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Capítulo 4: Segredos Sob o Véu

O sol de Sant’Elisa brilhava intensamente naquela manhã, iluminando a cidade pacata e suas ruas movimentadas. Gabriel caminhava pelo centro, de olho nos habitantes locais que passavam por ele com olhares curiosos. Era evidente que sua presença incomodava, mas ele estava acostumado com isso. No entanto, algo o incomodava mais: Valentina.

Desde que lera o relatório sobre ela, Gabriel não conseguia parar de pensar nos dois anos misteriosos de sua vida. O que acontecera antes de ela decidir se refugiar no convento? Havia uma história ali, e ele estava determinado a descobrir.

Ele parou na frente de uma padaria charmosa, onde o aroma de pão fresco e café o envolveu. Dentro, para sua surpresa, lá estava Valentina. Ela estava sentada perto da janela, com um livro nas mãos e uma xícara de chá à sua frente.

Por um momento, Gabriel hesitou. Observou-a em silêncio, notando como a luz do sol iluminava seu rosto sereno. Ela parecia tão distante do mundo ao seu redor, como se estivesse protegida por uma barreira invisível.

Então, com seu típico sorriso confiante, ele entrou na padaria.

“Valentina,” ele disse, aproximando-se da mesa dela.

Ela levantou os olhos, surpresa e um pouco irritada.

“Você me segue agora?”

Gabriel deu de ombros.

“Não sabia que você gostava de chá. Eu imaginava algo mais forte, como café.”

“E por que isso importa para você?” ela rebateu, fechando o livro.

“Curiosidade,” respondeu ele, puxando uma cadeira sem esperar permissão. “Você me intriga, Valentina. Não parece o tipo de pessoa que escolhe o caminho mais fácil.”

“Entrar para o convento não é o caminho mais fácil,” disse ela, encarando-o.

“Talvez,” ele admitiu. “Mas também parece que você está fugindo de algo.”

Valentina sentiu o coração acelerar. Ele estava provocando-a, testando suas reações.

“E se eu estiver?” ela desafiou, inclinando-se ligeiramente para frente. “Isso muda alguma coisa para você?”

Gabriel sorriu, encantado pela chama de determinação nos olhos dela.

“Muda tudo. Porque significa que há uma Valentina que você não quer que ninguém veja.”

Depois desse encontro, Gabriel começou a aparecer em lugares inesperados pela cidade. Sempre que Valentina saía para cumprir tarefas fora do convento, ele parecia estar por perto. Primeiro, foi na livraria, onde ele a provocou sobre suas escolhas de leitura.

“Romances históricos?” ele disse, pegando um dos livros que ela estava analisando. “Achei que você preferisse algo mais... sagrado.”

“Eu não preciso de sua aprovação para ler o que gosto,” retrucou Valentina, irritada, enquanto pegava o livro de volta.

Depois, foi no mercado, onde ele a encontrou comprando frutas para o convento.

“Maçãs, Valentina? Uma escolha bíblica, não acha?” ele disse com um sorriso provocador.

“Você sempre tem algo a dizer, não é?” ela respondeu, tentando ignorá-lo.

“Só estou tentando entender,” ele disse, aproximando-se. “Quem é você, de verdade?”

No final da tarde, Valentina decidiu que precisava de um momento de paz. Foi até o parque da cidade, um lugar que sempre lhe trouxera conforto. Sentou-se em um banco sob uma grande árvore, observando as crianças brincarem e o som das folhas ao vento.

“Lugar bonito,” disse uma voz familiar atrás dela.

Ela suspirou, sem nem precisar se virar.

“Você realmente me segue, Gabriel?”

Ele riu e sentou-se ao lado dela.

“Você é a pessoa mais interessante que já conheci em Sant’Elisa. Não posso evitar.”

Valentina virou-se para ele, frustrada.

“O que você quer de mim, Gabriel? Por que está tão interessado na minha vida?”

Ele a encarou por um momento, o sorriso desaparecendo.

“Porque você é um mistério. E eu não gosto de coisas que não consigo entender.”

Ela respirou fundo, tentando manter a calma.

“Então, deixe-me facilitar para você: eu sou uma noviça. Escolhi essa vida porque acredito nela. E nada do que você faça vai mudar isso.”

“Será mesmo?” ele perguntou, a voz suave, mas cheia de intensidade. “Porque, pelo que eu vejo, você ainda está lutando contra algo. E não sou eu quem está dizendo isso... são seus olhos.”

Valentina sentiu um calafrio. Era como se Gabriel pudesse enxergar além das suas palavras, direto para o que ela tentava esconder.

“Você não sabe nada sobre mim,” disse ela, levantando-se para ir embora.

Mas antes que pudesse dar mais um passo, ele segurou suavemente seu braço.

“Talvez,” ele disse, os olhos fixos nos dela, “mas vou descobrir.”

Naquela noite, de volta ao hotel, Gabriel pediu a Felipe que investigasse mais. Ele queria saber o que Valentina escondia nos dois anos que faltavam em sua história. Enquanto isso, Valentina, sozinha em sua cela no convento, ajoelhava-se em oração, tentando afastar os pensamentos de Gabriel e suas palavras provocativas.

Na mente de ambos, uma pergunta pairava no ar: até onde iriam para proteger seus mundos tão diferentes? Gabriel queria respostas, e Valentina queria paz, mas o destino parecia ter outros planos.

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