia parecem diferentes? Pois é, foi exatamente assim. Cada e-mail que ele mandava, cada mensagem de bom dia, era como uma pequena faísca que iluminava o meu dia.Mas, claro, nem tudo era tão simples. A vida continua, e com ela, os pequenos dramas do cotidiano que nunca tiram férias. No trabalho, Ricardo estava mais exigente do que nunca, e o projeto da campanha com a empresa de Henrique estava entrando numa fase crucial. Ou seja, pressão de todos os lados. E, como se não bastasse, eu ainda tinha que lidar com a minha própria cabeça, que não parava de inventar mil e uma teorias sobre como as coisas poderiam dar errado entre a gente.— Clara, você está me ouvindo? — A voz de Joana, uma das minhas colegas, me trouxe de volta à realidade. Estávamos na sala de reuniões, discutindo as últimas ideias para a