— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...
— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.
— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.
— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...
— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro - apenas porque era mãe do seu filho.
— Oh, tudo bem querido – Ela olhou o relógio — Filho, sua faculdade – o avisou, Daniel arregalou os olhos e pediu licença para se arrumar, ele não perderia um dia inteiro, pelo menos assistiria à última aula e iria direto para o emprego. — Ele não é um amor? – Cássia comentou ao vê-lo correndo, Stella riu.
— Sim, é um homem muito legal.
— Não me diga que se apaixonou – Cássia foi direta. Stella se assustou dando alguns passos para longe.
— Oh, não, eu não... — Ficou sem jeito — Não é nada disso que a senhora está pensando. Eu sou apenas a vizinha da frente, vi que ele precisava de ajuda, e aqui estou eu.
— Ah, isso é muito bom de ouvir – Cássia a trouxe para dentro novamente e olhou o corredor vazio — Ele é solteiro, não se esqueça disso.
— O que? – Stella riu corando e Cássia tirou os óculos e a bolsa colocando os objetos em cima da mesa.
— Você é uma moça muito bonita, tem namorado? — Perguntou Cassia, curiosa até demais, Stella se esquivou se sentindo mais sem graça ainda.
— Não, senhora.
— PERFEITOOO — Cassia gritou batendo palmas, Stella gargalhou da senhora.
— Foi bom lhe conhecer. Mas preciso ir agora.
— Ah, poxa, porque não fica? Para sempre? - As duas voltaram a rir.
— Eu sou médica pediatra, e já estou atrasada, comecei a trabalhar recentemente em um novo hospital, e não quero ter motivos para ser demitida — falou sorridente e Cássia segurou-lhe as mãos.
— Muito obrigada pela ajuda, e não esqueça que Daniel é solteiro.
A médica riu outra vez.
— Eu não vou esquecer, senhora. — Stella se despediu e logo foi embora sorrindo.
Cassia voltou-se para trás e foi até o quarto do seu filho, vendo-o terminar de ajeitar os livros para em breve sair para a faculdade.
— Querido, sua namorada é linda — Daniel a fitou na mesma hora derrubando sua bolsa no chão.
— Que namorada? Tá louca? — Desesperou-se de repente e riu se abaixando para pegar sua bolsa.
— A moça de cabelos dourados, é tão linda, que sorte a sua.
— Ela não é a minha namorada, é apenas a minha vizinha, e uma amiga agora.
— Mas eu vou orar bastante para que isso aconteça, eu gostei dela.
Daniel suspirou e jogou a bolsa nas costas, andou até sua mãe e segurou-lhe os ombros fitando-a nos olhos.
— Dona Cássia Flint, tira isso da cabeça, agora, por favor. Eu não quero saber de mulher alguma, eu... Não quero isso... Agora.
Disse sério, Cassia riu triste e Daniel saiu de casa.
— Isso é o que você diz, querido... — Riu maliciosa.
*
Stella era uma médica competente e por esse motivo, aquele era o segundo hospital para qual foi chamada para trabalhar, as ofertas de empregos nos hospitais surgiram antes dela terminar a faculdade, e quando concluiu, vários hospitais a chamaram, apesar de a maioria serem os melhores da cidade, ela escolheu o que era mais perto do seu apartamento pelo simples motivo de sempre se atrasar demais para tudo.
No almoço, ela preferiu trabalhar ainda mais, quase quarenta minutos de atrasos teriam que ser recompensados. As crianças sempre animavam seu dia, e o que a deixava mais apaixonada por seu trabalho. Sempre foi apaixonada por crianças, bebês e seu maior sonho era ser a melhor mãe do mundo. E seria, assim que encontrasse seu príncipe encantado. Sim, ela sonhava com um príncipe, bonito e romântico, como toda menina.
Perto da hora de ir para casa, Stella resolveu passar pelo berçário, conversou com algumas mães e não conseguiu esquecer o caso do seu vizinho, ou dele mesmo. Lembrou-se do menino enquanto via alguns pais felizes por ver seu pequeno chorar ou dormir tranquilamente. Imaginou Daniel no dia em que Adrian nasceu, ele deveria ser o pai mais feliz do mundo. Riu. Conversou com sua chefe e teve o que queria.
Stella podia entrar na sala a qual várias mães doaram seu leite para outras crianças que perderam sua mãe no parto, ou foram abandonadas ao nascer. Começaria em busca do leite do qual o pequeno gostasse no outro dia, e ela tinha que dar essa notícia para ele.
Quando saiu do hospital, passou por uma lojinha da rua e se apaixonou por um conjunto de roupas para bebês, não tardou a comprá-la para seu vizinho. Chegou ao prédio e foi direto para o apartamento de Daniel e depois de tocar a campainha duas vezes, Cassia abriu e sorriu ao ver Stella parada ali.
— Stella, boa noite querida, como vai? — A médica entrou beijando a senhora e o garotinho nos braços dela.
— Eu, bem, e você, como foi seu dia? — Cássia contou-lhe tudo o que houve e ambas sentaram no sofá, acomodadas com a conversa. Mais tarde, Daniel chegou e se surpreendeu ao encontrar novamente a mulher, mas riu alegremente.
— Querido, como vai? — Cássia o encheu de beijos deixando-o constrangido na frente de Stella que riu.
— Bem mamãe. — Daniel terminou o abraço e Stella levantou com seu filho no colo e deu o bebê a Daniel que riu.
Ele parecia um pai apaixonado, e dava-se para ver o quanto amava aquela criança. Mesmo que as dificuldades aparecessem uma atrás da outra, ele seguiria em frente, pois passaria o dia meditando nas palavras de Stella, e ela estava completamente certa.
Ele ia se acostumar com tudo e cuidaria do seu filho sozinho, sem Kesia ao seu lado, ele não precisaria dela para fazer seu filho feliz.
Quando Cássia foi embora, Stella ficou somente para deixar o presente ao menino.
— Daniel, eu passei hoje em uma loja quando estava vindo, e me apaixonei por uma coisa que eu tive que comprar — Ela estendeu o presente e o Flint apenas olhou o embrulho — É para o bebê, espero que goste também.
— Obrigado.
— Ah, tem outra coisa, conversei com algumas mães e minha chefa, eu posso lhe ajudar com o leite dele.
Daniel entreabriu os lábios rapidamente e os fechou, depois que Stella falou, ele rumou a internet para achar mais coisas sobre o assunto e concluiu o que já tinha ouvido, sem o leite materno nos primeiros meses da criança, ele pode desenvolver doenças ao decorrer do seu crescimento. Agradeceu Stella ternamente quando ela parou de falar.
— Obrigado. — Sussurrou desviando o olhar, — Eu nem sei o que fazer por você.
— Não precisa fazer nada, tudo bem? - Stella riu — Faço isso apenas pela criança, eu amo crianças, e quero vê-las felizes e saudáveis - Gentilmente ela aproximou-se de Daniel e beijou a bochecha de Adrian, depois riu para Daniel — Até logo.
Quando ela fechou a porta, Daniel riu.
— Até logo, Dr. Arden. - Riu de novo ao ver seu filho ri de olhinhos fechados — Ela contagiou você também? Mas que médica intrometida. - Sussurrou sorrindo. — Que médica intrometida... — gargalhou caminhando para o quarto do bebê.
Depois daquela noite, Daniel nunca mais viu Stella, Adrian sempre chorava por alguns minutinhos a mais pela noite e ele pedia ajuda a sua mãe que vinha correndo, embora as casas fossem longe. Mesmo que ele não quisesse admitir, sentiu falta de ser contagiado pelo sorriso que Stella dava ao olhá-lo.Naquela manhã, ele acordou mais cedo, como se obrigou a se acostumar, preparou o banho de Adrian, que depois de uma lista de intrusões de Stella, ele soube que teria que mornar a água todas as vezes que fosse dar banho no bebê. Fez o mingau especial, porque até então, Stella ainda não havia trazido o leito que o neném necessitava.Quando escutou o primeiro miado do seu filho, ele foi andando até o quarto, o pegou sorrindo, pois o menino ao ser tocado sorriu abrindo os olhinhos. Daniel ficou por um momento apenas fitando o garoto, ele tinha olhos azuis iguais aos da sua mãe. Os cabelos negros e a pele eram iguais aos dele, o que pelo menos isso, o garoto tinha de familiar.Como sempre, sua m
Stella saiu do apartamento, sentindo seu peito apertar, uma preocupação tomava conta do seu coração ela se desesperava. Saiu do prédio e correu para o bar, ela conhecia, não por viver lá, e sim porque comprar algumas coisas ao lado. Quanto mais perto chegava do lugar, notava-se uma grande barulheira.Os homens que bebiam, falavam alto e falavam sobre os fatos de sua vida miserável. Stella segurou sua bolsa ao passar por um grupo antes de chegar ao bar, mas não pode segurar a mão de um ao encostar em sua bunda. Ela soltou um grito e correu olhando para trás, só parou em frente ao bar e ao olhar duas vezes para a mesa principal sentiu-se decepcionada ao ver Daniel sentando nela.Ele parecia feliz e gritava alguma coisa, os homens prestavam atenção e logo riram. Ela não conseguia escutar direito porque seu mundinho pequeno não a permitia. Ela passou as mãos no cabelo, e mordeu os lábios. Como ela arrastaria Daniel dali? Pensou em ligar para Cássia e explicar a situação, mas não tinha o n
— Daniel - Cassia gritou ao ver seu filho e Stella adentrarem o apartamento. Stella fechou a porta com o pé e outra vez Daniel caiu do chão — O que aconteceu, filho?— Ele bebeu, e bastante - Stella respirou profundamente, não se lembrava de quando ficou tão cansada assim em sua vida.— E essas marcas de sangue? Vocês estão sujos.— É que, como se não bastasse a bebida, ele mexeu um homem, que mais parecia o Hulk. - Respirou — E ele é pesado, nós caímos algumas vezes.— Ah, meu filho - Cássia lamentou — por favor, me ajude a levá-lo para o quarto dele, eu arrumei esse apartamento agora pouco, estava tão preocupada.Stella ajudou-a a levar Daniel e quando finalmente chegou ao quarto, pode colocá-lo em cima da cama, Stella reparou que agora ele dormia, ou fingia, ela nem sabia. Viu as marcas da agressão e sabia que não podia deixá-lo daquele jeito.— Dona Cássia, pode me trazer uma bacia de água morna e um pano?— Sim, claro.A mulher correu para fora do quarto e Stella sentou-se na bei
Daniel abriu seus olhos sentindo uma dor anormal em sua cabeça, sentou na cama e colocou a mão na testa, como era possível doer tanto? Abriu um olho para saber onde se encontrava e fitou seu quarto, olhou de um lado para o outro sem entender. Daniel se lembrava de estar muito bem acordado quando se sentou à mesa de um bar. Certo? Droga! Como ele poderia ter se sentado à mesa para beber, se prometeu a se mesmo, nunca mais beber?Logo seus olhos se fecharam, e ao fazer isso, lembrou-se de como acordou ali, e causa disso foi à vizinha. Ele riu de canto e abriu os olhos, tirou o lençol das pernas e levantou da cama, meio tonto. Saiu do seu quarto e foi em direito ao do filho, abriu a porta devagar e não encontrou seu bebê. Fechou a porta e caminhou para sala, e pôde ver que sua mãe ainda se encontrava ali, dando ao bebê a mamadeira da manhã.Cassia encarou seu filho por alguns segundos e virou as costas, Daniel ficou confuso no momento, se sentou no sofá e esperou que Cássia começasse a f
Stella o olhou depois de um tempo, sabia que não podia exigir mais dele, mas estava completamente raivosa. Apesar de rir e desculpá-lo. As palavras dele foram duras, pois a deixaram nervosa, e a fez lembrar de todo o seu passado sofrido, com seus pais, a sua infância mal sucedida, tudo o que se possa imaginar. Ralou muito para conseguir pôr um sorriso em seu próprio rosto, e era desanimador, ver alguém tirá-lo com tanta facilidade.Ela olhou para os lados e o viu sorrir novamente, claro que antes mesmo de falar qualquer outra coisa, ela obrigou-se a esquecer que o Flint permanecia parado na sua sala somente com uma calça moletom. Claro que não era nenhum mistério para si, pois na noite anterior, o despiu lentamente, mas não viu nada mais do que uma cueca preta ao jogá-lo dentro do Box com sua mãe e sair dali. Respirou buscando as palavras certas naquele ar frio do apartamento.— O seu pedido de desculpas, é só por isso? - Ela perguntou meio sem jeito, ele a fitou sem entender.— Como
Entrou em seu apartamento e rapidamente sua mãe chegou ao seu encalço, cruzou os braços e esperou que o Flint começasse a se explicar. Daniel fez bico e abaixou a cabeça, explicaria que pediu desculpas e que ela aceitou, apenas isso, Cássia não precisava saber de mais nada.— Então? Como foi? — Cassia perguntou ansiosa pela resposta, Daniel levantou a cabeça e riu de canto.— Foi bom, pedi desculpas e ela aceitou — Falou passando pela mãe e seguindo para o quarto do seu filho.— Só isso? — Cássia o seguiu e Daniel estreitou os olhos antes de entrar no quarto de Adrian.— O que mais a senhora queria?— Não sei, um pedido de namoro? — Daniel olhou do seu filho para sua mãe que parou na sua frente, incrédulo. Ele riu e pegou seu pequeno no colo.— A senhora bebeu também? — Ele segurou o menino e beijou o rosto da criança, Adrian ainda de olhos fechados riu e Daniel também riu de canto.— Não, mas é que eu gostei dela, me parece uma menina inteligente, e tem decisões perfeitas, pois escol
— Seu bebê é muito bonito - A mulher comentou enquanto segurava o pequeno Adrian nos braços. Ela lagrimou no momento, doaria seu leite para o pequeno porque o seu próprio havia falecido duas horas depois do nascimento. — Tão lindo... - Ela virou ninando o pequeno.Daniel fitou Stella que ria para a cena.— Essa mulher não é maluca o bastante para fugir com meu filho né? - Stella olhou para o Flint torcendo os lábios. — Se isso acontecer a culpa será toda sua.— Daniel… As mulheres da sua vida fogem sozinhas - Resmungou. O Flint ficou sério e voltou a olhar para a mulher que caminhava para lá e pra cá com seu filho — Ela tem que se apegar à criança. E fique feliz, ela lhe dará o leite necessário para o crescimento do pequeno. O que custa ela conhecer e segurá-lo alguns minutos?— Não sei. — Daniel suspirou e a encarou — É mesmo necessário que ela fique com a gente?— Daniel - Stella tocou na costa do Flint levando-o para o banco mais próximo. — A garota ali, será um tipo de mãe de amam
Duas semanas tinham se passado, e pelo o que parecia tudo tinha voltando quase ao normal. Daniel não estava indo para a faculdade ainda, mas já estava tomando iniciativa de pagar o que devia e continuar. Adrian estava cada dia mais pelo, iria completar dois meses em breve e ria para todos ao seu redor, transmitindo alegria de um bebê saudável. A mulher que se tornou sua mãe de amamentação, havia se apegado a criança, a ponto de ir para o hospital de manhã e só sair quando Daniel estivesse livre para ir para casa depois de um dia longo de trabalho.Liam era um chefe muito bom, sempre explicava as coisas para Daniel do jeito que queria, e o Flint entendia, e fazia, deixando assim, um ruivo muito feliz. Não era lá grande coisa seu trabalho, mas o salário era muito bom. Esquivou-se por muitas vezes de certas enfermeiras que sempre estavam dentro da sala de Liam, e Daniel não entendia o porquê disso. Até ouvir uma fofoca pelo hospital de que, o ruivo era apaixonado por uma das enfermeiras