CAPÍTULO 3

— Filho, vai ficar tudo bem – Cassia sussurrou mais uma vez ao passar a mão pelo cabelo do filho.

Havia chegado trinta minutos depois que Daniel ligou, e o encontrou em uma situação deplorável. O choro do bebê a incomodou pelo simples motivo de saber a razão dos berros. O pai estava nervoso, não sabia se banhava o garoto ou se terminava de fazer a comida. Quando viu sua mãe ali, ele não conseguiu segurar o resto das lágrimas e chorou com seu filho no colo.

Cássia o ajudou a ajeitar a criança. Depois do bebê está alimentado e limpo, o colocou para dormir enquanto Daniel tomava um banho. Depois do Adrian, Cassia tomou de conta do filho. Ele estava sentado no chão com a cabeça deitada no colo da mãe. Desde que começou a cuidar de Kesia, nunca achou que ela fugisse da sua obrigação. Os sorrisos e abraços que compartilhavam a cada mês que passava, eram falsos, mas Daniel não sabia naquela época.

Hoje podia entender o motivo dela nunca ter sorrido sem a m*****a ironia nos lábios. Kesia era uma pessoa desprezível. Ele tinha certeza. Agora.

— Querido, chorar não lhe serve de nada. – Cassia sussurrou no ouvido dele. Daniel lentamente suspirou e levantou a cabeça, olhou para sua mãe e sorriu triste.

— O que eu vou fazer agora? – Perguntou desiludido do mundo.

— Agora meu amor, você vai cuidar de Adrian, ele é seu filho e precisa de você. – Daniel assentiu — Você tem vinte e três anos e tal. Sei que quer curtir sua vida de jovem, mas agora...

— Não se preocupe mais com isso, mamãe – Daniel enxugou as lágrimas e sentou ao lado de Cassia. Até sorriu olhando para a mãe — Eu aprendi a lição.

— Não foi culpa sua – A mulher tratou logo de avisar — A culpa é daquela mulher, ela é quem decidiu sozinha, ir embora, deixar seu filho e o noivo sozinhos.

— Eu não vou perdoar essa mulher nunca. Que tipo de mãe abandona seu filho sozinho? – Perguntou incrédulo.

— O daquele tipo. Agora eu sei a resposta para o pai dela ser tão fechado, e não quis ficar ao lado da filha quando ela precisou. Preocuparam-se apenas quando a menina deu à luz. Família horrível aquela.

— Mãe – Daniel olhou para a mulher ao seu lado, riu e deitou outra vez em seu colo. — Por mais que Kesia e sua família tenham agido de má fé, não quero que falem mal deles para meu filho, e nem para mim – Cassia fechou a boca. — Kesia ainda é a mãe do meu filho.

— Como quiser. Querido.

Ao amanhecer, Daniel já estava de pé fazendo a primeira mamadeira do dia para seu filho. Adrian não havia completado nem ao menos um mês direito, precisava ser amamentado pelo leite materno, mas infelizmente sua mãe não estava presente. Com isso, Daniel passou a madrugada pesquisando uma forma de fazê-lo se sentir bem com qualquer outro leite.

Na internet, ele achou duas soluções, ou ele comprava uma massa diferente das outras que vendia em pontos contados da cidade, ou ele procuraria uma mãe disposta a amamentar seu bebê, e o do Daniel. O Flint preferiu ir atrás da massa, e quando encontrou tomou um susto pelo preço, mas comprou, não queria ver seu filho passando fome.

Ao terminar a mamadeira, Cassia apareceu na cozinha com o menino, Daniel coçou o olho e foi em direção aos dois, fitou sua mãe colocar o bico na boca do garoto e o bebê começou a tomar rapidamente. Bem diferente do que ele deu na noite anterior, como não sabia de muita coisa, para matar a fome do seu filho ele deu um leite qualquer e se arrependeu depois que soube que qualquer leite faria mal a seu filho.

— Acho que ele gostou. – Cássia comentou e Daniel fechou os olhos, cansado, sentou no chão mesmo, e encostou sua cabeça na parede. — Filho?

— Eu estou bem. – Mentiu descaradamente e levantou — Mãe, eu preciso ir para a faculdade, a senhora pode ficar com ele, só hoje? Eu vou atrás de uma babá, não sei...

— Tudo bem, querido, pode ir – Ela riu olhando para o garoto — Eu não vou deixar qualquer uma tocar no meu neto, tá bom? – Daniel riu triste e foi para o quarto.

A água fria acalmou-lhe os nervos, a última coisa que ele queria era sair de casa nesse momento, queria poder ir para seu quarto e dormi até nunca mais. Mas agora tinha coisas a fazer e uma responsabilidade grande que teria que carregar sozinho. Pediu a Deus que o ajudasse que mandasse força, pois ele mesmo já não tinha para viver.

Quando terminou de se arrumar saiu do quarto e ouviu a voz da sua mãe ao cantar uma canção para o pequeno. Daniel riu daquilo e não querendo atrapalhar, saiu de casa às pressas, pois já estava atrasado para a faculdade.

Lá, Daniel agiu como todos os dias, mas todos percebiam seu cansaço. Matthew, seu melhor amigo, estava ao seu lado, pelo menos esse estava e Daniel não tardou a explicar o que aconteceu. Seu amigo ficou paralisado, sem acreditar na safadeza que a garota tinha feito. Afinal, Kesia sempre se sentiu a rainha da faculdade após engravidar de Daniel, e agora, o tinha deixado?

— Imagino como deve estar se sentindo.

— Você não faz ideia do quanto está sendo difícil – Daniel comentou com as mãos no cabelo – e ainda não tem nem vinte e quatro horas.

Quando voltou para a casa, sua mãe saiu, pois tinha que cuidar do seu marido e da sua casa, Daniel após ter tomado um banho e comido um pouco, tratou de dormir um pouco ao lado do seu filho no quarto dele, pegou o colchão da sua cama e o colocou no chão, sabia que não o ouviria chorar ficando tão longe. Deitou ali e mal se ajeitou pegou no sono.

Acordou com os berros do seu filho, sentou no colchão e olhou o relógio, era quase meia noite. Ele levantou e pegou o garoto do berço, saiu do quarto andando de um lado para o outro e então sentiu o cheiro familiar que odiava. Riu triste.

— Tudo bem garotão, eu consigo fazer isso mais uma vez – Falou com ele enquanto andava na direção da cozinha, uma lembrança destruidora tomou conta do seu peito e ele nem ao menos olhou para os lados daquela vez.

Deu banho em seu filho, mas por algum motivo, ele não parava de chorar. Daniel andou com ele pelo apartamento inteiro, deu comida, mas nada adiantava, saiu na varanda e lembrou que o menino não podia pegar sereno. Voltou e começou a niná-lo outra vez, cantou, mas não adiantou. Daniel já estava nervoso, cansado por duas noites, e com vontade de chorar junto com o filho.

Olhou para o telefone e assim que andou em direção alguém bateu na porta. Ele olhou sorrindo, era sua mãe, ele tinha certeza. Caminhou o mais depressa possível quase desesperado e abriu a porta, tendo uma surpresa...

— Oi – a garota disse e olhou para a criança que ainda berrava nos braços de Daniel — Sou sua vizinha e me desculpe, mas eu não consigo dormir com o seu filho chorando.

Daniel não falou nada, e a mulher olhou outra vez para o garoto, depois olhou para o moreno mais velho. Notou o desespero em seu olhar e nos braços ao ninar o menino.

— Cadê a mãe dele?

— Ele não tem mãe – Ela ficou séria e cobriu mais os ombros com o casaco fino por cima do seu pijama.

— Desculpa eu me meter – Ela olhou a criança outra vez, e sorriu. Sem pedir permissão pegou o menino em seus braços e adentrou o apartamento. Daniel ficou mais nervoso ainda ao ver a mulher começar a balançar seu filho de um lado para o outro.

— O que você está fazendo?

— Xiii... — Pediu silêncio. Daniel fechou a porta e ficou olhando a garota segurar seu filho. Lentamente o choro do menino ia se acabando e quando percebeu Adrian já nem chorava mais.

Sorriu agradecido, quase derramou lágrimas de agradecimento. Daniel a levou para o quarto do bebê e a ajudou a colocá-lo dentro do berço. Depois a levou para fora.

— Como você fez isso? – Ele perguntou quando estavam na sala, ela riu.

— Sou médica pediatra há quase dois anos, é o meu dever cuidar das crianças. E eu amo. – Ela botou a mão na cintura — Ele precisa de leite materno, é eficiente para um bebê do tamanho dele, evita qualquer tipo de infecção além de que é essencial para o crescimento saudável.

— Infelizmente, a mãe dele não quis saber disso – Daniel falou desviando o olhar — Mas está tudo sob controle.

— Se você precisar de ajuda, eu moro em frente ao seu apartamento – Ela riu e abriu a porta — Tchau, vizinho.

Ela saiu e Daniel ficou olhando para a porta por alguns minutos, sorriu e só naquele momento se tocou que não disse nem um simples obrigado. Podia bater na porta dela agora para agradecer, mas o cansaço estava o vencendo outra vez. Voltou para o quarto e se deitou no colchão. Um novo dia chegaria em breve.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo