CAPÍTULO 5

— Daniel... Querido, o que é isso? – Daniel desfez o abraço, e olhou para a porta, Cássia sorriu de canto alternando os olhares, — Bom dia...

— Mãe – Daniel sorriu sem graça e soltando Stella lentamente, a mulher de cabelos escuros, assim como os de Daniel, riu para Stella que retribuiu o gesto com alegria.

— Bom dia, senhora – Stella andou até Cassia com um sorriso gentil e segurou-lhe as mãos — Sou Stella Arden, a vizinha de Daniel. Ontem e hoje pela manhã, notei o quanto o bebê chorava e o ajudei com algumas coisas.

— Ah – A mulher riu para a moça e tocou em rosto fino e elegante — Que bonita você é. E muito obrigada por ajudá-lo, ele está mesmo precisando. Uma mulherzinha sem cultura de...

— Mãe – Daniel interrompeu a explicação e chamou atenção das mulheres. Cássia se calou, ela já devia ter aprendido junto com o que Daniel havia dito no dia anterior: Kesia podia ser a pior mãe do mundo, uma mulher sem valor algum, mas ele não queria ninguém falando mal dela - além dele, é claro - apenas porque era mãe do seu filho.

— Oh, tudo bem querido – Ela olhou o relógio — Filho, sua faculdade – o avisou, Daniel arregalou os olhos e pediu licença para se arrumar, ele não perderia um dia inteiro, pelo menos assistiria à última aula e iria direto para o emprego. — Ele não é um amor? – Cássia comentou ao vê-lo correndo, Stella riu.

— Sim, é um homem muito legal.

— Não me diga que se apaixonou – Cássia foi direta. Stella se assustou dando alguns passos para longe.

— Oh, não, eu não... — Ficou sem jeito — Não é nada disso que a senhora está pensando. Eu sou apenas a vizinha da frente, vi que ele precisava de ajuda, e aqui estou eu.

— Ah, isso é muito bom de ouvir – Cássia a trouxe para dentro novamente e olhou o corredor vazio — Ele é solteiro, não se esqueça disso.

— O que? – Stella riu corando e Cássia tirou os óculos e a bolsa colocando os objetos em cima da mesa.

— Você é uma moça muito bonita, tem namorado? — Perguntou Cassia, curiosa até demais, Stella se esquivou se sentindo mais sem graça ainda.

— Não, senhora.

— PERFEITOOO — Cassia gritou batendo palmas, Stella gargalhou da senhora.

— Foi bom lhe conhecer. Mas preciso ir agora.

— Ah, poxa, porque não fica? Para sempre? - As duas voltaram a rir.

— Eu sou médica pediatra, e já estou atrasada, comecei a trabalhar recentemente em um novo hospital, e não quero ter motivos para ser demitida — falou sorridente e Cássia segurou-lhe as mãos.

— Muito obrigada pela ajuda, e não esqueça que Daniel é solteiro.

A médica riu outra vez.

— Eu não vou esquecer, senhora. — Stella se despediu e logo foi embora sorrindo.

Cassia voltou-se para trás e foi até o quarto do seu filho, vendo-o terminar de ajeitar os livros para em breve sair para a faculdade.

— Querido, sua namorada é linda — Daniel a fitou na mesma hora derrubando sua bolsa no chão.

— Que namorada? Tá louca? — Desesperou-se de repente e riu se abaixando para pegar sua bolsa.

— A moça de cabelos dourados, é tão linda, que sorte a sua.

— Ela não é a minha namorada, é apenas a minha vizinha, e uma amiga agora.

— Mas eu vou orar bastante para que isso aconteça, eu gostei dela.

Daniel suspirou e jogou a bolsa nas costas, andou até sua mãe e segurou-lhe os ombros fitando-a nos olhos.

— Dona Cássia Flint, tira isso da cabeça, agora, por favor. Eu não quero saber de mulher alguma, eu... Não quero isso... Agora.

Disse sério, Cassia riu triste e Daniel saiu de casa.

— Isso é o que você diz, querido... — Riu maliciosa.

*

Stella era uma médica competente e por esse motivo, aquele era o segundo hospital para qual foi chamada para trabalhar, as ofertas de empregos nos hospitais surgiram antes dela terminar a faculdade, e quando concluiu, vários hospitais a chamaram, apesar de a maioria serem os melhores da cidade, ela escolheu o que era mais perto do seu apartamento pelo simples motivo de sempre se atrasar demais para tudo.

No almoço, ela preferiu trabalhar ainda mais, quase quarenta minutos de atrasos teriam que ser recompensados. As crianças sempre animavam seu dia, e o que a deixava mais apaixonada por seu trabalho. Sempre foi apaixonada por crianças, bebês e seu maior sonho era ser a melhor mãe do mundo. E seria, assim que encontrasse seu príncipe encantado. Sim, ela sonhava com um príncipe, bonito e romântico, como toda menina.

Perto da hora de ir para casa, Stella resolveu passar pelo berçário, conversou com algumas mães e não conseguiu esquecer o caso do seu vizinho, ou dele mesmo. Lembrou-se do menino enquanto via alguns pais felizes por ver seu pequeno chorar ou dormir tranquilamente. Imaginou Daniel no dia em que Adrian nasceu, ele deveria ser o pai mais feliz do mundo. Riu. Conversou com sua chefe e teve o que queria.

Stella podia entrar na sala a qual várias mães doaram seu leite para outras crianças que perderam sua mãe no parto, ou foram abandonadas ao nascer. Começaria em busca do leite do qual o pequeno gostasse no outro dia, e ela tinha que dar essa notícia para ele.

Quando saiu do hospital, passou por uma lojinha da rua e se apaixonou por um conjunto de roupas para bebês, não tardou a comprá-la para seu vizinho. Chegou ao prédio e foi direto para o apartamento de Daniel e depois de tocar a campainha duas vezes, Cassia abriu e sorriu ao ver Stella parada ali.

— Stella, boa noite querida, como vai? — A médica entrou beijando a senhora e o garotinho nos braços dela.

— Eu, bem, e você, como foi seu dia? — Cássia contou-lhe tudo o que houve e ambas sentaram no sofá, acomodadas com a conversa. Mais tarde, Daniel chegou e se surpreendeu ao encontrar novamente a mulher, mas riu alegremente.

— Querido, como vai? — Cássia o encheu de beijos deixando-o constrangido na frente de Stella que riu.

— Bem mamãe. — Daniel terminou o abraço e Stella levantou com seu filho no colo e deu o bebê a Daniel que riu.

Ele parecia um pai apaixonado, e dava-se para ver o quanto amava aquela criança. Mesmo que as dificuldades aparecessem uma atrás da outra, ele seguiria em frente, pois passaria o dia meditando nas palavras de Stella, e ela estava completamente certa.

Ele ia se acostumar com tudo e cuidaria do seu filho sozinho, sem Kesia ao seu lado, ele não precisaria dela para fazer seu filho feliz.

Quando Cássia foi embora, Stella ficou somente para deixar o presente ao menino.

— Daniel, eu passei hoje em uma loja quando estava vindo, e me apaixonei por uma coisa que eu tive que comprar — Ela estendeu o presente e o Flint apenas olhou o embrulho — É para o bebê, espero que goste também.

— Obrigado.

— Ah, tem outra coisa, conversei com algumas mães e minha chefa, eu posso lhe ajudar com o leite dele.

Daniel entreabriu os lábios rapidamente e os fechou, depois que Stella falou, ele rumou a internet para achar mais coisas sobre o assunto e concluiu o que já tinha ouvido, sem o leite materno nos primeiros meses da criança, ele pode desenvolver doenças ao decorrer do seu crescimento. Agradeceu Stella ternamente quando ela parou de falar.

— Obrigado. — Sussurrou desviando o olhar, — Eu nem sei o que fazer por você.

— Não precisa fazer nada, tudo bem? - Stella riu — Faço isso apenas pela criança, eu amo crianças, e quero vê-las felizes e saudáveis - Gentilmente ela aproximou-se de Daniel e beijou a bochecha de Adrian, depois riu para Daniel — Até logo.

Quando ela fechou a porta, Daniel riu.

— Até logo, Dr. Arden. - Riu de novo ao ver seu filho ri de olhinhos fechados — Ela contagiou você também? Mas que médica intrometida. - Sussurrou sorrindo. — Que médica intrometida... — gargalhou caminhando para o quarto do bebê.

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