Eliza chegou ao toalete em frangalhos — não tanto pela pressão psicológica de Giulietta e Beatrice, mas, sim, por imaginar que a menos de algumas horas, Beatrice estaria desfrutando da companhia de Giulio. Eliza sabia que era loucura ficar se martirizando por alguém que não estava nem aí para ela, mas, seu coração sonhador, infelizmente, ainda não compreendeu que Giulio era um sonho impossível e que, insistir em levar adiante aquela loucura, só traria sofrimento e dor para ela. Eliza queria poder controlar suas emoções, mas o que poderia fazer, se seu coração ainda não sentiu que foi espezinhado o suficiente para aprender a não criar expectativas em vão?Recriminando-se pela sua total falta de controle sobre seus sentimentos, ela se debruçou na porta do banheiro e para sua surpresa, Giulio estava a sua espera. Isso deu a ela a certeza que ele ouviu o seu diálogo com Giulietta. Pior do que encontrá-lo naquele lugar pouco convidativo, foi ter que lutar para controlar o desejo de não se
Assim que Giulio deixou o banheiro, Eliza se recompôs rapidamente. O estado dela naquele momento era horrível e ela precisava ser bastante convincente para aparentar naturalidade diante dos outros funcionários. Se a sorte tivesse a seu favor — pelo menos naquele instante; Giulietta e Beatrice já teriam ido para o aeroporto e isso a ajudaria bastante. A senhora Pallot era bastante perspicaz quando se tratava de Eliza e, certamente, notaria a mudança drástica no semblante de sua estagiária.Passado alguns minutos, que para Eliza pareceu tempo suficiente para Giulio deixar a galeria, ela saiu do banheiro apática e, nesse instante, ela teve a nítida impressão de estar sendo observada. Parou alguns minutos, sobressaltada e, receosa, olhou em volta, na tentativa de encontrar algum movimento suspeito.Naquela hora muita coisa passou pela cabeça de Eliza, e os nomes das possíveis pessoas que poderiam estar espionando-a, começaram a surgiu na cabeça dela. De imediato ela descartou Giulio, pois
Após uma longa caminhada pelas ruas de Florença, Eliza pegou a condução para voltar para casa. Enquanto o ônibus deixava o centro da cidade e se dirigia para a parte periférica, ela se viu novamente pensando em sua atual situação e como estava cada vez mais difícil dividir o mesmo espaço que Lúcia. Retornar para casa depois de um dia cansativo de trabalho deveria ser sinônimo de alívio, no entanto, com as fortes pressões acumuladas e as constantes desavenças com Lúcia; o significado “casa” se tornava um verdadeiro martírio: Eliza sentia-se muito vulnerável naquele dia e temia encontrar Lúcia ao chegar no apartamento. Algumas vezes, para fugir da presença de sua colega, Eliza optava por dá um rolê pela cidade — como ela acabara de fazer. Embora ela tivesse êxito nessa prática; esse hábito estava se tornando exaustivo porque ela chegava em casa muito esgotada e mal tinha tempo de pregar os olhos, mas de certa forma, ela preferia mil vezes esse tipo de exaustão, do que ser obrigada a pa
O resultado da noite mal dormida de Eliza estava visivelmente estampado no rosto cansado dela. Embora ela tenha tentado camuflar essas marcas por meio da maquiagem, não conseguiu muito êxito: quem a olhasse de perto veria claramente que a insônia mais uma vez fora sua companheira noturna — companhia, essa, que, aliás, era constante.Ela bem que cogitou na possibilidade de usar um óculos, escuro, para disfarçar as olheiras, mas, logo em seguida, lembrou-se que não poderia esconder as duas marcas: o roxo em sua testa e o inchaço vermelho de baixo dos olhos. Se por ventura ela aparecesse na galeria com um look que não condissesse com o perfil moderno que eles pregavam, provavelmente ela seria culpada por fazer Giulietta enfartar. Sem opção, ela deixou de lado os óculos escuros e voltou a arrumar-se: o desânimo já acordava ao seu lado e nem mesmo o aroma das flores era capaz de alegra-la. Ela tentou entreter sua mente, ouvindo os clássicos de bossa-nova enquanto finalizava seu penteado,
Tão logo Eliza saiu do campo de visão de Giulietta; ela deu um jeito de esconder-se no banheiro, mesmo que temporariamente: ela simplesmente não poderia passar o resto do dia naquele lugar. Contudo, caso sua patroa a questionasse sobre sua ausência; ela simplesmente diria que precisou usar o toalete e, que, ao retornar para o salão não a encontrou.No primeiro momento, essa desculpa pareceu-lhe perfeita, no entanto o que ela não esperava era encontrar Giulietta plantada no salão, minutos depois que retornou do banheiro. Eliza não sabia dizer se foi por sorte ou azar, mas fato era, que sua chefe não a viu. Diante dessa conclusão, uma luzinha acendeu na mente dela e as possíveis desculpas que daria, foram se formando. Só restava-lhe escolher o argumento mais consistente para livrar-se da fúria de Giulietta — o que seria basicamente impossível, já que tudo naquele dia parecia conspirar contra ela. Até mesmo sua respiração, naquele momento, poderia ser um agravante para denunciar sua pre
A situação dramática que Eliza vivia estava se intensificando de forma tão assustadora, que foi só ela sentar-se para almoçar, para ouviu os cochichos dos empregados sobre ela. Em uma das partes, ele escutou que Vittoria estava a sua procura.Descobrir que em pouco tempo teria que confrontar a secretária de Giulietta tirou-a de órbita e apressadamente, ela engoliu sua porção de comida, mal tendo tempo de saborear sua refeição.Embora soubesse que era loucura tentar se esconder dos olhos de águia de Giulietta e de Vittoria; ela saiu sorrateiramente da cozinha, pela porta dos fundos, deu a volta em torno da galeria, para entrar no salão principal, pela entrada lateral.Eliza não se orgulhava de sua pequena travessura e sentia-se ridícula por está tentando, mais uma vez, evitar o inevitável — Giulietta —. Não que ela estivesse fugindo de sua chefe. Ela só queria, simplesmente, respirar por alguns momentos, aliviada, antes de ser submetida novamente a outra carga de tensão. Eliza sabia qu
Entre mortos e feridos, Eliza conseguiu sobreviver àquela conversa. Definitivamente, aquela semana não começou bem para ela, ainda mais quando teve que aguentar as alfinetadas de Giulietta, insinuando que ela deveria estar preparada para deixar a galeria, pois seu trabalho era desnecessário e inútil. Além, é claro, de evidenciar com todas as letras, que ela era uma imprestável. Desde o dia que Eliza colocou os pés na galeria, tudo desandou na vida dela: estudo, trabalho, amizades; era um problema atrás do outro — como se ela fosse um ímã e tivesse a má sorte de atraí-los para si. Contudo, seu único triunfo era saber que Giulio e Beatrice estavam viajando, pois dessa forma, eram dois problemas a menos em sua extensa lista de estresse. Pelo menos, era nisso que ela queria acreditar — mesmo descartando o fato de que Giulio ainda permeava seus sonhos mais belos.Constantemente, Eliza se auto recriminava por permitir que ele assumisse o comando de seu coração e de seus pensamentos. Infeli
Como já era de se esperar, a nova assistente da senhora Pallot se apresentou bem cedo na manhã seguinte e, quando Eliza chegou para trabalhar, a encontrou conversando animadamente com Vitoria. Para decepção de Eliza, a jovem era belíssima: alta, cabelos claros e longos, olhos azuis e pernas torneadas. A primeira vista ela era amistosa e logo as duas travaram diálogos de conhecimento. Eliza se surpreendeu com o talento de aprendizado, perspicácia e disposição que encontrava na outra. E, assim como ela, a jovem mostrava uma simpatia sincera para o mundo das cores: o olhar encantado dela para as telas a lembrava a si mesma, em seu primeiro dia de trabalho. Contrariando todas as expectativas de suas inimigas, Eliza repassou com a maior boa vontade, todas as tarefas, que antes era executada por ela; para a nova estagiária — Giovanna Villon —, que assim como ela, também era apaixonada por arte. No primeiro momento Eliza ficou surpresa por ter sido a escolhida para mostrar todas as ativid