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Capítulo 3 - Desejos Incontroláveis

Giulia Ricciardi

A festa finalmente tinha terminado. Eu subi as escadas até meu quarto, meus pés descalços mal fazendo barulho no piso de madeira. A longa noite e o peso da bebida me deixavam um pouco zonza, mas era mais do que isso. Algo mais queimava em mim, algo que eu não conseguia nomear, ou talvez não quisesse.

Fechei a porta atrás de mim e encarei meu reflexo no espelho. O vestido vermelho ainda estava impecável, apesar das horas de uso. Meu cabelo, antes tão perfeitamente arrumado, agora caía em cascatas desalinhadas pelos meus ombros. Suspirei. Fui até a penteadeira, pegando um algodão e o removedor de maquiagem.

Enquanto esfregava o rosto, tentando apagar os traços da noite, uma batida baixa na porta me interrompeu.

— Entre — eu disse, sem tirar os olhos do espelho, esperando ver Francesca ou talvez até minha mãe entrando para perguntar como estava a festa.

Mas não era nenhuma delas. Era ele.

Lorenzo fechou a porta atrás de si, silenciosamente, como sempre fazia. Ele estava ainda de terno, mas com o paletó jogado sobre um braço. Os dois primeiros botões da camisa continuavam abertos, revelando aquele pedaço da tatuagem em seu peito que parecia tão proibido quanto tudo que ele representava para mim.

— Está tudo bem? — ele perguntou, a voz grave quebrando o silêncio do quarto.

Dei um pequeno sorriso.

— Eu estou ótima, Lorenzo. Apenas cansada. — Virei-me para ele, encontrando aqueles olhos intensos que pareciam despir minha alma todas as vezes que se cruzavam com os meus.

Ele hesitou por um momento, mas deu um passo à frente. Não era comum ele entrar no meu quarto, muito menos a essa hora da noite.

— Você parecia... desconfortável na festa e bebeu mais do que de costume.

— Eu sei. Mas não é nada com o que você precise se preocupar.

Silêncio. Lorenzo continuava a me encarar, e aquele olhar dele parecia penetrar muito mais fundo do que eu queria admitir. Meu coração começou a bater mais rápido. Antes que eu pudesse pensar demais, deixei escapar:

— Lorenzo, você pode me ajudar com uma coisa?

Ele franziu o cenho, mas assentiu.

— Claro.

Me levantei da penteadeira e andei até ele, enquanto olhava fixamente em seus olhos. Virei-me de costas para ele, afastando os cabelos para o lado.

— O botão do meu vestido. No pescoço. Pode abrir para mim?

A hesitação dele foi quase palpável, mas então senti seus dedos roçarem levemente a minha pele. Ele abriu o botão com cuidado, como se estivesse tocando algo que poderia quebrar a qualquer momento.

— E o zíper, também — acrescentei, a voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Senti o calor de suas mãos enquanto ele descia o zíper devagar, expondo cada vez mais da minha pele. Quando o zíper chegou ao final, o vestido deslizou pelo meu corpo, e eu não o segurei, caindo no chão em um círculo de tecido vermelho aos meus pés.

Eu estava de costas para ele ainda, vestindo apenas uma calcinha preta de renda. Por um momento, ninguém se moveu, o ar entre nós carregado com uma tensão quase insuportável.

Virei-me de frente para ele, erguendo o olhar para encontrar o dele. Lorenzo não desviou os olhos, mas o que vi no rosto dele era algo que eu nunca tinha visto antes: desejo puro, cru e incontrolável.

Seus olhos percorreram meu corpo inteiro, demorando-se em cada curva, cada centímetro de pele exposta. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvir. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele deu um passo à frente e me puxou para ele.

Sua boca encontrou a minha com uma intensidade que me fez perder o fôlego. Suas mãos seguraram minha cintura, os dedos pressionando minha pele com força, enquanto ele explorava cada pedaço de mim.

Minhas mãos subiram instintivamente, agarrando os cabelos dele, puxando-o para mais perto. Lorenzo desceu as mãos até meu quadril, segurando-o com força antes de deslizar mais para baixo, apertando minhas nádegas de uma maneira que fez meu corpo inteiro se acender.

O calor entre nós era quase insuportável, e eu sabia que estava prestes a cruzar uma linha da qual nunca mais poderia voltar.

E então acordei.

Maldição!

Sentei-me na cama, ofegante, meu corpo ainda queimando com as sensações do sonho. Olhei ao redor, reconhecendo meu quarto iluminado pela luz suave do sol da manhã. Passei as mãos pelo rosto, tentando me recompor.

Foi só um sonho. Só um maldito sonho erótic0.

Mas meu coração ainda estava acelerado, e o calor em meu corpo ainda era real. Lorenzo... ele estava me destruindo de uma maneira que ele nunca saberia.

Deitei-me de novo, encarando o teto. Como eu ia encará-lo agora?

Levantei-me da cama ainda com o sonho fervendo em minha mente. A imagem de Lorenzo, seus olhos queimando de desejo enquanto suas mãos percorriam meu corpo, era como uma tatuagem gravada na minha pele. Suspirei pesadamente e fui direto para o banheiro.

De frente para o espelho, encarei meu reflexo. Minhas bochechas ainda estavam ruborizadas, meu coração batendo mais rápido do que deveria. Liguei o chuveiro, ajustando a água para a temperatura mais fria possível. Precisava esfriar a cabeça.

Deixei a água gelada cair sobre meu corpo, fechando os olhos. Mas isso não ajudou. Cada gota que escorria pela minha pele parecia despertar ainda mais as sensações que o sonho tinha deixado. Ainda podia sentir os dedos dele no meu quadril, o peso do olhar dele queimando cada parte de mim.

— Droga, Lorenzo... — murmurei para mim mesma, esfregando o rosto como se pudesse apagar as lembranças.

Depois de longos minutos no banho, finalmente senti minha respiração voltar ao normal. Enrolei-me em uma toalha, tentando não deixar minha mente vagar de novo. Escolhi uma roupa confortável: uma calça jeans clara, uma camiseta branca e um suéter cinza leve. Deixei o cabelo solto, ainda úmido, e saí do quarto.

No andar de baixo, a família já estava reunida à mesa de café da manhã. Minha mãe, como sempre, ocupava-se em servir a todos, enquanto papai lia o jornal com atenção. Marco e Francesca conversavam animadamente sobre algo que parecia ser o evento da noite anterior.

— Bom dia, dorminhoca — disse Francesca, lançando-me um sorriso.

— Bom dia — respondi, sentando-me à mesa e pegando uma xícara de café.

Eles continuaram conversando, mas eu mal prestei atenção. Minhas mãos seguravam a xícara com força enquanto minha mente era invadida por flashes do sonho e pelas palavras do meu pai na noite passada. Casamento arranjado, alianças... Eu sabia que isso fazia parte do mundo dele, do nosso mundo. Mas a ideia de ser uma peça em um jogo de poder me sufocava.

— Giulia, preciso falar com você. — A voz de papai cortou meus pensamentos.

Levantei os olhos para ele. Domenico Ricciardi não era um homem que aceitava ser ignorado.

— Quero que você conheça alguém — ele disse, direto ao ponto.

— Conheça quem? — perguntei, embora já soubesse a resposta.

— O filho de um dos nossos aliados. Ele tem uma posição respeitável, é um homem digno e...

— Não, obrigada — interrompi, voltando a olhar para o café.

Ele fechou o jornal e me encarou.

— Não é uma escolha, Giulia. Ele virá amanhã para conhecê-la.

Respirei fundo, tentando manter a calma.

— Não vou conhecê-lo — retruquei, olhando diretamente nos olhos dele.

— Giulia! Escute seu pai, ele só quer o seu bem — minha mãe me repreendeu e eu respirei fundo, para não respondê-la.

— Você vai conhecer ele sim, Giulia. É hora de começar a pensar no futuro, e um casamento...

— Um casamento que eu não quero — cortei, minha voz saindo mais alta do que eu pretendia.

Antes que ele pudesse responder, levantei-me da mesa.

— Estou de saída, tenham um bom dia!

Peguei uma maçã na mesa e saí sem olhar para trás. Ouvi minha mãe dizer algo baixo, mas não consegui captar. Meu peito estava apertado, e eu precisava de ar.

Caminhei rapidamente até a garagem, destranquei meu carro e entrei. Liguei o motor e saí pelo longo caminho que levava ao portão principal. Quando finalmente estava na estrada, permiti que algumas lágrimas escapassem.

Eu amava minha família. Amava meu pai, minha mãe, meus irmãos. Mas, às vezes, queria não fazer parte daquele mundo, daquela prisão dourada onde cada decisão minha parecia pertencer a outra pessoa.

Dirigi em silêncio pelas ruas de Milão, deixando os pensamentos se dissiparem conforme as paisagens familiares passavam pela janela. Meu destino era o mesmo de todas as segundas: o curso de pintura.

Pintar era meu refúgio. No ateliê, ninguém era a filha do mafioso Domenico Ricciardi. Ninguém me olhava como uma peça valiosa em um tabuleiro de alianças. Eu era apenas Giulia, uma mulher com uma tela em branco e uma alma carregada de emoções.

Estacionei o carro em frente ao prédio e respirei fundo antes de sair. Precisava me recompor, pelo menos por algumas horas. Ao entrar no ateliê, o cheiro de tinta e terebintina me acolheu como um velho amigo. Sorri pela primeira vez naquela manhã.

Pintar não resolveria meus problemas. Não me livraria da pressão do meu pai ou do peso do meu amor impossível por Lorenzo. Mas, por enquanto, seria o suficiente.

 

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