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Capítulo 2: O Pecado B**e à Porta

O dia começou agitado no convento de Sant’Elisa. As freiras andavam de um lado para o outro, preparando-se para receber um grupo de visitantes locais interessados na história do lugar. Valentina, que ainda se adaptava à rotina como noviça, estava no jardim, podando rosas com cuidado. Ela respirava fundo, tentando acalmar a mente que, inexplicavelmente, insistia em revisitar o encontro do dia anterior.

Mas antes que pudesse se concentrar em seus pensamentos, ouviu passos rápidos ecoando pelo pátio. Quando se virou, viu Gabriel atravessando os portões do convento com a mesma determinação que carregava no olhar.

Ele parecia um homem em missão, vestindo um terno impecável que contrastava com a simplicidade daquele lugar sagrado. Seu olhar varreu o jardim até pousar nela. Um sorriso leve — talvez até desafiador — surgiu em seus lábios.

“Valentina, não é?” ele perguntou, como se fossem velhos conhecidos.

“Senhor… Gabriel, não deveria estar aqui. Este é um lugar restrito.” Valentina ergueu o queixo, tentando soar firme, mas sua voz traiu uma leve hesitação.

“Eu preciso falar com a Madre Superiora. Hoje. Agora,” ele disse, aproximando-se. “E parece que você é a única que pode me levar até ela.”

Valentina deu um passo para trás, tentando manter distância. “A Madre Superiora está ocupada. E você não pode simplesmente invadir o convento assim.”

Gabriel cruzou os braços, um gesto que exalava confiança. “Invasão é uma palavra forte. Digamos que sou um homem determinado. E você parece ser a única pessoa sensata aqui para entender isso.”

Valentina apertou os lábios, claramente irritada. “Determinação não justifica desrespeito. Este lugar merece mais consideração do que isso.”

Ele inclinou a cabeça, estudando-a com interesse. “Você fala como alguém que acredita profundamente no que está defendendo. Gosto disso.”

Ela sentiu o sangue subir ao rosto. “Não é questão de gostar ou não. É minha obrigação.”

Gabriel deu um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre eles. Valentina podia sentir o cheiro amadeirado de seu perfume, algo que a incomodava mais do que gostaria de admitir.

“E qual é exatamente a sua obrigação. Valentina? Obedecer cegamente ou questionar o que realmente acredita?”

Ela piscou, surpresa com a pergunta. “Minha fé não é cega. É uma escolha.”

“Escolha? Hm,” ele murmurou, pensativo, com um sorriso de canto. “Interessante. Então, escolha me ajudar. Me leve até a Madre Superiora. Garanto que minha conversa será rápida.”

Valentina hesitou. Ele tinha uma maneira de desarmar suas respostas com facilidade, e isso a deixava desconfortável.

“Você não entende, senhor Gabriel. Este convento não é apenas um prédio. É um lar, um refúgio para muitas pessoas. Seu plano de demoli-lo…”

“Valentina,” ele a interrompeu, sua voz mais baixa, quase gentil, “não sou o vilão que você está imaginando. Só quero uma chance de explicar minha proposta.”

Antes que ela pudesse responder, a voz firme de Irmã Amélia ecoou pelo pátio.

“Senhor Gabriel! Eu já disse ontem que você não é bem-vindo aqui sem um agendamento.”

Gabriel virou-se, mantendo a compostura. “Irmã Amélia, bom vê-la novamente. Espero que esteja tendo um dia abençoado. Agora, por favor, seja razoável. Não vim aqui para causar problemas, apenas para conversar.”

“Conversas podem ser marcadas. Agora, se não se retirar imediatamente, serei obrigada a chamar as autoridades.”

Valentina observava a troca tensa, mas algo em Gabriel a intrigava. Ele não parecia intimidado, nem mal-intencionado, apesar da maneira invasiva de agir.

Gabriel suspirou, levantando as mãos em um gesto de rendição. “Certo, certo. Vou embora… por enquanto.” Ele então se virou para Valentina, seus olhos prendendo os dela por um momento longo demais. “Mas vou voltar. Você sabe que vou.”

Sem esperar resposta, ele se retirou, deixando um rastro de perfume e perguntas não ditas.

Mais tarde, no silêncio da capela. Valentina sentou-se em um dos bancos, encarando o altar. As velas tremeluziam, lançando sombras nas paredes.

“Por que ele me deixa tão inquieta, Senhor?” sussurrou, fechando os olhos.

Mas, mesmo em sua prece, o rosto de Gabriel surgiu em sua mente. E em algum lugar da cidade, Gabriel estava sentado em um bar, lembrando-se dos olhos determinados de Valentina. Ele nunca havia encontrado alguém como ela antes.

Naquela noite, enquanto a cidade dormia, ambos estavam imersos em pensamentos um sobre o outro. Valentina se perguntava como afastar aquele homem de sua mente. Gabriel planejava como se aproximar dela novamente.

E assim, o primeiro fio da teia que os conectava começou a se formar. Sant’Elisa não estava pronta para o que estava por vir — e talvez eles também não.

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