— Masa'u Al-Khair! (Boa tarde para você também). O que deseja? — Ele perguntou educadamente, tentando dar o máximo de atenção para ela, mesmo estando apressado para procurar alguém no que parecia ser um relatório em cima do balcão. — Poderia me informar se tem um quarto disponível? — Aisha perguntou com um sorriso gentil nos lábios, mesmo que ele não pudesse ver no momento devido ao niqab vinho que só lhe permitia ver seus olhos verdes. Ele, por outro lado, usava apenas o conjunto de roupas longas, que se assemelhava a um vestido masculino, fechando até abaixo do pescoço, com um turbante, um pano enrolado na cabeça, que deixava visível a cor dos cabelos apenas pela pequena parte que sobrava perto das orelhas. O rosto podia ficar visível, diferente dos costumes antigos em que somente os homens poderiam mostrá-lo. Hoje em dia, as mulheres podiam mostrar até os cabelos, no entanto, as roupas longas como os vestidos ainda eram essenciais. — Sim, claro! Um momento! — ele respondeu, olh
Mascarando um bom humor inexistente, Aisha atendeu os novos clientes com eficiência. Não precisava sorrir; sentia que não conseguiria fazê-lo, mesmo se fosse necessário. Levar seu trabalho a sério era o correto. — Quer companhia? — Samia perguntou quando juntas deixavam o banco. — Até a minha casa? — Aisha perguntou confusa. — Sim. Até a sua casa. — Samia não queria tocar no assunto, sabia, porém, que uma hora ou outra ela lembraria. — Ah! Não. Tudo bem! — sorriu para a colega enquanto desciam as escadas. — Certo. — Samia respondeu curto. Aisha estava tão confusa que não conseguiu ver a decepção estampada no rosto da amiga. — As-salam alaykom! — Aisha baixou a cabeça falando baixinho (Que a paz esteja com você). — Wa Alykom As-salam! — Samia refez a mesma ação (Que a paz esteja com você, também). Tomando caminhos diferentes, elas se afastaram. (...) Assim que Aisha colocou os pés no apartamento, o atendente levantou-se de sua cadeira atrás do balcão de atendimento
Aisha fingiu não se importar em tocar no assunto, colocou a burca no banco no fundo do espaço pequeno e abriu a bolsa enquanto falava com Samia. — É o pior vestido que uma mulher decente pode usar, haverão olhares tortos para mim. — respondeu, tirando o celular da bolsa. — Ele mandou algo assim? — Samia perguntou horrorizada. — Não posso vestir aquilo, iria parecer uma mulher sem escrúpulos. — respondeu calma. Ambas caminharam para fora do espaço, indo em direção ao caixa de atendimento. No caminho, cumprimentaram os outros colegas que trabalhavam com o dinheiro na parte mais afastada da entrada. — Como irá fazer? Não pode faltar, seria uma afronta. — se preocupou Samia. — Comprarei outro. Terei de gastar minhas economias, mas irá valer a pena. — respondeu Aisha. — O que pensa em fazer? — perguntou, muito curiosa, sua amiga. — Devolverei seu presente como se fosse meu! — foi firme. — Não pode fazer isso, será uma afronta da mesma forma, talvez uma das piores para alguém como e
A atendente de antes sorriu, muito feliz com a compra de Aisha, e devolveu os vestidos aos seus lugares antes de levá-la ao caixa. — Vejo que lhe agradaram — comentou a atendente, contente. — Não consegui deixá-los — respondeu Aisha, um pouco mais leve. — Eles encantam mesmo — continuou a atendente, passando o cartão da cliente. Após a aprovação, ela colocou os vestidos com todo cuidado dentro de uma caixa para embrulho. — Assim, eles não irão amassar — explicou a jovem. Aisha deu um pequeno sorriso. O cuidado não era exatamente pelas peças sensíveis, mas pelo fato de que um deles estaria em seu corpo naquela noite, apresentado ao sheik Khalil. — Obrigada! As-salam alaykom! — disse a atendente, entregando a caixa. — Wa Alykom As-salam! — respondeu Aisha, antes de se virar e ir embora. No caminho, ela contava os passos. Gostava de caminhar, mas aquele não era o motivo. Tinha medo de chegar cedo demais em casa, como se alguém a estivesse esperando. Nem todo lugar é pacífico. Os
Ele apenas desejou que a paz estivesse com ela em resposta. Aisha saiu do carro com a grande caixa nas mãos, respirou fundo quando ele seguiu seu caminho, deixando-a para trás. Encarou a movimentação que entrava animada, um arco-íris de roupas, cores e rostos. “Logo vai acabar. Seja corajosa, ele jamais iria escolhê-la entre elas.” encorajou-se. Iniciou sua caminhada até as grandes escadas de concreto e mármore. Aproximou-se do segurança e entregou o convite a ele. Após verificar a autenticidade do convite, ele a deixou passar. O lugar era uma imensidão de luxo, parecendo um palácio em forma de aço e ouro. “Eles gastam quase um salário para entrar em uma festa assim?” perguntou-se, entendendo parte do motivo. Quase se esquivando da multidão majestosa, ela teve dificuldade para encontrar alguém que trabalhasse no evento para ajudá-la; todos estavam ocupados. Na primeira oportunidade, entregou seu "presente" a outra pessoa. — Uma tarefa concluída. Agora é esperar algumas horas e ir
Agora estava sério o suficiente para se deixar neutro, apesar do conflito em seu interior: decepção, vergonha, raiva e algo mais. Por mais que não soubesse antes o motivo da linda jovem correr para longe dele, agora seria o de menos. Poderia ser por sua presença inquietante ou pela aparição do seu prometido. Não fazia sentido de qualquer forma. — Estamos aqui para nos divertirmos, não é mesmo? Venha, beba, desfrute! — falou Khalil, agora com um sorriso profissional no rosto. Concordando, Karim decidiu se afastar um pouco da companhia de Khalil. Retornaram aos assuntos profissionais que duraram apenas o necessário. Discretamente, Karim se afastou, dirigindo-se a outro canto do local. Aquele, iria atrás da jovem de beleza delicada e olhos de esmeralda. Com pressa, o sheik passou pela multidão, que claramente queria sua atenção. No entanto, sua prioridade era outra: não deixar a jovem Aisha escapar pelas grandes portas por onde ela entrou. Como se estivesse adivinhando que ele a pro
Aisha sentia estar prestes a desmaiar. Jamais pensou que aquilo realmente aconteceria. Seu mundo parecia desmoronar diante de seus olhos. Levantando os olhos automaticamente, ela encontrou os dele diretamente. Ele a viu frágil, mesmo com a valentia escondida dentro dela. Aisha piscou rapidamente e uma lágrima pareceu pular do seu olho direito, tão rápida que podia parecer uma ilusão se não fosse pelo rastro que ela havia deixado em seu belo rosto. Mas aquilo não amoleceria o coração do Sheik, muito menos o faria suavizar o olhar irritado que transmitia. Ela não tinha palavras, nem voz, nem forças para separar os lábios e responder à sua pergunta. Percebeu que estava olhando em seus olhos e logo sentiu suas pernas fraquejarem de uma só vez. Sem conseguir se amparar em nada, ela sentiu o sangue fugir do seu rosto. Até mesmo o homem rígido à sua frente parecia ter notado sua palidez naquele instante, pois ficou em alerta. Sentiu-se dentro de um globo transparente e gigante, que gira
Que tinha coragem de lhe olhar nos olhos sem pressão alguma, que tinha um ar intrigante e uma força interna mesclada ao amor. Era óbvio que ela não compareceu por boa vontade; um fator externo havia influenciado sua decisão, provavelmente a família. O simples fato de pensar no bem dos seus entes queridos já dizia muito sobre ela, sobre sua moral, sua personalidade, seu coração e futuro. Nada seria efêmero. Khalil dirigiu-se ao espaçoso sofá de couro. Teria tempo para descansar antes que sua convidada despertasse. Sentando-se de modo confortável, ele suspirou cansado. O dia não havia sido mais leve que os outros; tinha sido desgastante, e a festa planejada era um dos motivos. Outro motivo seria lidar com a jovem que permanecia apagada em sua cama. Ela tinha um temperamento semelhante ao seu, ele reconhecia. Mas foi justamente isso que a pôs na situação em que estava. Do contrário, estaria apenas trabalhando no banco central, tendo uma vida financeiramente difícil e pacata, até mesmo