Volto a apontar a arma para sua cabeça, ignorando a pontada de culpa que sinto no peito.
— Agora que você já percebeu o seu erro, vou lhe dar mais uma chance de me dizer o que quero saber, antes que eu atire em algum lugar pior.
Ele vira a cabeça e me encara com um de seus olhos abertos. Seus dentes mordem o lábio inferior e ele exala o ar de maneira trêmula. Depois inala e exala novamente, da mesma maneira.
— Eles estão escutando — Devon diz, rispidamente. — Se você não me matar agora, eles matarão. Eu só falo se você me ajudar a sair daqui.
— O quê?
— Me leve... ai... com v-você — Devon diz, com uma careta de dor.
— Você quer que eu leve você, a pessoa que sempre me odiou... comigo?
— Quero — grunhe ele. — Se você quiser uma resposta para a sua outra pergunta.
Parece ser uma escolha, mas não é. Cada minuto que eu gastar encarando Devon, pensando em como ele assombra meus pesadelos e como me fez mal, significa a morte
Ajudo Harry a se levantar, passo um braço por sua cintura e coloco o braço dele em cima dos meus ombros. Ele está muito fraco. E, quando estamos prestes a sair, ouço barulhos vindos de uma outra porta na lateral da sala. Três pessoas saem dali, aproximando-se de nós. Dois homens e uma mulher; à distância, tudo que eu consigo ver dela é que tem cabelos volumosos. Eles têm um aspecto mais selvagem, seus olhos em alerta, mas ao mesmo tempo, completamente imóveis, de alguma forma parecem muito vigilantes. Eles são soldados modificados. O homem de cabelos escuros se aproxima e ri no escuro. Congelo quando reconheço. — Deixem-me te apresentar meus melhores soldados: estes são Kayla e Logan. — Derek faz gestos para os dois ao seu lado. Engulo em seco. Harry fica tenso. — Não posso deixar vocês saírem vivos daqui... A não ser, Harry, que você queira se juntar a nossa equipe, pois graças aos testes que fizemos em você, que conseguimos chegar em um excelent
Tento abrir os olhos, mas há luzes brilhantes me cegando, comandos soando em meus ouvidos e sinto que estão apertando minhas mãos e braços. Vozes estranhas chamam meu nome. Aperto meus olhos e pisco, tentando enxergar através das luzes. Quero falar alguma coisa, mas minha voz está abafada pela máscara de oxigênio que está sobre meu nariz e minha boca. — Ela está de volta! — Uma mulher exclama em cima de mim. Estou deitada em uma maca. O quarto é branco, o que faz o refletor parecer mais brilhante. Ouço respostas sobre minha pressão arterial, pulso e oxigenação, mas nada sobre quem eu realmente quero saber. — Grace? — Uma enfermeira aparece sobre mim, bloqueando a luz nos meus olhos. — Sou Kanya, e vou cuidar de você. Bem-vinda de volta. Franzo as sobrancelhas. Bem-vinda de volta? Meus lábios se esforçam para formar as palavras que eu quero dizer. Kanya afasta meu cabelo do rosto, ainda apertando a bolsa anexada na máscara de oxigênio. Como se
Setembro de 2016Você conhece uma garota sem identidade? Uma garota sem identidade que tem sonhos, planos e quer ter uma vida normal? Sou eu. Mas, eu não consigo. Quero saber quem eu sou.Tentei fazer amizade com um, com outro, mas não consegui. Sempre me sentava quieta em meu canto na sala de aula. Até tentei participar das aulas, mas tinha vergonha de questionar meus professores, do que iriam pensar.Em uma noite, o pessoal do colégio me convidou para ir a uma festa. Como eu não tinha amigos além de Sara, pensei ser a oportunidade perfeita para novas amizades.Quando cheguei, espiei pelas janelas e vi um grupo de pessoas da escola bebendo, dando uns amassos e fazendo tudo o que se espera de uma festa de adolescentes.Por que ninguém nunca dava festas de leitura? Eu adoraria esse tema.Os cômodos da casa começaram a ficar mais cheios, lotando conforme a noi
Maio de 2018"Viro-me depressa, abro o vidro da janela do carro depois que um tiro acerta o espelho lateral. Coloco metade do corpo para fora, e tento atirar neles. Harry está dirigindo rapidamente, tentando desviar dos disparos. Ele faz uma curva rápido demais e perco o equilíbrio.— Cuidado, Grace — Harry avisa, focado na estrada. O vento sopra em meus ouvidos quando acerto um tiro em um dos pneus. Depois que atinjo o segundo pneu, volto para dentro do carro, respirando pesadamente. Três tiros são disparados na minha direção e eu me abaixo.Há uma pausa. Volto meu olhar para trás e vejo o carro diminuir a velocidade.— Harry... eles estão parando — comento.— Você atirou nos pneus — murmura.— Não. Eles só pararam — explico, confusa.No silêncio que se seguiu, escutamos o barulho do vento, soprando fortemente. Mas esse silêncio foi mais curto do que eu esperava. Ouvimos um alto woosh, e então vejo uma chama brilhante vindo até nós. Eles nos lançaram um explosivo. E está vindo para o
Uma semana depois e estou começando a aprender como é a rotina dessas garotas. São sete horas da manhã de segunda-feira e estou na cozinha preparando o café para elas. Depois de terminar, eu ainda tenho quinze minutos para ver se Katherine se vestiu. Ela está naquela idade que quer escolher suas próprias roupas. Na maioria das vezes, eu a deixo escolher, porque gosto da ideia da liberdade de expressão. Mas ela tem três anos e quer usar seu tutu em todos os lugares. Houve momentos em que tive que convencê-la do contrário. Jenny geralmente se veste enquanto estou fazendo o café da manhã. Ela nunca consegue decidir, por isso temos um desfile de roupas em potencial entre colheradas de cereal. Aos sete anos, ela tem mais roupa do que eu poderia imaginar. O resto do dia é dividido entre aulas de balé, ginástica, aulas de natação, música e, no meio disso, o almoço. São crianças ocupadas. Elas têm um calendário social maior do que a maioria dos adultos. Jenny senta-s
Junho de 2018 Katherine está em pé no meio do corredor, completamente nua, com um picolé na mão. Tem sido uma longa batalha para levá-la para o banho, e eu estou prestes a acenar a bandeira branca. Por alguma razão, as duas meninas têm uma aversão extrema para água e sabão. — Katherine Mary Burton — ofego. — Estou pedindo a você com muito carinho. Tiro o cabelo do rosto, e coloco as mãos na cintura. Se há uma lição nisso, é que eu estou fora de forma. Perseguir uma criança de três anos de idade por dois lances de escadas e em torno de uma sala de brinquedos não foi fácil. Eu fiz uma nota mental para colocar um lembrete em meu celular para ir para uma corrida na próxima semana, se houver tempo. Vou começar a estudar inglês hoje à noite – faz parte do pacote de intercâmbio. — Agora, eu vou contar até três, e se você não entrar no banheiro, vamos descer e assistir aquele filme sobre a importância da higien
ObserveiHarry. Ele ficou em silêncio o tempo todo, com sobrancelhas franzidas e mordendoos lábios. Percebi que euestava assim também, e suandode nervosismo. Já não basta ser sequestrada por um psicopata maníaco, tenho que estarao lado de Harry! — O que vamos fazer agora? — pergunta a garota ruiva. Acho que nome dela é Irma. — Não sei, acho que devemos tentar descansar... ele disse que amanhã de manhã vamos ser treinados, então... — Kyle responde. Todos concordam com a cabeça e se levantam para ir, mas não consigo sair do meu lugar, parece que estou congelada. Ajeito uma mecha do meu cabelo atrás da orelha enquanto tento organizar as ideias e lembrar que fui raptada e que provavelmente serei morta, mas... não consigo. Não seja esquisita, não seja esquisita, repito para mim mesma ao mover meus pés e parar na frente dele. Há milhares de possíveis frases passando pela minha cabeça. Harry vai
Quando estamos terminando de comer, ouvimos um clique na porta de entrada, que abre automaticamente. Então as grades, que fechavam as janelas e portas, sobem, trazendo a luz do sol, e vejo que estamos em uma casa de campo, só há árvores e montanhas à nossa volta, um lindo gramado na frente e, da janela da cozinha, vejo um campo que parece ser de treinamento, com vários equipamentos, e um ginásio ao lado. Sinto um nó no estômago. Nunca fui boa nesse tipo de coisas.Alguns levantam para olhar à nossa volta e quandoNatancorre para a porta, um homem alto, bonito e musculoso aparece, vestindo calçapreta e uma camiseta preta, os braços cruzados ao olhar para nós seriamente. —Bom dia, sou oWill, e serei o instrutor de vocês. —Podemos saber por quê? Por que seremos treinados? —indagaAlex. —Sinto muito, mas estou como vocês. Fui capturado e obrigado a seguir asordens deles, caso contr