Início / Romance / O Sheik Khalil / Expulsa ou não do banco?
Expulsa ou não do banco?

Aisha fingiu não se importar em tocar no assunto, colocou a burca no banco no fundo do espaço pequeno e abriu a bolsa enquanto falava com Samia.

— É o pior vestido que uma mulher decente pode usar, haverão olhares tortos para mim. — respondeu, tirando o celular da bolsa.

— Ele mandou algo assim? — Samia perguntou horrorizada.

— Não posso vestir aquilo, iria parecer uma mulher sem escrúpulos. — respondeu calma.

Ambas caminharam para fora do espaço, indo em direção ao caixa de atendimento. No caminho, cumprimentaram os outros colegas que trabalhavam com o dinheiro na parte mais afastada da entrada.

— Como irá fazer? Não pode faltar, seria uma afronta. — se preocupou Samia.

— Comprarei outro. Terei de gastar minhas economias, mas irá valer a pena. — respondeu Aisha.

— O que pensa em fazer? — perguntou, muito curiosa, sua amiga.

— Devolverei seu presente como se fosse meu! — foi firme.

— Não pode fazer isso, será uma afronta da mesma forma, talvez uma das piores para alguém como ele. — Samia se preocupou novamente.

— Não se ele não abrir. — Aisha manteve o olhar decidido, direcionando-o uma vez mais para sua colega.

— E como vai fazer isso? Contando com a sorte? Aisha, sabe que é uma ideia horrível, não sabe? — Samia procurou incerteza nos olhos verdes da amiga, a apenas dois metros dela.

— Ele não vai se importar com um presente de uma pessoa como eu. — colocou suas fichas naquele pensamento.

— Que Alá a proteja! — Samia desejou antes de se virar para o seu computador. Aisha não desejava outra coisa se não a mesma que Samia, proteção divina.

Assim que a manhã acabou, Aisha teve uma surpresa depois do almoço: o gerente aproximou-se dela com cautela antes de falar.

— Senhorita Al-Rashidi. — chamou ele. Quando teve sua atenção, a cumprimentou primeiro.

— Masa'u Al-Khair!

— Masa'u Al-Khair, senhor! — cumprimentou ela igualmente, com uma boa tarde.

— Você pode sair mais cedo hoje. — falou, deixando sua funcionária muito confusa.

— Sei que terá de comparecer à festa de aniversário do príncipe Khalil esta noite. Por este motivo, permitiremos sua saída mais cedo hoje. — concluiu ele.

— Mas, senhor... — Aisha foi interrompida por sua mão levantada poucos metros à frente de seu rosto descoberto.

— Cubra a cabeça. Não queremos problemas com um magnata. — respondeu, antes de virar as costas para ela.

Aisha não conseguiu nem lhe desejar que fosse em paz, estava chocada demais com o que havia lhe passado. Eles haviam sido avisados? Estavam cientes de tudo?

Aquela pequena conversa com seu gerente fez Aisha ficar pensativa. No entanto, ela tentou esquecer suas palavras, até ser impedida de continuar trabalhando por um de seus colegas, que trouxe todas as suas coisas, mais parecendo que lhe mandava embora que apressar-se.

Sem escolhas, ela apenas se despediu após colocar seu lenço sobre a cabeça. A burca seguiu na dobra do seu braço; não era apropriado vesti-la na frente das pessoas.

Saindo do banco, dirigiu-se a uma loja da qual sabia da existência de muitos vestidos bonitos e caros para ocasiões semelhantes.

Ela entrou na loja sem pensar, mas quando viu os milhares de vestidos elegantes vestindo os manequins, seu coração acelerou, suas mãos suaram e ela teve que se sentar, pois sentia que o ar estava escasso.

Uma das atendentes a cumprimentou gentilmente, e Aisha quase não teve reação. Sua ficha havia caído agora.

— Se sente bem? — perguntou a atendente, preocupada.

Aisha estava sentada em um sofá perto da recepção; não havia nem entrado na loja direito.

— Eu. Eu ficarei. — respondeu, incerta.

— Quer um copo de água? — perguntou a desconhecida à sua frente.

— Não. Agradeço, só preciso de um tempo. — respondeu Aisha, sentindo seu coração apertado, voltando a olhar para os vestidos majestosos ao redor. Havia vários, de todos os tipos.

Seguindo seu olhar, a atendente se prontificou rapidamente.

— Posso separar alguns para você. Qual ocasião? — perguntou a jovem da sua idade, que estava ao seu lado desde então.

— É para uma festa, a festa do sheik. — respondeu Aisha, tentando se conformar.

A atendente arregalou os olhos no momento, mas logo se conteve quando notou a tristeza na cliente. Nem todas queriam casar com um sheik, afinal. Tentando ser o mais receptiva possível, a jovem a levou para ver os melhores vestidos da loja.

Aisha estava sem esperanças de que pudesse faltar àquela festa; não conseguia tirar da cabeça o pensamento de que sua vida inteira estaria arruinada se o sheik abrisse a caixa. Teria grandes chances de passar despercebida pelas demais beldades que o estariam acompanhando. No entanto, se o mesmo decidisse abrir o presente, sua vida estaria arruinada.

Talvez ele mandasse matá-la ou prendê-la; seriam anos perdidos. Sua preocupação a consumia tanto que não havia se lembrado de tomar seu café ou uma taça de chá; só agora ela havia se recordado.

Olhando sua imagem no grande espelho do provador, ela sorriu.

"Talvez ele nem note a minha presença." — sorriu para se convencer de seu pensamento.

Vestiu um champanhe bege meio rosado. Nele, pendiam pedras brilhantes que subiam até o pescoço, indo à altura de seus joelhos, onde elas se dividiam em quatro tiras até abaixo da cintura e ao longo do tecido até as mangas, acabando nos cotovelos. Tinha barras lisas e largas fazendo volume em seu antebraço até cobrir os pés. Elas eram desconfortáveis, parecendo arranhar sua pele.

Aisha não gostou nada daquilo. Queria passar despercebida; aquilo era demais, mesmo para seu bom gosto e saúde. Se iria gastar, que fosse em algo que pudesse usar novamente. Além disso, sua pele aparentemente parda ficava pálida diante daquela cor.

Aisha provou outros quatro vestidos, todos muito bonitos, que, se postos em seu corpo naquela noite, chamariam atenção que ela não desejava. Então, ficou apenas com dois, pois não conseguiu levar apenas aquele que lhe caía bem. Tinha que levar aquele por qual ela se apaixonou.

Suspirando desapontada consigo mesma por estar prestes a gastar mais do que planejado, ela vestiu novamente seu uniforme e depois a burca para diminuir o peso que levaria. Saiu do provador com os três vestidos na dobra do braço direito e os escolhidos no outro braço.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo