Quando seus olhos retornaram aos dela, estavam alternando entre um brilho fogo e a escuridão que se expandia no centro. Isso fez com que a jovem à sua frente experimentasse um turbilhão de novas emoções. Sua mente parecia trabalhar dez vezes mais, enquanto bloqueava os comandos dos músculos e nervos, impedindo qualquer movimento. — Vejo que despertou. — Sua voz grossa e baixa cortou o silêncio. Ele permaneceu parado por mais alguns segundos, esperando uma reação da parte dela. Suas bochechas estavam coradas, e ele sabia muito bem o motivo. No momento, isso não importava. — Onde eu... estou? — Aisha perguntou segundos depois que a grande imagem dele saiu de sua frente. Ele caminhou despreocupado até outra porta no canto do quarto, do outro lado. Ela recuperou seus movimentos quando não o sentiu por perto. — Está onde deveria estar! — respondeu Khalil de onde estava. — O que faço aqui? — quis saber, ainda receosa por tudo que havia acontecido. Entre despertar em um lugar estranho,
Era claramente um alerta, além do fato de que ela não o carregaria mais, perderia o sobrenome e em breve carregaria o seu, provavelmente Al-Maktoum, o sobrenome de poder. Aisha obrigou seu corpo a se mover para junto dele e quis sentar-se no outro canto da mesa. — Há várias cadeiras aqui. — alertou ele, afastando uma com a mão direita, sem levantar da sua. Aisha, que havia posto apenas os dedos das mãos sobre a cadeira, os tirou sem vontade. Dirigiu-se até ele; talvez sua expressão mostrasse sua insatisfação, mas entre um tosco e um bronco, quem ganha? Aquele que tem o adjetivo mais preenchido? Afinal, era o mesmo significado para ambos, os mesmos sinônimos, mesmo que tosco fosse mais ligado ao não lapidado e malfeito, enquanto bronco era mais para ignorante, o que ele não era, e selvagem, como era. Um tinha volta, outro... nem tanto. Khalil esperou que ela se sentasse um pouco à sua frente para então pegar seus talheres, mesmo sem vê-la segurando os seus, a princípio. — Não estou
— Não se preocupe. Você não é minha prisioneira, é apenas uma medida de segurança — respondeu ele, guardando a chave no bolso da calça. — Para mim, é a mesma coisa — ela retrucou, chateada. Aisha subiu as escadas rapidamente. Se não pudesse fugir, iria se acalmar em um quarto, dormindo logo em seguida. — Aceite como quiser — ele respondeu, esperando que ela se aproximasse. — Tenho o que você precisa no meu quarto — disse ele, assim que ela parou à sua frente. Aisha ficou surpresa. O que ele estava insinuando? Um arrepio percorreu sua espinha. Ele riu. Não era malícia, não no sentido que ela havia pensado. — Sei esperar. Ainda mais quando este dia está mais próximo do que havia planejado. Então, não se preocupe com isso por hora. — isso não a deixou relaxar. "Droga, ser mulher do sheik não é apenas selar almas em um ritual religioso. É ser sua mulher, ser dele," pensou, ruborizando. Khalil admirou o rosado de suas bochechas. Seria agradável; suas reações seriam únicas. — Roupa
Olhou-se no espelho. Seus cabelos estavam molhados sobre a toalha felpuda em cima de seus ombros. Seu corpo não estava tão à mostra, pois a luz solar provavelmente ajudava a evitar uma transparência desnecessária. Embaixo das rendas, via-se sua pele clara sob a única camada de pano fino e branco; ela imaginava como seria a extensão de sua pele. Aisha fez o possível para secar seu cabelo rapidamente e então penteou-os com a escova nova, esquecida no cantinho da mesa perto da cama, deixando-os soltos para terminar de secar naturalmente. Seu rosto estava completamente natural, seus olhos livres de linhas pretas acima deles, como o delineador, suas bochechas homogêneas como o resto da pele e os lábios pouco rosados. O cabelo alisado destacava os lados de seu rosto e evidenciava seu corpo magro com curvas sensíveis e belas. Tentando não pensar muito em como agir diante do sheik, ela apenas se sentou na cama, colocando os saltos da noite passada, o lenço na dobra do braço esquerdo e, por
Havia um lado bom naquilo tudo: o respeito seria quase mútuo, mesmo que ele sempre estivesse acima dela. Ela ainda teria algo parecido, um pouco do respeito que lhe ofereciam por ser um sheik. Não seria mais uma afronta olhar nos olhos, ainda mais quando ouvira dizer que seria sua primeira mulher, ou seja, a mais respeitada perante ele, aquela que muitas vezes é considerada a mais importante para um sheik. Para sua sorte, a época de muitas esposas no mesmo ambiente havia sido deixada no passado. Não que ela se importasse tanto, mas tinha certeza de que uma hora ou outra seria um incômodo. Hoje em dia, quando um sheik quer "possuir" mais de uma esposa, ele tem que lhes dar casas, joias, presentes e atenção separadamente. Até mesmo os filhos, que na maioria das vezes ficam com as mães em suas casas, esperando pela chegada do pai a qualquer dia. — Com esta atitude, não irá conseguir uma segunda esposa que o ame de verdade. Pretende forçar todas a se casarem com você? — perguntou irritad
— Leve Aisha até o apartamento dela! — ordenou o Sheik de onde estava; sem surpresa, era o mesmo lugar onde ela olhava. Aisha ainda se recuperava da aproximação repentina e das sensações deixadas por ele. — Farei. Mais alguma coisa? — Samuel perguntou, como sempre, muito prestativo. — Garanta os direitos dela pelo tempo em que exerceu a função de funcionária do banco central. — respondeu ele, ainda no closet. — Vamos, senhorita Al-Rashidi! — pediu o assistente, ainda perto da entrada do quarto. Aisha piscou diversas vezes. Olhou desconfiada para o homem à sua frente; ele estava calmo, não parecia julgá-la, pelo menos não por fora. Ela se abaixou para pegar o lenço que não sabia quando havia caído, colocou-o na cabeça e ao redor do pescoço. Ela apenas dirigiu um último olhar à porta vazia do espaço em que Khalil estava, antes de caminhar até o assistente, passando por ele rapidamente. Samuel a seguiu de perto, sempre em silêncio. Não só pela jovem exalar chateação, mas também
— Que Alá a proteja! Qual é o problema? — perguntou Aaliyah, impaciente. — Não poderei mandar o dinheiro este mês — disse Aisha, revelando apenas parte da verdade. Ela ainda não tinha coragem de contar tudo. Sua mãe suspirou do outro lado da linha. — Aisha... Não se preocupe conosco. Seja lá o que for que você precisa fazer, faça. Não vamos morrer por não receber uma parte do seu salário. — a voz de sua mãe deixava claro que ela não acreditava que aquela fosse toda a verdade. — Mãe, eu sei que a reforma da casa já foi concluída, mas a avó Dania precisa dos remédios. — relembrou Aisha. — Na verdade... — Aaliyah começou, cautelosa. — Diga, mamãe! — Aisha se levantou, alarmada. — Jammil pagou os remédios dela. — pelo tom de voz, ela parecia estar esperando a reação da filha. — O quê? Por quê? — Aisha indignou-se, já imaginando o motivo por trás da boa ação dele. Jammil provavelmente ainda não aceitava o fato de que ela havia fugido para não se casar com ele. — Ela precisava, e n
A viagem parecia mais longa do que da primeira vez. Não era seu plano demorar no caminho; perder tempo seria arriscado. Foram horas longas em que ela não conseguiu sequer dormir, precisaria estar bem desperta para qualquer situação que surgisse ao chegar ao destino. Além disso, a ansiedade que tomava conta de sua mente e corpo não permitia descanso. A viagem também custou mais do que ela havia planejado, o que gerava ainda mais preocupação. Quando o ônibus finalmente parou em seu destino, ela sentiu um grande alívio. — Enfim, em casa. — suspirou, admirando seu lar. Não era exatamente como Abu Dhabi, mas tinha sua própria beleza, e em muitos aspectos era parecida. Aisha não tinha ninguém esperando por ela, pois aconselhara sua mãe a passar mais tempo com a avó até sua chegada. Também não queria que seu pai soubesse de seu retorno tão cedo. Ela pegou um táxi e, dentro dele, verificou o celular. Tudo estava limpo, o que era um bom sinal. Se houvesse chamadas ou mensagens, significari