Agora estava sério o suficiente para se deixar neutro, apesar do conflito em seu interior: decepção, vergonha, raiva e algo mais. Por mais que não soubesse antes o motivo da linda jovem correr para longe dele, agora seria o de menos. Poderia ser por sua presença inquietante ou pela aparição do seu prometido. Não fazia sentido de qualquer forma. — Estamos aqui para nos divertirmos, não é mesmo? Venha, beba, desfrute! — falou Khalil, agora com um sorriso profissional no rosto. Concordando, Karim decidiu se afastar um pouco da companhia de Khalil. Retornaram aos assuntos profissionais que duraram apenas o necessário. Discretamente, Karim se afastou, dirigindo-se a outro canto do local. Aquele, iria atrás da jovem de beleza delicada e olhos de esmeralda. Com pressa, o sheik passou pela multidão, que claramente queria sua atenção. No entanto, sua prioridade era outra: não deixar a jovem Aisha escapar pelas grandes portas por onde ela entrou. Como se estivesse adivinhando que ele a pro
Aisha sentia estar prestes a desmaiar. Jamais pensou que aquilo realmente aconteceria. Seu mundo parecia desmoronar diante de seus olhos. Levantando os olhos automaticamente, ela encontrou os dele diretamente. Ele a viu frágil, mesmo com a valentia escondida dentro dela. Aisha piscou rapidamente e uma lágrima pareceu pular do seu olho direito, tão rápida que podia parecer uma ilusão se não fosse pelo rastro que ela havia deixado em seu belo rosto. Mas aquilo não amoleceria o coração do Sheik, muito menos o faria suavizar o olhar irritado que transmitia. Ela não tinha palavras, nem voz, nem forças para separar os lábios e responder à sua pergunta. Percebeu que estava olhando em seus olhos e logo sentiu suas pernas fraquejarem de uma só vez. Sem conseguir se amparar em nada, ela sentiu o sangue fugir do seu rosto. Até mesmo o homem rígido à sua frente parecia ter notado sua palidez naquele instante, pois ficou em alerta. Sentiu-se dentro de um globo transparente e gigante, que gira
Que tinha coragem de lhe olhar nos olhos sem pressão alguma, que tinha um ar intrigante e uma força interna mesclada ao amor. Era óbvio que ela não compareceu por boa vontade; um fator externo havia influenciado sua decisão, provavelmente a família. O simples fato de pensar no bem dos seus entes queridos já dizia muito sobre ela, sobre sua moral, sua personalidade, seu coração e futuro. Nada seria efêmero. Khalil dirigiu-se ao espaçoso sofá de couro. Teria tempo para descansar antes que sua convidada despertasse. Sentando-se de modo confortável, ele suspirou cansado. O dia não havia sido mais leve que os outros; tinha sido desgastante, e a festa planejada era um dos motivos. Outro motivo seria lidar com a jovem que permanecia apagada em sua cama. Ela tinha um temperamento semelhante ao seu, ele reconhecia. Mas foi justamente isso que a pôs na situação em que estava. Do contrário, estaria apenas trabalhando no banco central, tendo uma vida financeiramente difícil e pacata, até mesmo
Quando seus olhos retornaram aos dela, estavam alternando entre um brilho fogo e a escuridão que se expandia no centro. Isso fez com que a jovem à sua frente experimentasse um turbilhão de novas emoções. Sua mente parecia trabalhar dez vezes mais, enquanto bloqueava os comandos dos músculos e nervos, impedindo qualquer movimento. — Vejo que despertou. — Sua voz grossa e baixa cortou o silêncio. Ele permaneceu parado por mais alguns segundos, esperando uma reação da parte dela. Suas bochechas estavam coradas, e ele sabia muito bem o motivo. No momento, isso não importava. — Onde eu... estou? — Aisha perguntou segundos depois que a grande imagem dele saiu de sua frente. Ele caminhou despreocupado até outra porta no canto do quarto, do outro lado. Ela recuperou seus movimentos quando não o sentiu por perto. — Está onde deveria estar! — respondeu Khalil de onde estava. — O que faço aqui? — quis saber, ainda receosa por tudo que havia acontecido. Entre despertar em um lugar estranho,
Era claramente um alerta, além do fato de que ela não o carregaria mais, perderia o sobrenome e em breve carregaria o seu, provavelmente Al-Maktoum, o sobrenome de poder. Aisha obrigou seu corpo a se mover para junto dele e quis sentar-se no outro canto da mesa. — Há várias cadeiras aqui. — alertou ele, afastando uma com a mão direita, sem levantar da sua. Aisha, que havia posto apenas os dedos das mãos sobre a cadeira, os tirou sem vontade. Dirigiu-se até ele; talvez sua expressão mostrasse sua insatisfação, mas entre um tosco e um bronco, quem ganha? Aquele que tem o adjetivo mais preenchido? Afinal, era o mesmo significado para ambos, os mesmos sinônimos, mesmo que tosco fosse mais ligado ao não lapidado e malfeito, enquanto bronco era mais para ignorante, o que ele não era, e selvagem, como era. Um tinha volta, outro... nem tanto. Khalil esperou que ela se sentasse um pouco à sua frente para então pegar seus talheres, mesmo sem vê-la segurando os seus, a princípio. — Não estou
— Não se preocupe. Você não é minha prisioneira, é apenas uma medida de segurança — respondeu ele, guardando a chave no bolso da calça. — Para mim, é a mesma coisa — ela retrucou, chateada. Aisha subiu as escadas rapidamente. Se não pudesse fugir, iria se acalmar em um quarto, dormindo logo em seguida. — Aceite como quiser — ele respondeu, esperando que ela se aproximasse. — Tenho o que você precisa no meu quarto — disse ele, assim que ela parou à sua frente. Aisha ficou surpresa. O que ele estava insinuando? Um arrepio percorreu sua espinha. Ele riu. Não era malícia, não no sentido que ela havia pensado. — Sei esperar. Ainda mais quando este dia está mais próximo do que havia planejado. Então, não se preocupe com isso por hora. — isso não a deixou relaxar. "Droga, ser mulher do sheik não é apenas selar almas em um ritual religioso. É ser sua mulher, ser dele," pensou, ruborizando. Khalil admirou o rosado de suas bochechas. Seria agradável; suas reações seriam únicas. — Roupa
Olhou-se no espelho. Seus cabelos estavam molhados sobre a toalha felpuda em cima de seus ombros. Seu corpo não estava tão à mostra, pois a luz solar provavelmente ajudava a evitar uma transparência desnecessária. Embaixo das rendas, via-se sua pele clara sob a única camada de pano fino e branco; ela imaginava como seria a extensão de sua pele. Aisha fez o possível para secar seu cabelo rapidamente e então penteou-os com a escova nova, esquecida no cantinho da mesa perto da cama, deixando-os soltos para terminar de secar naturalmente. Seu rosto estava completamente natural, seus olhos livres de linhas pretas acima deles, como o delineador, suas bochechas homogêneas como o resto da pele e os lábios pouco rosados. O cabelo alisado destacava os lados de seu rosto e evidenciava seu corpo magro com curvas sensíveis e belas. Tentando não pensar muito em como agir diante do sheik, ela apenas se sentou na cama, colocando os saltos da noite passada, o lenço na dobra do braço esquerdo e, por
Havia um lado bom naquilo tudo: o respeito seria quase mútuo, mesmo que ele sempre estivesse acima dela. Ela ainda teria algo parecido, um pouco do respeito que lhe ofereciam por ser um sheik. Não seria mais uma afronta olhar nos olhos, ainda mais quando ouvira dizer que seria sua primeira mulher, ou seja, a mais respeitada perante ele, aquela que muitas vezes é considerada a mais importante para um sheik. Para sua sorte, a época de muitas esposas no mesmo ambiente havia sido deixada no passado. Não que ela se importasse tanto, mas tinha certeza de que uma hora ou outra seria um incômodo. Hoje em dia, quando um sheik quer "possuir" mais de uma esposa, ele tem que lhes dar casas, joias, presentes e atenção separadamente. Até mesmo os filhos, que na maioria das vezes ficam com as mães em suas casas, esperando pela chegada do pai a qualquer dia. — Com esta atitude, não irá conseguir uma segunda esposa que o ame de verdade. Pretende forçar todas a se casarem com você? — perguntou irritad