NataN? Minha mente se esforça para fazer sentido à conversa, do fato de que ela está ocorrendo entre um dos homens que nos capturou e Natan. Ele é tão próximo assim deles? Ou ele realmente não tem ideia do que está fazendo?
Natan pede algo a mais. Sua voz sai com desespero. Mas ainda não consigo ouvi-lo direito.
— Não seja estúpido! Essa é a pior coisa que poderia fazer. Buscar a morte dela com certeza. Enquanto ela estiver viva, eles vão mantê-lo vivo como isca. Derek a quer viva e Chase quer matá-la! Consegue entender? — Will exclama.
Will! Empurro a porta e tropeço na sala. Vejo Will ao lado de um outro cara que não conheço e um Natan em péssimo estado. Estão sentados em poltronas, em torno de uma mesinha com refeições. A luz do dia penetra na janela, e ao longe consigo ver o topo de uma grande floresta. Nós estamos em um prédio. Bem alto.
Encaro Will.
— Onde está Harry? — assobio para ele.
— O corpo dele foi levado por Chase e seus
Encaro-o furiosa e aperto as mãos em punhos ao meu lado, sem saber o que dizer. Quem ele pensa que é para m****r em mim? — Você insiste? E como é que você vai fazer isso? Hum? Vai me obrigar, Will? — digo, dando um passo à frente para ficar cara a cara com ele. — Hey, hey, me escutem — Natan intervém, ficando no meio de nós dois. Continuo encarando Will com muita raiva. — Olha, Grace, todos nós queremos encontrar Harry, ok? Estamos juntos nessa. Mas eu acho que nós poderíamos ter um pequeno descanso também, certo? Eu sei disso porque fico muito irritado se eu dormir menos de nove horas, então vamos nos acalmar e vamos tirar um cochilo. Aí você se acalma. Ok? Eu só estou irritada porque não dormi e porque não consigo encontrar Harry. Não estou sob efeito de drogas. Não posso estar. Se não estou, por que sinto que tem algo de errado comigo? — Vocês têm duas horas — respondo. Passo por eles e ouço Natan soltar um suspiro de alívio.
Labaredas ardem atrás dos meus olhos. Nunca na minha vida eu iria derrotar um lutador como esse que está na minha frente. Um tailandês baixinho e musculoso. Estou em um ringue de areia, com muitas pessoas em volta para assistir e fazer suas apostas. E eu não posso ficar parada aqui esperando ele me atacar. Corro até ele e agarro seus pulsos quando ele os levanta. Sinto seus músculos se contraindo quando ele solta o punho e o lança em minha direção, mas desvio a cabeça bem a tempo. Arquejo, mas acerto um chute em suas costelas e giro seu pulso para o outro lado o máximo que consigo. Encaro seus olhos pequenos e escuros por um segundo antes de ele acertar um soco no meu queixo. Minha cabeça é lançada para o lado e cambaleio. Não posso cair, por que se eu cair, ele vai me chutar e isso será pior, bem pior. Ignoro a dor no meu queixo e chuto sua barriga, mas ele agarra meu pé e me puxa, fazendo com que eu caia sobre o meu ombro ferido. A dor faz com que minha visão perif
Volto a apontar a arma para sua cabeça, ignorando a pontada de culpa que sinto no peito. — Agora que você já percebeu o seu erro, vou lhe dar mais uma chance de me dizer o que quero saber, antes que eu atire em algum lugar pior. Ele vira a cabeça e me encara com um de seus olhos abertos. Seus dentes mordem o lábio inferior e ele exala o ar de maneira trêmula. Depois inala e exala novamente, da mesma maneira. — Eles estão escutando — Devon diz, rispidamente. — Se você não me matar agora, eles matarão. Eu só falo se você me ajudar a sair daqui. — O quê? — Me leve... ai... com v-você — Devon diz, com uma careta de dor. — Você quer que eu leve você, a pessoa que sempre me odiou... comigo? — Quero — grunhe ele. — Se você quiser uma resposta para a sua outra pergunta. Parece ser uma escolha, mas não é. Cada minuto que eu gastar encarando Devon, pensando em como ele assombra meus pesadelos e como me fez mal, significa a morte
Ajudo Harry a se levantar, passo um braço por sua cintura e coloco o braço dele em cima dos meus ombros. Ele está muito fraco. E, quando estamos prestes a sair, ouço barulhos vindos de uma outra porta na lateral da sala. Três pessoas saem dali, aproximando-se de nós. Dois homens e uma mulher; à distância, tudo que eu consigo ver dela é que tem cabelos volumosos. Eles têm um aspecto mais selvagem, seus olhos em alerta, mas ao mesmo tempo, completamente imóveis, de alguma forma parecem muito vigilantes. Eles são soldados modificados. O homem de cabelos escuros se aproxima e ri no escuro. Congelo quando reconheço. — Deixem-me te apresentar meus melhores soldados: estes são Kayla e Logan. — Derek faz gestos para os dois ao seu lado. Engulo em seco. Harry fica tenso. — Não posso deixar vocês saírem vivos daqui... A não ser, Harry, que você queira se juntar a nossa equipe, pois graças aos testes que fizemos em você, que conseguimos chegar em um excelent
Tento abrir os olhos, mas há luzes brilhantes me cegando, comandos soando em meus ouvidos e sinto que estão apertando minhas mãos e braços. Vozes estranhas chamam meu nome. Aperto meus olhos e pisco, tentando enxergar através das luzes. Quero falar alguma coisa, mas minha voz está abafada pela máscara de oxigênio que está sobre meu nariz e minha boca. — Ela está de volta! — Uma mulher exclama em cima de mim. Estou deitada em uma maca. O quarto é branco, o que faz o refletor parecer mais brilhante. Ouço respostas sobre minha pressão arterial, pulso e oxigenação, mas nada sobre quem eu realmente quero saber. — Grace? — Uma enfermeira aparece sobre mim, bloqueando a luz nos meus olhos. — Sou Kanya, e vou cuidar de você. Bem-vinda de volta. Franzo as sobrancelhas. Bem-vinda de volta? Meus lábios se esforçam para formar as palavras que eu quero dizer. Kanya afasta meu cabelo do rosto, ainda apertando a bolsa anexada na máscara de oxigênio. Como se
Setembro de 2016Você conhece uma garota sem identidade? Uma garota sem identidade que tem sonhos, planos e quer ter uma vida normal? Sou eu. Mas, eu não consigo. Quero saber quem eu sou.Tentei fazer amizade com um, com outro, mas não consegui. Sempre me sentava quieta em meu canto na sala de aula. Até tentei participar das aulas, mas tinha vergonha de questionar meus professores, do que iriam pensar.Em uma noite, o pessoal do colégio me convidou para ir a uma festa. Como eu não tinha amigos além de Sara, pensei ser a oportunidade perfeita para novas amizades.Quando cheguei, espiei pelas janelas e vi um grupo de pessoas da escola bebendo, dando uns amassos e fazendo tudo o que se espera de uma festa de adolescentes.Por que ninguém nunca dava festas de leitura? Eu adoraria esse tema.Os cômodos da casa começaram a ficar mais cheios, lotando conforme a noi
Maio de 2018"Viro-me depressa, abro o vidro da janela do carro depois que um tiro acerta o espelho lateral. Coloco metade do corpo para fora, e tento atirar neles. Harry está dirigindo rapidamente, tentando desviar dos disparos. Ele faz uma curva rápido demais e perco o equilíbrio.— Cuidado, Grace — Harry avisa, focado na estrada. O vento sopra em meus ouvidos quando acerto um tiro em um dos pneus. Depois que atinjo o segundo pneu, volto para dentro do carro, respirando pesadamente. Três tiros são disparados na minha direção e eu me abaixo.Há uma pausa. Volto meu olhar para trás e vejo o carro diminuir a velocidade.— Harry... eles estão parando — comento.— Você atirou nos pneus — murmura.— Não. Eles só pararam — explico, confusa.No silêncio que se seguiu, escutamos o barulho do vento, soprando fortemente. Mas esse silêncio foi mais curto do que eu esperava. Ouvimos um alto woosh, e então vejo uma chama brilhante vindo até nós. Eles nos lançaram um explosivo. E está vindo para o
Uma semana depois e estou começando a aprender como é a rotina dessas garotas. São sete horas da manhã de segunda-feira e estou na cozinha preparando o café para elas. Depois de terminar, eu ainda tenho quinze minutos para ver se Katherine se vestiu. Ela está naquela idade que quer escolher suas próprias roupas. Na maioria das vezes, eu a deixo escolher, porque gosto da ideia da liberdade de expressão. Mas ela tem três anos e quer usar seu tutu em todos os lugares. Houve momentos em que tive que convencê-la do contrário. Jenny geralmente se veste enquanto estou fazendo o café da manhã. Ela nunca consegue decidir, por isso temos um desfile de roupas em potencial entre colheradas de cereal. Aos sete anos, ela tem mais roupa do que eu poderia imaginar. O resto do dia é dividido entre aulas de balé, ginástica, aulas de natação, música e, no meio disso, o almoço. São crianças ocupadas. Elas têm um calendário social maior do que a maioria dos adultos. Jenny senta-s