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Capítulo 3: Entre Orações e Descobertas

A capela estava silenciosa, exceto pelo som suave da respiração de Valentina. Ela estava ajoelhada diante do altar, as mãos unidas em prece. Tentava acalmar o coração que ainda pulsava descompassado desde o encontro com Gabriel.

“Senhor, guia-me em Tuas verdades,” ela sussurrou, os olhos fechados com força. “Afasta de mim tudo o que não pertence ao Teu plano. Não permita que eu me perca.”

Mas, mesmo em oração, a lembrança dos olhos intensos de Gabriel surgia em sua mente. A maneira como ele a desafiara, como se enxergasse algo que nem ela mesma sabia existir, a deixava inquieta.

De repente, Irmã Amélia apareceu silenciosamente ao seu lado.

“Valentina,” a freira disse em tom sério, “você está bem?”

Valentina abriu os olhos lentamente, respirando fundo.

“Sim, Irmã Amélia. Só… tentando encontrar paz.”

A mais velha inclinou a cabeça, estudando-a por um momento.

“Você precisa ser forte. Homens como Gabriel não têm escrúpulos. Ele está aqui para destruir tudo o que amamos. Não permita que ele a confunda.”

Valentina assentiu, mas não conseguiu responder. Parte de si concordava plenamente com a irmã, mas outra parte… outra parte sentia algo que não conseguia explicar.

Enquanto isso, Gabriel estava em seu escritório improvisado no hotel mais luxuoso da cidade. Um tablet estava sobre a mesa, exibindo fotos e documentos sobre o convento. Ele havia mandado sua equipe investigar a história do lugar, e os resultados começaram a chegar.

“Valentina Mendes,” ele murmurou, passando os dedos pelo nome que aparecia em um dos relatórios.

Ele descobriu que Valentina havia perdido os pais ainda criança e fora criada por uma tia devota, que a enviara ao convento aos 18 anos. No entanto, algo na trajetória dela chamou sua atenção: havia uma lacuna de dois anos antes de ela ser aceita como noviça. Dois anos sem registros claros.

“Interessante,” ele disse para si mesmo, os olhos brilhando com curiosidade.

Nesse momento, Felipe, seu assistente, entrou na sala com um sorriso malicioso.

“Parece que o senhor está particularmente interessado na noviça,” comentou, colocando mais documentos na mesa.

Gabriel arqueou uma sobrancelha.

“Não é interesse. É estratégia. Ela parece ser importante para o convento, e entender o que a mantém aqui pode ser a chave para avançarmos.”

Felipe riu.

“Estratégia, claro. E aquele olhar que você deu a ela hoje foi pura tática de negócios, certo?”

Gabriel não respondeu imediatamente. Ele se recostou na cadeira, pensando na força nos olhos de Valentina e na vulnerabilidade escondida sob sua determinação.

“Ela é diferente,” admitiu, quase em um sussurro. “E talvez isso torne tudo mais… complicado.”

Felipe levantou as mãos em rendição.

“Complicado ou não, o senhor é conhecido por conseguir o que quer.”

Na manhã seguinte, Valentina estava no jardim novamente, cuidando das plantas. O trabalho manual sempre fora seu refúgio, uma maneira de silenciar a mente.

“Essas flores parecem mais felizes quando você está por perto.”

Ela se sobressaltou ao ouvir a voz familiar e virou-se para encontrar Gabriel parado ali, encostado no portão do jardim. Ele estava vestido de maneira mais casual desta vez, mas o mesmo ar de confiança o acompanhava.

“O que você está fazendo aqui de novo?” ela perguntou, tentando manter a calma.

“Passei para admirar a paisagem,” respondeu ele com um sorriso travesso, os olhos pousando nela por tempo suficiente para deixá-la desconfortável.

“Você não deveria estar aqui,” ela repetiu, levantando-se.

“Você sempre repete isso, mas nunca diz o que realmente quer.”

Valentina estreitou os olhos, cruzando os braços.

“E o que você acha que eu quero?”

Gabriel deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.

“Acho que você quer proteger este lugar com toda a força que tem. Mas também acho que há algo em você… algo que está questionando tudo isso.”

“Você não sabe nada sobre mim,” retrucou ela, embora sua voz tenha vacilado.

“Talvez,” ele respondeu, inclinando ligeiramente a cabeça, “mas vou descobrir.”

Valentina sentiu o coração disparar enquanto Gabriel se afastava, deixando-a com mais perguntas do que respostas. O que ele queria realmente com ela? E por que suas palavras pareciam tocar partes de sua alma que ela pensava estar enterradas?

Enquanto ele atravessava os portões do convento, um sorriso enigmático brincava em seus lábios. Gabriel sabia que essa batalha estava apenas começando, e Sant’Elisa estava prestes a ser abalada de maneiras que ninguém poderia prever.

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