Ao perceber que Eliza dormiu; Giulio diminuiu a velocidade do carro. O percurso até o apartamento dela não era tão longo e, ele queria aproveitar ao máximo a companhia daquela jovem linda. Ele já não aguentava mais observá-la a distância: queria estar perto dela. Abraçá-la. Beijá-la. Aquela garota definitivamente estava mexendo com suas emoções. Se não a tivesse, enlouqueceria e, o pior, era que ela estava dando uma de durona com ele. Quando mais ela o esnobava, mais ele a desejava: Eliza não era apenas uma garota bonita como outra qualquer; ela era um desafio a ser vencido. Embora que a conquistar fosse uma questão de honra para sua virilidade, ele esperava sinceramente que o encanto por Eliza passasse depois de envolver-se com ela. Ele sempre se cansava das mulheres com quem se envolvia: Eliza não seria uma exceção.Perdido em meio a tantos pensamentos contraditórios, ele vencia a distância que separava a boate do apartamento dela, numa lentidão incrível. Na verdade Giulio queria pr
A entrada intempestiva de Lúcia na sala parecia providencial. Mesmo Eliza querendo arrancar os olhos de Lúcia, a presença desagradável dela pelo menos serviu para algo: pôr fim àquele jogo de palavras ofensivas. Eliza, certamente, não suportaria mais ouvir nenhum desaforo dele. Giulio passou de todos os limites e já era tempo de ele cair fora da vida dela, de uma vez por todas.O mesmo, todavia, não se podia dizer de Lúcia: ela era outra questão a parte e, infelizmente, Eliza ainda teria que aturá-la por mais algum tempo. Enquanto não conseguisse a tão liberdade financeira ou o passaporte direto para o Brasil; seria obrigada a engolir “sapos”, calada. O pior do que ouvir ela a reduzindo a nada; foi constatar o imenso prazer que ela teve ao jogar cada palavra caluniosa em cima dela. Ela não se contentou em apenas pisá-la, para mostrar sua superioridade diante de Eliza. Lúcia foi adiante: ela a humilhou e a caluniou propositadamente, como o único intuito de manchar a imagem de Eliza fre
Eliza estava fisicamente esgotada e emocionalmente abalada quando Mirella chegou ao apartamento. No primeiro momento Mirella ficou surpresa por encontrá-la acordada, porém ao ver seu rosto abatido, ela compreendeu que algo muito grave aconteceu com Eliza. Assim que Mirella soube por Geovane, que Eliza teve uma pequena indisposição na boate, ela pensou imediatamente em retornar mais cedo para casa e conferir o bem-estar de sua amiga, porém Geovane a impedira. Ele a convenceu que Eliza estava bem e que fora apenas um mal-estar causado pela aglomeração de pessoas. Mirella ainda tentou intercalar a favor de sua amiga, mas seus amigos compraram as palavras de Geovane e por fim, ela cedeu, e deixou-se ficar um pouco mais. Olhando agora para Eliza, ela viu que sua decisão de chamá-la para sair, foi um erro. Sua amiga não estava preparada para as festas noturnas e isso se refletia negativamente em seu rosto cansado.— Pensei que iria encontrá-la dormindo. Mais vejo que me enganei. — Mirell
Eliza chegou no dia seguinte na galeria, apreensiva. Por sorte, ao chegar no salão de exposições, não encontrou Giulietta. Isso deu a ela mais tempo para pensar em uma boa desculpa, caso a senhora Pallot implicasse com o seu novo visual. Entretanto, ela não poderia se esconder de Vittoria, que vistoriava de hora em hora todos os salões. Sem ter como fugir, Eliza se pôs de prontidão assim que a senhorita Romanazzi foi inspecioná-la.Vittoria olhou-a longamente, fixando sua atenção na faixa cafona de Eliza. Fechando a caderneta de anotações, disse.— Signorina Pallot sabe dessa... coisa que você está tentando esconder?Eliza pensou que Vittoria fosse ignorá-la como sempre, por isso, não preparou uma resposta em sua defesa – agora, ela estava de mãos atadas e sem argumentos consistentes para justificar-se.— Desculpe, você poderia ser mais clara?Diante do aparente ar de inocência de Eliza; Vittoria torceu os lábios com cara de gozação.— Não pense que pode enganar-me: sei muito bem que i
Eliza chegou ao toalete em frangalhos — não tanto pela pressão psicológica de Giulietta e Beatrice, mas, sim, por imaginar que a menos de algumas horas, Beatrice estaria desfrutando da companhia de Giulio. Eliza sabia que era loucura ficar se martirizando por alguém que não estava nem aí para ela, mas, seu coração sonhador, infelizmente, ainda não compreendeu que Giulio era um sonho impossível e que, insistir em levar adiante aquela loucura, só traria sofrimento e dor para ela. Eliza queria poder controlar suas emoções, mas o que poderia fazer, se seu coração ainda não sentiu que foi espezinhado o suficiente para aprender a não criar expectativas em vão?Recriminando-se pela sua total falta de controle sobre seus sentimentos, ela se debruçou na porta do banheiro e para sua surpresa, Giulio estava a sua espera. Isso deu a ela a certeza que ele ouviu o seu diálogo com Giulietta. Pior do que encontrá-lo naquele lugar pouco convidativo, foi ter que lutar para controlar o desejo de não se
Assim que Giulio deixou o banheiro, Eliza se recompôs rapidamente. O estado dela naquele momento era horrível e ela precisava ser bastante convincente para aparentar naturalidade diante dos outros funcionários. Se a sorte tivesse a seu favor — pelo menos naquele instante; Giulietta e Beatrice já teriam ido para o aeroporto e isso a ajudaria bastante. A senhora Pallot era bastante perspicaz quando se tratava de Eliza e, certamente, notaria a mudança drástica no semblante de sua estagiária.Passado alguns minutos, que para Eliza pareceu tempo suficiente para Giulio deixar a galeria, ela saiu do banheiro apática e, nesse instante, ela teve a nítida impressão de estar sendo observada. Parou alguns minutos, sobressaltada e, receosa, olhou em volta, na tentativa de encontrar algum movimento suspeito.Naquela hora muita coisa passou pela cabeça de Eliza, e os nomes das possíveis pessoas que poderiam estar espionando-a, começaram a surgiu na cabeça dela. De imediato ela descartou Giulio, pois
Após uma longa caminhada pelas ruas de Florença, Eliza pegou a condução para voltar para casa. Enquanto o ônibus deixava o centro da cidade e se dirigia para a parte periférica, ela se viu novamente pensando em sua atual situação e como estava cada vez mais difícil dividir o mesmo espaço que Lúcia. Retornar para casa depois de um dia cansativo de trabalho deveria ser sinônimo de alívio, no entanto, com as fortes pressões acumuladas e as constantes desavenças com Lúcia; o significado “casa” se tornava um verdadeiro martírio: Eliza sentia-se muito vulnerável naquele dia e temia encontrar Lúcia ao chegar no apartamento. Algumas vezes, para fugir da presença de sua colega, Eliza optava por dá um rolê pela cidade — como ela acabara de fazer. Embora ela tivesse êxito nessa prática; esse hábito estava se tornando exaustivo porque ela chegava em casa muito esgotada e mal tinha tempo de pregar os olhos, mas de certa forma, ela preferia mil vezes esse tipo de exaustão, do que ser obrigada a pa
O resultado da noite mal dormida de Eliza estava visivelmente estampado no rosto cansado dela. Embora ela tenha tentado camuflar essas marcas por meio da maquiagem, não conseguiu muito êxito: quem a olhasse de perto veria claramente que a insônia mais uma vez fora sua companheira noturna — companhia, essa, que, aliás, era constante.Ela bem que cogitou na possibilidade de usar um óculos, escuro, para disfarçar as olheiras, mas, logo em seguida, lembrou-se que não poderia esconder as duas marcas: o roxo em sua testa e o inchaço vermelho de baixo dos olhos. Se por ventura ela aparecesse na galeria com um look que não condissesse com o perfil moderno que eles pregavam, provavelmente ela seria culpada por fazer Giulietta enfartar. Sem opção, ela deixou de lado os óculos escuros e voltou a arrumar-se: o desânimo já acordava ao seu lado e nem mesmo o aroma das flores era capaz de alegra-la. Ela tentou entreter sua mente, ouvindo os clássicos de bossa-nova enquanto finalizava seu penteado,