A atendente de antes sorriu, muito feliz com a compra de Aisha, e devolveu os vestidos aos seus lugares antes de levá-la ao caixa.
— Vejo que lhe agradaram — comentou a atendente, contente. — Não consegui deixá-los — respondeu Aisha, um pouco mais leve. — Eles encantam mesmo — continuou a atendente, passando o cartão da cliente. Após a aprovação, ela colocou os vestidos com todo cuidado dentro de uma caixa para embrulho. — Assim, eles não irão amassar — explicou a jovem. Aisha deu um pequeno sorriso. O cuidado não era exatamente pelas peças sensíveis, mas pelo fato de que um deles estaria em seu corpo naquela noite, apresentado ao sheik Khalil. — Obrigada! As-salam alaykom! — disse a atendente, entregando a caixa. — Wa Alykom As-salam! — respondeu Aisha, antes de se virar e ir embora. No caminho, ela contava os passos. Gostava de caminhar, mas aquele não era o motivo. Tinha medo de chegar cedo demais em casa, como se alguém a estivesse esperando. Nem todo lugar é pacífico. Os Emirados Árabes Unidos eram um país rico, mas também havia coisas boas e ruins, então ela sempre tomava os devidos cuidados. Nas lojas ou em qualquer estabelecimento grande, havia câmeras por todos os lados para evitar roubos, mas fora delas, já não era assim. Assim que chegou em casa, cumprimentou Said como sempre. Apesar de seu semblante distraído, ela ainda notou o olhar dele sobre ela. Ignorando-o totalmente, pegou o elevador em silêncio, que, como quase sempre, estava vazio. Entrou em casa e foi direto para o quarto, colocando a caixa sobre a cama e a encarando. “Coragem, Aisha. Ele jamais iria escolher você diante das outras. Você nem faz o tipo dele”, encorajou a si mesma. — Vamos apenas seguir ordens, passar despercebida e, antes que a noite acabe, retornar. Tudo voltará ao normal amanhã! — disse, tentando soar mais firme. Aproveitando sua onda de coragem, tirou a roupa e seguiu para o banho. Lavou os cabelos, secou, escovou os dentes e voltou para o quarto. Abriu a caixa negra e retirou os dois vestidos, colocando-os à altura dos olhos, encarando-os igualmente. — Este rosado pode chamar atenção por ser de Dubai, outro emirado. Apenas pessoas como eu não notariam sua origem, mas pessoas como eles sim — raciocinou, encarando o vestido cheio de detalhes rosa. Dubai não era a capital dos Emirados Árabes Unidos; Abu Dhabi sim. Era a capital, maior em termos territoriais e também a mais rica dentre os sete emirados. Aisha conhecia apenas este e nele queria permanecer por muito tempo. Os detalhes do vestido eram como raízes na parte do busto, onde havia um leve decote. Elas se estendiam até o início do braço, e daí em diante seguiam apenas finos detalhes presos à renda transparente do resto da capa, que mais parecia um casaco rendado. Os detalhes e a costura eram de um leve tom claro. A espécie de capa seguia todo o comprimento do vestido até cobrir seus pés. Para finalizar, um cinto o acompanhava. Ele era médio e rosado como o vestido, um rosa opaco. Na barra, seguiam os detalhes de grades, e no fim, fechava com aparições de flores abertas como um girassol cheio de pétalas e folhas. Por baixo daquela renda detalhada havia um forro leve e solto. — O cinza vai ser melhor — decidiu ela, após namorar o primeiro. Colocou aquele que descartou sobre a cama. Vestiu seu conjunto de roupa íntima branca de seda. Com cuidado, colocou o tecido fino em seu corpo. Um vestido cinza tinha um V cristal árabe formal. Ele era cheio de brilhantes por cima da renda transparente, que deixava sua pele mais visível nos braços. A parte dos seus ombros era coberta pelos detalhes, e as pequenas pedras quase roxas o acompanhavam. Ele era mais leve, acompanhava seu corpo desde o busto até um pouco abaixo da cintura, e a outra parte era mais solta. Todos os detalhes deixavam o vestido parecido com escamas finas. Sentou-se na cama e pôs o salto alto, também cinza. Ela penteou seus cabelos castanhos claros, prendeu apenas as mechas da frente que poderiam sair do lugar, deixando-as quase invisíveis junto aos outros. Suas orelhas ficaram visíveis. Aisha caminhou até sua cômoda, abriu uma pequena caixinha de metal e tirou dois brincos pequenos que continham apenas uma pedrinha meio azulada. Colocou-os nas orelhas, em seguida, passou um batom levemente rosado nos lábios e também destacou seus olhos com rímel. Encarou sua imagem no grande espelho do quarto. Ela estava bonita, mas não era para agradar a nenhum magnata, apenas não queria chamar atenção por estar diferente. Todas estariam bem vestidas e lindas. Seu coração acelerou. Ela iria estar em público sem um lenço, o que a deixava nervosa. Pôs o lenço cinza de seda sobre a cabeça, deu uma volta no pescoço, o deixando no lugar. — Está na hora. Siga o plano! — quis parecer mandona. Suspirou, caminhou até a cômoda novamente, pegou a caixa vermelha e, entre os dedos, sua pequena bolsinha de colo sem alça. Tomando coragem, saiu do seu apartamento. Teria que parecer mais decidida que nunca, até para si mesma, impedindo-se de cometer uma burrice. Fingindo não notar o olhar curioso de Said, ela saiu do prédio. As ruas estavam iluminadas, dando indícios da chegada da longa noite. Dando alguns passos pela rua, que há pouco havia perdido os últimos raios de sol, ela confirmou que ainda saía às sete horas. Segundos depois, conseguiu um táxi para o local do evento, precisando entregar o convite ao taxista para checar o endereço. Novamente, ela ganhou um olhar estranho, que identificou como julgamento e curiosidade. Depois do que pareceram segundos, ela havia chegado ao seu destino. “Que viagem curta” suspirou. Precisando de alguns minutos para repor a coragem, remexeu em sua bolsa por alguns segundos, fingindo procurar o pagamento. Olhando de soslaio, observou o quanto a frente estava movimentada. Havia pedido para descer antes da entrada por pura precaução. O taxista apenas assistia à movimentação a poucos metros. — Aqui — Aisha chamou sua atenção. Entregando o dinheiro ao homem, por precaução antes de sair, tirou o lenço, colocando-o na pequena bolsa.Ele apenas desejou que a paz estivesse com ela em resposta. Aisha saiu do carro com a grande caixa nas mãos, respirou fundo quando ele seguiu seu caminho, deixando-a para trás. Encarou a movimentação que entrava animada, um arco-íris de roupas, cores e rostos. “Logo vai acabar. Seja corajosa, ele jamais iria escolhê-la entre elas.” encorajou-se. Iniciou sua caminhada até as grandes escadas de concreto e mármore. Aproximou-se do segurança e entregou o convite a ele. Após verificar a autenticidade do convite, ele a deixou passar. O lugar era uma imensidão de luxo, parecendo um palácio em forma de aço e ouro. “Eles gastam quase um salário para entrar em uma festa assim?” perguntou-se, entendendo parte do motivo. Quase se esquivando da multidão majestosa, ela teve dificuldade para encontrar alguém que trabalhasse no evento para ajudá-la; todos estavam ocupados. Na primeira oportunidade, entregou seu "presente" a outra pessoa. — Uma tarefa concluída. Agora é esperar algumas horas e ir
Agora estava sério o suficiente para se deixar neutro, apesar do conflito em seu interior: decepção, vergonha, raiva e algo mais. Por mais que não soubesse antes o motivo da linda jovem correr para longe dele, agora seria o de menos. Poderia ser por sua presença inquietante ou pela aparição do seu prometido. Não fazia sentido de qualquer forma. — Estamos aqui para nos divertirmos, não é mesmo? Venha, beba, desfrute! — falou Khalil, agora com um sorriso profissional no rosto. Concordando, Karim decidiu se afastar um pouco da companhia de Khalil. Retornaram aos assuntos profissionais que duraram apenas o necessário. Discretamente, Karim se afastou, dirigindo-se a outro canto do local. Aquele, iria atrás da jovem de beleza delicada e olhos de esmeralda. Com pressa, o sheik passou pela multidão, que claramente queria sua atenção. No entanto, sua prioridade era outra: não deixar a jovem Aisha escapar pelas grandes portas por onde ela entrou. Como se estivesse adivinhando que ele a pro
Aisha sentia estar prestes a desmaiar. Jamais pensou que aquilo realmente aconteceria. Seu mundo parecia desmoronar diante de seus olhos. Levantando os olhos automaticamente, ela encontrou os dele diretamente. Ele a viu frágil, mesmo com a valentia escondida dentro dela. Aisha piscou rapidamente e uma lágrima pareceu pular do seu olho direito, tão rápida que podia parecer uma ilusão se não fosse pelo rastro que ela havia deixado em seu belo rosto. Mas aquilo não amoleceria o coração do Sheik, muito menos o faria suavizar o olhar irritado que transmitia. Ela não tinha palavras, nem voz, nem forças para separar os lábios e responder à sua pergunta. Percebeu que estava olhando em seus olhos e logo sentiu suas pernas fraquejarem de uma só vez. Sem conseguir se amparar em nada, ela sentiu o sangue fugir do seu rosto. Até mesmo o homem rígido à sua frente parecia ter notado sua palidez naquele instante, pois ficou em alerta. Sentiu-se dentro de um globo transparente e gigante, que gira
Que tinha coragem de lhe olhar nos olhos sem pressão alguma, que tinha um ar intrigante e uma força interna mesclada ao amor. Era óbvio que ela não compareceu por boa vontade; um fator externo havia influenciado sua decisão, provavelmente a família. O simples fato de pensar no bem dos seus entes queridos já dizia muito sobre ela, sobre sua moral, sua personalidade, seu coração e futuro. Nada seria efêmero. Khalil dirigiu-se ao espaçoso sofá de couro. Teria tempo para descansar antes que sua convidada despertasse. Sentando-se de modo confortável, ele suspirou cansado. O dia não havia sido mais leve que os outros; tinha sido desgastante, e a festa planejada era um dos motivos. Outro motivo seria lidar com a jovem que permanecia apagada em sua cama. Ela tinha um temperamento semelhante ao seu, ele reconhecia. Mas foi justamente isso que a pôs na situação em que estava. Do contrário, estaria apenas trabalhando no banco central, tendo uma vida financeiramente difícil e pacata, até mesmo
Quando seus olhos retornaram aos dela, estavam alternando entre um brilho fogo e a escuridão que se expandia no centro. Isso fez com que a jovem à sua frente experimentasse um turbilhão de novas emoções. Sua mente parecia trabalhar dez vezes mais, enquanto bloqueava os comandos dos músculos e nervos, impedindo qualquer movimento. — Vejo que despertou. — Sua voz grossa e baixa cortou o silêncio. Ele permaneceu parado por mais alguns segundos, esperando uma reação da parte dela. Suas bochechas estavam coradas, e ele sabia muito bem o motivo. No momento, isso não importava. — Onde eu... estou? — Aisha perguntou segundos depois que a grande imagem dele saiu de sua frente. Ele caminhou despreocupado até outra porta no canto do quarto, do outro lado. Ela recuperou seus movimentos quando não o sentiu por perto. — Está onde deveria estar! — respondeu Khalil de onde estava. — O que faço aqui? — quis saber, ainda receosa por tudo que havia acontecido. Entre despertar em um lugar estranho,
Era claramente um alerta, além do fato de que ela não o carregaria mais, perderia o sobrenome e em breve carregaria o seu, provavelmente Al-Maktoum, o sobrenome de poder. Aisha obrigou seu corpo a se mover para junto dele e quis sentar-se no outro canto da mesa. — Há várias cadeiras aqui. — alertou ele, afastando uma com a mão direita, sem levantar da sua. Aisha, que havia posto apenas os dedos das mãos sobre a cadeira, os tirou sem vontade. Dirigiu-se até ele; talvez sua expressão mostrasse sua insatisfação, mas entre um tosco e um bronco, quem ganha? Aquele que tem o adjetivo mais preenchido? Afinal, era o mesmo significado para ambos, os mesmos sinônimos, mesmo que tosco fosse mais ligado ao não lapidado e malfeito, enquanto bronco era mais para ignorante, o que ele não era, e selvagem, como era. Um tinha volta, outro... nem tanto. Khalil esperou que ela se sentasse um pouco à sua frente para então pegar seus talheres, mesmo sem vê-la segurando os seus, a princípio. — Não estou
— Não se preocupe. Você não é minha prisioneira, é apenas uma medida de segurança — respondeu ele, guardando a chave no bolso da calça. — Para mim, é a mesma coisa — ela retrucou, chateada. Aisha subiu as escadas rapidamente. Se não pudesse fugir, iria se acalmar em um quarto, dormindo logo em seguida. — Aceite como quiser — ele respondeu, esperando que ela se aproximasse. — Tenho o que você precisa no meu quarto — disse ele, assim que ela parou à sua frente. Aisha ficou surpresa. O que ele estava insinuando? Um arrepio percorreu sua espinha. Ele riu. Não era malícia, não no sentido que ela havia pensado. — Sei esperar. Ainda mais quando este dia está mais próximo do que havia planejado. Então, não se preocupe com isso por hora. — isso não a deixou relaxar. "Droga, ser mulher do sheik não é apenas selar almas em um ritual religioso. É ser sua mulher, ser dele," pensou, ruborizando. Khalil admirou o rosado de suas bochechas. Seria agradável; suas reações seriam únicas. — Roupa
Olhou-se no espelho. Seus cabelos estavam molhados sobre a toalha felpuda em cima de seus ombros. Seu corpo não estava tão à mostra, pois a luz solar provavelmente ajudava a evitar uma transparência desnecessária. Embaixo das rendas, via-se sua pele clara sob a única camada de pano fino e branco; ela imaginava como seria a extensão de sua pele. Aisha fez o possível para secar seu cabelo rapidamente e então penteou-os com a escova nova, esquecida no cantinho da mesa perto da cama, deixando-os soltos para terminar de secar naturalmente. Seu rosto estava completamente natural, seus olhos livres de linhas pretas acima deles, como o delineador, suas bochechas homogêneas como o resto da pele e os lábios pouco rosados. O cabelo alisado destacava os lados de seu rosto e evidenciava seu corpo magro com curvas sensíveis e belas. Tentando não pensar muito em como agir diante do sheik, ela apenas se sentou na cama, colocando os saltos da noite passada, o lenço na dobra do braço esquerdo e, por