— Filho, vai ficar tudo bem – Cassia sussurrou mais uma vez ao passar a mão pelo cabelo do filho.
Havia chegado trinta minutos depois que Daniel ligou, e o encontrou em uma situação deplorável. O choro do bebê a incomodou pelo simples motivo de saber a razão dos berros. O pai estava nervoso, não sabia se banhava o garoto ou se terminava de fazer a comida. Quando viu sua mãe ali, ele não conseguiu segurar o resto das lágrimas e chorou com seu filho no colo.
Cássia o ajudou a ajeitar a criança. Depois do bebê está alimentado e limpo, o colocou para dormir enquanto Daniel tomava um banho. Depois do Adrian, Cassia tomou de conta do filho. Ele estava sentado no chão com a cabeça deitada no colo da mãe. Desde que começou a cuidar de Kesia, nunca achou que ela fugisse da sua obrigação. Os sorrisos e abraços que compartilhavam a cada mês que passava, eram falsos, mas Daniel não sabia naquela época.
Hoje podia entender o motivo dela nunca ter sorrido sem a m*****a ironia nos lábios. Kesia era uma pessoa desprezível. Ele tinha certeza. Agora.
— Querido, chorar não lhe serve de nada. – Cassia sussurrou no ouvido dele. Daniel lentamente suspirou e levantou a cabeça, olhou para sua mãe e sorriu triste.
— O que eu vou fazer agora? – Perguntou desiludido do mundo.
— Agora meu amor, você vai cuidar de Adrian, ele é seu filho e precisa de você. – Daniel assentiu — Você tem vinte e três anos e tal. Sei que quer curtir sua vida de jovem, mas agora...
— Não se preocupe mais com isso, mamãe – Daniel enxugou as lágrimas e sentou ao lado de Cassia. Até sorriu olhando para a mãe — Eu aprendi a lição.
— Não foi culpa sua – A mulher tratou logo de avisar — A culpa é daquela mulher, ela é quem decidiu sozinha, ir embora, deixar seu filho e o noivo sozinhos.
— Eu não vou perdoar essa mulher nunca. Que tipo de mãe abandona seu filho sozinho? – Perguntou incrédulo.
— O daquele tipo. Agora eu sei a resposta para o pai dela ser tão fechado, e não quis ficar ao lado da filha quando ela precisou. Preocuparam-se apenas quando a menina deu à luz. Família horrível aquela.
— Mãe – Daniel olhou para a mulher ao seu lado, riu e deitou outra vez em seu colo. — Por mais que Kesia e sua família tenham agido de má fé, não quero que falem mal deles para meu filho, e nem para mim – Cassia fechou a boca. — Kesia ainda é a mãe do meu filho.
— Como quiser. Querido.
Ao amanhecer, Daniel já estava de pé fazendo a primeira mamadeira do dia para seu filho. Adrian não havia completado nem ao menos um mês direito, precisava ser amamentado pelo leite materno, mas infelizmente sua mãe não estava presente. Com isso, Daniel passou a madrugada pesquisando uma forma de fazê-lo se sentir bem com qualquer outro leite.
Na internet, ele achou duas soluções, ou ele comprava uma massa diferente das outras que vendia em pontos contados da cidade, ou ele procuraria uma mãe disposta a amamentar seu bebê, e o do Daniel. O Flint preferiu ir atrás da massa, e quando encontrou tomou um susto pelo preço, mas comprou, não queria ver seu filho passando fome.
Ao terminar a mamadeira, Cassia apareceu na cozinha com o menino, Daniel coçou o olho e foi em direção aos dois, fitou sua mãe colocar o bico na boca do garoto e o bebê começou a tomar rapidamente. Bem diferente do que ele deu na noite anterior, como não sabia de muita coisa, para matar a fome do seu filho ele deu um leite qualquer e se arrependeu depois que soube que qualquer leite faria mal a seu filho.
— Acho que ele gostou. – Cássia comentou e Daniel fechou os olhos, cansado, sentou no chão mesmo, e encostou sua cabeça na parede. — Filho?
— Eu estou bem. – Mentiu descaradamente e levantou — Mãe, eu preciso ir para a faculdade, a senhora pode ficar com ele, só hoje? Eu vou atrás de uma babá, não sei...
— Tudo bem, querido, pode ir – Ela riu olhando para o garoto — Eu não vou deixar qualquer uma tocar no meu neto, tá bom? – Daniel riu triste e foi para o quarto.
A água fria acalmou-lhe os nervos, a última coisa que ele queria era sair de casa nesse momento, queria poder ir para seu quarto e dormi até nunca mais. Mas agora tinha coisas a fazer e uma responsabilidade grande que teria que carregar sozinho. Pediu a Deus que o ajudasse que mandasse força, pois ele mesmo já não tinha para viver.
Quando terminou de se arrumar saiu do quarto e ouviu a voz da sua mãe ao cantar uma canção para o pequeno. Daniel riu daquilo e não querendo atrapalhar, saiu de casa às pressas, pois já estava atrasado para a faculdade.
Lá, Daniel agiu como todos os dias, mas todos percebiam seu cansaço. Matthew, seu melhor amigo, estava ao seu lado, pelo menos esse estava e Daniel não tardou a explicar o que aconteceu. Seu amigo ficou paralisado, sem acreditar na safadeza que a garota tinha feito. Afinal, Kesia sempre se sentiu a rainha da faculdade após engravidar de Daniel, e agora, o tinha deixado?
— Imagino como deve estar se sentindo.
— Você não faz ideia do quanto está sendo difícil – Daniel comentou com as mãos no cabelo – e ainda não tem nem vinte e quatro horas.
Quando voltou para a casa, sua mãe saiu, pois tinha que cuidar do seu marido e da sua casa, Daniel após ter tomado um banho e comido um pouco, tratou de dormir um pouco ao lado do seu filho no quarto dele, pegou o colchão da sua cama e o colocou no chão, sabia que não o ouviria chorar ficando tão longe. Deitou ali e mal se ajeitou pegou no sono.
Acordou com os berros do seu filho, sentou no colchão e olhou o relógio, era quase meia noite. Ele levantou e pegou o garoto do berço, saiu do quarto andando de um lado para o outro e então sentiu o cheiro familiar que odiava. Riu triste.
— Tudo bem garotão, eu consigo fazer isso mais uma vez – Falou com ele enquanto andava na direção da cozinha, uma lembrança destruidora tomou conta do seu peito e ele nem ao menos olhou para os lados daquela vez.
Deu banho em seu filho, mas por algum motivo, ele não parava de chorar. Daniel andou com ele pelo apartamento inteiro, deu comida, mas nada adiantava, saiu na varanda e lembrou que o menino não podia pegar sereno. Voltou e começou a niná-lo outra vez, cantou, mas não adiantou. Daniel já estava nervoso, cansado por duas noites, e com vontade de chorar junto com o filho.
Olhou para o telefone e assim que andou em direção alguém bateu na porta. Ele olhou sorrindo, era sua mãe, ele tinha certeza. Caminhou o mais depressa possível quase desesperado e abriu a porta, tendo uma surpresa...
— Oi – a garota disse e olhou para a criança que ainda berrava nos braços de Daniel — Sou sua vizinha e me desculpe, mas eu não consigo dormir com o seu filho chorando.
Daniel não falou nada, e a mulher olhou outra vez para o garoto, depois olhou para o moreno mais velho. Notou o desespero em seu olhar e nos braços ao ninar o menino.
— Cadê a mãe dele?
— Ele não tem mãe – Ela ficou séria e cobriu mais os ombros com o casaco fino por cima do seu pijama.
— Desculpa eu me meter – Ela olhou a criança outra vez, e sorriu. Sem pedir permissão pegou o menino em seus braços e adentrou o apartamento. Daniel ficou mais nervoso ainda ao ver a mulher começar a balançar seu filho de um lado para o outro.
— O que você está fazendo?
— Xiii... — Pediu silêncio. Daniel fechou a porta e ficou olhando a garota segurar seu filho. Lentamente o choro do menino ia se acabando e quando percebeu Adrian já nem chorava mais.
Sorriu agradecido, quase derramou lágrimas de agradecimento. Daniel a levou para o quarto do bebê e a ajudou a colocá-lo dentro do berço. Depois a levou para fora.
— Como você fez isso? – Ele perguntou quando estavam na sala, ela riu.
— Sou médica pediatra há quase dois anos, é o meu dever cuidar das crianças. E eu amo. – Ela botou a mão na cintura — Ele precisa de leite materno, é eficiente para um bebê do tamanho dele, evita qualquer tipo de infecção além de que é essencial para o crescimento saudável.
— Infelizmente, a mãe dele não quis saber disso – Daniel falou desviando o olhar — Mas está tudo sob controle.
— Se você precisar de ajuda, eu moro em frente ao seu apartamento – Ela riu e abriu a porta — Tchau, vizinho.
Ela saiu e Daniel ficou olhando para a porta por alguns minutos, sorriu e só naquele momento se tocou que não disse nem um simples obrigado. Podia bater na porta dela agora para agradecer, mas o cansaço estava o vencendo outra vez. Voltou para o quarto e se deitou no colchão. Um novo dia chegaria em breve.
A vida de pai solteiro não é fácil, nunca foi e Daniel podia explicar isso em alguns dias, mas não hoje, e nem no momento.Adrian chorava quando Daniel saltou do colchão, suas costas doíam e ao olhar o relógio de frente para sua estadia no chão, ele pulou para fora dos lençois. Nas nove horas da manhã, aquele relógio só podia estar louco. Daniel não podia estar atrasado.Pegou seu filho no colo e rodeou aquele quarto, duas vezes, a fim de uma solução para tudo que ocorria, sentiu falta de Kesia só ela podia dar-lhe algo para fazer o menino calar a boca. Correu para a cozinha para preparar o tal mingau, mas tudo parecia pior quando tentava fazer duas coisas ao mesmo tempo. Nada estava do lado do pai atrasado. O garoto berrava cada vez mais e Daniel ficava nervoso e tudo que ele queria era chorar também.Quando a campainha tocou outra vez, ele agradeceu quase chorando por ser Stella ou sua mãe, ele não ia se importar, ele só precisava de ajuda. Ao abrir a porta, uma lágrima quis cair, m
— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro
Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.Como sempre, sua m
Stella saiu do apartamento, sentindo seu peito apertar, uma preocupação tomava conta do seu coração ela se desesperava. Saiu do prédio e correu para o bar, ela conhecia, não por viver lá, e sim porque comprar algumas coisas ao lado. Quanto mais perto chegava do lugar, notava-se uma grande barulheira.Os homens que bebiam, falavam alto e falavam sobre os fatos de sua vida miserável. Stella segurou sua bolsa ao passar por um grupo antes de chegar ao bar, mas não pode segurar a mão de um ao encostar em sua bunda. Ela soltou um grito e correu olhando para trás, só parou em frente ao bar e ao olhar duas vezes para a mesa principal sentiu-se decepcionada ao ver Daniel sentando nela.Ele parecia feliz e gritava alguma coisa, os homens prestavam atenção e logo riram. Ela não conseguia escutar direito porque seu mundinho pequeno não a permitia. Ela passou as mãos no cabelo, e mordeu os lábios. Como ela arrastaria Daniel dali? Pensou em ligar para Cássia e explicar a situação, mas não tinha o n
— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?— Sim, claro.A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na bei
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como
Entrou em seu apartamento e rapidamente sua mãe chegou ao seu encalço, cruzou os braços e esperou que o Flint começasse a se explicar. Daniel fez bico e abaixou a cabeça, explicaria que pediu desculpas e que ela aceitou, apenas isso, Cássia não precisava saber de mais nada.— Então? Como foi? — Cassia perguntou ansiosa pela resposta, Daniel levantou a cabeça e riu de canto.— Foi bom, pedi desculpas e ela aceitou — Falou passando pela mãe e seguindo para o quarto do seu filho.— Só isso? — Cássia o seguiu e Daniel estreitou os olhos antes de entrar no quarto de Adrian.— O que mais a senhora queria?— Não sei, um pedido de namoro? — Daniel olhou do seu filho para sua mãe que parou na sua frente, incrédulo. Ele riu e pegou seu pequeno no colo.— A senhora bebeu também? — Ele segurou o menino e beijou o rosto da criança, Adrian ainda de olhos fechados riu e Daniel também riu de canto.— Não, mas é que eu gostei dela, me parece uma menina inteligente, e tem decisões perfeitas, pois escol