O quarto de hospital estava silencioso, iluminado apenas pela luz fraca da lua filtrando-se pelas persianas. Valentina estava sentada ao lado da cama, segurando a mão fria de Gabriel, como fazia todas as noites nos últimos seis meses. Mas, dessa vez, algo estava diferente. O ritmo da respiração dele mudara. O peito subia e descia de forma irregular. As pálpebras tremularam, e então, com um suspiro profundo, Gabriel abriu os olhos. O coração de Valentina parou por um instante. — Gabriel…? — Sua voz saiu em um sussurro carregado de emoção. Os olhos dele estavam desfocados, como se sua alma ainda estivesse perdida em algum lugar entre a escuridão e a realidade. Mas, ao pousar o olhar sobre Valentina, algo no fundo de sua expressão mudou. Ele franziu o cenho, como se tentasse reconhecer o rosto à sua frente. — Quem é você? As palavras atingiram Valentina como uma faca no peito. Ela piscou, confusa, tentando processar o que acabara de ouvir. — Sou eu, Valentina. — A voz de
O apartamento estava mergulhado em um silêncio inquietante. Gabriel olhava ao redor, sentindo uma familiaridade estranha com aquele lugar. Algo dentro dele sussurrava que já havia estado ali antes, mas sua mente ainda era um labirinto de sombras. Valentina, por outro lado, não aceitaria a distância. Ela se aproximou lentamente, o salto ecoando pelo piso de mármore. Vestia um vestido preto justo, elegante, mas sedutor. Cada detalhe daquela noite havia sido planejado para despertar Gabriel. — Você se sente em casa? — ela perguntou, a voz suave, quase um sussurro. Gabriel apertou a mandíbula. — Eu não sei. Valentina sorriu. — Então, deixe-me te ajudar a lembrar. Ela pegou a mão dele e o guiou pelo apartamento. Cada cômodo trazia um pedaço de uma história que ele não lembrava, mas que o corpo parecia conhecer. O sofá onde, certa vez, ele a deitou e arran
A atração era inegável.Desde o momento em que Valentina o beijara, Gabriel sentia um fogo crescendo dentro dele, algo que não conseguia explicar, mas que o consumia por dentro.Seu corpo reagia antes da mente. Seus dedos ansiavam por tocá-la. Seu coração disparava sempre que ela se aproximava. E seus sonhos…Ah, os sonhos.Eles estavam se tornando cada vez mais vívidos. Pele contra pele. Gemidos abafados. Unhas cravadas nas costas.O corpo dela tremendo sob o seu.Ele acordava suado, o peito subindo e descendo pesadamente.O pior? Ele não sabia se eram lembranças ou apenas desejos reprimidos.---Valentina percebia cada detalhe.O modo como os olhos dele seguiam seus movimentos.A forma como ele prendia a respiração sempre que ela ficava perto demais.O desejo bruto que ardia por trás da confusão em seu olhar.Ela sorriu. Estava ganhando.
O desejo os consumia como um incêndio incontrolável.Gabriel não conseguia mais lutar contra a atração que o puxava para Valentina. O corpo dela era um labirinto que ele já conhecia, mesmo sem lembrar exatamente como. O perfume, o calor da pele, o gosto… tudo era familiar.E isso o deixava louco.Porque se sentia conectado a algo que sua mente insistia em negar.Eles estavam na cama, os corpos entrelaçados, a respiração descompassada. Valentina deslizava os dedos pelo peito dele, enquanto Gabriel segurava sua cintura possessivamente.— Você se entrega a mim sem nem perceber, Gabriel. — Ela sussurrou contra seus lábios.Ele fechou os olhos por um momento, tentando ignorar a sensação avassaladora que ela despertava nele.Mas então…Flashes.Um soco.Alguém gritando.Seu próprio sangue quente escorrendo pelo rosto.Gabriel se afastou bruscamente, os olhos arregalados.— O que foi? — Valentina perguntou, sentando-se na cama, a respiração ainda acelerada.Gabriel passou a mão pelo rosto, a
A noite pairava sobre a cidade como um manto pesado, carregado de promessas sombrias. O vento frio cortava as ruas desertas, e dentro do apartamento luxuoso, Gabriel e Valentina arquitetavam a queda de um inimigo comum.Leonardo não podia mais escapar.Valentina, agora prefeita, tinha influência suficiente para derrubar qualquer um. E Gabriel, mesmo após meses em coma, não havia perdido sua essência predadora. Se antes Leonardo era apenas um obstáculo em seus caminhos, agora ele se tornara o alvo de uma caçada.Valentina serviu uma taça de vinho para Gabriel e sentou-se à sua frente.— Ele está acuado. Já perdeu contratos importantes e está sendo investigado por corrupção.Gabriel girou a taça em mãos, observando o líquido rubro como se refletisse o destino de seu inimigo.— Não quero apenas arruiná-lo. Quero vê-lo rastejar. Quero que ele sinta o peso do medo antes do fim.Valentina sorriu, levando a taça aos lábios.
A cidade inteira falava sobre o casamento.Não era apenas um evento social.Era um marco.Valentina, a prefeita implacável, e Gabriel, o homem que voltou dos mortos, estavam selando seu destino juntos.E todos queriam ver.O Casamento do Século.O convite era exclusivo. Apenas os mais poderosos, os mais influentes, aqueles que realmente importavam, foram chamados. Empresários, políticos, magnatas da mídia.Todos reunidos para testemunhar a união de dois predadores.Mas o que ninguém sabia era que aquele casamento não era apenas sobre amor.Era uma coroação.A consagração do casal mais perigoso da cidade.O Grande DiaA igreja estava repleta. O teto abobadado, os lustres de cristal brilhando, a música clássica preenchendo o ambiente com uma grandiosidade que fazia até os mais poderosos se sentirem pequenos.Valentina entrou vestida em um Vera Wang exclusivo, um vestido
A cidade agora pertencia a ela.Cada rua, cada esquina, cada olhar de respeito – ou de medo – era um lembrete de que Valentina havia vencido.Prefeita.Esposa.Rainha.E ao seu lado, Gabriel, o homem que a amava com a mesma intensidade que a dominava.Mas quem realmente estava no controle agora?A Mulher Mais Poderosa da CidadeA primeira manhã como prefeita e esposa chegou com um céu cinzento.Do seu escritório no prédio mais alto da cidade, Valentina observava a paisagem.Lá embaixo, o trânsito se movia como formigas incansáveis.Ela tomou um gole de seu café e cruzou as pernas, a seda do vestido vermelho escorrendo por sua pele.Atrás dela, Gabriel a observava em silêncio.Ele estava encostado no batente da porta, apenas de calça social, o peito nu marcado por cicatrizes e desejo.— A cidade está aos seus pés. — A voz dele soou como um ronronar predatório.
Valentina acordou antes mesmo que os primeiros raios do sol invadissem os vitrais do convento. A luz suave das velas ainda iluminava os corredores frios e silenciosos, onde seus passos ecoavam discretamente. Era um novo dia, e como noviça recém-aceita, ela tinha uma lista de tarefas que lhe eram tanto um fardo quanto uma bênção. Vestindo o hábito simples e amarrando o véu com cuidado. Valentina sentia o peso das escolhas que a haviam levado até ali. Aos 22 anos, ela havia deixado para trás um mundo cheio de incertezas e uma vida que, apesar de não ser trágica, era cheia de perguntas sem respostas. Aqui, no convento de Sant’Elisa, acreditava ter encontrado paz, um propósito. No entanto, enquanto carregava um balde de água para o jardim, percebeu algo inquietante no fundo, de sua alma: uma leve sensação de que talvez houvesse algo mais à espera do lado de fora das altas paredes de pedra. O jardim do convento era um refúgio de serenidade. Rosas perfumadas, arbustos bem podados e um pequ